4 - CALEM A M*****A BOCA!

Mila

Faz cinco meses que estou morando com a família de Luan, eu arrumei um estágio e seguia a vida tranquila, com o namorado perfeito, na família perfeita.

Hoje sairei mais cedo, vou para casa fazer uma surpresa para o Luan, ele está sendo tão atencioso e cuidadoso comigo, e eu estou sempre fugindo das suas investidas, devido ao trauma que sofri. Mas chega, tenho que superar, ele não tem culpa, e eu estou com saudades da intimidade que a gente tinha.

Chego e vou direto para o quarto, quando abro a porta meu mundo desaba mais uma vez, Deus, quando esse sofrimento acabará?!

Eu simplesmente estou vendo o amor da minha vida transando descaradamente com a minha melhor amiga, como dois coelhos no cio.

Aquela cena acaba comigo, meu coração despedaça mais do que já estava, se é que eu ainda tinha coração.

Naquele momento puxei uma força e um ódio do fundo do meu interior, mas o Luan me vê, antes mesmo que eu pudesse agir.

Mila? Ele me olha assustado e empurra Tiphanie que estava em cima dele.

Não, pode continuar com o show de horrores. Quer que eu filme também?

O que faz aqui? Não era para estar no trabalho? — Tiphanie pergunta.

Ah, entendi, enquanto trabalho, você trepa com o meu namorado, bela amiga eu tenho. Há quanto tempo estão me traindo? Ah, quer saber isso não importa. — Vou para o guarda-roupa e começo a encher minha mochila com minhas coisas.

Quer saber, eu já estou de saco cheio de você! Cansei de você se fazer de santinha. Toda delicada, não me toque, não me rele. Por que seu padrasto te estuprou, tenho que ficar na seca?

O QUÊ? Está me traindo porque eu não quis transar, por estar ainda processando que fui abusada?

A princípio foi, mas depois percebi que ela é muito melhor que você, ela é mais divertida, mais gostosa…

Assume que perdeu amiga, assume que não é melhor que eu, você sempre será a segunda opção em tudo ela disse isso e os dois ficaram rindo na minha cara.

Aquilo foi uma afronta, eu estava quebrada e eles ainda zombam de mim.

CALEM A M*****A BOCA!

Se não calar, você fará o quê? Chorar, porque é o que você mais sabe fazer — Luan fala zombando de mim.

Eu pego a arma do meu pai que está na minha bolsa e dou um tiro em cada um deles, bem no meio da testa, obrigada pelas aulas de tiro pai.

— Nunca mais vão zombar de mim! — Vou até a bolsa da Tiphanie, pego a carteira e o celular, vou até as roupas do Luan que estavam no chão, pego a carteira dele também, e saio sem pegar nenhuma das minhas coisas

Ando pelas ruas da cidade sem rumo, choro desesperada, me dando conta do que acabei de fazer.

— Meu Deus, eu me tornei uma assassina, e de quebra uma ladra! Preciso sair da cidade e me esconder.

Eu pago a alguns meninos de rua para sacarem tudo o que eles tinham nas contas bancárias, eu passei em vários caixas eletrônicos, por toda a cidade, tentei ficar o mais longe possível das câmeras de vigilância. No total, eu consegui sacar trinta e cinco mil reais.

Devem estar se perguntando como sei a senha deles, do Luan foi fácil, eu já usei muitas vezes com ele, e para ele. Agora da Tiphanie, é fácil, ela é burra e anota tudo no celular, que destruí após pegar as senhas.

Estou sentada na rodoviária quando vejo um noticiário:

— Acabou de ser liberado o possível estuprador Sidney Almeida Ramos, por falta de provas. Ele foi acusado pela sua enteada, mas o mesmo negou o ato, mesmo após ter feito os exames que comprovem. O que nos leva a pensar, o corpo marcado de sua enteada e os exames não são provas suficientes? Que justiça é essa que deixa um homem desse solto nas ruas da cidade.

— Não deixarei esse maldito solto, a mais não vou mesmo. — Olho no relógio e vejo que tenho uma hora para acabar com ele.

Pego um táxi e vou para a casa da minha mãe, como previsto, ela está trabalhando e o vagabundo está sozinho em casa, eu entro e ele abre um sorriso.

— Sentiu saudades, querida!

— Eu só sinto nojo de você.

— Sente-se, fique à vontade — ele fala vindo em minha direção, eu tiro a arma e aponto para ele que dá um passo para trás. — Você não sabe usar isso querida, então para não se machucar, me dê esta arma.

— Não se aproxime — digo apontando para ele. Não sei usar? — falo rindo. Pergunta para o Luan e para a Tiphanie quando chegar ao inferno, e mande lembranças.

— Do que você está falando? — ele pergunta, mas não respondo. Em vez disso, disparo três tiros: um na barriga, outro na perna e mais um no ombro. Ele cai no chão. Sem hesitar, subo para o meu quarto, pego apenas as lembranças do meu pai e, em seguida, chamo um táxi até a rodoviária.

Ao chegar lá, destruo meu celular e o jogo na lixeira do banheiro. Pego o primeiro ônibus disponível com destino ao aeroporto. Embarco em um avião com destino ao Rio de Janeiro, onde passo uma noite em uma pensão barata. Preciso descansar, dormir, mas não consigo. A noite inteira é assombrada por flashes das mortes... é uma perturbação constante. Sinto que me tornei meu pior pesadelo.

Desisto de tentar dormir. Pego um táxi até a rodoviária e embarco em um ônibus com destino a Curitiba. Depois, consigo carona com estranhos e chego a Minas Gerais. Pego outro ônibus com destino a São Paulo e, finalmente, acabo chegando a uma cidade chamada Vale Mariana, no interior.

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