3 - Por mim ele poderia morrer.

Mila

Acordo com o corpo dolorido, e muitos roxos e mordidas, eu vou para o banheiro, ligo o chuveiro e sento em baixo da água que desce morninha, minhas lágrimas se misturam com a água do chuveiro, eu coloco a mão na boca para abafar meus soluços.

Pego uma bucha e começo a esfregar meu corpo sem parar, a pele fica vermelha, algumas partes em carne viva de tanto que esfrego. Sinto nojo dele, sinto nojo de mim… sinto vontade de morrer…

Como ele pode fazer isso comigo, como minha mãe pode ser tão cega e não enxergar o escroto que ele é...

Após sei lá eu quanto tempo no chuveiro saio, coloco a primeira roupa que vejo na frente, pego a roupa de cama, a roupa que estava vestindo ontem, coloco tudo em um saco plástico, vou para o quintal e coloco fogo em tudo.

Fico observando as chamas se intensificarem, chorando em silêncio, até que tudo se transforma em cinzas. Entro em casa e vejo minha mãe sentada tranquilamente no sofá, ao lado daquele monstro, que me encara com um sorriso no rosto. Sinto uma vontade intensa de me aproximar e cravar a faca em seu coração, se é que ele possui um.

Mãe, posso falar com a senhora?

É para falar daquele showzinho que fez lá fora? ela diz sorrindo.

Mãe é sério, por favor, venha falar comigo. Ela sobe comigo no quarto. — Mãe, juro que não estou mentindo e nem implicando, mas ontem quando cheguei da faculdade o Sidney abusou de mim. — Contei entre soluços.

Eu não acredito Milena, você está mesmo querendo colocar eu contra o Sidney, eu sei que não gosta dele, até aí ok, você tem seus motivos, mas falar que ele abusou de você é demais. Começo a chorar e mostro os roxos do meu corpo.

Estou falando a verdade, mãe, eu jamais inventaria tal atrocidade.

Já chega Mila, está de castigo, será da faculdade para casa, sem desvios. Ela sai e tranca a porta, deito no chão e começo a chorar.

— Por favor, mãe, eu te imploro, acredite em mim.

— Você não gostar dele até aguento, mas isso não dá Milena, assim você ultrapassa todos os limites.

Aguardo todos dormirem, faço minha mala e saio pela sacada, é um pouco alta, mas a minha vontade de sumir daqui é maior, consigo sair sem que ninguém me veja.

Fiquei vagando um tempo andando na noite escura sem rumo, eu não sabia ao certo o que fazer, para onde ir.

Vou para o parque onde costumava ir com meu pai, fico olhando o céu negro, não havia estrelas, o céu estava como eu, sem vida, sem brilho.

Eu estava me sentindo uma miserável usada, e jogada para escanteio.

— Que falta você me faz pai! Como viverei sem você?

Amanhece, e eu continuo sentada no mesmo lugar, não preguei os olhos a noite toda, meu celular começa a tocar.

Alô,

Amor onde você está, eu vim te buscar e sua mãe disse que não estava, e que também estava faltando roupas do seu armário.

Estou no parque.

O que costumava ir com seu pai?

Sim.

Estou a caminho.

Alguns minutos depois ele chega e me abraça.

Fiquei preocupado, o que aconteceu? Eu estava morrendo de vergonha do que aconteceu em casa, mas sei que tinha que contar a alguém.

Amor me faz um favor?

Sim, do que precisa?

Me leva a delegacia?

Sim, mas você está bem? O que aconteceu?

Só me leva, e sem perguntas, por favor.

Sim, vamos.

Na delegacia denuncio o estrupo que sofri, conto tudo o que aconteceu após.

Eles me levam ao hospital, o pai do Luan me atende, fazem todos os exames necessários, me dão um coquetel de remédios para doenças transmitidas através do sexo e pílula do dia seguinte para evitar que eu fique grávida.

Saio do hospital e Luan me abraça.

Sinto muito meu amor, por não estar para te proteger. Ele me leva para sua casa, e passa a noite me fazendo carinho, e eu durmo tranquila.

Seguimos os próximos dias bem, a família do Luan é muito receptiva, me tratam como se fosse da família. Na faculdade,0 eu consigo me recuperar das aulas perdidas.

Uma semana depois…

Minha mãe apareceu na porta do Luan fazendo escândalo.

Como pode fazer isso com o Sidney?

Como você pode não acreditar na sua filha — Luan fala

Cala a boca mauricinho, eu sei a cobra que tenho como filha.

Ele me estuprou, machucou, e eu que sou a errada? Eu fui, sim, na delegacia, e denunciei aquela desgraçado que escolheu como marido, ele não chega nem aos pés do meu pai. Ela me dá um tapa na cara

Ela foi realmente violentada, meu esposo a atendeu no hospital, como pode defender alguém como ele? — Suzane, a mãe do Luan fala.

Fica na sua, provavelmente foi seu filhinho de ouro quem fodeu ela a noite toda, e depois ela inventou essa história.

O quê? Como pode pensar isso de mim? Como pode ser tão má!

Você que é má, nós abrimos as portas de casa para você, e o que você fez? Nos traiu! Sabia que ele pode ser preso.

Por mim ele poderia morrer.

A partir de hoje, esqueça que sou sua mãe, para mim você morreu ela diz essas palavras e vai embora.

A Suzane, me leva para dentro, me conforta dando água com açúcar e muito carinho. 

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