Capítulo 121Nathaniel BeaufortInglaterra | 27 de MaioEu estava sentado em uma das cadeiras do bar — porque eu tinha que levar Marcel pra qualquer lugar que não fosse a minha casa —, observando Marcelus andar de um lado para o outro, como um leão enjaulado. A mão direita apertava o copo de whisky com uma força que quase parecia que ele ia quebrar o vidro, e a outra estava constantemente indo ao cabelo, o bagunçando como se ele tivesse ficado louco de vez. — Marcel… você precisa parar de andar em círculos, está me deixando com vertigem. — Comentei, tentando cortar o clima pesado que pairava sobre nós. Ele parou por um segundo, olhou pra mim com aquele olhar de quem poderia matar um naquele exato momento — e provavelmente aquele um seria eu se eu não ficasse quieto —, e eu soube que ele estava à beira de explodir. Mas ele se segurou, e engoliu a emoção como se fosse um shot de vodka ruim. — Eu não consigo... — Ele murmurou, voltando a se movimentar. — Não consigo tirar ela da ca
Capítulo 122Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu estava quase explodindo. O whisky que eu tinha bebido até agora não estava fazendo efeito nenhum, só deixava o meu sangue fervendo mais rápido, enquanto Nathaniel estava sentado à minha frente, me olhando como se eu fosse o maior imbecil do mundo — e talvez eu fosse, pelo menos pra ele. Mas isso não importava. O que importava era que Clare tinha fugido de mim de novo, e eu precisava de um jeito de trazê-la de volta, e dessa vez… fazê-la ficar.Eu não queria mais isso. Não queria ela fugindo de mim mais uma vez. — Escuta, Nathaniel... — Comecei, me inclinando pra frente, os cotovelos apoiados na mesa de madeira desgastada. — Eu entendi, tá? Eu fui um idiota. Tirei o passaporte dela, enfiei a pobre mulher em um noivado falso... fiz um monte de merda. Mas agora que eu entendi isso, você pode me deixar falar com ela, porque pelo o que você disse… ela ainda está na sua casa.Nathaniel apenas balançou a cabeça, como se estivesse o
Capítulo 123Clare VallenceInglaterra | 27 de Maio— Clare, você não vai acreditar. — A voz animada de Ágape ecoou pela sala, e eu imediatamente soube que ela tinha alguma novidade.— O que foi? — Perguntei, enquanto me sentava no sofá com uma xícara de chá.Ágape se aproximou, sentando-se na minha frente com sorriso leve, que parecia carregar mais do que Ágape queria mostrar.Eu sabia que ela estava prestes a jogar uma bomba no meu colo, mas ainda assim, parte de mim rezava para que fosse apenas impressão minha, por conta de toda a bagunça que estava na minha cabeça.— O Marcelus está na Inglaterra. — Ela soltou, — Nathaniel acabou de me avisar, pelo visto eles saíram junto pra beber, eu acho...O chá quase escorregou da minha mão, e por um momento, fiquei paralisada.“Ele está na Inglaterra? Como assim?” eu acabei pensando, porque não fazia nem duas semanas que eu tinha fugido da França, que eu tinha feito de tudo para me distanciar dele, e agora ele estava aqui?Não.Não…Por que?
Capítulo 124Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioAquela maldita carta estava na minha cabeça.Cada palavra dela parecia gravada a fogo no meu cérebro, e eu não conseguia desligar.“Eu não consigo continuar aqui, não consigo seguir com isso”.Essas frases estavam martelando na minha cabeça como uma sentença de morte. Eu estava deitado na cama do hotel, encarando o teto, tentando processar o que aquilo significava. E a cada vez que as palavras dela voltavam, eu sentia o peito apertar de uma maneira que eu não sabia lidar.A carta tinha sido o último golpe. Tentando, de alguma forma, me afastar. Como se fosse fácil. Como se fosse possível. Eu não sabia mais como viver sem ela — e eu tinha notado isso, da pior forma.Clare se infiltrou na minha vida, na minha mente, de um jeito que ninguém jamais havia conseguido, e agora… ela queria que eu simplesmente deixasse tudo isso pra trás?Eu me mexi na cama, sentindo o desconforto aumentar. Nada mais fazia sentido. O whisky que eu tinha toma
Capítulo 125Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu estava trancada no meu quarto, tentando me isolar de tudo. As cortinas estavam fechadas, a luz apagada, e a única coisa que eu queria era me esconder. Me esconder de mim mesma, das minhas emoções e principalmente, dele.Eu sabia que fugir era uma escolha covarde, mas eu simplesmente não conseguia encarar Marcelus depois de tudo. Não depois da carta. Não depois de me forçar a admitir que estava apaixonada por ele.Eu me joguei na cama, o travesseiro afundando sob o peso da minha cabeça, e fechei os olhos, como se isso pudesse me trazer algum tipo de alívio.Mas não trouxe.A imagem de Marcelus estava lá, gravada na minha mente como um fantasma que me assombrava a cada segundo. O jeito que ele me olhava, o toque dele, a sensação de estar ao lado dele... e o fato de que ele provavelmente nunca sentiu o mesmo por mim — essa era a parte mais dolorosa.Ele nunca vai se apaixonar, e essa ideia estava enraizada dentro de mim, uma certeza
Capítulo 126Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu estava ali, parado no meio do jardim da mansão Vallence, com a respiração descontrolada e o peito queimando de frustração.Clare não tinha aparecido.Ela não ia descer, eu já tinha gritado o nome dela dezenas de vezes, e tudo o que recebi em troca foi silêncio. Um silêncio que me deixava ainda mais desesperado, ainda mais furioso comigo mesmo.Eu tinha ferrado com tudo. Eu podia ver as cortinas fechadas no quarto dela, a luz apagada. Ela estava lá dentro, e eu sabia disso. Ela estava me ignorando. Eu a tinha empurrado até esse ponto. Tudo por causa da minha falta de noção, da minha incapacidade de entender o que sentia.Eu sabia que Clare sentia algo por mim, sempre soube. Mas ao mesmo tempo, fiz questão de ignorar — mesmo que não fosse de propósito — porque, no fundo, eu tinha medo.Medo do que aquilo significava, medo de acabar sendo que nem a porra do meu pai no fim das contas, mas agora? Agora eu estava aqui, de pé, como um
Capítulo 127Clare VallenceInglaterra | 27 de MaioEu estava sentada no chão do meu quarto, as costas apoiadas na cama, os joelhos puxados contra o peito e os braços ao redor das pernas, enquanto as minhas mãos ainda tremiam levemente. O que estava acontecendo lá fora parecia um sonho — um sonho bizarro e impossível, mas, ao mesmo tempo, não era.Marcelus estava lá fora, no jardim, se declarando pra mim.Eu fechei os olhos, tentando me proteger da enxurrada de emoções que ameaçava me arrastar. Ele estava gritando, berrando meu nome como um louco, como se o mundo estivesse acabando e a única coisa que o salvava fosse eu, e o som da voz dele era áspero, desesperado, e eu podia ouvir cada palavra claramente, mesmo estando trancada no meu quarto, e cada vez que ele dizia que me amava, algo dentro de mim quebrava um pouco mais.Eu queria acreditar.Queria mesmo.Mas parte de mim simplesmente não conseguia.Marcelus Moreau, o homem que controlava tudo ao seu redor, que sempre mantinha uma
Capítulo 128Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu sabia que estava ferrado.O pai da Clare estava me olhando com uma expressão de puro desgosto, a mandíbula rígida e os braços cruzados como se ele estivesse pronto para me expulsar do jardim na base do grito — ou pior, na base da força.E quem poderia culpá-lo? Um homem como eu, que estava gritando no meio da noite como um maluco, — ainda mais o nome da filha dele — era óbvio que ele nem ia querer olhar para a minha cara.Mas, honestamente? Eu não me importava. O único rosto que eu precisava que me olhasse, que me entendesse, era o de Clare.Eu voltei a encará-la. Ela estava ali, descendo a escada da varanda devagar, como se cada passo fosse uma decisão difícil. Quando nossos olhos se encontraram, eu soube que tudo o que importava agora era ela.Se ela me perdoasse… nada mais no mundo teria importância.Eu estava completamente vulnerável, sem o controle que sempre mantive em tudo na minha vida. Tudo o que eu sempre soube sobre po