TAYLOR
— Bom dia, amor…
Ela se sentou na cama no momento em que eu entrei com uma bandeja de café da manhã, feita por mim, com leite, café, torradas, geleia, suco e tudo o que tínhamos direito. Era um dia especial. Não que eu não tivesse caprichado em outros dias anteriores, mas aquele precisava ser perfeito. Minhas mãos estavam trêmulas, e uma gota de suor caía da testa.
— Eu tenho uma surpresa para você. — Coloquei a bandeja na cama, evitando deixar que caísse, e lhe dei um beijo rápido nos lábios.
Abri a gaveta ao lado da cama e logo tirei, de maneira cautelosa, para que ela não percebesse, a pequena caixinha preta de veludo.
— Além desse café maravilhoso, é possível ter outra surpresa? — Olhou para mim, curiosa, enquanto eu continha com um muito esforço um largo sorriso.
Seus olhos brilhavam, e eu realmente tinha certeza sobre o que eu estava fazendo. Ajoelhei diante da cama, tentando manter o controle. O nervosismo se instalava em meu corpo de uma maneira mais rápida que o esperado. Fiquei imóvel por um tempo, procurando o jeito certo, pois, mesmo não tendo dúvidas sobre meus sentimentos, tinha dúvidas sobre o que ela sentia por mim, assim como o que eu deveria dizer.
E pensar que ensaiei mentalmente, até mesmo murmurando minutos antes no espelho, por diversas vezes… chegava a ser ridículo me ver engasgando no exato momento em que deveria abrir meu coração. Bom, fora esse empecilho, acreditei não ter dúvidas que poderiam estragar tudo. Mas e se ela precisar de mais tempo do que esse? Seria meu fim levar um não da mulher que mais amo.
— Amor? — ela me chamou, me tirando de meus devaneios. — Eu tenho compromisso, esqueceu? Fala logo — pediu enquanto, ainda sentada na cama, pegava um cacho de uva e colocava de maneira sensual uma a uma na boca...
Como eu amo essa mulher...
— É… — pigarreei, conseguindo engrossar um pouco mais a voz. Talvez causasse mais impacto. — Como sempre, me tirando do meu transe mental. — Esbocei um sorriso agradecido. — Bom... Eu... — gaguejei. — Droga... Por que não sai? — murmurei, não acreditando... Ela vai acabar indo embora, impaciente com minha demora.
— Você, amor...?
Será que estou preparado para um “não”? Mente traiçoeira, mente traiçoeira!
— Eu te amo... E...
— Isso eu já sei, amor, mas você não se ajoelharia para me dizer apenas isso. O que mais seria?
Ela cruzou as pernas diante de mim, o que me deixou totalmente desconcertado e excitado. Ela sabia muito bem o que estava fazendo. Já eu estou indeciso sobre falar logo ou agarrar de vez essa mulher. Então respirei fundo, olhando intensamente as íris castanhas, e disse:
— Kimberly Dolgado Silvers, todo esse tempo com você me serviu para ver que não vivo sem você. Mesmo que para muitos seja pouco tempo, isso não importa, eu quero passar o resto dos meus dias ao seu lado. Aceita se casar comigo e me tornar o homem mais feliz do mundo?
— Oh, meu Deus — ela suspirou, animada e emocionada, levando uma das mãos ao rosto. — Pode repetir? Isso só pode ser um sonho. Jura?
— Quer se casar comigo?
— Posso pensar? — ela abaixou a cabeça e mudou sua expressão para desanimada.
Sabe aquela visão que se tem de um dardo estourando um balão? Então... Imaginem quem eu era?
— Está brincando, não é? — Franzi o cenho na tentativa de conter minha decepção.
— Claro que estou… bobo — respondeu depois de alguns segundos rindo. — Sim, amor. Eu aceito me casar com você, hoje, amanhã e por todos os dias de minha vida. — Nesse momento, ela se abaixou diante de mim, e eu praticamente perdi os sentidos. Tudo que eu queria era tê-la em meus braços.
Ah, mulher e seu senso de humor incrível.
Abri a caixinha, pegando o anel de brilhantes, e coloquei em seu dedo… Ainda ajoelhada, ela me abraçou.
— Que lindo — ela apreciou a peça. — Não vejo a hora de nos casarmos e tudo se tornar oficial.
— Tudo que eu penso é nisso, querida.
— E pensar que agora nada vai nos separar me faz ainda mais feliz. Ontem, namorada, hoje, noiva, e em breve, sua esposa — ela disse sorrindo, enquanto levantávamos do chão e sentávamos na cama.
— Olha, eu sei que são apenas nove meses de namoro, mas é isso que eu quero. Tenho certeza de nossos sentimentos. Agora falta anunciar, principalmente para meu pai, não falo com ele há um tempo, mas eu gostaria que ele estivesse presente.
— Você quase nunca me fala dele e de seu irmão. Por que tanta distância e rancor? — Dei-lhe um beijo na tentativa de fazê-la mudar de assunto, mas foi em vão. — Acho que eu mereço saber disso... Ainda mais agora que vou entrar oficialmente para a família Whites — disse, colocando o dedo indicador sobre meus lábios, e eu comecei a falar:
— Eu não tenho uma boa relação com Dhavid e nunca perdoei por ele e meu pai nos abandonarem. Faz algum tempo que Dhavid se mudou para outro país. Passou a morar em um lugar longe de tudo o que conhecia para ingressar na carreira de policial detetive. Foi, até hoje, sua melhor escolha. Mas agora está de volta, o primogênito novamente recolhido e protegido, se gabando de suas conquistas, o que o deixou ainda mais orgulhoso de seus próprios feitos por finalmente ser reconhecido. — Suspirei com tristeza.
— Um policial detetive na família! Nada mal… — comentou ela, não percebendo meu ciúmes. — E seu pai?
— Sempre esquecendo de nossa família e colocando os negócios acima de nós. Sempre viajando e deixando minha mãe para trás e cuidando da casa e dos filhos como se fossem apenas dela…
— Ele deve ter se interessado por outra, mas não significa que não precise de você. Ao contrário. Filhos são a parte mais importante de tudo. Claro que ela não merecia ter passado por tudo isso, e eu fico indignada de ouvir isso, mas pelo pouco que conheço sua mãe, não me parece ser tão infeliz. E acho que ela merece ser a primeira a saber... Que tal hoje à noite?
— Sim, ótimo, meu amor. Com certeza ela será a primeira a saber. Não há com o que se preocupar — respondi enquanto esfregava meu nariz no maxilar da minha futura esposa, fazendo com que fechasse os olhos. Ela se arrepiou ao sentir o interior dos meus lábios quentes e uma mordiscada suave na orelha. Eu a puxei para mais perto contornando meu braço em sua cintura possessivamente, e ela se virou, sorrindo com malícia no olhar.
— Eu te amo — sussurrei.
— Também te amo. — Suas palavras brandas esbanjavam doçura, acalmando meu coração. — Estou atrasada. — Ela se levantou, seguindo para o banheiro vestida apenas a minha camiseta. — Tem sorte de eu estar atrasada, caso contrário… ficaria aqui com você.
— Até mais tarde… — falei enquanto me vestia.
Kim veio andando, poucos minutos depois, já vestida.
— Uau... Como você está linda!
— Gosta?
— Muito. — Dei um beijo rápido nela, que se afastou, pegando uma maçã na mesinha ao lado da cama, onde estava a bandeja de café da manhã. Depois de dar uma leve mordida, voltou para perto de mim.
— Então, nos vemos à noite?
— Sim.
Vi ela sair porta afora e decidi ir tomar o meu café da manhã.
A manhã estava apenas começando, principalmente para mim. Guiei minha Land Rover em direção ao trabalho. A alta temperatura na cidade me fazia desejar o imenso mar ao lado. As ondas que vinham e iam constantemente me distraíam enquanto esperava liberarem a passagem de veículos em meio a um amontoado de pessoas protestando por algo que eu não fazia a mínima questão de ler nos cartazes.
Não demorou muito para eu conseguir ver a fachada da minha maior riqueza, com várias mesas em madeira dentro, lotado de clientes. Por mais que meu pai fosse multimilionário, eu não fazia a mínima questão de ser sustentado por ele. Abri meu próprio negócio, tinha uma empresa muito famosa no Rio de Janeiro, que vinha dando muito certo, por sinal. Meu pai já havia tentado me fazer mudar de ideia e ir trabalhar com ele em uma de suas agências, mas eu recusei qualquer coisa que viesse com Michael Brandão de brinde.
Cheguei no trabalho e cumprimentei os funcionários, a maioria deles, meus amigos, que estavam comigo desde que me entendia por chefe do Whites Fast-Food, quando ainda nem imaginava que se tornaria um sucesso. Eu me sentia orgulhoso por estar com meu próprio patrimônio e sem a ajuda do velho Michael.
E agora, mais orgulhoso ainda por estar prestes a começar minha família com Kimberly.
KIMBERLYAgência FashionableSaí da casa de Taylor e fui direto para a agência, que não era muito longe dali. Cheguei, infelizmente, mais uma vez atrasada.Espero não ser despedida, repeti incontáveis vezes mentalmente enquanto caminhava, passando rapidamente pela recepção.Entrei a passos lentos no corredor, atenta a todos que estavam ali, e mesmo um tanto aflita de levar uma bronca pelo atraso, não demonstrei receio ou fraqueza. Uma das funcionárias não tentava sequer disfarçar o olhar torto, assim
KIMBERLYNa Mansão Whites…A noite já havia trazido consigo algumas nuvens tapando as estrelas, mas em compensação, permeava um clima tranquilo e harmônico na mansão Whites.Ana e eu estávamos deslumbradas, todos sorriam, com suas impecáveis taças de cristal em mãos. Não havia nada melhor do que uma pequena social entre amigos, queridos e as futuras integrantes da família Whites. Estava perfeito — ao menos era o que a maioria dos presentes enfatizou no decorrer dos brindes, pois faltava, para Dhavid, o irmão mais velho de Taylor, o principal: o pai, que não chegava.De
TAYLORFaltava menos de um minuto para a reunião quando entrei na sala, e ao abrir a porta, recebi uma imagem de Kimberly em meu celular. Animado e à espera de um pedido de desculpas por ela ter desligado abruptamente, me deixando falando sozinho, abri a foto, e não consegui disfarçar o sorriso malicioso que surgiu em meus lábios. Sequer lembrei que a sala de reuniões estava cheia. Caminhei, ajeitando o terno, até a mesa, me sentindo levemente excitado, observando os empresários que permaneciam em silêncio e os cumprimentando, desconcertado. Mas era como se eu não estivesse ali, pois meus pensamentos estavam concentrados na foto.Um pouco desconfortável, ajeitei meu corpo na cadeira e, com um lenço, sequei uma gota de suor que brotou em minha
TAYLORAlguns meses haviam se passado. Eu e minha futura mulher estávamos cada vez mais próximos — não que antes não estivéssemos, só que nas semanas que se seguiram, ficamos mais tempo juntos.Ainda não havíamos planejado a data do casamento, mas de minha parte tinha muita pressa. Não via a hora de tê-la todos os dias perto de mim. Mas ela precisava terminar alguns assuntos pendentes na agência, para não deixar ninguém na mão, já que pretendia sair após nos casarmos.A movimentada avenida Rio Branco passava pela pequena janela do meu veículo. Parei calmamente em frente a um dos mais enormes e belos edifícios da cidade. Desci deixando o carro com o manobrista, e so
KIMBERLYAo ser deixada na porta do meu prédio, passei pelo porteiro sem nem olhar, logo entrando no elevador. Cansada, respiro fundo antes de abrir a porta, entrando em casa e me deparando com minha mãe.— Boa noite — falei, observando-a descer a escada com cara de poucos amigos.— Só se for para você.— Com toda certeza foi.— Está há dois dias me ignorando por causa daquele…— Eu, a ignorando? Para, dona Ana.
TAYLOR— Senhor Whites? — Ouvi a voz feminina próxima a mim.— Pois não?— Tem um rapaz querendo falar com o senhor.— Certo, obrigado, já vou até a minha sala.Esperei a reunião encerrar, enquanto Bob seguiu desligando os computadores e logo trouxe alguns papéis para que eu avaliasse...Após sair da sala de reuniões, peguei algumas pastas, passando no corredor, quando me surpreendi ao ver, sentado em uma das cadeiras, Dhavid me
KIMBERLYNa manhã seguinte, às sete e meia, aquecida pelo edredom, eu me virei na cama, observando Taylor ainda dormindo. Acariciei suas costas, seguindo as linhas dos músculos com as pontas dos dedos. Um gemido rouco e carregado de sono me fez parar, e Taylor se virou em minha direção. Ergui uma das pernas, pondo o joelho sobre o quadril dele, e ele permaneceu de olhos fechados. Suas mãos espertas lentamente deslizaram na curva das minhas costas e rapidamente sentiram a maciez de minha lombar e da parte inferior da coxa. O edredom se movimentou, um gemido baixo saiu dos meus lábios. Abracei sua cabeça entre meus seios, agarrando com vontade os fios do cabelo macio e liso que cobria meus dedos.Ah... Como é bom...
KIMBERLYO barulho insuportável do despertador fez com que eu tirasse os pés da beirada da banheira, voltando a colocar as pernas dentro da água. Meus olhos se fixaram no celular ao lado da banheira por alguns segundos.Os comprimidos fizeram seu trabalho pelo decorrer de uma noite longa e torturante de lembranças. Mas nada que um raiar do sol e o sopro fresco do vento não arrancassem um belo sorriso em meus lábios vermelho-sangue no instante em que me pus de frente ao espelho, avaliando minhas vestes para mais um dia. Usava uma combinação perfeita de saia lápis justa com uma camisa preta com as mangas dobradas, calçada com um scarpin da mesma cor.Entrei na