KIMBERLY
Agência Fashionable
Saí da casa de Taylor e fui direto para a agência, que não era muito longe dali. Cheguei, infelizmente, mais uma vez atrasada.
Espero não ser despedida, repeti incontáveis vezes mentalmente enquanto caminhava, passando rapidamente pela recepção.
Entrei a passos lentos no corredor, atenta a todos que estavam ali, e mesmo um tanto aflita de levar uma bronca pelo atraso, não demonstrei receio ou fraqueza. Uma das funcionárias não tentava sequer disfarçar o olhar torto, assim como as demais modelos, que batiam boca e cochichavam para ver quem seria escolhida a melhor modelo do ano pelo misterioso dono da agência, que não dava as caras. Claro que eu estava nesse meio!
Entrei na sala do meu subchefe e também melhor amigo, Paulo, que conversava com alguém. Observando melhor, vi que era minha mãe, e ambos sorriam alegremente. Ao me verem entrar, se calaram. Cumprimentei os dois, sentando no sofá de couro marrom. Paulo sorriu graciosamente, respondendo:
— Good morning, my princess.
O ar do tom escandaloso, carregado de falsidade, fez com que eu apenas murmurasse um “sorry”, enquanto Ana se despedia do fotógrafo e também agenciador e saía me olhando. Eu a segui pelo corredor, desconfiada de sua presença inesperada em meu local de trabalho.
— Não entendi por que está aqui, mãe. O que fazia conversando com o Paulo? — perguntei, buscando outra resposta na expressão dela, que forçou um sorriso.
— Acabei de vir do shopping, então decidi que seria bom ter sua companhia no almoço. E como não dormiu em casa, resolvi te esperar aqui na agência. Paulo foi muito atencioso, um amor, me distraiu até você chegar.
— Poderia ter me ligado.
— Eu fiz isso, mas seu celular só dava fora de área — falou, convincente. — Bom, agora, minha flor, eu tenho que ir. Almoçamos mais tarde, então? — Apenas assenti, e ela se afastou. — Ótimo. Nos vemos mais tarde.
Voltando para o escritório, pedi licença a Paulo, concentrado em algumas imagens em seu notebook para escolha de um trabalho exclusivo com fotos de algumas das principais modelos da agência.
— Está atrasada de novo, senhorita Kimberly. O que tem aprontado essa semana? — questionou, se levantando e saindo da sala, comigo ao lado.
— Desculpa, Paulo. — Meu riso era contido em meio a tantos olhares perversos, e aquilo foi tudo que consegui dizer.
— Você pode, rainha — afirmou, sorrindo, e eu retribuí, vendo Paulo arregalar os olhos de repente e quase gritar: — Não, não, não! Eu pedi o segundo estoque de lingeries, gracinhas. Andem, troquem já! — ordenou para as assistentes de figurinos, que saíram puxando apressadamente os trilhos com belíssimos conjuntos. Eram de marcas estrondosas que me deixavam boquiaberta.
Ele então voltou sua atenção para mim, a joia rara da agência, já seminua à espera do novo look, continuou a falar:
— Só não se acostume. — E me olhou com repreensão. Fiz um biquinho, recebendo um selinho seguido de cochicho bem próximo ao rosto: — Amo esses seus olhos poderosos e apreensivos. — E voltou à posição ereta, se afastando enquanto abria seu leque, próximo às câmeras. — Agora junte-se às outras, que vamos finalmente começar.
Corri para perto das demais, e o ensaio começou com poses simples e outras delicadas em grupo, mas logo se transformou, exalando sensualidade. Depois vieram as fotos individuais, em frente à tela branca, e aproveitei para arrasar, sendo o mais provocativa naquela “exibição de bonecas”. De cinco em cinco minutos, corríamos para o vestiário e trocávamos de roupa. Conforme as roupas iam mudando, as poses também mudavam. Não demorou muito para terminarmos e tirarmos uma pausa.
— Nossa, você, como sempre, marcando presença em frente à tela — elogiou uma das modelos conceituadas da agência ao passar por mim.
— Obrigada. — Sorri, contente e orgulhosa.
— Claro. Até eu marcaria, se tivesse toda essa atenção exclusiva do Paulo — falou Serlane, revirando os olhos.
A insuportável, pensei.
— Limpa o veneno. — Levei o dedo indicador ao canto da boca. — Porque, se deixar, ele pode manchar seu batom — avisei, sorrindo, levantei da cadeira e fiz menção de sair do provisório camarim antes de escutar uma das modelos rir, irritando Serlane, que esbravejou:
— Está rindo do que, sua baleia? — Indo até o outro lado da sala, ela murmurou, semicerrando os olhos: — Só quero ver até quando vai durar o brilho dessa estrela. — Revirou os olhos, me encarando em seguida. Com um sorriso no rosto, fui embora, indo em direção ao toalete.
No mesmo instante em que fechei a porta, recebi uma ligação de Taylor. Abrindo um largo sorriso, deslizei a tela para atender.
— Oi, amor.
— Como chegou?
— Ótima, e você?
— Com saudades, mas vou ficar bem — falou com voz manhosa.
— Hum. O jantar está de pé essa noite? A não ser que tenha uma de suas reuniões, mas acredito que o anúncio do nosso noivado é bem mais importante. — Olhei para o lado, encostada no balcão das pias, respirando fundo.
— Terei uma daqui a dez minutos, pra ser exato. Mas farei o possível para que o trabalho não nos atrapalhe.
— Já era hora. — Repuxei o canto da boca e a sobrancelha ao me olhar no espelho.
— Não fique brava. Ainda mais porque eu não estou aí pra te acalmar… — Sorri, mordendo o lábio inferior, tendo em mente as cenas picantes da noite anterior. — Já avisei a minha mãe, ela está nos esperando para jantar.
Meus lábios se comprimiram, e rolei os olhos. Taylor era o típico filhinho de mamãe, e se queria agradá-lo, era só agradar a sogra.
— Certo. — Desliguei.
Analisei meu corpo em frente ao enorme espelho, escolhendo qual parte dele estava mais valorizada naquele roupão de cetim branco, então parei, escorando em uma das paredes e desfazendo o laço lentamente, mostrando a lingerie rendada de cor preta sexy. Não satisfeita, abaixei uma das alças do sutiã, mostrando mais do que deveria, e fiz uma pose sensual, valorizando cada centímetro de minhas curvas, tirando uma selfie com o celular. Enviei para Taylor, me cobrindo novamente e saindo do banheiro contente, voltando para o trabalho.
KIMBERLYNa Mansão Whites…A noite já havia trazido consigo algumas nuvens tapando as estrelas, mas em compensação, permeava um clima tranquilo e harmônico na mansão Whites.Ana e eu estávamos deslumbradas, todos sorriam, com suas impecáveis taças de cristal em mãos. Não havia nada melhor do que uma pequena social entre amigos, queridos e as futuras integrantes da família Whites. Estava perfeito — ao menos era o que a maioria dos presentes enfatizou no decorrer dos brindes, pois faltava, para Dhavid, o irmão mais velho de Taylor, o principal: o pai, que não chegava.De
TAYLORFaltava menos de um minuto para a reunião quando entrei na sala, e ao abrir a porta, recebi uma imagem de Kimberly em meu celular. Animado e à espera de um pedido de desculpas por ela ter desligado abruptamente, me deixando falando sozinho, abri a foto, e não consegui disfarçar o sorriso malicioso que surgiu em meus lábios. Sequer lembrei que a sala de reuniões estava cheia. Caminhei, ajeitando o terno, até a mesa, me sentindo levemente excitado, observando os empresários que permaneciam em silêncio e os cumprimentando, desconcertado. Mas era como se eu não estivesse ali, pois meus pensamentos estavam concentrados na foto.Um pouco desconfortável, ajeitei meu corpo na cadeira e, com um lenço, sequei uma gota de suor que brotou em minha
TAYLORAlguns meses haviam se passado. Eu e minha futura mulher estávamos cada vez mais próximos — não que antes não estivéssemos, só que nas semanas que se seguiram, ficamos mais tempo juntos.Ainda não havíamos planejado a data do casamento, mas de minha parte tinha muita pressa. Não via a hora de tê-la todos os dias perto de mim. Mas ela precisava terminar alguns assuntos pendentes na agência, para não deixar ninguém na mão, já que pretendia sair após nos casarmos.A movimentada avenida Rio Branco passava pela pequena janela do meu veículo. Parei calmamente em frente a um dos mais enormes e belos edifícios da cidade. Desci deixando o carro com o manobrista, e so
KIMBERLYAo ser deixada na porta do meu prédio, passei pelo porteiro sem nem olhar, logo entrando no elevador. Cansada, respiro fundo antes de abrir a porta, entrando em casa e me deparando com minha mãe.— Boa noite — falei, observando-a descer a escada com cara de poucos amigos.— Só se for para você.— Com toda certeza foi.— Está há dois dias me ignorando por causa daquele…— Eu, a ignorando? Para, dona Ana.
TAYLOR— Senhor Whites? — Ouvi a voz feminina próxima a mim.— Pois não?— Tem um rapaz querendo falar com o senhor.— Certo, obrigado, já vou até a minha sala.Esperei a reunião encerrar, enquanto Bob seguiu desligando os computadores e logo trouxe alguns papéis para que eu avaliasse...Após sair da sala de reuniões, peguei algumas pastas, passando no corredor, quando me surpreendi ao ver, sentado em uma das cadeiras, Dhavid me
KIMBERLYNa manhã seguinte, às sete e meia, aquecida pelo edredom, eu me virei na cama, observando Taylor ainda dormindo. Acariciei suas costas, seguindo as linhas dos músculos com as pontas dos dedos. Um gemido rouco e carregado de sono me fez parar, e Taylor se virou em minha direção. Ergui uma das pernas, pondo o joelho sobre o quadril dele, e ele permaneceu de olhos fechados. Suas mãos espertas lentamente deslizaram na curva das minhas costas e rapidamente sentiram a maciez de minha lombar e da parte inferior da coxa. O edredom se movimentou, um gemido baixo saiu dos meus lábios. Abracei sua cabeça entre meus seios, agarrando com vontade os fios do cabelo macio e liso que cobria meus dedos.Ah... Como é bom...
KIMBERLYO barulho insuportável do despertador fez com que eu tirasse os pés da beirada da banheira, voltando a colocar as pernas dentro da água. Meus olhos se fixaram no celular ao lado da banheira por alguns segundos.Os comprimidos fizeram seu trabalho pelo decorrer de uma noite longa e torturante de lembranças. Mas nada que um raiar do sol e o sopro fresco do vento não arrancassem um belo sorriso em meus lábios vermelho-sangue no instante em que me pus de frente ao espelho, avaliando minhas vestes para mais um dia. Usava uma combinação perfeita de saia lápis justa com uma camisa preta com as mangas dobradas, calçada com um scarpin da mesma cor.Entrei na
TAYLORPedi à Cinthia, minha secretária, que telefonasse para Dhavid, marcando um encontro em um bar próximo à mansão Whites, para conversarmos melhor, até mesmo para me entender com ele. Afinal, alguns meses haviam se passado desde o último encontro.— Senhor Whites, já está marcado no local desejado.— Obrigado, Cinthia. Por hoje, você está liberada.Saí do escritório contente por Dhavid ter aceitado, gostando da ideia de sair, lembrando de como era bom estar na minha companhia, como tempos atrás...Bons tem