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Capítulo três:

KIMBERLY

Na Mansão Whites…

A noite já havia trazido consigo algumas nuvens tapando as estrelas, mas em compensação, permeava um clima tranquilo e harmônico na mansão Whites. 

Ana e eu estávamos deslumbradas, todos sorriam, com suas impecáveis taças de cristal em mãos. Não havia nada melhor do que uma pequena social entre amigos, queridos e as futuras integrantes da família Whites. Estava perfeito — ao menos era o que a maioria dos presentes enfatizou no decorrer dos brindes, pois faltava, para Dhavid, o irmão mais velho de Taylor, o principal: o pai, que não chegava. 

De vez em quando, seus olhos se fixavam na porta, principalmente a qualquer barulho, incomodando Clara, por não ter seu filho completamente integrado aos assuntos que abordávamos. Por outro lado, a alegria de Taylor, o caçula, animava as conversas, assim como também as silenciava deliciosamente com seu toque nas delicadas teclas do piano. Mozart reinava naqueles momentos.

Os olhos de Clara brilhavam por se sentir plena com seus dois filhos realizados, aborrecendo Ana, minha mãe, que forçava sorrisos seguidos de goles de champanhe. A mulher estava sentada em uma poltrona clássica, com as pernas cruzadas, usando um belo vestido acima do joelho na cor vinho, marcando a cintura. Ela acariciava a pequena e delicada pedra de diamante, tocando em seu decote discreto, e fitava algumas vezes o jovem rapaz, meu cunhado. 

Seu estilo esportivo e fino combinava perfeitamente com o sorriso amistoso que, para ela, com certeza era suficientemente sexy. Não que tivesse interesse, mas seu charme não era algo que passava despercebido para Ana.

Contendo os ânimos, Taylor se colocou de pé em frente a todos na sala, pegando na minha mão e em seguida entrelaçando nossos dedos e falando:

— Eu quero anunciar algo muito importante: o meu noivado com Kimberly.

Eu o encarei, sorridente, e os poucos familiares e amigos ao redor brindaram a nossa felicidade, olhando por alguns minutos a joia em meu dedo.

Inicialmente não consegui falar nada, emocionada, ou talvez me sentindo pressionada pelo olhar frio de minha mãe. Assim que deixei de olhar para ela, abri a boca para dizer:

— Estou muito feliz por fazer parte desta família — respondi, entre emocionada e nervosa.

Aquela família transbordava amor abundante, e um sorriso surgiu em minha face no momento em que encarei Clara. 

Sentamos às mesas e Taylor passou a mão em minha cintura, me acariciando.

— Não estamos sozinhos — relembrei. — Precisa se conter.

— Não existe um homem que consiga se conter tendo seu corpo colado e sentindo o seu cheiro — explicou, orgulhoso, fazendo questão de chamar a atenção de seu irmão, que desviou tediosamente os olhos da nossa direção.

Homens, pensei com tédio ao acariciar as mãos de Taylor.

Logo me afastei de meu noivo, que se aproximou de Dhavid, e passei a observar as nuvens, até que senti a aproximação de alguém. Mas reconhecer as batidas dos saltos no assoalho da sacada da sala de estar não me fez esboçar um sorriso.

— É uma bela mansão — disse ela ao olhar toda a lateral da enorme casa branca. — Me faz lembrar do nosso antigo lar. — Suas palavras soavam saudosas.

— Lar? — questionei, balançando a cabeça em negação.

— Apesar do pesadelo que vivemos naquele lugar, a beleza não deve ser negada. Tínhamos um belíssimo jardim.

O tom frio e orgulhoso me fez fechar os olhos.

— Chega.

— Está tão apreensiva, que está se tornando perceptível. Se quer saber, eu não fiquei surpresa com esse noivado. — Riu.

— Não é engraçado.

—Ora, vamos. Hoje é um dia de comemoração para a família Whites. Deveria estar mais relaxada.

— Estaria, se seu olhar pressionador não ficasse sempre em cima de mim.

— Deveria me agradecer por estar aqui pra te lembrar o que está em jogo. — Ela se aproximou, veio para o lado direito, segurando meus braços e beijando meu rosto. — Sabe que não está sozinha, meu amor. Somos eu e você, sempre, independentemente de aceitar ou não. — E me fitou nos olhos enquanto continuava a falar: — Você passou por cima de mim e escolheu estar com ele. Então trata de pôr um sorriso nesses lábios rosados e ser a nora dos sonhos.

De volta à mesa, Dhavid passou a nos dar mais atenção, já conformado da ausência de seu pai. Ele dirigiu a atenção às trocas de carinho entre mim e Taylor. Talvez admirando a minha beleza… Parecia impressionado com Taylor, que fazia questão de me exibir para todos.

— Dhavid, querido. Passe o molho, por gentileza — pediu Clara, tirando a atenção dele do meu anel de noivado para a tigela de porcelana delicada. — Obrigada.

Assim que voltei a levar calmamente a comida à boca, desviei a atenção para ele.

— Nos conte qual foi o caso mais difícil resolvido por você, Dhavid — pedi, o encarando com um sutil sorriso de canto.

Ana, após limpar os cantos dos lábios, estender o guardanapo sobre as coxas e tomar um gole da água em sua taça, me repreendeu com um olhar ao perceber a forma como nós dois nos olhávamos.

— Eu não…

Dhavid parou de falar ao olhar a mesa farta, talvez por ter relembrado de cenas terríveis e coisas desagradáveis para se falar naquele momento de confraternização.

— O quê? — Sorri, tomando um leve gole do vinho branco. — Entendo que estamos jantando, mas não precisa ser explícito.

— Amor. — Taylor tocou no meu braço, na esperança de me fazer parar.

Clara nos fitava em silêncio, já Ana parecia sentir uma ligeira onda de irritação passar por sua mente ao ver a forma como Taylor me impedia.

— Me desculpem — pedi, abaixando os olhos, vendo a mão de Taylor ainda sobre meu antebraço apoiado à mesa. Acariciei seus dedos com um gentil sorriso, detestando sua atitude de ter chamado a minha atenção na frente de todos.

— Está tudo bem, meu querido. — Clara sorriu, voltando a comer tranquilamente, observando Dhavid, que aliviou a expressão séria e tomou um gole de vinho.

— Bom, foi um de 2005 — iniciou, nos olhando e vendo que prestávamos atenção. — O caso foi de uma repercussão alarmante…

Por algumas vezes, o assunto se transformava em piadas ridículas contadas por Taylor para as mulheres presentes, e nós ríamos sem parar. Dhavid, por outro lado, não gostando muito da atitude de Taylor em menosprezar seu trabalho e provavelmente estava enciumado por seu irmão ser o centro das atenções. Logo ele voltou a falar sobre trabalho, o que quebrou completamente o clima.

Por fim, a sobremesa foi servida, e após a refeição, nos retiramos da mesa, seguindo para o segundo andar. Abraçada a Taylor, avistamos a porta de seu antigo quarto, em frente ao de Dhavid, no fim do corredor. Entramos em seu antigo quarto, fechando a porta, e Taylor me encostou na parede, me beijando.

— Você foi muito malvada comigo hoje!

— Fui, é? — comentei em meio aos roucos gemidos.

— Se não fosse por um amigo, não sairia vivo de lá hoje, pois esqueci minhas obrigações quando vi aquela foto.

Sorri, agarrando o cabelo dele, que gemeu, afastando o rosto da lateral de meu pescoço.

— Gosto de ser o centro das atenções — falei, o encarando e esboçando um sorriso curto seguido de um beijo intenso.

— Minha Kim... — murmurou, os lábios colados nos meus.

Caminhamos até a cama, deitando ainda sentindo o sabor doce dos beijos. Taylor desceu o estreito zíper lateral do vestido e o levantou, fazendo os seios surgirem contidos em uma lingerie vermelha. Ensandecido por me ter seminua em seus braços, deu mordiscadas, lambidas e chupões na minha pele macia e delicada, me provocando alguns arrepios e gemidos não tão altos.

Não consegui me concentrar nas carícias de Taylor ao ouvir passos apressados se aproximando do corredor e do quarto. Tentei diminuir aos poucos os gemidos abafados e sussurros… Até que alguém, se sentindo incomodado, bateu na porta, nos interrompendo.

— Taylor, avise a sua namorada que a mãe dela já está esperando para irem embora — Ouvi a voz de Dhavid.

Tentei me afastar de Taylor com dificuldade, enquanto ele focava os olhos sedentos pelo que viria a seguir em meus seios descobertos. Mas as insistentes batidas fizeram com que ele rapidamente me soltasse. Irritado, se levantou, abotoando a calça e prendendo o cinto, esfregando o rosto com as mãos, e foi em direção à porta.

— Vou te esperar na sala — avisou, saindo com um ligeiro sorriso no rosto, passando por seu irmão, que abria a porta do próprio quarto.

Eu entrei no banheiro, deixando a porta entreaberta, permanecendo em frente ao espelho para retocar a maquiagem. Ajeitei o cabelo, olhando para o reflexo de Dhavid me encarando. Eu me virei, abrindo a porta, segurando uma das orelhas ao sentir a falta de um brinco. Dhavid olhou para a cama, o encontrando e pegando a joia.

— É um belo brinco.

— Seu irmão tem um ótimo bom gosto.

— Estou vendo… — Olhou para mim e desceu os olhos, passando o polegar na argola de ouro puro antes de me entregar.

— Ficou uma boa parte da noite me encarando — falei, curiosa.

— Você não ficou intimidada, passou a fazer o mesmo.

— Não sou de me intimidar facilmente.

— Percebi. Você é um mistério. — Sorriu, me deixando apreensiva.

— Obrigado pelo brinco. Bom, eu tenho que ir — desconversei, colocando o brinco na orelha e saindo dali. Parei na escada, respirando fundo e me recompondo.

Eu me despedi de Clara, animada, enquanto Taylor seguiu nos acompanhando até a garagem, onde peguei o carro para irmos embora. Taylor, antes de fazer a mesma coisa, veio até a mim, dando me um beijo colado em frente à minha mãe, que observava entediada.

— Por que não fica comigo essa noite, hein? 

— Não posso deixar minha mãe sozinha naquela casa.

— Pode ir, querida, eu pego um táxi, não se preocupe — ela falou, ouvindo nossa conversa.

— Tem certeza, mãe? — perguntei, na esperança de ela estar realmente sendo sincera.

— Claro, vocês precisam de um tempo a sós. Vá, nada vai me acontecer.

— Vou deixá-la em casa, não tem por que pegar um táxi, e então te encontro na sua — falei, e Taylor concordou.

— Até mais tarde, amor.

— Até.

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