Capítulo 2
O homem tinha uma aura fria e nobre, típica de alguém acostumado a altas posições, mas carregava uma simples sacola plástica preta. Sem dúvida, dentro dela estavam os produtos de higiene íntima que Joana precisava no momento.

Mariana desviou o olhar e perguntou a ele:

— O avô quer que jantemos na mansão esta noite. Você pode ir?

Mas Lucas não olhou para ela. Seus olhos se fixaram em Joana:

— Ainda sente dor na barriga? Você já tomou os medicamentos?

Após dizer isso, ele estendeu a mão e passou a sacola. Joana sorriu timidamente ao o receber e lançou um olhar rápido para Mariana antes de responder:

— Estou bem melhor agora, obrigada.

— Pode ir, vou esperar você aqui. — Disse Lucas, olhando para ela com ternura nos olhos, e acrescentou: — Depois eu a levo para casa.

Joana lançou mais um olhar cauteloso para Mariana e depois se virou e foi embora.

— Então você me seguiu até aqui? — Lucas finalmente olhou para Mariana: — Valeu a pena?

Mariana não se defendeu, apenas perguntou:

— Senhor Lucas... é sério desta vez?

Antes, os boatos o ligavam principalmente a atrizes famosas da indústria do entretenimento. Mas Mariana nunca se importou com isso.

Lucas olhou para longe e quando falou novamente, sua voz carregava um toque de melancolia:

— Ela é uma boa menina, não mexa com ela.

Os dedos de Mariana tremeram levemente, mas seu rosto ainda mantinha um sorriso.

— Se você gosta dela, tudo bem.

À noite, ela foi sozinha à mansão e jantou com o avô. Quando estava de saída, o velho senhor pediu a alguém que trouxesse uma caixa de doces.

— São os que o Lucas adorava quando era criança. Leve para ele.

No entanto, Lucas não voltou para casa por vários dias. Mariana não sabia como explicar a situação ao avô, então decidiu levar os doces pessoalmente à empresa.

Ela foi direto para o andar mais alto da empresa. A porta do escritório de Lucas estava aberta. Quando ela estava prestes a bater, ouviu uma risada delicada vindo de dentro.

Era Joana.

— Não consigo fazer nem algo tão simples. Será que sou muito burra? — Disse ela.

Depois, se ouviu a voz de Lucas:

— Não tem problema, eu ensino a você

— A Dra. Mariana deve ser muito boa, né? Ouvi dizer que ela sempre era uma aluna brilhante... Mas sou tão burra...

Mariana não conseguiu conter um leve bufo de desprezo.

Lucas respondeu:

— Ela? Você é diferente dela. Além disso, quando ela era criança... era estúpida.

Mariana não aguentou mais e empurrou a porta, entrando.

Ao vê-la entrar de repente, Joana ficou obviamente perturbada. Ela imediatamente se levantou de perto de Lucas e, nervosa, disse:

— Dou…Doutora Mariana.

Lucas ergueu os olhos e olhou para ela, seus olhos frios mostrando a indiferença familiar à Mariana:

— O que você está fazendo aqui?

Mariana colocou a caixa de doces na escrivaninha de Lucas e respondeu com a mesma indiferença:

— O avô pediu para eu o entregar isso.

— Esse tipo de coisa, bastava mandar pelo motorista. — Lucas franziu a testa. — Mais alguma coisa?

Será que ele estava irritado por ela ter interrompido seu momento com Joana?

Mariana lançou um olhar para Joana. A jovem imediatamente mordeu o lábio inferior, piscou seus olhos grandes e então olhou para Lucas em busca de ajuda.

Lucas, em tom tranquilizador, disse:

— Você pode sair primeiro.

Joana respondeu com um suave "hum", lançou mais um olhar rápido para Mariana e, só então, saiu.

— Diga, o que você realmente quer? — O tom de Lucas carregava uma pitada de impaciência.

De fato, diante dela, Lucas nunca tinha muita paciência.

Mariana respondeu:

— Se você não quer ter filhos, dê uma explicação ao avô. E em relação à Joana, tenha algum juízo. Não deixe as coisas ficarem feias.

— Você está tentando me controlar? — Lucas se levantou e caminhou em direção

Mariana balançou a cabeça.

— Nós combinamos antes, não interferir um na vida do outro. Mas percebi que, com ela... você está muito diferente. Lucas, não se esqueça, você é um homem casado.

Lucas estendeu o braço, a prendendo entre ele e a escrivaninha. Ele baixou o olhar para Mariana. Apesar de suas feições serem excepcionais, a expressão em seu rosto era sempre fria e indiferente. Mesmo vestindo roupas doces e fofas, ela parecia completamente fora de lugar.

Ele soltou um riso de escárnio:

— Claro que ela é diferente. Estou a avisando, não mexa com ela.

Ele estava perto demais, e os hálitos dos dois se misturavam. Mariana não pôde evitar virar o rosto, mas Lucas segurou seu queixo.

— Por que está se esquivando? Fique tranquila, sei me controlar. Pelo menos... não vou para a cama com ela

Mariana também soltou um riso de escárnio:

— Não vai mesmo? Ou é por que não quer tratá-la de forma casual?

Lucas ficou em silêncio por alguns segundos, então respondeu:

— Não quero tratá-la de forma casual.

— Ótimo. — Mariana o empurrou para longe. — Caso contrário, eu o acharia nojento.

Ela saiu do escritório sem olhar para trás. Assim que saiu, deu de cara com Joana, que estava parada do lado de fora, segurando uma xícara de café.

 Mariana olhou para ela e disse:

— Lucas não gosta de café.

— Ah, não sabia... — Joana parecia confusa — Mas quando trago café para o Sr. Lucas, ele sempre bebe.

O amor faz milagres. Por gostar de Joana, ele até bebe o café que normalmente não gosta.

Mariana não sabia bem o que sentir. Com um sorriso leve, ela se virou e foi embora.

Ela ia participar da exposição de arte de um amigo. Originalmente, o amigo havia sugerido que ela fosse com Lucas, mas ele disse que não tinha tempo.

Mariana acabou indo sozinha. Na exposição, encontrou vários conhecidos e cumprimentou a todos. Muitas pessoas perguntaram sobre Lucas, e Mariana repetiu a mesma explicação:

— Ele está ocupado, não tem tempo.

— Ele realmente está tão ocupado assim? — disse uma voz próxima.

Mariana olhou na direção da voz. O homem que falou estava balançando sua taça de vinho tinto. Seu olhar, que mostrava um misto de arrogância e desdém, implicava insatisfação.

— Tá bom. — Mariana se aproximou, sorrindo para ele. — Você sabe que ele é sempre assim.

— Isso não é sua culpa por mimar ele? — Paulo Mendes lançou um olhar para ela. — Esses maus hábitos.

Mariana ficou em silêncio. Vendo um toque de melancolia em seus olhos baixos, Paulo imediatamente se rendeu.

— Tá bom, não falo mais nada, ok?

Mariana tocou levemente a taça dele com a sua, respondendo:

— Obrigada.

— Quando éramos crianças, ele já não gostava de nós. O nosso grupo e o dele nunca se davam bem. Como é que você... — Paulo não conseguiu se conter — Às vezes, eu até suspeito que ele a enfeitiçou

Mariana lançou um olhar de repreensão para ele:

— Você ainda fala!

Paulo ficou ainda mais animado.

— Por que não posso falar? Olha todas as coisas besteiras que você fez. Mudar seu estilo de se vestir por causa dele já foi demais... Mas, tenho que dizer, essa roupa hoje está linda, combina com você.

— Cala a boca!

Paulo soltou um resmungo e murmurou baixinho:

— É tão difícil assim admitir que fez uma escolha errada? Ouvi dizer que ele está se envolvendo com uma nova funcionária do departamento de secretariado.

Mariana ouviu e desta vez não o repreendeu, apenas disse:

— Talvez... eu realmente tenha feito uma escolha errada.

Vendo-a assim, Paulo ficou com pena e não resistiu em afagar o cabelo dela.

— Tá bom, tá bom, seu irmão só estava brincando...

— Acabei de arrumar meu cabelo. — Mariana afastou a mão dele — Você bagunçou tudo! Além disso, já lhe disse mil vezes: já cresci, pare de mexer na minha cabeça. Homens e mulheres são diferentes!

— Nós fizemos um juramento de irmandade bebendo Coca-Cola. Sou seu irmão, qual é o problema de mexer seu cabelo?

Mariana lançou um olhar de desdém para ele.

— Você já é um homem crescido. Se está realmente tão entediado assim, arranje uma namorada, ok?

Paulo desviou o olhar.

— Tenho padrões altos, não me contento com qualquer uma.

Mariana e ele eram muito próximos desde a infância, como irmãos. Agora, eles trabalhavam no mesmo hospital. O Paulo era alto e bonito, com senso de humor afiado. Mas no hospital, vestido com seu jaleco branco e óculos de armação dourada, ele tinha um ar de intelectual reservado. Havia muitas pessoas que gostavam dele, mas em todos esses anos, nunca se soube de Paulo namorando ninguém.

— Continue assim, e no final, quando estiver velho, ninguém vai o querer, e você vai acabar sozinho.

Mariana terminou de falar e, ao se virar, viu Joana de braço dado com Lucas caminhando em sua direção.

Lucas realmente veio? E ainda trouxe a Joana junto?
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