Capítulo 5
Mariana olhou para o celular; ainda não era meia-noite. Ou seja, Lucas mal tinha terminado seus afazeres com ela, e já estava se apressando para o próximo compromisso, para consolar a Joana. Ele estava realmente ocupado.

Mariana não sabia o que tinha acontecido, só ouviu os soluços de Joana. Lucas desligou o telefone e começou a se vestir. Mariana ainda sentia o corpo satisfeito e levemente dolorido após o prazer intenso. Deitada na cama, ela observava Lucas vestir as calças, cobrindo os músculos bem definidos de seu abdômen.

Enquanto se vestia, ele disse:

— O irmão de Joana sofreu um acidente de carro. Vou lá ver como está. Se for grave, ajude a entrar em contato com o hospital... Deixe para lá, venha comigo.

Mariana não se moveu. Lucas já estava abotoando a camisa quando franziu a testa e olhou para ela.

— Por que não está se mexendo?

— Acho que não tenho obrigação de ajudar você a... — Ela ponderou por um momento, buscando as palavras adequadas, e continuou: — ... Ajudar o irmão da sua amantezinha, não é?

— Você é médica, salvar vidas é sua obrigação. — O olhar de Lucas era frio. — Mariana, não seja tão insensível.

Mariana soltou uma risada de escárnio.

“Que absurdo,” pensou ela. “Que ironia.”

Pedir à esposa legítima para ajudar o irmão da amante, dizendo que é seu dever e a chamando de insensível. Como ela pôde ser tão cega na época...

De repente, Lucas subiu na cama, apoiando as mãos ao lado dela. Olhando-a de cima, ele mordiscou levemente o lóbulo da orelha dela e sussurrou:

— Ou será que você não ficou… satisfeita com a meu desempenho de há pouco?

Vinte minutos depois, Lucas chegou com Mariana ao local do acidente do irmão de Joana. O rapaz havia sofrido apenas arranhões leves e já tinha sido levado pela ambulância.

Joana estava sozinha na beira da estrada. Ao ver o Lucas sair do carro, ela correu para seus braços como um passarinho. Quando finalmente notou Mariana, seu rostinho choroso mostrou uma expressão de descontentamento.

— Lucas, por que ela está aqui também?

Mariana ajeitou casualmente o cabelo que tinha entrado no casaco. Joana viu as marcas de beijos no pescoço e atrás da orelha dela.

Eram tantas!

E isso só nas partes visíveis. Como seria nas partes que não dava para ver?

Mariana certamente estava se exibindo para ela! Ela fez isso de propósito! O ciúme brotava e se espalhava no coração de Joana como ervas daninhas.

Ela soltou Lucas entre soluços, segurando cuidadosamente uma pontinha da roupa dele. Olhou para cima, com os olhos marejados.

— Me desculpe, eu... eu o incomodei de novo, mas ficava tão assustada...

A expressão de Lucas visivelmente se suavizou.

— Está tudo bem agora, não tenha medo. Vou mandar alguém cuidar disso.

Observando os dois tão afetuoso e em sintonia, a Mariana não conseguiu se conter:

— Então, senhor presidente Lucas, posso sair agora?

Lucas lançou um olhar para ela, depois se voltou para a Joana.

— Então vou levá-la para casa primeiro...

— Eu... estou com medo... — Joana agarrou o braço dele. — Não me deixe sozinha. Esta noite... fique comigo, pode ser?

O Lucas concordou.

Ele olhou para a Mariana.

— Pode ir embora.

Mariana o encarou por alguns segundos, sem dizer uma palavra, e então se virou e foi embora.

Lucas levantou a perna instintivamente, mas a Joana, agarrada ao seu braço, o balançou.

— Fiquei tão assustada...

Ele abaixou a cabeça para a consolar com algumas palavras. Quando ergueu os olhos novamente, aquela silhueta elegante já tinha desaparecido.

Após ser arrastada no meio da noite com o corpo já cansado, Mariana quase não conseguiu se levantar no dia seguinte. Na reunião matinal do hospital, ela lutava contra a vontade de bocejar, apertando os lábios com força. Paulo, ao seu lado, a cutucou levemente e, em seguida, discretamente, colocou algo em sua mão.

Ela o pegou, aproveitando que o chefe não estava olhando, o colocou na boca. Era seu chocolate favorito, doce e aromático, derretendo instantaneamente.

Depois da reunião, Paulo, como num passe de mágica, lhe entregou uma xícara de café quente.

— O que fez ontem à noite? Você parece exausta!

Mariana bebia o café enquanto examinava os prontuários, respondendo sem levantar a cabeça:

— Assisti a uma farsa, bem ridícula por sinal.

Paulo se aproximou.

— Que farsa?

Mariana fechou os históricos médicos e respondeu friamente:

— Dormi e já me esqueci.

Uma enfermeira veio chamar Paulo, e ele imediatamente retomou sua postura elegante e contida:

— Já estou indo. — após responder, ele olhou para Mariana e passou a mão no cabelo dela: — Se cuide, coma direito. Você está emagrecendo.

Antes que Mariana pudesse bater nele, ele já tinha se afastado rapidamente. Ela sorriu, balançando a cabeça, e então foi fazer a ronda antes de realizar as cirurgias.

Estava ocupada até quase meia-noite quando finalmente viu cinco ou seis chamadas perdidas no celular. Todas eram de Mário e Mônica. Ela retornou a ligação, e assim que atendeu, o Mário começou a gritar:

— Mariana, você quer matar seu pai de raiva? Eu já tinha dito para você garantir aquele projeto, e no fim, o que aconteceu?

Mariana não fazia ideia do que estava acontecendo. Mas pelo que Mário dizia, parecia que o projeto tinha ido por água abaixo.

— Pai, no mundo dos negócios, ganhar e perder não é algo normal? — Respondeu ela.

— O Lucas é meu genro! E agora não consigo nem um projeto de uma de suas subsidiárias! Todo mundo está rindo de mim! Você arruinou minha reputação completamente!

O telefone foi passado para outra pessoa, e a voz mudou. Era a Mônica. Ela disse com paciência: — Mariana, seu pai e eu nos esforçamos tanto, e não é tudo por você? Você é nossa única filha, no futuro tudo isso será seu.

Mariana respondeu:

— Eu também não quero que vocês se esforcem tanto...

— Que tipo de resposta é essa! — Mário tomou o telefone de volta. — Vá falar com o Lucas agora mesmo! Exija uma explicação!

— Por que não vai você mesmo?

— Mariana! — Mário estava prestes a explodir de raiva — Criei você até agora para nada, é isso? Você vai ou não? Quer ver o esforço do seu avô ir por água abaixo e sua avó se revirar no túmulo?

O telefone foi desligado, e o silêncio voltou à Mariana. Ela respirou fundo, tirou o jaleco branco e, aproveitando o horário de almoço, foi à empresa do Lucas.

No final do expediente, a recepcionista de plantão estava um pouco desatenta, conversando com a pessoa ao lado. Mariana ouviu por acaso:

Acontece que, pela manhã, Joana saiu do carro de Lucas.

Então, eles passaram o resto da noite de ontem juntos? Dormiram juntos?

Mariana subiu até o último andar e, logo ao sair do elevador, viu Joana. Ela estava sentada em sua própria mesa do escritório, e Lucas estava ao seu lado, falando suavemente com ela sobre algo. Às vezes, ela cobria a boca para rir, às vezes piscava para Lucas, parecendo tão encantadora e travessa como uma jovem garota.

De perfil, ao olhar para ela, sua imagem se sobreponha a um rosto em sua memória. Mariana tossiu levemente duas vezes.

Os dois levantaram a cabeça ao mesmo tempo, e olharam para ela.

— O que você está fazendo aqui? — Lucas franziu a testa quando a viu. — Há algum problema?

— Vamos falar no seu escritório. — disse Mariana. — É algo um pouco sério.

Joana se levantou abruptamente, seu rosto ficou pálido, mordendo os lábios nervosamente.

— Eu... eu vou embora...

Lucas segurou seu braço.

— Para onde você vai? O que aconteceu entre mim e ela não é algo que precise ser escondido de você.

— Não diga isso assim. — Joana puxou a manga da camisa dele suavemente, o olhando com inocência. — A Mariana vai ficar brava.

Mariana não pôde mais se conter e disse friamente: — Quem você está chamando de “Mariana”?
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