Capítulo 4
Mariana não entendia nada dos assuntos de negócios, mas ela sabia que, desde o casamento entre as famílias Oliveira e Silva, a riqueza da família Silva tinha aumentado pelo menos três vezes. Mesmo assim, Mário ainda não estava satisfeito.

Mariana largou os talheres, se levantou e disse:

— Já terminei de comer. Vou indo, vocês podem continuar comendo.

Mário berrou para ela:

— Não se esqueça do que sua avó lhe disse antes de falecer!

Mariana ficou paralisada, hesitou por alguns segundos e, finalmente, saiu.

Mal chegou ao hospital, ela recebeu uma ligação de um número desconhecido. Inicialmente, não queria atender, mas o celular não parava de tocar, então ela acabou atendendo. Assim que atendeu, ouviu a voz de Joana, chorosa:

— Dra. Mariana, venha rápido, o Lucas se machucou!

Mariana correu apressada para lá e descobriu que a mão de Lucas já estava enfaixada. Ao vê-la, o Lucas franziu a testa.

— O que você está fazendo aqui?

Mariana olhou para Joana e, sem responder à pergunta de Lucas, perguntou:

— Como isso aconteceu?

— O Sr. Lucas... ele se machucou para me proteger... — Joana choramingou ao lado. — Sangrou muito.

— Não é nada. — Lucas sorriu. — Só um pequeno ferimento, em alguns dias já estará melhor.

— Você já fez os exames médicos? Os ossos e ligamentos estão bem? — Mariana franziu a testa e perguntou friamente. — Se foi um ferimento causado por objeto cortante, ainda precisa tomar uma vacina antitetânica.

Joana fungou.

— Dra. Mariana, você é tão calma. Diferente de mim, que, ao ver o Sr. Lucas ferido, não sabia o que fazer, fiquei muito preocupada...

Lucas olhou para Mariana. Os olhos dela eram claros e sua expressão era indiferente, sem demonstrar nenhuma preocupação.

No final, Lucas acabou indo com Mariana ao hospital para fazer os exames. Felizmente, não houve dano aos ossos ou ligamentos.

Joana começou a chorar de novo.

— Que alívio. Se o Sr. Lucas tivesse algum problema, eu ficaria com a consciência pesada pelo resto da vida. Se fosse assim, eu preferia ter me machucado no lugar dele.

— Quando estiver comigo, não vou deixar você se machucar. — Lucas disse suavemente. — Não chore mais, depois a levo para um banquete.

— Como está tudo bem, vocês podem sair. — Mariana se levantou. — Ainda tenho uma reunião.

Quando ela terminou de falar e foi embora, Joana olhou para as costas dela e perguntou a Lucas:

— Será que a Dra. Mariana... está zangada?

Lucas também se levantou.

— Deixa disso.

No entanto, assim que saiu do consultório, viu Paulo saindo de outro consultório e colocando o braço sobre os ombros de Mariana.

— Mariana! — Lucas a chamou com uma voz fria.

Mariana parou, mas não se virou. Foi Paulo que olhou para trás.

— Ora, Sr. Lucas, que surpresa vê-lo aqui no nosso hospital. O que o traz aqui?

Depois, ele olhou para Mariana e perguntou:

— Ele está procurando por você?

Enquanto falava, Paulo passou o braço pelos ombros de Mariana. De longe, parecia que ia beijar o rosto dela a qualquer momento.

Com uma expressão séria no rosto bonito, Lucas caminhou a passos largos até eles e puxou bruscamente o braço de Paulo. Este soltou um grito de dor, segurando seu braço.

Mariana imediatamente o amparou e lançou um olhar furioso para Lucas.

— O que você está fazendo?

— O que estou fazendo? — A voz de Lucas era fria como gelo. — Você sabe que é casada, não sabe? O que parece para as pessoas vocês ficarem assim, com braços nos ombros um do outro?

— Como parecemos? — Paulo emitiu um som de desprezo. — E quando você estava abraçado com outra mulher no hospital, esqueceu que era um homem casado? Como é? Você pode fazer o que quiser, mas a Mariana não pode fazer nada?

— Isso é um assunto entre mim e a Mariana. — Lucas lançou um olhar gélido para ele. — Não tem nada a ver com você.

— Eu...

— Pau — Mariana o puxou e então olhou para Lucas. — Você tem mais alguma coisa para dizer?

Desde pequeno, Mariana sempre chamava Paulo assim. Os dois sempre foram muito próximos.

A expressão de Lucas ficou ainda mais sombria.

— Quando estamos conversando, certas pessoas não deveriam sair de cena por conta própria?

Paulo estava prestes a reagir, mas Mariana o segurou novamente. Ele soltou um grunhido de insatisfação e se afastou. Na verdade, Paulo tinha um temperamento explosivo, mas bastava um olhar ou um gesto de Mariana para o conter.

Uma sensação inexplicável de irritação brotou no peito de Lucas.

— A partir de agora, você vai cuidar da troca de curativo da minha mão.

O ferimento em sua mão precisava ter o curativo trocado a cada dois dias.

Mariana ergueu sobrancelhas e olhou para ele.

— Você vem ao hospital?

— Não. — Lucas a encarou com um olhar gélido. — Vamos trocar em casa.

Mal ele terminou de falar, Joana apareceu ao seu lado.

— Dra. Mariana, você não tem uma reunião agora?

Mariana esboçou um sorriso.

— Sim, tenho. Com licença, até mais.

Lucas ficou observando a silhueta de Mariana se afastando em seu jaleco branco, com uma expressão profunda e indecifrável. Joana sentiu uma inquietação repentina e apressou-se em segurar o braço dele, sugerindo:

— Vamos para casa?

Durante a reunião, Mariana parecia um pouco distraída. Paulo, sentado ao seu lado, bateu de leve na pasta dela e sussurrou:

— No que está pensando?

Mariana sorriu e balançou a cabeça. Algumas coisas não precisam ser compartilhadas com Paulo. Caso contrário, conhecendo seu temperamento, ele provavelmente acaba brigando com Lucas.

Um dia se passou, e na hora de sair do trabalho, Mariana foi para casa mais cedo que o normal. Hoje era dia de trocar o curativo da mão de Lucas. Mas mesmo após as nove da noite, ele ainda não tinha voltado.

“Parece que aquelas palavras dele foram ditas sem pensar. E eu fui boba de acreditar. Esperando aqui como uma idiota.”

Mariana esboçou um sorriso, rindo de si mesma.

Após tomar banho e secar o cabelo, ela ouviu barulho na entrada. Lucas finalmente chegou em casa. Ele a viu, desabotoando os punhos da camisa enquanto caminhava. O ferimento em sua mão estava claramente tratado e enfaixado novamente.

Achando que ele não voltaria, Mariana não vestiu seus pijamas habituais de estilo fofo e meigo. Em vez disso, usou uma camisola preta de seda com alças finas, que realçava sua pele clara e impecável. Sem adornos extras, seus longos cabelos negros e brilhantes caíam como cascata, emoldurando sua clavícula delicada e graciosa. Logo abaixo, se insinuava a curva suave e alva de seu colo. Essa visão era suficiente para provocar o desejo de qualquer homem.

O olhar de Lucas pousou sobre ela com uma intensidade que parecia queimar. Diferente dos seus pijamas fofos habituais, hoje ela estava especialmente sedutora e atraente. O pomo de adão de Lucas se moveu enquanto ele estendia o braço para a puxar para perto.

— Vestida assim, você deve ter sentido muita saudade de mim, não é?

“Na verdade, me vesti assim porque achei que você não voltaria.” Pensou Mariana.

As mãos do homem em sua cintura estavam quentes. Mariana colocou as mãos no peito dele e perguntou:

— Você já trocou o curativo?

Lucas abaixou a cabeça, beijando o lóbulo da orelha dela.

— Está tão preocupada comigo?

— Você pediu que eu trocasse o curativo em casa.

O beijo dele parou por um momento, antes de ele responder com indiferença:

— Esqueci.

Mariana ainda quis dizer algo mais, mas ele segurou seu queixo com impaciência:

— Neste momento, se concentre.

A partir daí, Mariana não conseguiu dizer mais uma palavra. Mesmo seus gemidos foram interrompidos pelos movimentos intensos dele. A camisola preta de seda, que ela vestia pela primeira vez na frente dele, acabou rasgada e caída desamparada no chão.

Depois de uma ou duas horas de paixão intensa, Mariana ainda se perguntou antes de cair no sono exausta:

— Afinal, será que o Lucas gostou ou não daquela roupa?

Não sabia há quanto tempo estava dormindo, mas entre o sono e a vigília, Mariana ouviu o toque de celular. Ela abriu os olhos com dificuldade e viu Lucas atendendo a ligação:

— Tudo bem, não chore. Estou indo para aí agora mesmo.

 
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo