Estranhamente, me concentrava num volume que eu mesma formava na minha barriga, para tentar imaginar como ficaria. Meu coração estava à mil e eu simplesmente queria chorar e rir da minha situação, ao mesmo tempo. Um sentimento estranho que me fazia sentir minúscula e como num filme de terror.
Debruçada na cama e ao som de James Arthur, pensava no quão azarada eu era para ter que terminar naquela situação. Era tempo para começar a agir e cuidar da minha gravidez de forma certa e sensata, mas, para tal, eu precisava que minha mãe me ajudasse. De longe eu ouvia sua voz abafada em palavras difíceis de entender. Uma vida evoluía dentro de mim e até então eu não tinha levado quase nada pelos trilhos certeiros. Parecia um sonho do qual eu não podia acordar assim que as coisas se tornassem bizarras.
Então, tentando embarcar na ilusão, abri meus olhos de forma excessiva, oque resultou na queda de lágrimas que eu me esforçava para não tirar. Um dia talvez eu me le
Na manhã de sexta-feira, eu observava, através de meus olhos inchados e ardentes, minha mãe tomar seu chá, como se não houvesse nenhuma outra presença ali. Seu olhar vadio e seu silêncio me fizeram perceber que estava tal e qual no dia anterior. Passei a noite toda aos prantos. Algumas vezes me arrependi por não ter tirado, outras desejei estrangular Weben, mas tudo terminava com meus dedos secando meu rosto e um conformismo que me acalmava. Assim foi durante a noite toda. Não dormi um minuto que fosse, a fome me levou para a cozinha, onde ela me encontrou logo depois, bem no início da manhã. De si recebi apenas um "Bom dia" num sopro frio e seco.Foi então que tive certeza que algo tinha mudado entre nós duas, sabia que a imagem que ela tinha de sua filha tinha sido borrada pelo meu delito e aquilo só me matava mais por dentro. Me preocupava também a dúvida de não saber se ela contaria para meu pai ou não, porque eu não queria que ele
Na manhã de sexta-feira, eu observava, através de meus olhos inchados e ardentes, minha mãe tomar seu chá, como se não houvesse nenhuma outra presença ali. Seu olhar vadio e seu silêncio me fizeram perceber que estava tal e qual no dia anterior. Passei a noite toda aos prantos. Algumas vezes me arrependi por não ter tirado, outras desejei estrangular Weben, mas tudo terminava com meus dedos secando meu rosto e um conformismo que me acalmava. Assim foi durante a noite toda. Não dormi um minuto que fosse, a fome me levou para a cozinha, onde ela me encontrou logo depois, bem no início da manhã. De si recebi apenas um "Bom dia" num sopro frio e seco.Foi então que tive certeza que algo tinha mudado entre nós duas, sabia que a imagem que ela tinha de sua filha tinha sido borrada pelo meu delito e aquilo só me matava mais por dentro. Me preocupava também a dúvida de não saber se ela contaria para meu pai ou não, porque eu não queria que ele
O cheiro de soro parece ser a principal característica dos hospitais. Era oque eu sentia enquanto caminhava lado à lado com minha mãe, por um corredor branco e pouco movimentado.Nossos passos ecoavam pelo lugar e a cada um que eu dava, meu coração acelerava mais. Minha mãe olhava para frente, com os lábios aprumados, e apertava a alça de sua bolsa. Depois de mais de 1 minuto andando, estavamos de frente para uma porta de alumínio, na qual tinha uma pequena placa com letras bem legíveis.— Vamos entrar. — disse, abriu a porta, entrou e me deixou passar depois.Assim que entramos, encolhi os ombros enquanto analisava o lugar de ponta à ponta. Era uma espécie de consultório. Com objectos e móveis brancos e azul-claro, do chão ao teto. Uma mesa repleta de documentos, alguns estojos, computador, etc. Num canto tinha uma maca e alguns aparelhos que eu nunca tinha visto. Do outro lado da mesa estava uma senhora com pouco mais de 40 anos,
SábadoAcordei com uma ligeira dor de cabeça e os raios solares fortes, elevaram a temperatura do meu quarto. Meu corpo, que estava um pouco transpirado, era coberto por um fino lençol que era prensado entre minhas pernas nuas. Bocejei e estiquei-me para sentir o estalar de meu corpo, me debruçei e me envolvi nos costumeiros pensamentos matinais.Meu medo tinha reduzido um pouco e não parecia tão difícil me acostumar com a routina de uma gestante. Era algo bom, mas ainda tinha aquela coisa toda que eu precisava enfrentar dali para frente. Era, definitivamente, oque mais me inquietava.Me perdi em retrospectivas dos dias anteriores e algumas vezes repassei as instruções da Dra. "Cuide sempre bem da tua alimentação, porque se não o fizer, não estará a prejudicar só a tua saúde.""Evite fazer certo
Eu, meu irmão, Cleyton e Tânia tinhamos nossos olhos e ouvidos presos num jovem casal. Num determinado ponto do Jardim dos Madjermas, uma perfeita sintonia de voz e melodia, embelezavam o ambiente com música hipnotizante. O jovem alto e claro, torneava sua língua ao pronunciar cada palavra do xangana de um dos hits de Wazimbo, enquanto sua namorada soltava os dedos pelos acordes da guitarra, produzindo um cover incrível.Por um momento despertei do transe e olhei para cada um dos que estavam ali comigo. Tânia estava com os olhos cerrados e um meio sorriso, Paulo estava com o olhar preso nos dedos da guitarrista, assim como Cleyton, que tinha um sorriso de nuca à nuca.Nwahuluana, de Wazimbo, tinha uma mensagem de reflexão incrível. O moço buscava representar o vocalista moçambicano da melhor forma que podia, para que cada moeda por nós deixada valesse a pena." ...ndzili lexfwi xfwaku famba ussiku loko
2 semanas e 2 dias depois27 de Novembro, segunda-feira, era o dia no qual eu iria fazer a consulta. Estava trêmula e com o cenho franzido de tanta preocupação, sob o olhar analítico da minha mãe.— Esse vestido ficou melhor. — estava sentada na minha cama com um vestido que tinha acabado de tirar.— Mãe, posso perguntar algo? — movida pelo medo, perguntei.— Sim, pode. — me olhou com um meio sorriso em seu rosto como se soubesse oque eu perguntaria.— Esse ultrassom dói muito? — cruzei os dedos e limpei as minúsculas gotas de suor que se formavam em meu rosto transtornado. — Parece ser muito invasivo.— Eu não vou dizer nada, porque para mim pode não ter doído e para te pode sim doer. É algo psicológico, mas na verdade não dói. Você só sente um incômodo no órgão, oque seria o mais comum a acontecer porque você terá uma
— Mãe, você já sabe oque é e como funciona o ultrassom, então pode me ajudar a explicar mais uma vez para nossa menina? — perguntou sem tirar o olhar de mim.Meus corpo estava nos mais intensos tremores, meus dedos chegavam até a arder de tanto esfrega-los no tecido do meu vestido. Não tinham se passado nem 20 minutos e eu já estava transpirada. O medo era imenso e eu acreditava que Tânia não mediria esforços para me rir caso me visse naquele momento.— Sem problemas. Com todo o prazer.— Certo, então por onde vamos começar?— Água? — me escapou sem que eu mesma percebesse. Encolhi os ombros assim que seus olhares vieram até mim. Era, definitivamente, algo que elas não esperavam.— Quer uma garrafa de água? Viria a calhar. — perguntou tentando disfarçar seu espanto.— Sim. Minha mãe balançava suas pernas e a Dra. me dava uma garrafa d
Sabe quando dizem que você pode controlar teus nervos? Sim, isso era impossível com Tânia por perto. Partiu tudo de um mal-entendido da parte dela.No último banco do semi-coletivo—vulgo chapa—, eu tentava manter o tom baixo da minha voz ao tentar fazer com que Tânia me percebesse, só que ficava cada vez mais difícil, porque ela fazia de tudo para me manter naquele estado. Parecia divertido para ela.— Vou perguntar denovo: Doeu?— Eu disse que não dói! — subi meu olhar até suas dreads pretas.— Então? Eu cheguei de falar mais alguma coisa?— Sim, falou!— Eu só perguntei. — levou sus mão a boca e riu da minha cara.— Entenda: eu disse que não dói, não que gostei! Isso é constrangedor em todos sentidos possíveis.Sim, ela achou que eu tivesse adorado ter uma solda raspando meu canal, mas foi exactamente o contrário.— Eu não