Eu, meu irmão, Cleyton e Tânia tinhamos nossos olhos e ouvidos presos num jovem casal. Num determinado ponto do Jardim dos Madjermas, uma perfeita sintonia de voz e melodia, embelezavam o ambiente com música hipnotizante. O jovem alto e claro, torneava sua língua ao pronunciar cada palavra do xangana de um dos hits de Wazimbo, enquanto sua namorada soltava os dedos pelos acordes da guitarra, produzindo um cover incrível.
Por um momento despertei do transe e olhei para cada um dos que estavam ali comigo. Tânia estava com os olhos cerrados e um meio sorriso, Paulo estava com o olhar preso nos dedos da guitarrista, assim como Cleyton, que tinha um sorriso de nuca à nuca.
Nwahuluana, de Wazimbo, tinha uma mensagem de reflexão incrível. O moço buscava representar o vocalista moçambicano da melhor forma que podia, para que cada moeda por nós deixada valesse a pena." ...ndzili lexfwi xfwaku famba ussiku loko
2 semanas e 2 dias depois27 de Novembro, segunda-feira, era o dia no qual eu iria fazer a consulta. Estava trêmula e com o cenho franzido de tanta preocupação, sob o olhar analítico da minha mãe.— Esse vestido ficou melhor. — estava sentada na minha cama com um vestido que tinha acabado de tirar.— Mãe, posso perguntar algo? — movida pelo medo, perguntei.— Sim, pode. — me olhou com um meio sorriso em seu rosto como se soubesse oque eu perguntaria.— Esse ultrassom dói muito? — cruzei os dedos e limpei as minúsculas gotas de suor que se formavam em meu rosto transtornado. — Parece ser muito invasivo.— Eu não vou dizer nada, porque para mim pode não ter doído e para te pode sim doer. É algo psicológico, mas na verdade não dói. Você só sente um incômodo no órgão, oque seria o mais comum a acontecer porque você terá uma
— Mãe, você já sabe oque é e como funciona o ultrassom, então pode me ajudar a explicar mais uma vez para nossa menina? — perguntou sem tirar o olhar de mim.Meus corpo estava nos mais intensos tremores, meus dedos chegavam até a arder de tanto esfrega-los no tecido do meu vestido. Não tinham se passado nem 20 minutos e eu já estava transpirada. O medo era imenso e eu acreditava que Tânia não mediria esforços para me rir caso me visse naquele momento.— Sem problemas. Com todo o prazer.— Certo, então por onde vamos começar?— Água? — me escapou sem que eu mesma percebesse. Encolhi os ombros assim que seus olhares vieram até mim. Era, definitivamente, algo que elas não esperavam.— Quer uma garrafa de água? Viria a calhar. — perguntou tentando disfarçar seu espanto.— Sim. Minha mãe balançava suas pernas e a Dra. me dava uma garrafa d
Sabe quando dizem que você pode controlar teus nervos? Sim, isso era impossível com Tânia por perto. Partiu tudo de um mal-entendido da parte dela.No último banco do semi-coletivo—vulgo chapa—, eu tentava manter o tom baixo da minha voz ao tentar fazer com que Tânia me percebesse, só que ficava cada vez mais difícil, porque ela fazia de tudo para me manter naquele estado. Parecia divertido para ela.— Vou perguntar denovo: Doeu?— Eu disse que não dói! — subi meu olhar até suas dreads pretas.— Então? Eu cheguei de falar mais alguma coisa?— Sim, falou!— Eu só perguntei. — levou sus mão a boca e riu da minha cara.— Entenda: eu disse que não dói, não que gostei! Isso é constrangedor em todos sentidos possíveis.Sim, ela achou que eu tivesse adorado ter uma solda raspando meu canal, mas foi exactamente o contrário.— Eu não
Debruçada, eu olhava para o céu me perguntava se era ridículo pensar que talvez Deus tivesse tirado parte de sua manhã para varrer o céu, pois as nuvens estavam "arranhadas", assemelhando-se um trabalho feito por uma vassoura de quintal. O sol estava queimava como sempre, me levando à outra pergunta: é ridículo pensar que a terra é o inferno?Nenhuma resposta me parecia convincente o suficiente, então me entretive com o barulho do pão—fofo como pedra—sendo triturado pelos meus dentes e raspando minha gengiva. Estava com os olhos cerrados e quando olhava para o céu azul, algum reflector fazia com que alguns raios atrapalhassem minha visão, servindo, assim, como motivo para as lágrimas que escorriam pelas minhas têmporas.Como não sabia se os dias passavam rápido ou devagar, a única coisa na qual eu acreditava, era que eu tinha um bebé que não
1 de Dezembro, sábadoEu me encontrava, no fim da tarde, deitada na minha quente e desarrumada cama. Ainda tentava me conectar a tudo oque via, pois tinha acabado de acordar de mais um sono profundo e gostoso. Ao me acostumar com a luz alaranjada que entrava com pouca intensidade no meu quarto, cobri minha cabeça com o lençol e pude ver meu corpo vestido só de uma calcinha e uma camisete enorme do meu pai. Por eu estar deitada de costas, a camiseta detalhava um pequeno inchaço que tratou de me colocar em pânico.Como se tivesse recebido um toque brusco de algo gelado na região da barriga, os arrepios partiram dali e percorreram todo meu corpo quente. Minha cara obteve traços de preocupação e meu peito não subia nem descia da forma como fazia antes que eu notasse aquilo.Não tinha parado para me analisar durante todos aqueles dias. Sabia sim que aquilo aconteceria, mas não que seria tão
Mais alguns quilos de comida foram parar na pia, depois que meu estômago e olfato se tornaram inimigos de Chouriço que eu tanto amava antes da gravidez.— Da até pena. Não é uma boa coisa te ver a sofrer assim. — minha mãe falava enquanto me olhava neutra e esperava que o balde enchesse de água.— Mas tinha que ser chouriço? Justamente chouriço? — resmunguei fraca e irritada ao mesmo tempo.— Gravidez nos faz detestar oque tanto gostamos de comer ou fazer, normalmente. Eu também odiava muito pai do teu pai, enquanto ele me mimava muito. Comprava frutas para mim e ia deixar em casa da minha mãe quando eu fiquei um tempo lá, mas eu estava nem aí para ele. Quando chegava eu dizia para minha mãe "adja yine lweyu? Aa muki kaya kwake, hikussa wani nhenhentsa". Minha mãe só ria porque sabia que era efeito da gravidez, ria mais ainda quando eu comia com todo gosto tudo oque ele trazia para mim enquanto murmurava qu
— Oque se passa? — pude perceber que ela seguiu meu olhar antes de falar — Oh shit!— Se não tiver uma faca me tira daqui, por favor. — senti meu corpo negar de se mover.Não tinha parado de olhar para ele um segundo se quer. Não me importava com oque iam pensar, eu só queria que ele tivesse certeza que eu lhe odiava desde os olhos até o fundo da minha alma. Agnes me puxou pelo braço para que eu a seguisse. Passamos pelo grupo de pessoas, no qual Weben estava, e ele ainda me olhava com lamentação e pena nos olhos, oque me deixou mais irritada ainda.— Olá, Cleyd! Olá, moço que não sei quem é. — minha prima parou e voltou para comprimentar, eu continuei a andar e parei um pouco a frente deles.— Olá! Esse aqui é meu enigma. Vou apresentar melhor quando todos estiverem aqui. — Olá. — pude ver que Weben sorriu para Agnes ao dizer isso, mas minha prima fez um belo trabalho ao ig
Ao som de Mr. Bow, as pessoas que ali estavam se uniram para cantar e dançar, num banho da luz da lua. O condomínio estava totalmente as escuras quando o relógio marcava 18:46.Estavam todos aos pares, menos Daniel, que corria sempre para o carro para trocar de música quando era preciso. Pelo que parecia, todos membros do grupo tinham convidado seus namorados ou suas namoradas como enigmas, com excepção de Agnes, que chamou a mim, e do dono da casa, que chamou sua tia mais nova. Tinha minha idade.Eu estava bem distante de todos. Observava serem felizes e acariciava minha barriga por baixo da camisola e blusa que usava. Tinha reparado que a lua estava cheia tal e qual estava na última noite que tive relações sexuais com Weben, detalhe esse que me fez procurar por ele no meio daquelas pessoas dançantes. Lá estava ele, certamente a se divertir com aquela linda e agradável companhia. Estavam abraçados e pareciam conversar em sussuros para q