Zé Catucá era um cidadão meio extrovertido, nervoso e cheio de artimanha. Sofria de uma gagueira crônica e tinha muita dificuldade no falar. Às vezes, ficava um tanto chateado quando certas pessoas zombavam dele. Era filho do lugar e vinha de uma família humilde e simples.
Vivia sempre de casa em casa, trabalhando como boia fria nas fazendas que o acolhia por várias semanas ou até meses. Aparentava uns 45 anos de idade. Não sabia ler nem escrever.
Tinha o hábito de reclamar de tudo que o aborrecia, principalmente nas horas das refeições questionando algum atraso do horário costumeiro. Também no serviço, era turrão e vagaroso. Seu desempenho era defasado com relação ao rendimento nas tarefas que lhes eram proporcionadas a fazer.
Catucá não ingeria bebida alcoólica, mas era fumante assíduo. Não dispensava u
Histórias como estas de Zé Catucá e outros mais, são abundantes no cenário mineiro como será narrada a vida de Joaquim Furtadinho Era ele um homem de pequena estatura, cor de canela, cabelos negros e lisos. Olhos grandes, nariz achatado e bem dividido entre os olhos e a testa. Traziam traços indígenas.Seus lábios grossos demonstravam fortes aparências com os bugres – uma raça indígena dispersa na nossa região. Viviam isolados e solitários.De vez em quando meu pai defrontava com algum que habitava as matas da nossa fazenda. Eram pacíficos e tímidos.Sua característica era de um cidadão bastante rústico e antiquado, apesar de ser um tanto alegre, humilde e educado. Não costumava tomar banho. Suas roupas eram semelhantes a uma lona de caminhão. O mau odor tomava conta do ambiente no qual se encontrava Joaqui
Lembro-me bem de quando numa tarde ensolarada de céu límpido e muito calor, meu irmão e eu brincávamos no gramado na frente da casa da fazenda.Os últimos raios do sol já se encobriam atrás do horizonte anunciando o anoitecer. O gado reunia-se no curral para lamber o sal depositado nos cochos como era de costume.Os passarinhos fazendo revoada para acomodarem-se nos galhos aonde costumavam dormir. Abriam o peito num gorjeio constante aproveitando as últimas horas do dia para depois silenciarem-se. A brisa fresca soprava tentando afastar o calor deixado pelo sol, ensaiando um tom de frescor para a tranquilidade da noite.A alegria que sentíamos em nossas brincadeiras era tanto que nem percebemos quando aquele estranho apareceu no portão do pátio na entrada da casa.Sem pronunciar uma palavra sequer, começou a calafetar as amarras de arame que prendia o rústico portão
Certo dia, depois de ter ouvido falar que seu Alcebíades, um fazendeiro daquela região, o qual Pedro Malas Arte passava grande parte do tempo em sua casa, ficou um tanto chateado ao saber que o mesmo havia falado que ele era um João Ninguém, ou seja, um Pedro Ninguém, um preguiçoso e não valia o que comia.Decidiu então tomar satisfação com seu Alcebíades que já andava meio preocupado, pois não imaginava o que Pedro Malas Arte era capaz de fazer para se vingar. Dito e feito; Pedro chegou à sua casa e falou com certa ironia;—Seu Alcebíades.—Não gostei nada do que o senhor andou falando por aí a meu respeito. O sinhô fique sabendo que eu sô é muito macho, uai. Logo o senhor, meu melhor amigo ficar falando essas coisas me deixando aperreado dessa maneira homem!—Calma Pedro! Não pensei que fosse
Passados alguns dias, corria pela redondeza o boato de que uma famigerada onça vermelha – suçuarana, andava apavorando os moradores ali da região.As pessoas não saiam mais de casa à noite, nem deixavam mais as crianças irem a escolinha da fazenda. Diziam que a danada já havia comido várias rezes, porcos, cabritos e até aves nos poleiros das fazendas.Vários caçadores já se preparavam para caçar a maldita fera, mas, até então ninguém havia visto ainda a danada. Nem sequer vestígio dela. Não passava de um simples boato, mas aspessoas não se continham tomadas de medo e pavor. Temiam serem atacados a qualquer momento pela famigerada;Quando o boato chegou à nossa fazenda, ouvi meu pai dizer que isso poderia ser alguma traquinagem de Pedro Malas Arte. Sabia muito bem do que Pedro era capaz de aprontar por detrás das
O tal Malas Arte ficou lá na fazenda por algumas semanase vez por outra, desaparecia durante a noite. Aparecia, às vezes,e vez por outradesaparecia durante a noite. Aparecia às vezesde manhã, às vezes á noite, mas sempre presente na hora das refeições.Na medida em que o tempo passava, o assunto a respeito da onça se alastrava cada vez mais, até que certo dia a mentira veio à tona e a vizinhança exigiu uma explicação da parte de Pedro Malas Arte.Este, por sua vez recusou a se explicar e disse mais: Não me venha com esse negócio de onça. Aonde já se viu isso... eu quero lá saber de onça, eu estou é indo embora daqui e talvez nunca mais vocês vão me ver por estas bandas. Saiu e desapareceu de vez.Desde então, não se falava mais em assunto de onça e as coisas voltaram ao normal ali naque
Com características semelhantes a Zé Catucá e o versátil Pedro Malas Arte, porém um pouco diferente, retrata-se também aqui, a figura de um bom caipira mineiro. Nascido e criado naquelas imediações filho de um fazendeiro bastante influente, dono de uma porção de terras, um bom rebanho de gado leiteiro e também gado de corte.Zé Tomaz era ainda bem jovem aparentando um vinte e poucos anos de idade. Morava com os pais no meio de um grande movimento financeiro. Dotado de uma deficiência no falar e um retardamento no cérebro o deixava transparecer numa figura meio simplório e de certo modo dependente da família.O pai tratava o pobre rapaz com tamanha indiferença e ironia jogando-o no trabalho forçado como se fosse o pior dos empregados. Obediente e bastante esforçado no trabalho fazia tudo que o pai lhe ordenava sem qualquer reclamaç&a
Vizinho da nossa fazenda, em direção a Dourado Quara cerca de 12 quilômetros na parte sul do velho estradão, nas imediações do Córrego do Ouro havia três irmãos, vindos de uma família tradicionalmente honrada. Eram fazendeiros e pais de família. Chico era o mais velho. Pedro o segundo e o mais novo dos três chamava-se Oliveira.Segundo ouvia dizer, havia outros irmãos e irmãs que não tivemos a oportunidade de conhecer. No entanto, somente esses três eram nossos conhecidos.Oliveira, tinha uma bela fazenda as margens do Córrego do Ouro, o qual banhava toda a região também com esse nome. Era um velho conhecido e várias vezes tive a honra de ir a sua casa em companhia de meu pai.Apesar de herdar a fama de pão duro, não fugia a regra e o costume da hospitalidade dos mineiros da nossa região. A qualidad
Certa ocasião na fazenda, numa certa manhã enquanto era feito a ordenha, meu pai notou que faltava uma das vacas leiteiras. A bendita vaquinha havia desgarrado do rebanho e distanciado bastante da sede da fazenda. Com certeza sentiu sede e aparecera por alguma fazenda a procura de água.Era sem dúvidas, uma das melhores e mais rendosas na produção de leite, e para seu governo, ela pertencia um dos meus irmãos. Não me lembro qual.Passados alguns dias, sem descobrir o paradeiro da fujona, meu pai resolveu ir ao encalce dela. Procurou por toda a fazenda, em seus arredores e nada de encontrá-la. Depois de procurar por vários dias e não a encontrando, deu por encerrada as buscas e não falou mais nesse assunto.Havia na região, um fazendeiro por nome de Pedro Simão, mais conhecido por Velho Pedro que era o Cão em figura de gente.Mau, tirano e perverso. Matav