Certo dia, depois de ter ouvido falar que seu Alcebíades, um fazendeiro daquela região, o qual Pedro Malas Arte passava grande parte do tempo em sua casa, ficou um tanto chateado ao saber que o mesmo havia falado que ele era um João Ninguém, ou seja, um Pedro Ninguém, um preguiçoso e não valia o que comia.
Decidiu então tomar satisfação com seu Alcebíades que já andava meio preocupado, pois não imaginava o que Pedro Malas Arte era capaz de fazer para se vingar. Dito e feito; Pedro chegou à sua casa e falou com certa ironia;
—Seu Alcebíades.
—Não gostei nada do que o senhor andou falando por aí a meu respeito. O sinhô fique sabendo que eu sô é muito macho, uai. Logo o senhor, meu melhor amigo ficar falando essas coisas me deixando aperreado dessa maneira homem!
—Calma Pedro! Não pensei que fosse
Passados alguns dias, corria pela redondeza o boato de que uma famigerada onça vermelha – suçuarana, andava apavorando os moradores ali da região.As pessoas não saiam mais de casa à noite, nem deixavam mais as crianças irem a escolinha da fazenda. Diziam que a danada já havia comido várias rezes, porcos, cabritos e até aves nos poleiros das fazendas.Vários caçadores já se preparavam para caçar a maldita fera, mas, até então ninguém havia visto ainda a danada. Nem sequer vestígio dela. Não passava de um simples boato, mas aspessoas não se continham tomadas de medo e pavor. Temiam serem atacados a qualquer momento pela famigerada;Quando o boato chegou à nossa fazenda, ouvi meu pai dizer que isso poderia ser alguma traquinagem de Pedro Malas Arte. Sabia muito bem do que Pedro era capaz de aprontar por detrás das
O tal Malas Arte ficou lá na fazenda por algumas semanase vez por outra, desaparecia durante a noite. Aparecia, às vezes,e vez por outradesaparecia durante a noite. Aparecia às vezesde manhã, às vezes á noite, mas sempre presente na hora das refeições.Na medida em que o tempo passava, o assunto a respeito da onça se alastrava cada vez mais, até que certo dia a mentira veio à tona e a vizinhança exigiu uma explicação da parte de Pedro Malas Arte.Este, por sua vez recusou a se explicar e disse mais: Não me venha com esse negócio de onça. Aonde já se viu isso... eu quero lá saber de onça, eu estou é indo embora daqui e talvez nunca mais vocês vão me ver por estas bandas. Saiu e desapareceu de vez.Desde então, não se falava mais em assunto de onça e as coisas voltaram ao normal ali naque
Com características semelhantes a Zé Catucá e o versátil Pedro Malas Arte, porém um pouco diferente, retrata-se também aqui, a figura de um bom caipira mineiro. Nascido e criado naquelas imediações filho de um fazendeiro bastante influente, dono de uma porção de terras, um bom rebanho de gado leiteiro e também gado de corte.Zé Tomaz era ainda bem jovem aparentando um vinte e poucos anos de idade. Morava com os pais no meio de um grande movimento financeiro. Dotado de uma deficiência no falar e um retardamento no cérebro o deixava transparecer numa figura meio simplório e de certo modo dependente da família.O pai tratava o pobre rapaz com tamanha indiferença e ironia jogando-o no trabalho forçado como se fosse o pior dos empregados. Obediente e bastante esforçado no trabalho fazia tudo que o pai lhe ordenava sem qualquer reclamaç&a
Vizinho da nossa fazenda, em direção a Dourado Quara cerca de 12 quilômetros na parte sul do velho estradão, nas imediações do Córrego do Ouro havia três irmãos, vindos de uma família tradicionalmente honrada. Eram fazendeiros e pais de família. Chico era o mais velho. Pedro o segundo e o mais novo dos três chamava-se Oliveira.Segundo ouvia dizer, havia outros irmãos e irmãs que não tivemos a oportunidade de conhecer. No entanto, somente esses três eram nossos conhecidos.Oliveira, tinha uma bela fazenda as margens do Córrego do Ouro, o qual banhava toda a região também com esse nome. Era um velho conhecido e várias vezes tive a honra de ir a sua casa em companhia de meu pai.Apesar de herdar a fama de pão duro, não fugia a regra e o costume da hospitalidade dos mineiros da nossa região. A qualidad
Certa ocasião na fazenda, numa certa manhã enquanto era feito a ordenha, meu pai notou que faltava uma das vacas leiteiras. A bendita vaquinha havia desgarrado do rebanho e distanciado bastante da sede da fazenda. Com certeza sentiu sede e aparecera por alguma fazenda a procura de água.Era sem dúvidas, uma das melhores e mais rendosas na produção de leite, e para seu governo, ela pertencia um dos meus irmãos. Não me lembro qual.Passados alguns dias, sem descobrir o paradeiro da fujona, meu pai resolveu ir ao encalce dela. Procurou por toda a fazenda, em seus arredores e nada de encontrá-la. Depois de procurar por vários dias e não a encontrando, deu por encerrada as buscas e não falou mais nesse assunto.Havia na região, um fazendeiro por nome de Pedro Simão, mais conhecido por Velho Pedro que era o Cão em figura de gente.Mau, tirano e perverso. Matav
Como fora falado no início da história, além da fazenda sede onde morávamos às margens do Ribeirão Córrego Grande, meu pai possuía também lá para as bandas do Rio Paranaíba, um quinhão de terra. Era cerca de uns vinte alqueires. Toda cultura de primeira.Ali era aonde fazíamos o cultivo de milho, arroz, feijão, algodão e tabaco numa parte, e, a outra era formada em pastagem para engorda de bovinos.Furnas era esse o nome da propriedade que confrontava com as férteis terras do Capão do Brejo – de propriedade do S.r. Miguel Eunice, podendo assim dizer que eram sem sombra de dúvidas, as melhores terras daquela região.Não havia casa nem curral para ordenha, pomar nem rego d’água, pois, havia apenas as pastagens para engorda de gado de corte e o cultivo de cereais.Havia sim, &agr
Meu pai chegou, sentou-se aguardando a chamada para ser atendido, quando o Exmo. Juiz lhe dirigiu a palavra dizendo:—O senhor quem é?—Me chamo Adolor Gonçalves Ferreira lá para as bandas Córrego do Ouro proprietário da Fazenda Córrego Grande.—A propósito; conheces lá, tal Antônio Bernardo praquelas bandas?—Sim: conheço-o bem!—Ele esteve aqui fazendo uma denúncia contra tal Adolor, dizendo que ele está querendo roubar uma faixa de terra de sua fazenda. Por acaso é o Senhor?—Sim: eu mesmo!—Ah! Pelo que vejo não está me parecendo nada verdadeira essa história. Conta-me o que sabe a respeito do assunto.—Bem; é o seguinte! Somos confrontantes e essa terra fica entre a fazenda dele e a minha. Até há pouco tempo, essa terra não pertencia a mim
Além da fazenda sede no velho Sobrado, a família Ramos possuía também um retiro à beira do Rio Paranaíba ladeando a foz do Rio Preto. Morava ali seu filho Arcedino, que cuidava das lavouras e tomava conta da criação de gado.O velho sempre aparecia por lá uma ou duas vezes por mês e voltava para a fazenda. Às vezes permanecia por lá uma semana inteira, ora lá, ora cá sempre resolvendo os problemas das duas propriedades.José Ramos andava num cavalinho velho e cego de um olho. Sua arreata era muito simples. Somente alguns forros velhos de couraça de vaca e um par de esporas nos pés. A rédea só tinha a parte do lado esquerdo para comandar o animal.Usava calça de algodão tecida no tear artesanalmente, uma camisa de tecido comum, um cinto de couro cru com cinco centímetros de largura entrelaçado somente em uma das a