Na Mansão da Baía Rasa, Lucas estava prestes a adormecer nos braços de Rita quando seu celular tocou.Rita franziu a testa.- Quem está te ligando tão tarde? Já são quase meia-noite.Lucas pegou o celular no criado-mudo. O identificador de chamadas mostrava: Fábio....Bar do Blues.Quando Lucas chegou à sala privada, Fábio já estava bêbado. Ao ver Lucas entrar, ele se levantou de súbito, agarrou a gola de sua camisa, e o encarou com olhos avermelhados:- Me diga, por que ela não é a Luísa?Lucas olhou para ele com uma expressão fria e racional.- Ela nunca foi a Luísa. Ela é a Matilde, uma pessoa diferente.Fábio se deixou cair no sofá e segurou a cabeça com as mãos, a voz rouca e sombria:- Eu deveria deixá-la ir?- Se você a ama, aproveite a oportunidade. Luísa já se foi há muitos anos, ela iria querer que você fosse feliz. Se você perder esse amor por culpa e remorso, eu acho que não vale a pena."Amor?"Fábio inspirou profundamente.- Eu não sei quem eu amo agora. É Luísa, mas par
Ao deixar a mansão, Matilde vestia um longo casaco de penas branco, espaçoso e grosso. O casaco, comprado por Fábio quando ela chegou a seu lado, foi uma maneira dele se assegurar de que ela não passaria frio.Flocos de neve começaram a cair lá fora, mas o casaco a protegia de todo o frio. Depois de entrar no táxi, ela olhou para a mansão coberta pela neve, relembrando os momentos que passou com Fábio. Cada detalhe daquelas memórias parecia maravilhoso.Ele mimava Matilde; ele queria trazer o melhor do mundo até ela. "Na minha vida, as únicas pessoas que foram boas assim para mim foram minha irmã e Fábio."- Para onde, senhorita?Matilde respondeu calmamente:- Para a estação de trem.- Com esse clima, provavelmente haverá muita neve nas estradas amanhã de manhã. Os carros nem conseguirão andar.Matilde apenas curvou seus lábios. De qualquer forma, ela não estaria mais naquela cidade no dia seguinte....Fábio acordou às seis da manhã. Ele não dormia há dias e, depois de ter bebido n
Mansão dos Souza. Lucas acendeu uma fogueira no quintal, enquanto Amanda dançava ao redor do fogo, segurando a mão de Abílio.Rita saiu da casa, abraçando as duas crianças aos seus pés e perguntou a Amanda com um sorriso:- Amanda, você fez um pedido?- Ainda não, vou fazer agora! - Amanda juntou as mãos pequeninas e murmurou algo com os olhos fechados. Em seguida, abriu os olhos arregalados e olhou para Rita com um sorriso brilhante. - Mãe, terminei de fazer o meu pedido!Rita ergueu a mão e beliscou a bochecha da pequena.- E qual foi o seu desejo?- Que o avô, o papai, a mamãe, eu e meu irmão nunca nos separemos! Que sempre sejamos felizes!Rita curvou os lábios num sorriso gentil, olhando para sua filha com ternura:- Seu desejo com certeza se realizará.Neste momento, Lucas se virou e caminhou em direção a eles. A fogueira atrás dele iluminava a noite e também iluminava o homem bonito que se aproximava passo a passo. Rita, abraçada com as crianças, sorriu para Lucas sob o cé
Povoado de Águas Claras.Após jantarem na Mansão Almeida, Amélia, acompanhada por Tiago e carregada de doces, desceu apressada para a rua. O vilarejo era cheio de rostos conhecidos e de muitas crianças. As crianças brincavam nas ruas, fazendo o ambiente parecer mais animado do que na cidade.Com uma luminária fluorescente em mãos, Amélia a sacudiu diante dos olhos de Tiago. Atrás da fraca luz fluorescente, seu rosto se iluminava com um sorriso radiante.Não muito longe, as vozes de crianças cantando preenchiam o coração de Tiago, fazendo-o sentir a alegria do feriado.Ele sabia que a razão pela qual Amélia o levou de volta para o Povoado de Águas Claras não era porque ela queria voltar. Desde o momento em que chegaram, ela reclamou do aquecimento insuficiente em casa e do fato de que ficava com o nariz escorrendo por causa disso. Mas Tiago sabia que ela queria que ele experimentasse a alegria da festa.Subitamente, Amélia se aproximou e sussurrou em seu ouvido, olhando-o fixamente.-
Em uma sala privativa de um pequeno restaurante, uma mesa estava repleta de rostos conhecidos. Amélia, com sua boa memória, reconheceu cada um deles. Os homens não tinham mudado muito, talvez um pouco mais cheinhos, enquanto a maioria das mulheres estava mais bonita, graças à maquiagem. Alguns rostos eram praticamente os mesmos que ela se lembrava.Depois de se sentarem, Amélia foi logo cercada por algumas de suas amigas.- Amélia, você trabalha em um hospital, não é?Com um sorriso, Amélia respondeu:- Sim, eu trabalhava em um hospital, mas agora não estou mais lá.Uma amiga fez uma brincadeira:- Nossa, a comida do refeitório do hospital deve ser realmente boa. Você está mais cheinha, Amélia.Outra amiga, com uma expressão de desgosto, respondeu:- Que mulher gosta de ouvir que está mais gorda?O rosto de Amélia ficou vermelho. Tiago, sentado ao lado dela, falou calmamente:- Amélia não está gorda, ela está grávida.As amigas pararam por um momento e, em seguida, expressaram sua surp
Amélia aproveitou o momento em que Tiago foi tomar banho para procurar seu antigo celular que usava na escola.Já que estava há tanto tempo sem uso e não ligava mais, Amélia revirou a gaveta atrás do carregador e colocou o aparelho para carregar.Com olhares furtivos em direção ao banheiro, ela esperava que o celular iniciasse. Devido aos anos de inatividade, o aparelho só ligou normalmente após alguns minutos.Assim que ligou, uma mensagem não lida surgiu na tela.Amélia abriu: "Amélia, vamos para a mesma universidade, ok?"Ela rapidamente retirou e cortou o chip do celular, inutilizando-o, e perguntou à sua mãe:- Mãe, tem algum lugar que recicle celulares antigos? Vamos vender este.- Ninguém mais recicla esses modelos antigos.Amélia desligou o celular novamente e o colocou de volta na gaveta original, selando-o ali para sempre....Quando Tiago saiu do banho, Amélia já estava enrolada no cobertor, adormecida.Tiago, ainda com o calor do banho em seu corpo, a abraçou.- Por que voc
Naquela noite, Fábio se sentou sozinho no hall da escada, atualizando o Twitter incessantemente até o amanhecer, mas Matilde não respondeu ao comentário da conta desconhecida. O Natal era dia de festa, mas para Fábio, este Natal era como todos os outros; não havia nada para esperar.A relação entre Fábio e seu pai sempre fora distante. Quando Luísa ainda estava viva, Fábio não era tão frio. Mas ele perdeu a única pessoa que realmente se importava. O alvoroço do Natal, para Fábio, não tinha sentido algum....O Natal terminou, deixando uma sensação de saudade nas pessoas, e Cidade S finalmente acolheu a primavera.Durante esse período, Fábio vinha seguindo o Twitter de Matilde anonimamente. Devido às mensagens frequentes, Matilde começou a responder à conta chamada Sr. Q. Passado algum tempo, Matilde percebeu que Sr. Q a seguiu no Twitter, e, por algum motivo, ela aceitou.Matilde sempre achou que conhecia o Sr. Q de algum lugar, mas não conseguia colocar o dedo em que era. Ela abriu a
Matilde não esperava que o Sr. Q, concordasse em doar para a escola.- Não tem medo de que eu seja uma fraude? - Questionou Matilde, que estava inquietamente curiosa, sobre a origem desse Sr. Q, e em dúvida, se deveria dizer que o cavalheiro era audacioso ou simplesmente muito rico.- Eu não faço nada sem ter certeza. Se concordei em doar para a sua escola, certamente fiz uma pesquisa prévia sobre vocês. - Respondeu Sr. Q.Matilde ficou sem palavras.Curiosa, ela pesquisou a conta do Sr. Q no twitter e entrou em seu perfil. A conta aparentava ser recém-criada, pois não havia nenhum conteúdo nela…Matilde apenas sentia que o Sr. Q, talvez realmente quisesse fazer caridade, optando por não revelar sua identidade e por esta razão utilizava uma conta nova no twitter.- Obrigada. Como devo te chamar? - Questionou Matilde.- Pode me chamar de Sr. Q. - Respondeu o homem misterioso.Sr. Q, era realmente uma pessoa misteriosa....Imediatamente Matilde foi procurar o diretor, pois não poderia t