POV ALICIA
Oh, Deus! Onde está meu celular?
Dei um tapa na testa e depois cocei a cabeça. Senti pequenos flocos brancos caindo no meu terno preto de negócios, como se fossem flocos de neve.
Droga! Essa caspa está piorando. Talvez seja porque sempre uso o cabelo preso em um coque, como meu namorado gosta, ou talvez seja culpa daquele novo shampoo que experimentei recentemente. Seja o que for… não importa agora. Só preciso encontrar meu celular.
Desesperada, comecei a jogar almofadas, roupas, revistas e qualquer coisa que estivesse no caminho, procurando no meu pequeno apartamento de cinquenta metros quadrados. Onde diabos eu o deixei? Lembro-me de que, ao chegar em casa, só passei pelo banheiro, tirei o casaco e me joguei na cama.
Oh, não…! Acho que o deixei no escritório! Olhei as horas no meu relógio: já eram seis da tarde. Ótimo. Eu precisava do meu celular; Jay me ligaria hoje à noite por volta das oito.
Jay Bredom, meu namorado, é um jovem repórter de campo da rede ABZ Television Network. Ele estava na Flórida cobrindo o caso de uma criança desaparecida. Jay é apaixonado pelo trabalho e por tudo o que faz na vida, e eu sempre o apoio. Sei que ele faz tudo pensando no nosso futuro.
Conheci Jay há dois anos. Eu tinha vinte e um anos e acabara de concluir um curso de secretariado. Um amigo nos apresentou em uma festa de aniversário. Desde o primeiro momento, senti-me atraída pela sua aparência masculina. Ele tinha cabelo liso e loiro acinzentado, e olhos profundos e sonhadores. E aquele sorriso... era tão irresistível! Saímos por um tempo até que decidimos formalizar o relacionamento.
Estava animada. Jay mencionou que tinha algo importante para me dizer quando voltasse. Será que…? A ideia de que ele pudesse me pedir em casamento fez com que eu sorrisse feito uma boba. Meu coração saltava de alegria.
Saí correndo de casa em direção ao escritório, amaldiçoando-me por ser tão distraída. Como pude deixar o celular? Para mim, é como uma extensão da minha mão.
Parei na calçada, esperando por um táxi quando, de repente...
Ah, ótimo! Está chovendo! Meu terno ficou encharcado rapidamente. Onde estão os táxis quando eu preciso? Após cinco minutos, finalmente apareceu um, e eu entrei apressada.
— Senhorita, fique de lado. Está molhando a capa de couro nova do banco — disse o taxista olhando para mim pelo retrovisor, claramente irritado.
— Sim, senhor — respondi, encolhendo-me no canto do banco como um coelhinho molhado.
Finalmente, o táxi parou em frente à Torre Miller, e eu corri para a entrada do edifício.
Já trabalhava há dois anos na Miller Holdings Company como secretária pessoal do diretor-geral e proprietário, Ethan Miller. Meu trabalho era muito estressante, pois meu chefe é muito exigente e de temperamento difícil. Nunca é uma boa ideia contradizê-lo. Mas o salário era excelente, muito mais alto do que pagam em Nova York...
— Voltou, Srta. Montenegro? Esqueceu seu guarda-chuva? — perguntou Dan, o chefe de segurança, com um sorriso sarcástico.
— Que engraçado, Dan. Deixei o celular na mesa — respondi, devolvendo o sorriso e indo em direção ao elevador.
Notei que as luzes do escritório ainda estavam acesas. Hmm… O chefe ainda está aqui?
Cheguei à minha mesa e suspirei aliviada ao ver meu celular sobre uma pasta laranja. Graças a Deus.
Estava prestes a ir embora quando algo estranho chamou minha atenção.
O que é isso?
Observei um pequeno pedaço de tecido vermelho pendurado no meu lápis. Levantei-o, aproximando-o dos meus olhos. Parece… Meu Deus! É uma calcinha!
Deixei a peça cair no chão, horrorizada por ter tocado a roupa íntima de outra pessoa. Abri a gaveta e tirei uma garrafa de álcool, limpando as mãos rapidamente.
De quem é essa calcinha? Quem a deixou na minha mesa? Isso não tem graça nenhuma. Amanhã mesmo eu informarei isso ao Departamento de Recursos Humanos. Quem quer que tenha sido, merece uma sanção. O Sr. Miller ficaria muito bravo se soubesse disso.
Fechei a gaveta e, de repente, ouvi um gemido, como o de um animal ferido. Fiquei imóvel, aguçando o ouvido. O som vinha da sala do Sr. Miller.
Aproximei-me da porta e, cautelosamente, encostei o ouvido nela, bem quando esta se abriu de repente.
Oh…!
Em um instante, eu estava no chão, olhando para as costas nuas e suadas do Sr. Miller. Fiquei paralisada, observando sua figura musculosa e dominante enquanto ele se movia com força, empurrando seu corpo repetidas vezes…
Pisquei várias vezes. Preciso ir embora. Meu Deus. Ele estava fazendo sexo na sua mesa, e eu o observava como se fosse um espetáculo ao vivo.
Então, ouvi a mulher gritar:
— Mais forte, garoto travesso…! Estou quase lá…!
Espera. Esse sotaque… É a Sra. Hills?
Oh, não… Alguém vai se meter em problemas.
Eles estavam tão absortos no que faziam que nem perceberam minha presença. Fechei a porta lentamente, soltando um suspiro de alívio.
Peguei meu celular e saí correndo do escritório, com a firme intenção de esquecer o que acabara de presenciar.
POV ETHANMerda.Eu desabei na cadeira, tremendo ao me sentir saciado. Grossas gotas de suor deslizavam pelo meu corpo enquanto cada célula começava a relaxar.Mas o sentimento de culpa ainda estava lá, me fazendo lamentar por que diabos eu tinha feito isso de novo. Da última vez, prometi a mim mesmo que devia parar, mas aqui estou eu, caindo de novo. Por que não consegui me controlar para não tocá-la? Isso me fazia sentir tão fraco, incapaz de resistir.Observei Grace vestir o vestido. Aquele vestido sedutor, com uma fenda mais alta que o Monte Everest. Um movimento e ele revelava sua montanha, úmida e pronta.Droga! Ela é tão boa na cama. Conhece as fraquezas e os pontos de prazer de um homem.Deveria parar. Isso já não me ajudava, estava me destruindo. Onde estava meu orgulho? Sou um homem, pelo amor de Deus. Eu mereço algo melhor.Seis anos atrás, Grace me deixou para se casar com um velho bilionário australiano. Naquele momento, eu não era ninguém na Itália, apenas um jovem com u
POV ALICIASaí do escritório quase correndo, sentindo-me como se tivesse visto um fantasma. Ver meu chefe, Ethan Miller, em uma cena tão intensa e desenfreada sobre sua mesa foi algo assustador e, no entanto... surpreendentemente excitante.Em seu estado desnudo, ele irradiava força e sensualidade, como um daqueles heróis da Marvel. Não pude evitar pensar em como ele se parecia com todos os "Chris" mais bonitos de Hollywood: Hemsworth, Evans, Pratt, Pine...Mas ele não é o meu tipo.Ethan é seguro de si, com uma personalidade imponente, intimidadora e dominante. Às vezes, ele me faz saltar quando dá ordens. Sempre que ele entra em uma sala, posso sentir como sua energia poderosa me envolve, como se emanasse cem mil volts. Seu temperamento é exaustivo, e todos tememos desagradar a ele. Inclusive eu.*Fora, chovia torrencialmente. Não tive outra opção senão correr até o ponto de táxi mais próximo. Abri a porta de um táxi e me acomodei dentro. Quando olhei para o motorista pelo retrovis
POV ETHAN —Ei, vai mais devagar —disse meu primo, Dillan Pedrosa, enquanto eu tomava outro copo de uísque em menos de um minuto—. Está tentando se suicidar?—Estou muito frustrado. Meu orgulho está no chão, como lixo.Vi Grace e seu marido há algum tempo em um evento beneficente. Ela sabia que eu estaria lá. Estava usando um vestido muito sedutor e não parava de piscar para mim. O pouco autocontrole que eu tinha quase se foi quando ela deliberadamente encostou os seios no meu braço ao pegar uma taça de vinho que estava na mesa. Ela estava me provocando, e eu estava muito vulnerável aos seus encantos.—Não seja estúpido.—Essa garota é uma manipuladora. Ela me trata como se eu fosse seu brinquedo —levantei-me, cambaleando. Droga! Voltei a sentar no banco do bar e pedi outro copo de uísque.—Não. Sirva uma cerveja para ele —ordenou Dillan ao barman.Eu estava tão irritado que pensei que enlouqueceria. Precisava de alguém com quem conversar, e Dillan era o único em quem eu podia confiar
POV ETHAN Segunda-feira de manhã, e eu não estava de bom humor. Ainda sentia os efeitos da ressaca da noite anterior. Parei no Starbucks a caminho do escritório e pedi um espresso gelado para me manter acordado.Maldição! Precisava superar o que sentia por Grace. Isso não podia continuar assim; minha estabilidade emocional, minha vida e a carreira que tanto me custou construir estavam em jogo.Estacionei minha Ferrari no estacionamento subterrâneo do prédio e tomei o último gole da minha bebida antes de jogá-la no lixo. Em seguida, entrei no elevador que me levaria ao meu escritório.— Bom dia, Sr. Miller.Parei ao ouvir uma voz desconhecida. Virei-me e vi uma mulher pequena, de pele clara e cabelo curto, sentada no lugar da Srta. Montenegro. Ela parecia filipina.— Sou a Sra. Florencia Abanilse, do Departamento de Recursos Humanos. Hoje estou substituindo a Srta. Montenegro; ela não pôde comparecer.Não me lembrava da Srta. Montenegro ter faltado antes. Ela sempre era pontual, ou ch
POV ALICIA— Eu te odeio! Trapaceiro! Mentiroso! — As lágrimas embaçavam meus olhos e sufocavam minha voz. Oh, Deus... Uma dor esmagadora apertava meu coração enquanto eu pensava em Jay.Como ele pôde fazer isso comigo? Fui leal, doce, carinhosa e amorosa com ele. Durante dois anos, ele foi tudo para mim: meu sol, minha lua e minhas estrelas. O que eu fiz de errado?Eu sempre estive lá quando ele precisava de ajuda. Levava as compras para a mãe dele quando ele estava fora da cidade. Uma vez, até fui buscar o pai dele no aeroporto, apesar de estar com uma tremenda ressaca. Fiz o traje da irmã dele para a semana internacional. Até emprestava dinheiro quando ele não tinha nada…Por quê?Vi sua postagem no Instagram esta manhã. Ele estava na cama com sua colega repórter, Vanessa. Procurei nossas fotos juntos. Todas tinham sido apagadas.Ele vinha me enganando e mentindo por meses. Saía em segredo com essa garota, Vanessa, há dois meses. Descobri isso graças à prima dele, que não suportava
POV ETHANO que está acontecendo com ela? O apartamento dela parece um museu dedicado ao namorado! As paredes estão cheias de fotos daquele loiro, a mesa tem porta-retratos dourados com imagens dele, e há velas grandes ao lado. Está venerando ele?Olhei para a cozinha. O que diabos? Havia uma grande foto do mesmo cara bem acima do fogão. Provavelmente ele a observa até quando ela cozinha. Ela é obcecada por ele.Franzi os lábios. A senhorita Montenegro, obviamente, está pior do que eu com relação à Grace.— Sente-se, senhor.Sentei-me e a observei enquanto ela se acomodava na poltrona à minha frente. Era a primeira vez que a olhava de verdade. Ela era incrivelmente bonita. Tinha o cabelo despenteado, como se tivesse acabado de ter uma noite apaixonada, e lábios carnudos, como se tivesse terminado um...Ela usava um robe verde com bolinhas brancas e um pijama vermelho. Que fofa. Me lembrou o Natal. Eu quase conseguia ver flocos de neve em seu cabelo. Pisquei algumas vezes para clarear
POV ALICIA O que eu estou fazendo? Não consigo acreditar que acabei de aceitar ser sua namorada falsa.Fiquei olhando para o meu reflexo no espelho do banheiro. Meu cabelo estava um desastre, e as escamas de caspa estavam visíveis no meu couro cabeludo. Meu Deus, que vergonha. O Sr. Miller deve ter visto tudo isso.Meus ombros caíram. Eu estava com dúvidas. Será que tomei a decisão certa? Eu me sentia vulnerável neste momento, e tomar decisões apressadas não era prudente.Mas a oferta do Sr. Miller de um milhão de dólares era boa demais.Meu pai precisava de uma cirurgia de substituição total dos dois joelhos. O custo da operação seria em torno de cem mil dólares, sem contar os remédios e as despesas de recuperação. Quase duzentos mil dólares seriam necessários para cobrir todos os seus gastos médicos. Mamãe poderia expandir o negócio de padaria dela, e papai poderia ajudá-la novamente. Eu também poderia pagar a faculdade de medicina do meu irmão. Liam era muito inteligente e sempre
POV ETHANJá eram onze da manhã quando estacionei minha Ferrari vermelha no subsolo do edifício. Saí do carro, observei o lugar ao meu redor, ajeitei a gravata e me dirigi ao elevador.— Bom dia, senhor Miller — cumprimentou-me o segurança ao lado da porta do elevador.— Bom dia, Dan.Esta manhã eu tinha me levantado tarde; na noite anterior, não dormi bem. Grace havia me mandado uma mensagem me convidando para uma bebida em sua cabine. Eu sabia perfeitamente o que isso significava: uma longa noite de sexo apaixonado e desenfreado. O marido dela, Louis, estava em Brunei e não voltaria por uma semana.Eu estive a um passo de cair na tentação de ir até ela. Se não fosse pelo meu acordo com a senhorita Montenegro… digo, Alicia, teria ido ver Grace sem hesitar. Mas eu tinha compromissos importantes com clientes hoje e não podia me dar ao luxo de perdê-los.Não entendo por que fico tão fraco quando se trata de Grace, se eu sei perfeitamente que ela não me convém!Entrei no elevador e press