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ENTRE A CHUVA E A ATRAÇÃO

POV ALICIA

Saí do escritório quase correndo, sentindo-me como se tivesse visto um fantasma. Ver meu chefe, Ethan Miller, em uma cena tão intensa e desenfreada sobre sua mesa foi algo assustador e, no entanto... surpreendentemente excitante.

Em seu estado desnudo, ele irradiava força e sensualidade, como um daqueles heróis da Marvel. Não pude evitar pensar em como ele se parecia com todos os "Chris" mais bonitos de Hollywood: Hemsworth, Evans, Pratt, Pine...

Mas ele não é o meu tipo.

Ethan é seguro de si, com uma personalidade imponente, intimidadora e dominante. Às vezes, ele me faz saltar quando dá ordens. Sempre que ele entra em uma sala, posso sentir como sua energia poderosa me envolve, como se emanasse cem mil volts. Seu temperamento é exaustivo, e todos tememos desagradar a ele. Inclusive eu.

*

Fora, chovia torrencialmente. Não tive outra opção senão correr até o ponto de táxi mais próximo. Abri a porta de um táxi e me acomodei dentro. Quando olhei para o motorista pelo retrovisor, notei que era o mesmo de hoje de manhã. Que sorte a minha! Me encolhi no canto do assento, como um coelho molhado e assustado.

Finalmente cheguei em casa. Tirei a roupa encharcada e tomei um banho longo. Mas, por mais que tentasse relaxar, a imagem de Ethan não saía da minha mente. Fazia-me sentir calor por todo o corpo. Nunca, nem nos meus sonhos mais ousados, pensei nele de forma sexual. Ele era apenas o meu chefe, o que dava ordens e pagava bem. Nada mais.

Desliguei o chuveiro e me envolvi em uma toalha.

Quem me dera Jay pudesse me amar daquela maneira algum dia, com a mesma intensidade que Ethan demonstrou com a senhora Hills.

Nunca experimentei o sexo. Acredito firmemente em preservar minha virgindade para meu futuro marido até a noite de núpcias. É algo que valorizo muito na minha perspectiva cristã. Felizmente, Jay me entende e respeita minhas crenças.

*

Depois de jantar, me encolhi na cama e comecei a falar com Jay, o amor da minha vida. Sinto tanta falta dele e não vejo a hora de vê-lo novamente. Eu planejava convidá-lo para jantar em um novo restaurante francês chique perto de Manhattan. Tenho certeza de que ele vai adorar; afinal, ele adora se misturar com celebridades.

—Quando você volta para casa? — perguntei, notando seu silêncio repentino.

—Este fim de semana. Vou te ver no domingo à noite — disse com voz cansada. Pobre, ele trabalha sem descanso cobrindo a notícia do menino desaparecido.

—Domingo à noite? Por que não no sábado de manhã? Já estou com saudades.

—Sou uma pessoa muito ocupada, Alicia. Tenho que ir ao escritório no sábado — bocejou.

—Que tal no domingo de manhã? Poderíamos ir juntos à igreja e depois almoçar sua pizza favorita.

—Vou dormir a manhã toda no domingo. É o único momento que tenho para descansar.

—Ah... ok. Então, domingo à noite — respondi, sentindo-me decepcionada. Ele estará em Nova York apenas três dias, e só poderei vê-lo no domingo à noite. —De qualquer forma, adoraria que fôssemos experimentar aquele restaurante francês. Tenho certeza de que você vai gostar.

Ele suspirou.

—É caro demais, Alicia. Estou economizando para uma nova casa.

Uma nova casa? Uau… Isso soa como se ele quisesse formalizar nosso relacionamento. Talvez no domingo ele me faça uma proposta.

—Entendo, Jay. Desta vez será por minha conta. Você vai adorar o lugar. É frequentado por celebridades.

—Sério? Devia ter mencionado isso antes. Claro, vamos — disse ele, de repente mais interessado. —Tenho que desligar, tenho uma ligação de trabalho.

—Tudo bem, tchau. Eu te amo muito — disse. Esperei sua resposta, mas só ouvi um clique. Ele desligou o telefone.

*

Na manhã seguinte, como sempre, cheguei cedo ao escritório do senhor Miller. Desde que trabalho aqui, nunca cheguei atrasada. Na verdade, sempre chego meia hora antes.

A "fera sexy", como o chamo secretamente, também sempre chega cedo. Sua vida é o trabalho. Ele se tornou multimilionário graças ao seu esforço.

—Bom dia, senhor Miller. Aqui está sua agenda para hoje — disse, colocando o papel sobre sua mesa.

—Obrigado, senhorita Montenegro — respondeu, sem nem levantar o olhar. —Já está nevando lá fora? Ainda estamos em outubro.

—Sim... Nevava há pouco, mas já parou — comentei, olhando para a janela, onde o sol começava a brilhar.

Droga, caspa! Isso é embaraçoso. Preciso comprar um novo xampu anticaspa; o que tenho não está funcionando.

—Vou para a Itália esta noite. Volto na segunda-feira. Sabe o que deve fazer na minha ausência, senhorita Montenegro — disse enquanto assinava alguns documentos, sem me olhar.

Ele nunca me olhou desde que comecei a trabalhar para ele há dois anos. Para ele, não sou mais do que alguém que segue suas ordens: enviar e-mails, redigir cartas, atender chamadas, preparar café, organizar arquivos, encomendar comida, e enviar flores e presentes para sua avó, Anastasia Miller, entre outras coisas.

Tenho a impressão de que ele nem sabe quem eu sou. Duvido que conheça meu primeiro nome. Ele sempre me chama de “senhorita Montenegro”. Nunca se lembra do meu aniversário nem me cumprimenta nas festas, nem mesmo no Natal.

Mas eu, por outro lado, sei muito sobre ele. Ele perdeu a família em um atentado quando tinha quatorze anos, e foi sua avó quem o criou. Ele se formou em Bancos e Finanças em Oxford.

Sei que seu aniversário é dia 30 de outubro, que tem vinte e oito anos, que seus hobbies incluem tiro, boxe, viajar e tocar piano, e que suas cores favoritas são preto, azul e branco. Também sei que ele adora bolos de chocolate, café puro, queijo e comida picante, e que detesta alimentos ácidos, peixe cru, e baratas. Uma vez ele fez um escândalo quando viu uma no escritório.

Eu conheço todos esses detalhes porque trabalho para ele há dois anos. Além disso, sou muito amiga de sua avó, que não para de falar sobre seu amado neto.

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