O trajeto até o hospital foi feito em silêncio, mas mesmo que quisesse, Maia não conseguiria abrir a boca em nenhum momento, já que a pobre coitada segurava onde podia, para não deixar que a alma saísse do corpo. Théo via a cara de assustada que ela fazia e acelerava o carro com gosto, só para assustá-la de propósito. Assim, ela jamais ousaria pedir carona novamente.Quando chegou no hospital, tentou arrumar o cabelo do jeito que conseguia. Já que Théo havia escolhido um conversível aberto, para levá-la até lá.— Obrigada, eu prometo que estarei em sua casa, bem cedo. — Disse agradecendo, e saindo correndo. Mesmo que ele tenha feito tudo aquilo para provocá-la, demonstrando que não queria vir, ela chegou ao hospital em menos de 15 minutos, coisa que, se fosse esperar por um táxi, demoraria mais de uma hora.Entrando no hospital, procurou por informações da filha e onde ela estaria. Chegando no quarto onde Lis estava, viu seus olhinhos pretos se alegrando, por vê-la.— Meu amorzinho, a
Maia não sabia o que era pregar os olhos, nem por um minuto. A todo o momento, esperava notícias de Júlia, e também pensava se devia desmentir para o ex, sobre seu relacionamento.Estava com medo de que Tiago, que agora sabia de seu casamento, fizesse alguma chantagem. Por isso, pensava que ele jamais deveria descobrir quem era Théo Campos, e nem as condições financeiras que ele possuía.Tiago, apesar de ter apenas 26 anos, era esperto, para conseguir um dinheiro fácil. Lógico que, quando o conheceu, Maia não tinha nenhuma ideia das atitudes do marido. Com o tempo, percebeu que ele gostava de se apropriar do que não era seu, e se tivesse alguma oportunidade de poder ganhar dinheiro, sem precisar trabalhar, ele estava em cima, sem pensar duas vezes.As horas passavam depressa, e nenhuma novidade sobre a filha havia chegado. Eram seis e meia da manhã, quando uma mulher chegou, batendo à porta do seu quarto, carregando uma maleta.— Olá, senhora Maia, bom dia, eu sou Geyse, sua maquiadora
O clima na mesa do café da manhã estava estranho. Ninguém podia negar que Maia era o centro das atenções, já que todos, hora ou outra, lhe lançavam olhares mortais de soslaio. A coitada só não saiu dali correndo naquele momento, por conta da pressão e ameaça que Théo havia lhe feito antes.— Acredito que, como tenham chegado de viagem hoje, irão tirar o dia para descansar, não é mesmo? — Théo perguntava ao casal, que estava na mesa.— Bem, não estamos tão cansados assim, mas iremos descansar aqui. Entretanto, estamos muito empolgados para conhecer a cidade. — Tenho certeza de que irão amar, espero que se divirtam muito.— Você os levará! — Disse Joaquim. — O quê? — Isso mesmo que ouviu, enquanto eles estiverem aqui, quero que os leve para conhecer a cidade.— Vovô, eu não quero parecer desrespeitoso, mas o senhor sabe que sou um homem muito ocupado.— Não se preocupe com isso, eu já liguei para a empresa e fiquei sabendo que você não tem nenhum compromisso importante por esses dias,
— Olha, sei que não posso pedir algo no momento, mas podemos encontrar seu advogado no hospital? Seria até mais fácil.— Por quê? Théo sabia o porquê, mas gostava de ver Maia implorando, já que sempre gostava de ver o quanto as pessoas dependiam dele.— Minha filha saiu da cirurgia agora a pouco, queria muito vê-la, por favor.— Não estou interessado. — respondeu curtamente.Fazendo com que ela o olhasse, mostrando o quão indignada estava. Ele também não conseguia entender, mas o jeito com que ela o olhava indignada acabava lhe agradando.— Por favor, não vou demorar.Ficou em silêncio, ao dirigir. Estava indo em direção ao hospital, mas fingia que não, pois era bom ver a cara de tortura que Maia fazia. Não havia motivos para querer lhe fazer mal, pois o único erro dela foi estar no lugar e hora errada. Entretanto, o modo como ele foi criado, com todos em volta fazendo as suas vontades, sempre queria arrumar alguém em que colocasse a culpa, quando era contrariado.— Por favor, eu te
— Já terminei com minha filha, se quiser conversar agora, estou disponível. — Maia disse, vendo que não poderia escapar daquela situação.— Claro. — Fábio pigarreou e a olhou meio desconfiado, temendo que ela tirasse conclusões erradas do que viu. — Vocês precisam ser mais realistas, entenderam? Acredito que se demonstrarem afeto, na frente da família Trajano, eles verão que não podem mais tentar nada, e irão se dar por vencidos.— Eu não estou entendendo, como assim demonstrar afeto? — Questionou nervosa. — Combinamos que não haveria contato físico.— E não haverá, mas tentem estar mais próximos um do outro, tentem ser cúmplices.Eles discutiam, até o telefone de Théo começou a tocar insistentemente. Era o avô.— O que foi, vô?— Venha para casa agora.Dizendo isso, Joaquim desligou o telefone.— Preciso ir para casa, meu avô deve estar aprontando alguma coisa, depois conversamos, vamos Maia.Deu ordens, nervoso, e saiu dali, indo para casa.Quando chegou, estranhou o silêncio no luga
O convite que o homem havia feito a Théo excluía Maia dos planos, e isso para eles era ótimo, já que essa era a intenção desde o início. Ela sabia que não era bem-vinda, e até achou que seria uma boa ideia ele aceitar, assim, poderia passar mais tempo com a filha, que estava se recuperando muito bem da cirurgia. — Agradeço o convite, mas é melhor irem apenas vocês. — Quanta baboseira, Théo, desde que chegamos aqui, você só vive recusando tudo que sugerimos. Quanta desfeita está me fazendo passar, e olha que esse é o primeiro dia ainda. — Joaquim disse, nervoso.— Eu disse ao senhor que minha vida é muito corrida, vô, e havia avisado isso, para evitar esse tipo de constrangimento.Théo estava muito nervoso, odiava ser repreendido na frente das pessoas, como se ainda fosse uma criança.— Então, se o problema é a sua ocupação, considere-se de férias. Se você não for amanhã conosco, não precisa ir mais para a empresa. Enquanto nossos convidados estiverem aqui, toda a sua atenção será vol
Joaquim não havia gostado do que acabava de ouvir, sentia-se confrontado pelo neto. Os dois difíceis, nenhum deles gostava de ser contrariado, e o que parecia que seria uma batalha curta, se transformaria numa guerra demorada, se nenhuma das partes cedesse logo.— Como assim ela irá? A Lilian ficará sem uma companhia. — Joaquim insistia.— Claro que não, vô, o senhor pode ser o acompanhante dela, se for olhar por pares, agora, sim, está tudo certo. — Disse debochando, logo após voltou a caminhar com Maia.Chegando ao local do evento, Maia sentiu suas pernas tremerem, vendo o quão elegantíssimo e luxuoso era. Todas as pessoas que estavam ali vestiam-se elegantemente, e ela se sentia um peixinho fora d'água.— Acho que não deveria mesmo estar aqui hoje. — Ciciou baixinho, mesmo assim, ele conseguiu ouvi-la.— Por que está dizendo isso?— Olha para essas pessoas, esse não é um lugar para alguém como eu, além disso, as pessoas podem questionar a você, quem sou, e você disse antes que só as
As duas mulheres que estavam sentadas à mesa estavam rindo do que havia acabado de acontecer. Se não podiam evitar que Maia viesse à festa, fariam de tudo para que ela se arrependesse de estar ali.— Mamãe, você acha que isso já é o suficiente para que ela suma daqui? — Não sei como ela irá sumir, filha, mas sei que aqui ela não voltará, já que não poderá sair daquele banheiro, sem estar vestida com alguma coisa. — Louise gargalhou.— Onde você jogou o vestido dela? — Lilian sorria, querendo saber de todos os detalhes.— Vi um cesto de lixo, nos fundos do salão, perto de onde alguns empregados estão trabalhando. Foi lá que eu o deixei.— Que pena, o vestido era até bonitinho, o que não prestava, era quem o vestia.— Lilian, querida, às vezes acho que você se parece comigo demais. — Tocou a mão da filha. — Agora vamos fingir que nada aconteceu. Quando o Théo voltar, finja que não sabe de nada.— E se ele perguntar por ela? — Perguntou preocupada.— Se isso acontecer, é só dizermos que