— Olha, sei que não posso pedir algo no momento, mas podemos encontrar seu advogado no hospital? Seria até mais fácil.— Por quê? Théo sabia o porquê, mas gostava de ver Maia implorando, já que sempre gostava de ver o quanto as pessoas dependiam dele.— Minha filha saiu da cirurgia agora a pouco, queria muito vê-la, por favor.— Não estou interessado. — respondeu curtamente.Fazendo com que ela o olhasse, mostrando o quão indignada estava. Ele também não conseguia entender, mas o jeito com que ela o olhava indignada acabava lhe agradando.— Por favor, não vou demorar.Ficou em silêncio, ao dirigir. Estava indo em direção ao hospital, mas fingia que não, pois era bom ver a cara de tortura que Maia fazia. Não havia motivos para querer lhe fazer mal, pois o único erro dela foi estar no lugar e hora errada. Entretanto, o modo como ele foi criado, com todos em volta fazendo as suas vontades, sempre queria arrumar alguém em que colocasse a culpa, quando era contrariado.— Por favor, eu te
— Já terminei com minha filha, se quiser conversar agora, estou disponível. — Maia disse, vendo que não poderia escapar daquela situação.— Claro. — Fábio pigarreou e a olhou meio desconfiado, temendo que ela tirasse conclusões erradas do que viu. — Vocês precisam ser mais realistas, entenderam? Acredito que se demonstrarem afeto, na frente da família Trajano, eles verão que não podem mais tentar nada, e irão se dar por vencidos.— Eu não estou entendendo, como assim demonstrar afeto? — Questionou nervosa. — Combinamos que não haveria contato físico.— E não haverá, mas tentem estar mais próximos um do outro, tentem ser cúmplices.Eles discutiam, até o telefone de Théo começou a tocar insistentemente. Era o avô.— O que foi, vô?— Venha para casa agora.Dizendo isso, Joaquim desligou o telefone.— Preciso ir para casa, meu avô deve estar aprontando alguma coisa, depois conversamos, vamos Maia.Deu ordens, nervoso, e saiu dali, indo para casa.Quando chegou, estranhou o silêncio no luga
O convite que o homem havia feito a Théo excluía Maia dos planos, e isso para eles era ótimo, já que essa era a intenção desde o início. Ela sabia que não era bem-vinda, e até achou que seria uma boa ideia ele aceitar, assim, poderia passar mais tempo com a filha, que estava se recuperando muito bem da cirurgia. — Agradeço o convite, mas é melhor irem apenas vocês. — Quanta baboseira, Théo, desde que chegamos aqui, você só vive recusando tudo que sugerimos. Quanta desfeita está me fazendo passar, e olha que esse é o primeiro dia ainda. — Joaquim disse, nervoso.— Eu disse ao senhor que minha vida é muito corrida, vô, e havia avisado isso, para evitar esse tipo de constrangimento.Théo estava muito nervoso, odiava ser repreendido na frente das pessoas, como se ainda fosse uma criança.— Então, se o problema é a sua ocupação, considere-se de férias. Se você não for amanhã conosco, não precisa ir mais para a empresa. Enquanto nossos convidados estiverem aqui, toda a sua atenção será vol
Joaquim não havia gostado do que acabava de ouvir, sentia-se confrontado pelo neto. Os dois difíceis, nenhum deles gostava de ser contrariado, e o que parecia que seria uma batalha curta, se transformaria numa guerra demorada, se nenhuma das partes cedesse logo.— Como assim ela irá? A Lilian ficará sem uma companhia. — Joaquim insistia.— Claro que não, vô, o senhor pode ser o acompanhante dela, se for olhar por pares, agora, sim, está tudo certo. — Disse debochando, logo após voltou a caminhar com Maia.Chegando ao local do evento, Maia sentiu suas pernas tremerem, vendo o quão elegantíssimo e luxuoso era. Todas as pessoas que estavam ali vestiam-se elegantemente, e ela se sentia um peixinho fora d'água.— Acho que não deveria mesmo estar aqui hoje. — Ciciou baixinho, mesmo assim, ele conseguiu ouvi-la.— Por que está dizendo isso?— Olha para essas pessoas, esse não é um lugar para alguém como eu, além disso, as pessoas podem questionar a você, quem sou, e você disse antes que só as
As duas mulheres que estavam sentadas à mesa estavam rindo do que havia acabado de acontecer. Se não podiam evitar que Maia viesse à festa, fariam de tudo para que ela se arrependesse de estar ali.— Mamãe, você acha que isso já é o suficiente para que ela suma daqui? — Não sei como ela irá sumir, filha, mas sei que aqui ela não voltará, já que não poderá sair daquele banheiro, sem estar vestida com alguma coisa. — Louise gargalhou.— Onde você jogou o vestido dela? — Lilian sorria, querendo saber de todos os detalhes.— Vi um cesto de lixo, nos fundos do salão, perto de onde alguns empregados estão trabalhando. Foi lá que eu o deixei.— Que pena, o vestido era até bonitinho, o que não prestava, era quem o vestia.— Lilian, querida, às vezes acho que você se parece comigo demais. — Tocou a mão da filha. — Agora vamos fingir que nada aconteceu. Quando o Théo voltar, finja que não sabe de nada.— E se ele perguntar por ela? — Perguntou preocupada.— Se isso acontecer, é só dizermos que
Maia não sabia quantas coisas Théo já havia arremessado no chão do quarto. Desde que eles chegaram em casa, ele já tinha arremessado um jarro na parede, derrubado a mesinha de cabeceira, chutado a mesa de centro e jogado um quadro pela janela.Estava em dúvida se continuava ali, ou se trancava em seu quarto, até que ele se acalmasse. Pensando que a segunda opção seria a mais sensata, começou a caminhar lentamente, em direção aos seus aposentos, mas teve que parar, ao ouvir sua voz grave.— Não se mexa, senhorita Maia, ou eu não responderei por mim. — Acho que é melhor você se acalmar um pouco, antes de a gente conversar, qualquer coisa.— Acha mesmo que conseguirei me acalmar, depois de tudo que aconteceu?— Sei que as coisas fugiram um pouco do controle, mas não devia descontar a raiva em seus pertences.— Então, quer que eu desconte em você? — Caminhou em sua direção.— Não, claro que não! — Colocou a mão em frente do corpo, para protegê-lo de uma futura agressão.— Tira essa roupa,
Maia estava feliz no hospital. Após conversar com o médico que cuidava da filha, recebeu ótimas notícias sobre a recuperação da pequena e como ela estava progredindo bem.Lis já havia se acostumado com a companhia de Júlia, que estava, praticamente, morando no hospital com ela. — Mamãe, quando eu saí daqui, quero tomar sorvete no parquinho. — Lis dizia, bem tagarela, já que era uma criança bem adiantada para a idade.— Prometo que iremos, sim.— O papai disse que vai me levar para morar com ele. — Falou, enquanto brincava com uma boneca.— O quê? — Perguntou.Mas não obteve resposta, já que a criança havia se distraído com o brinquedo que estava em suas mãos. Então, saiu de perto da filha e chamou Júlia para uma conversa.— O pai da minha filha tem visto-a com frequência?— Ele vem aqui todos os dias. Ontem mesmo, dormiu aqui. — Júlia respondeu.— Ele chegou a dormir aqui?— Eu também achei estranho, já que falei que não precisava, pois a acompanhava, mas ele não quis nem saber, diss
Maia preferiu acreditar que o que acabou de imaginar era coisa da sua cabeça.— Eu não imaginava que o Théo, pensava tanto em mim. — Disse de um jeito inocente, sem nenhuma malícia.— Ah, pode acreditar, que ele pensa muito e nem queira saber como. — A mulher voltou a rir novamente. — Entra, vou te mostrar onde ele está apagado.Maia entrou sem graça naquele apartamento. O lugar era muito estranho, as luzes estavam apagadas e havia apenas um abajur vermelho, iluminando o ambiente. Uma fumaça estranha estava por todo o local e uma música internacional tocava.— Pode vir até aqui, amor, ele não vai acordar sozinho, e acredito que nós duas não iremos dar conta de levantá-lo. — A mulher apontou para um quarto, que também seguia o mesmo estilo da sala.Quando Maia adentrou aquele lugar, teve quase um mini infarto, vendo Théo deitado na cama, do jeito que veio ao mundo. Imediatamente, tampou os olhos e virou as costas, na intenção de desver aquilo, mas a imagem que acabou de ver, estava roda