Chegando no quarto, onde Maia estava com a filha e a cuidadora, Théo entrou, sem demonstrar nenhum tipo de nervosismo.— Como estão as coisas por aqui? — Perguntou educadamente.— Tudo em ordem. — Maia respondeu, preocupada, sentindo que alguma coisa não estava certa.— Oi, tio? Estou desenhando com a tia Júlia. — Lis mostrava os lápis coloridos em suas mãos.— Que bom, princesa, depois quero ver seu desenho. — Passou a mão na cabeça da criança, delicadamente.— Vou desenhar um desenho para o senhor, que tal? — Irei amar, se ficar bonito, coloco com os outros quadros na sala, que tal?— Sério? — Perguntou empolgada. — Vou caprichar. — Seus olhinhos chegaram a brilhar.— Podemos conversar um pouco? — Perguntou, se direcionando à Maia.— Claro. — Respondeu. — Já volto. — Disse para as duas, que ficaram no quarto.— Está bom, mamãe. — Lis respondeu.Enquanto Júlia assentiu com a cabeça.Saindo dali, ele a pegou pela mão e a levou até seu quarto, trancando a porta.— O que aconteceu? Você
Andando de um lado para o outro pelo seu quarto, Maia sentia-se ansiosa, como uma adolescente que estava indo em seu primeiro encontro. Talvez, no fundo, encaminhasse daquela forma, já que tinha apenas 22 anos. Maia teve que se tornar uma mulher adulta precocemente. A morte dos pais fez com que ela amadurecesse antes do tempo, já que teve que morar com familiares, de casa em casa, feito nômade, pois ninguém queria ser responsável por ela. Quando conheceu Tiago, acreditou que ele seria o homem da sua vida; ele era um homem bem diferente do que se tornou atualmente. Os dois lutavam para conseguir as coisas. Planejavam ter a casa própria e crescer juntos na vida.Doce ilusão!Só ela tinha o sonho, só ela corria atrás das metas. Na primeira oportunidade que teve, Tiago foi embora, forçando-a amadurecer mais um pouco. Cuidar de uma criança com problemas cardíacos não era fácil, ainda mais quando tinha que se matar de trabalhar, para não acabar perdendo a casa e indo morar na rua.Agora qu
O restaurante que havia reservado para jantar com Maia ficava numa cobertura de um dos prédios mais altos da cidade, coincidência ou não, o prédio pertencia a um dos hotéis que ele mais gostava de frequentar, quando queria sair da rotina, com uma de suas amantes.Em sua mente, caso se desse bem na noite, ele já a levaria para uma das suítes de que mais gostava, e lá, consumaria de vez o desejo louco e incontrolável que sentia por ela. Mas sabia que, para realizar o seu desejo, teria que ser compreensivo, evitando palavras mal interpretadas. Seu plano tinha que dar certo, não podia mais dormir com aquela mulher invadindo seus pensamentos todas as noites.Enquanto Théo maquinava o mal em sua mente, Maia observava o lugar onde estava. Nunca em sua vida, pensaria que frequentaria um ambiente como aquele, ou teria uma vista linda da cidade, assim, diante de seus olhos.— O que achou do lugar? — Théo perguntou, enquanto o garçom servia uma taça de vinho.— Eu nem tenho palavras para descreve
Chegando em casa, Maia desceu do carro, porém Théo não. — Não vai descer? — Ela perguntou, ao vê-lo imóvel.— Não, acho que vou dar uma volta pela cidade, não estou a fim de entrar em casa agora. — Respondeu sério.— Mas você disse que não estava se sentindo bem. E se por acaso passar mal, estando sozinho?— Não se preocupe comigo. — Olhou-a. — Entre, está frio aqui fora.— Tudo bem, boa noite, então.Ela saiu dali, entrando na casa, sem entender a mudança de humor do marido.Ainda no carro, Théo se olhava no espelho do retrovisor, tentando entender o que estava sentindo.Saindo da residência de novo com o carro, dirigiu em direção a um bar que costuma frequentar. Já na entrada, saudou alguns conhecidos, indo em direção ao balcão. Queria beber sozinho.— O de sempre, por favor. — Pediu ao barman.— Claro, senhor. Não demorou muito, o homem voltou com um copo de whisky.— Pode deixar a garrafa aqui também. Sem dizer nada, o barman fez o que ele pediu.— Vejo que está com sede, hein?
Já em seu quarto, Maia se sentia uma boba. Enquanto tirava a roupa que usou para sair com Théo, pegou-se olhando para a calcinha que havia decidido vestir naquela noite, percebendo o quanto estava sendo idiota e infantil.Mesmo deitada na cama, não conseguia dormir e, de hora em hora, dava uma espiada no quarto de Théo, para ver se ele já havia chegado em casa.Quando amanheceu, antes de ir para o quarto da filha, passou pelo quarto de Théo novamente e percebeu que a cama estava do mesmo jeito que ficou quando ele saiu. Logo, um sentimento ruim se instalou em seu peito. Se ele não havia dormido em casa, com certeza estava com alguma mulher por aí. Uma onda de ciúme percorreu seu corpo e, mesmo que tentasse expulsar aqueles sentimentos, aquilo estava sendo mais forte que ela, lhe consumindo por inteira.“Não serei um marido fiel.” — Lembrava do que ele disse, quando se casaram.Tentando deixar aquilo de lado, foi para o quarto da filha, encontrando-se com Júlia, a cuidadora de Lis.— Bo
Maia não acreditava no que acabava de ouvir, como ele podia falar aquilo, quando estavam no meio de uma conversa séria?— Para com isso, Théo, não é hora para brincadeiras. — Advertiu.— Eu não estou brincando. — Afirmou sério.Mesmo que quisesse censurá-lo, não sabia como concretizar. O olhar penetrante dele a deixou tão descomposta, que nenhuma palavra vinha à sua boca. Era incapaz de acreditar que aquele homem pudesse realmente gostar dela. Não por se achar inferior ou indigna de conquistá-lo, mas sim, porque ela já havia percebido que o seu gênio, com o de Théo, era bem diferente. Ainda por cima, havia a diferença social. Um homem como ele, com certeza, estava acostumado a sair com as mulheres mais importantes da alta sociedade, principalmente se quisesse assumir uma esposa ou namorada de verdade.Até as amantes dele eram mais providas financeiramente do que ela. Esse pensamento lhe fez ficar com um pouco de vergonha. Não deveria se comparar àquelas mulheres, que ganhavam a vida d
Deixando Maia no quarto da filha, Théo caminhou rapidamente, em direção ao quarto que o avô estava hospedado, sem bater na porta, já foi entrando, e encontrando o velho, em frente ao espelho, arrumando a gravata.— O que acha que está fazendo? — Joaquim perguntou, nervoso, ao ver o neto entrando sem pedir permissão.— Eu que deveria te fazer esta pergunta. — Replicou irritado. — O que pensa que irá ganhar, tentando tirar da Maia, a filha dela?— Eu não estou tentando nada. — Respondeu, fingindo-se desentendido.— Não mente para mim, vô, seu problema é comigo e não com ela, por que insiste em uma coisa que já disse, que não concordo?O velho terminou de ajeitar a gravata no espelho pacientemente, depois virou-se, olhando para o neto, começando a andar em sua direção.— Achou mesmo que não descobriria que está tentando me enganar? — Tocou levemente o ombro de Théo. — Esse casamento repentino foi apenas uma maneira de tentar escapar do compromisso que arranjei para você. Muito bem bolado,
Era difícil ficar tranquila com tantas coisas acontecendo simultaneamente. Enquanto estava sentada no jardim da casa, vendo Lis brincar com uma borboleta, que apareceu entre as flores, Maia pensava na possibilidade de não ter mais a filha por perto. Não que Tiago não tivesse o direito de vê-la, mas em todos os momentos, ele se mostrou sem nenhum interesse de querer ser um pai presente na vida da criança. Apesar de ter plena consciência de que a justiça poderia ser sua aliada, por conta de todas as provas e testemunhas, ainda assim, tinha um pouco de medo, do jogo sujo que poderia ser feito por Tiago, com a ajuda de Joaquim Campos. Que se mostrava um homem sem escrúpulo nenhum, ao defender o que acreditava estar correto.— Mamãe, a borboleta voou. — Lis aproximou-se dela, contando sobre a ida da borboleta.— Não se preocupe, meu amor, outras virão.— Olha mãe, o tio Théo! — Apontou. Maia olhou para onde a filha apontava com o dedo, e viu Théo, vindo em direção a elas. — Achei que já t