Por favor, Sr Sebastian

O corpo inteiro se estremeceu de medo. ‘Vamos ver como é sentir a carne se partir’, ainda ecoava sob a mente atormentada da jovem mulher. Se ela ao menos soubesse quem era a Pax, jamais teria se envolvido naquela situação, mas agora era tarde demais. Ela já não podia fugir do próprio pesadelo. Siena não poderia fugir do destino que a aguardava, como um tormento que parecia nunca acabar, e Siena não poderia fugir do destino reservado a Pax.

O que aquela mulher havia feito na cidade para que fosse odiada com tamanha intensidade? Siena não obteve respostas, embora seus olhos clamassem por elas. Mesmo assim, foi amarrada pelos pulsos e arrastada até a cidade. A notícia de que a jovem havia mentido sobre a gravidez havia se espalhado por todos os lugares, e ninguém sentiria pena dela.

Os risos dos homens que a arrastavam como um animal pareciam ofensivos, e ela temia a própria sorte. Foi a primeira vez que ela realmente pensou sobre a proposta absurda do antigo noivo. Foi a primeira vez que ela ponderou se não deveria ter aceitado o acordo.

A sensação de ser arrastada como uma escrava não poderia ser definida como nada além da humilhação, mas a forma como as pessoas a encaravam, cheias de ódio no olhar, a deixou ainda mais desesperada. O que havia acontecido naquele lugar? Por que ela deveria morrer? O que aconteceria se a Siena Robins dissesse a verdade?

– Agora você vai pagar, m*****a cadela!

Siena deixou que os olhos se enchessem de lágrimas. Ela não merecia pagar por nenhum crime. Ela não deveria ser punida por algo que nunca fez, e ela não poderia sofrer por algo que sequer sabia que havia acontecido naquele lugar.

– Eu não sou a mulher que você está pensando.

Uma longa gargalhada ecoou como um assombro, e ela sentiu cada parte do corpo tremer como um terremoto. As pernas estavam quase falhando depois de andar até muito longe. Siena já não podia mais aguentar.

– Você não muda nunca! – O homem afirmou.

Rapidamente Siena se lembrou das palavras da mulher que havia ido procurar. ‘Ele não vai acreditar em você. Ninguém vai’, ela concluiu tarde demais.

Os joelhos cederam quando o vislumbre da cidade havia surgido diante dos olhos verdes intensos. A cabeleira ruiva completamente bagunçada pelo vento assemelhava-se a labaredas de fogo em sua própria dança, mas era seu peito o que queimava com a dor da antecipação.

Ela viu o olhar de ódio de cada pessoa que parava seus passos enquanto Siena caminhava. Pareciam pobres e magros, e ela concluiu que não deveriam ser daquela maneira. O que estava acontecendo naquela cidade?

– Por que me olham assim?

– Cala a sua m*****a boca, vadia! – Um dos homens exigiu.

– Nós deveríamos nos aproveitar dela.

– Melhor não. Ela é do Sr. Black agora.

Uma longa gargalhada se seguiu, enchendo o peito de Siena com uma dor que ela jamais havia sentido antes. Nem mesmo a possibilidade da sua morte a tinha deixado tão amedrontada, e ela se perguntou se não deveria mesmo ter se deixado levar pela doença.

– Acha que o Sr. Sebastian Black se importa com ela? Todos na cidade sabem que ele só se casou por obrigação...

O outro homem a encarou, sentindo todo o ódio o dominar. – Bebê que não existe... Como se tudo que ela já o tivesse feito não tivesse bastado! – O rancor tomou conta das palavras, e ela sentiu o ódio em cada sílaba.

Então um dos homens simplesmente a agarrou pelos braços e rasgou a roupa que protegia seu corpo da nudez. As marcas da noite anterior os fizeram rir.

Uma atrocidade estava prestes a ser cometida naquela cidade, mas nem sequer uma única pessoa parecia se importar com aquilo. Foi quando Siena Robins teve a certeza de que não teria qualquer chance de escapar viva.

Para Sebastian Black, livrar-se da Siena seria uma grande benção, então por que alguém deveria se preocupar que ele ficasse bravo? Por que alguém acharia que aquele homem importante se vingaria deles por tomar o que lhes era direito. Afinal, não fariam nada que o pai dela já não tivesse feito. Não fariam nada que a própria Pax não tenha ajudado o maldito ditador a fazer.

Siena cruzava os braços em frente ao corpo, cobrindo os seios pequenos. O corpo magro ainda era esbelto e atraente, e um deles saboreou a pele macia, ao passar os dedos nojentos pelo sulco das costas.

Ela esperava que ele abrisse a calça e a tocasse em baixo, e aquilo seria seu maior pesadelo, mas a dor aguda a atingiu como uma surpresa ingrata. Ela gritou desesperadamente.

As pessoas ainda estavam paradas, observando e suspirando profundamente. Siena sequer parecia representar um ser humano para aquelas pessoas, e se perguntou se o marido a via da mesma maneira.

Muitos haviam morrido de fome por causa do pai da senhorita Pax, a dama de fogo. A mulher de cabelos vermelhos que aterrorizava a qualquer morador da cidade, mesmo que enquanto ainda era uma criança. Mas bastou apenas um jogo de sorte para que o Sebastian se apoderasse de tudo. Desde então, a vida da mulher havia se tornado miserável, ela precisava aplicar-lhe mais um golpe certeiro, como no passado, onde arruinou sua vida e sua carreira.

Uma lágrima solitária percorreu o caminho do rosto perfeito. Siena foi curvada sobre uma mesa cheia de frutas. Sua roupa foi erguida e seu corpo exposto em parte que ela odiava imaginar que todos pudessem ver. A humilhação, os olhares, nada se comparava ao medo que ela sentiu quando o homem fétido se encostou nela, a tocando com as malditas partes íntimas, ainda na calça.

Ela fechou os olhos, mas não conseguiu deixa-los daquela forma por muito tempo. A garota havia perdido qualquer esperança. Ela sabia que jamais seria salva. Ela sabia que ninguém a ajudaria naquele lugar.

Quanto mais ele se esfregava nela, mais suas costas doíam, e ela poderia jurar que as marcas de cinto fizeram escorrer sangue. Ela não deveria se ferir. Ela não deveria perder sangue. Siena não podia de forma alguma se machucar, e sabia que aquele líquido vital a faria morrer, mas naquele momento, era tudo que ela mais desejava que acontecesse.

Os olhos dela encontrou o único rosto familiar no meio da multidão, e ela o encarou como se já estivesse morta.

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