Encurralada. Ela sentiu o medo a atingir em cheio quando abriu a porta. Sentir o vento forte e gelado espancar o rosto de traços finos, não parecia assustador o bastante, comparado a forma como as pessoas que trabalhavam naquele lugar olhavam para ela. Siena ficou parada ali, pensando no que deveria fazer. Ela podia ir embora. Estava livre, mesmo casada com um homem, mesmo depois de cometer um crime por mentir. Um crime, ainda mais grave do que o Sebastian Black imaginava. Ela inspirou. Sabia que precisava voltar. De forma alguma poderia fugir usando aquelas roupas, sem dinheiro, sem ter para onde ir. Sem saída, sem esperanças. Ela voltou para dentro, deixando a porta escancarada atrás dela. Os olhos marejados tentavam a todo custo continuar contendo o orgulho neles, mesmo quando ela encarou o olhar do homem que causaria o pior nela. Sebastian continuou sentado, a esperando. Ele não havia movido um único músculo para ir atrás dela. Sabia muito bem que Pax voltaria para ele. Ela se
– Implora... Vamos lá! – Ele ordenou, mas pareceu um desejo. – Não era isso que você queria? Você não desejava acabar comigo? Você conseguiu, amor. Você me destruiu. Você acabou com cada traço de humanidade em mim. Então, por que você não implora? Os olhos inocentes o atingiram. De alguma maneira, ela ainda tentava imaginar as coisas que aquele homem havia passado para odiar tanto assim. Como alguém podia destruir outra assim? Siena certamente não saberia a resposta para uma pergunta como aquela antes dos acontecimentos, mas quando flagrou a mãe, dormindo com seu ex noivo, entendeu bem. Atitudes podiam mudar completamente uma pessoa, e ela mudou, para pior, assim como Sebastian Black. – Por favor... – Ela soltou mais um sussurro rouco. Estava chorando, e estava cansada demais. – Me perdoa, marido.Ele apenas a encarou por alguns segundos. Sabia que podia machuca-la bem mais, se quisesse. Sabia que poderia toca-la, como desejava arduamente, enquanto estava na prisão. Sabia que toda v
Ela ainda estava encolhida no canto do quarto, quando notou os passos que se aproximavam dela. A sombra entrou primeiro, fazendo com que Siena Robins se encolhesse ainda mais, tentando se proteger do homem que a machucou no coração. Ela estava ferida mortalmente, sabia disso. Mas sentia-se ainda mais ferida pelas dores da doença não tratada. Ela estava tão pálida que quase parecia morta, e tinha o longo cabelo caído sobre o rosto. O semblante desesperado, parecia temer a tudo que podia alcança-la, no pequeno espaço que encontrou algum conforto. – O que há com você? – A senhora perguntou, entrando no ambiente. Siena Robins se levantou rapidamente. Logo, ela estava abraçada a velha senhora. – Oh, Senhora Dáda, eu não aguento mais essa vida. – O que há com você, menina? – A mulher perguntou, não por que a Pax estava chorando, mas por que de forma alguma a abraçaria da forma como fez. – Eu não posso mais ficar aqui, nesse casamento. Essa casa, eu preciso me livrar disso... Eu tenho q
– Aonde vocês estavam? – A mulher perguntou. Dáda passou direto por ela, mesmo sabendo que aquela atitude talvez tivesse consequências inesperadas. Tudo era inesperado quando se tratava da Sia Campbell. – Me responda para onde você levou essa inútil! – Ela exigiu, bloqueando a passagem da velha senhora. Dáda finalmente parou. Os olhos ainda carregavam o peso da tristeza que nunca sairia dela. – Eu e a Pax fomos visitar antigos conhecidos. Sia encarou a velha mulher. Sabia muito bem que Pax não tinha amigos na região. Ao menos não aonde estavam. Ela fixou os olhos no rosto odiado, e rapidamente as memórias surgiram em sua mente. As lembranças das torturas que passou nas mãos do maldito velho, ter seu corpo violado por vários homens ao mesmo tempo. Sia sabia bem o que o Sebastian havia passado, e conhecia a sensação de ter a sujeira impregnada ao corpo, não importava o quanto tentasse se limpar.– Você sabe que ela não tem amigos aqui. – Eu nunca disse que levei ela para ver amigo
Siena entrou no banheiro. A agua que caia se misturava as lágrimas que não paravam de brotar. As mãos cansadas tremiam tanto, que ela não sabia se estavam machucadas ou se ela estava fraca, depois de um dia inteiro no sol, lavando roupas. Ela se deitou na banheira e fechou os olhos. Não havia um único momento em que se sentisse em paz, como aquilo. Mas nada para ela durava por muito tempo. Siena sentiu que estava sendo observada, e quando abriu os olhos, aquele homem, estava ali, parado ao lado dela. Ele era como um assombro. Algo assustador, e ela nem mesmo podia entender como ele havia entrado no quarto tão silenciosamente, que ela não conseguiu ouvir um único passo vindo dele. O corpo dela estremeceu. Pensar que estava completamente exposta daquela forma a deixava inundada pela vergonha, mas no instante em que ele deu um passo, Siena se levantou, expondo o corpo completamente sem roupas. Aquela, definitivamente não era a intenção, mas a pobre moça foi tomada pelo impulso. Ela des
Ela agarrou na cama, esperando pelo contato voluptuoso que voltaria a machuca-la por dentro, em golpes sempre brutais. A sensação de ser rasgada a invadiu, e Siena balançou as pernas. Ela estava desesperada. Surpreendendo a si mesmo, Sebastian Black parou. Ele não costumava fazer aquilo a força. Ele nunca teve que implorar a qualquer mulher para ser sua. Ele nunca precisou obrigar alguém. Até mesmo as mulheres pagas se ajoelhavam para ele, prontas para aceitar suas ordens, mas Pax era uma maldita flor delicada. Linda e venenosa, mas ainda delicada. Ele esperou que ela se acalmasse, e inclinando o calor do próprio corpo, ele recaiu sobre ela, segurando seu peso ao máximo para não esmaga-la. – Relaxe para mim, Pax. – Ele ordenou. A voz rouca arfou próximo ao ouvido como uma brisa quente. – Eu não consigo. – Ela choramingou baixinho. Siena Robins sabia que ele não sentia pena dela. Ele não sentia nada por ela, além do ódio. Então, por que se preocupava agora? Mas ele a tocou no pesc
Sebastian Black poderia ordenar que Pax deixasse seu quarto. Ele poderia coloca-la para dormir em outro lugar, mas nada afastaria a dor latejante em seu peito. Seis anos preso em uma cadeia, como um escravo jamais poderia ser apagado, não importava que fosse declarado inocente. Nada no mundo aplacaria sua dor, mas algo poderia ser feito para que ao menos as vozes em sua cabeça fossem silenciadas. Os pés o levaram para o mesmo caminho tão bem conhecido. Ele parou diante da porta. Sua postura impecável de militar o deixava ainda mais imponente, e quando ele invadiu o quarto com toda a sua fúria, a mulher deitada na cama levantou a cabeça, coçando os olhos. Nunca seria certo que ele tivesse amantes, mas Sebastian nunca se casou por amor, e nem mesmo seria capaz de algo assim novamente. A única que foi capaz de tê-lo por completo havia ido embora a bastante tempo e já não tinha como traze-la de volta. Tudo que restou para ele foi um casamento infeliz, apenas para evitar mais um suicídio
A porta do quarto se abriu de forma brusca, fazendo com que a maçaneta de prata batesse contra a parede branca. O rosto confuso da Siena Robins não se alterou. Ela ainda continuava a dormir como um anjo. Um anjo que não esperava ser arrastado para o inferno contra a sua vontade. A mulher usava um dos seus vestidos fabulosos quando caminhou até ela. O olhar de nojo se misturava a soberba e o orgulho de quem nada possuía, mas ainda insistia em acreditar que sim. Sia agarrou a perna que ainda estava para fora da cama. O corpo contendo toda a nudez exposta que ela escaneou e analisou, odiando cada aspecto dela. – Se levanta! – Ela ordenou. A mulher, no entanto, seguia dormindo pacificamente, como um pequeno querubim. Aquilo só enfurecia ainda mais a amante do Sebastian Black. A mulher que seria sua esposa, mas que fora reduzida a uma mera outra, apenas por causa de um bebê inventado. Sia Campbell olhou para cada pedaço da mulher e sentiu todo o ódio toma-la com força. – Acorda, maldita