– Não entendo por que ainda continua ao lado dela, Sebastian. Deveríamos ser nós dois agora. Eu deveria estar vivendo isso com você, não ela.
Ele estava extremamente impaciente, passando as mãos pelo cabelo perfeitamente liso. – Eu sei disso. – Os olhos levemente puxados a encararam com severidade. Ele sentia dor, e não podia explicar o porque. Aquele sentimento que parecia ter sido superado voltou com toda a brutalidade, pronto para soca-lo um milhão de vezes no mesmo lugar. – Eu não teria me casado se soubesse que...– Que o que? – A mulher arregalou os olhos. – O que aquela m*****a mulher fez agora? Ela te acusou outra vez?Sebastian a encarou. Toda a severidade dos anos em que passou na cadeia ainda ardiam como brasas em chamas, prontas para incendiar tudo ao redor mais uma vez. O peito ardia em uma dor que jamais seria curada. – Ela era virgem!– Ela é virgem... Sebastian, isso é maravilhoso. Agora você pode se separar da m*****a e ainda vai ser inocentado. Nós podemos ficar juntos outra vez! – Ela afirmou, mas as palavras pareciam erradas. Havia um problema. Ela recuou do contato segundos depois. – Era? Como assim ela era virgem? – Cair em si parecia o pior pesadelo. Era o pior cenário que ela podia esperar.Ele parecia relutante ao revelar a verdade. – É exatamente o que você está pensando.– Não! – A mulher deu ênfase em cada letra dita. A voz alarmada, e ele sabia que ela não lidaria bem. – Como conseguiu dormir com ela? Disse que nunca a tocaria!Ele poderia dizer que ninguém jamais mandava nele, mas não magoaria a Sia Campbell ainda mais. Aquela foi a única mulher que por tanto tempo deu-lhe ao menos um pouco de esperança. Foi a primeira a acreditar nele. Foi a única que levou comida nos dias em que passou fome na prisão injusta em que foi encarcerado e torturado por muito tempo.Ele odiava se lembrar de tudo, mas as memórias já estavam tão enraizadas no coração quanto seu ódio que crescia como a raiz de uma arvore, tomando tudo em volta. Ele não tinha espaço para outra mulher. Tudo já havia sido ocupado pelo ódio. Ódio a Pax.– Eu fiz o que um homem deve fazer na noite de núpcias. O que você esperava de mim?Ela parecia bastante assustada com as palavras. Na verdade, a mulher sentia a repulsa, que ainda podia ser notada, mesmo que de longe. Ela se recusava a tocar nele de qualquer maneira naquele momento, e se perguntava se havia algum resquício da noite em que passaram juntos. – Você poderia ter anulado se não tivesse feito isso!– Eu não quero anular essa droga! – Ele afirmou.A revelação foi como um soco na cara da Sia. Ela havia o esperado por tantos anos. Quando ele ainda era um jovem medico promissor, quando estava preso e sem nada, ou quando ganhou toda a fortuna da família da Pax em uma mão de sorte, num jogo de cartas. Em todas as ocasiões, ela estava ali, ao lado dele. E não por ser boa, mas por que o amava sinceramente a muito tempo, e não tê-lo seria como a morte. A morte dela ou de qualquer outra mulher que se atrevesse a chegar perto.– Você não quer? Sebastian, você não pode ter ela e a mim ao mesmo tempo. Você tem que se decidir! – Ela tinha a plena convicção de que não seria uma escolha difícil. Parecia óbvio demais que ela fosse a mulher certa, mas o seu longo sorriso se desfez lentamente quando ele demorou a responder. – Sebastian?Ele a encarou. O olhar frio podia congela-la por dentro. Era como se toda a brutalidade que ele tentava esconder estivesse prestes a ser revelado. Ele era como um animal selvagem que foi enjaulado por muito tempo, e agora, estava pronto pra ser o predador que foi acusado de ser a muito tempo. – Eu sou um homem casado agora. Se você não pode aceitar isso, eu vou te recompensar, e você pode ir embora amanhã de manhã, Sia.Os olhos marejados deixavam um rastro do qual as lágrimas deveriam seguir seu curso até os lábios fechados para o interior da boca. Sia tentava conter o ódio e a dor. – Você não pode estar falando isso de verdade. Ela enfeitiçou você?– Não. Você sabe muito bem que não há ninguém no mundo, nem mesmo você, capaz de fazer com que meu coração volte a funcionar adequadamente. Ela vai ter uma vida ao meu lado, exatamente como tanto desejou. Uma vida miserável.– Mas você terá uma vida miserável também? Como pode viver assim?– O ódio por ela vai me alimentar, não se preocupe.– Apenas diga para que ela seja uma empregada qualquer desta casa. Você não pode me deixar assim.Sebastian ainda mantinha a expressão sem qualquer traço de sentimentos. Ele não parecia sentir nada a bastante tempo. – Você vai ficar bem melhor sem mim por perto.– Mas é você quem eu quero do meu lado. Eu não vou deixar você sozinho!– Então fique, mas não vai ser a minha mulher, Sia. Eu me casei, e agora você vai ter que seguir o seu caminho.– Eu vou estar sempre aqui. Eu vou fazer essa mulher pagar caro!– Não! – A voz era calma, mas ainda autoritária. – O problema é meu. O ódio é meu.– Ela é um monstro, Sebastian. Por que você ainda a defende? Deixe-me te ajudar. Eu vou estar sempre com você!– Eu sou um monstro, Sia. Não preciso que você seja outro também. Agora vá! Se quer mesmo ficar nessa casa, precisa aprender a seguir ordens.– Eu sigo. Qualquer ordem sua, meu Sebastian Black. – Ela se abaixou, reverenciando o rei da sua vida. Ele não era da realeza, longe disso. Mas Sebastian tinha mais instrução que qualquer um por aquelas regiões, e agora, tinha toda a fortuna também. – Se precisar de amor, você sabe aonde fica o meu quarto!Ela saiu, rebolando, e aquilo quase o despertou do seu estado animalesco mais uma vez. Talvez o Sr. Black ainda sentisse a vontade de descontar todo o seu ódio, e a Sia ainda era a mulher perfeita. As costas já marcadas, o corpo que ele tanto usou e que aguentava toda a brutalidade com a qual ele fazia amor. Mas ele era um homem de princípios, e se odiou por isso. Pax não merecia fidelidade. Pax não merecia nada.Ps: Se vc gosta desse livro, comente bastante para ajudar a divulgar esta obra! preciso de ajudaaa!!Ela abriu os olhos. A dor lancinante fez a pobre Siena Robins desejar ainda estar dormindo. Ela deslizou o corpo contra os lençóis macios da cama e instantaneamente arregalou os olhos. O coração parecia desesperado. Ela levantou o lençol colocado cuidadosamente sobre suas costas e encarou a nudez que estava escondida por baixo das cobertas. Um calafrio violento percorreu o corpo inteiro da Siena Robins. Ela ainda sentia fraqueza e sabia que não deveria demorar para começar a tomar os remédios receitados pelo médico, mas nem mesmo poderia compra-los. Como sair de casa se todo o mundo parecia odiá-la? Ela rastreou todo o quarto, buscando pelo marido. Ele não estava em lugar algum. Siena respirou aliviada, embora não saiba como havia chegado até aquele quarto. Tudo na memória dela parecia ter se apagado completamente. Quem se arriscou para ajuda-la? Alguém havia conseguido abusar dela quando ainda estava inconsciente? Havia tantas dúvidas que precisavam de respostas. Uma senhora invadi
Sebastian Black terminou de assinar os papéis. Ele ainda precisava revisar tantas contas da propriedade, mas não podia se concentrar em nada. Os olhos ainda viajavam para a figura bela e ruiva, deitada em sua cama. O que ela estaria fazendo longe dele? No que estava pensando? Desejava fugir mais uma vez? Não, ele não devia estar pensando nela daquela forma tão inocente. Ele deveria desejar trucidar cada pedaço daquele corpo, e destruir sua alma em um milhão de pedaços, como ela havia feito com ele a tempos atrás. O gosto amargo ainda surgia em sua boca toda vez que fechava os olhos. Os gritos de pavor naquele lugar maldito, e os dias em que passou nas solitárias, temendo que nunca mais saísse de la, ainda o atormentava. Toda vez que ele tentava dormir, sua mente passava a acreditar que ele ainda estava naquele poço escuro e úmido em que havia sido colocado sem nenhuma distração, e tudo que podia fazer foi riscar a parede com as unhas machucadas ou dormir. Dormir... Ele não sabia se c
As feridas dele jamais podiam ser curadas, mas da Siena também não. Ela dormia pacificamente, sonhando com seu marido e o sonho da primeira noite. Sebastian Black ainda era como um anjo. – Sebastian... – Ela disse, exibindo um largo sorriso em seguida. Ele franziu as sobrancelhas. Um gesto incomum para um rosto sem emoções como o dele havia se acostumado a ser. O homem se aproximou e analisou as roupas. Ela usava apenas uma camisa dele. Usada. Ela ainda tinha seu cheiro, como se acabassem de ter uma noite de amor. Era ofensivo, mas ainda adorável... Não, Pax não era adorável, apenas traiçoeira. Ela sabia bem como deveria o encantar, e ele percebeu isso. Mas aquele cabelo ruivo e volumoso espalhado pelo travesseiro o desconfigurou do estado de ódio. Ele não conseguiu se mexer por alguns segundos, até que a mão grande não conseguiu conter o impulso de tocar nela. Ele afastou as mexas de cabelo do rosto delicado. Siena Robins exibiu uma expressão de dor, mas ainda estava dormindo. Aqu
– E-Eu... Eu não sei... Eu não tenho joias. – Ela disse. Ele finalmente exibiu um breve sorriso, mas foi tão rápido que Siena Robins pensou ter imaginado coisas. Ela estava febril, só poderia ser... O Sr. Black não sorriria para ela. Ele simplesmente não sorri para ninguém. – Ah, você não sabe? – Ele parecia saborear cada sílaba, enquanto se aproximava dela. O terror se instalou nos olhos da Siena e não a deixaram por nada. Ela manteve o mesmo semblante de pavor, e as bochechas tão avermelhadas que parecia ter sido estapeada no rosto. – N-Não! Ele ainda se manteve próximo demais, e ela sabia que seria perigoso. – Você acha que eu sou idiota? – N-Não... – Mas Siena parecia hesitar. Ela ainda não sabia qual resposta deveria ser a certa. Ela não sabia de nada naquele inferno. – Então por que você empenhou a minha palavra nas lojas? – Ele encostou os lábios no pescoço fino e doce. – Por que, Pax... Por que você prometeu que eu pagaria os seus luxos? Ela podia sentir o hálito quente
Encurralada. Ela sentiu o medo a atingir em cheio quando abriu a porta. Sentir o vento forte e gelado espancar o rosto de traços finos, não parecia assustador o bastante, comparado a forma como as pessoas que trabalhavam naquele lugar olhavam para ela. Siena ficou parada ali, pensando no que deveria fazer. Ela podia ir embora. Estava livre, mesmo casada com um homem, mesmo depois de cometer um crime por mentir. Um crime, ainda mais grave do que o Sebastian Black imaginava. Ela inspirou. Sabia que precisava voltar. De forma alguma poderia fugir usando aquelas roupas, sem dinheiro, sem ter para onde ir. Sem saída, sem esperanças. Ela voltou para dentro, deixando a porta escancarada atrás dela. Os olhos marejados tentavam a todo custo continuar contendo o orgulho neles, mesmo quando ela encarou o olhar do homem que causaria o pior nela. Sebastian continuou sentado, a esperando. Ele não havia movido um único músculo para ir atrás dela. Sabia muito bem que Pax voltaria para ele. Ela se
– Implora... Vamos lá! – Ele ordenou, mas pareceu um desejo. – Não era isso que você queria? Você não desejava acabar comigo? Você conseguiu, amor. Você me destruiu. Você acabou com cada traço de humanidade em mim. Então, por que você não implora? Os olhos inocentes o atingiram. De alguma maneira, ela ainda tentava imaginar as coisas que aquele homem havia passado para odiar tanto assim. Como alguém podia destruir outra assim? Siena certamente não saberia a resposta para uma pergunta como aquela antes dos acontecimentos, mas quando flagrou a mãe, dormindo com seu ex noivo, entendeu bem. Atitudes podiam mudar completamente uma pessoa, e ela mudou, para pior, assim como Sebastian Black. – Por favor... – Ela soltou mais um sussurro rouco. Estava chorando, e estava cansada demais. – Me perdoa, marido.Ele apenas a encarou por alguns segundos. Sabia que podia machuca-la bem mais, se quisesse. Sabia que poderia toca-la, como desejava arduamente, enquanto estava na prisão. Sabia que toda v
Ela ainda estava encolhida no canto do quarto, quando notou os passos que se aproximavam dela. A sombra entrou primeiro, fazendo com que Siena Robins se encolhesse ainda mais, tentando se proteger do homem que a machucou no coração. Ela estava ferida mortalmente, sabia disso. Mas sentia-se ainda mais ferida pelas dores da doença não tratada. Ela estava tão pálida que quase parecia morta, e tinha o longo cabelo caído sobre o rosto. O semblante desesperado, parecia temer a tudo que podia alcança-la, no pequeno espaço que encontrou algum conforto. – O que há com você? – A senhora perguntou, entrando no ambiente. Siena Robins se levantou rapidamente. Logo, ela estava abraçada a velha senhora. – Oh, Senhora Dáda, eu não aguento mais essa vida. – O que há com você, menina? – A mulher perguntou, não por que a Pax estava chorando, mas por que de forma alguma a abraçaria da forma como fez. – Eu não posso mais ficar aqui, nesse casamento. Essa casa, eu preciso me livrar disso... Eu tenho q
– Aonde vocês estavam? – A mulher perguntou. Dáda passou direto por ela, mesmo sabendo que aquela atitude talvez tivesse consequências inesperadas. Tudo era inesperado quando se tratava da Sia Campbell. – Me responda para onde você levou essa inútil! – Ela exigiu, bloqueando a passagem da velha senhora. Dáda finalmente parou. Os olhos ainda carregavam o peso da tristeza que nunca sairia dela. – Eu e a Pax fomos visitar antigos conhecidos. Sia encarou a velha mulher. Sabia muito bem que Pax não tinha amigos na região. Ao menos não aonde estavam. Ela fixou os olhos no rosto odiado, e rapidamente as memórias surgiram em sua mente. As lembranças das torturas que passou nas mãos do maldito velho, ter seu corpo violado por vários homens ao mesmo tempo. Sia sabia bem o que o Sebastian havia passado, e conhecia a sensação de ter a sujeira impregnada ao corpo, não importava o quanto tentasse se limpar.– Você sabe que ela não tem amigos aqui. – Eu nunca disse que levei ela para ver amigo