O tempo retrocedeu oito horas.Eram dez horas da manhã.Roberto ainda permanecia na casa de Nádia, adormecido profundamente no sofá.Ele abriu os olhos lentamente, sentindo uma dor de cabeça intensa, envolto por um cobertor de pelúcia, firmemente amarrado ao seu corpo, com uma corda atada, como se houvesse o temor de que ele o soltasse.Roberto olhou confuso para si mesmo e, em seguida, para o ambiente ao redor, uma sala de estar desconhecida, mas ele sabia onde estava.Os eventos da noite anterior inundaram sua mente como uma maré.Ele havia bebido demais e buscado sua mãe no meio da noite...Como uma criança de três anos, tinha chorado por consolo materno, dizendo que estava sendo intimidado lá fora.Roberto deu um forte tapa na própria cabeça."Que vergonha!"Ele desamarrou o cobertor e a corda de seu corpo, os atirando de lado e se levantou cambaleante em direção ao banheiro.Após se lavar, ele retornava, tocou o bolso e procurou ao redor, encontrando seu celular no canto do sofá.
Roberto estava prestes a responder, mas subitamente algo lhe ocorreu. Se virou para Ângela, um lampejo de seriedade atravessou seu olhar e, então, ele declarou:— Tudo bem, encontrarei você esta noite.— Assim está combinado, não esqueça o que você disse ontem à noite enquanto estava embriagado. Estou tentando te ajudar, não perca esta oportunidade, não cometa mais erros, vou desligar agora.Se não fosse seu próprio filho, ela não teria insistido tanto.Jamais iria advertir um tolo sobre a tolice dos outros. Deixaria que continuassem sendo tolos, morrerem tolos seria merecido.Mas, sendo seu filho, ela sentia a necessidade de alertá-lo sobre sua tolice e a urgência de mudança.Nádia estava prestes a desligar o telefone quando Roberto, apressado, interrompeu:— Mãe, você não deveria ter usado meu telefone para enviar aquela mensagem para Ângela ontem à noite.— Eu enviei, e daí? O que você pretende fazer a respeito? — Apesar de saber que era errado usar o telefone de outra pessoa para e
Jaqueline foi levada ao carro por Nádia. Ela estava muito silenciosa, sentada no banco do passageiro, e até esqueceu de colocar o cinto de segurança. Nádia, gostando de cuidar dela, colocou o cinto em Jaqueline e dirigiu para longe.Nádia dirigiu por vários minutos. Durante esse tempo, nenhuma das duas falou. Ela olhou várias vezes para Jaqueline, preocupada, até que finalmente não aguentou e disse:— Eu sei que fui eu quem errou, não deveria ter trazido você aqui, eu não imaginava que Roberto iria...— Sogra. — Interrompeu Jaqueline. — Não é sua culpa, você não queria que isso acontecesse, está tudo bem, eu já estou acostumada.Vendo a expressão indiferente de Jaqueline, Nádia podia imaginar quanta dor ela já tinha suportado. Muitas vezes, as pessoas se tornam insensíveis não porque nasceram frias, mas porque passaram por tantas coisas que sabem que não podem mudar a situação e já se conformaram.Depois de pensar um pouco, Nádia falou:— Sobre você estar grávida, não conte a ele. Re
— Você é tolo? Eu te dei a senha, você poderia ter entrado e me esperado lá dentro. Por que ficou esperando aqui embaixo?George sorriu suavemente:— Você não estava em casa, e eu não me sentiria à vontade ficando lá sem você. Afinal, é a sua casa.Ele demonstrava um grande senso de limite.Jaqueline, sem opções, disse:— Seu tolo. Se lembre, minha casa é sua casa também. Você pode entrar. Não faça isso novamente. E se fosse inverno? E se estivesse nevando? Você ficaria aqui fora esperando?George assentiu:— Tudo bem, entendi.Ele parecia realmente um pouco tolo, mas, estranhamente, sua aparência extremamente atraente fazia dele um tolo charmoso, o que de alguma forma o tornava irresistivelmente encantador.Jaqueline suspirou resignada. "Por que alguns homens são tão canalhas, enquanto outros são tão bondosos?"— O que aconteceu aqui? — Jaqueline levantou a mão e tocou delicadamente os lábios dele, notando que estavam secos e rachados, até mesmo sangrando um pouco.Esse gesto simples
Foi o próprio Reginaldo quem lhe disse, que mesmo que George deixasse a Mansão dos Cardoso, faria com que sua vida se tornasse insuportável, impedindo o filho até mesmo de deixar o país.George, com uma expressão confusa, perguntou:— Jaqueline, ele falou algo com você?Jaqueline assentiu:— Sim, ele ainda deseja que eu te convença a se casar, mas agora eu também não sei o que fazer. Se você se casar, vai casar com uma mulher que não ama, mas se não se casar, ele vai destruir sua vida.De qualquer forma, George não seria feliz.— Eu já fiz minha escolha. — Disse George, com determinação. — Não vou me casar, mesmo que perca tudo. Passei a vida sendo manipulado e não quero mais viver assim.Jaqueline mal conseguia imaginar como George se sentia, caindo do céu ao inferno."O pai dele tem um forte desejo de controle e certamente pode fazer algo que complique a vida de George. Se por acaso George não conseguir lidar com a situação e algo ruim acontecer?"— Ah, é verdade. — Jaqueline de repe
— Tudo bem, eu prometo, agora fala.Jaqueline estava cada vez mais curiosa.George pensou um pouco e começou:— Lembra que meu pai achava que nós éramos namorados? Se...— George! — Jaqueline subitamente gritou seu nome, o interrompendo. Ela já tinha compreendido completamente o que George queria dizer. — Você não vai me pedir em casamento, vai?Ele ainda não tinha terminado de falar, mas com a grande reação de Jaqueline, as palavras seguintes foram engolidas.— Você prometeu que não ficaria brava comigo, vamos fingir que você não ouviu.George olhava para ela com um olhar de compaixão.Jaqueline olhou para aqueles olhos cheios de mágoa de George e imediatamente amoleceu um pouco.— George, eu não estou brava, mas como você pôde pensar em algo tão radical? Somos amigos.— Eu sei, eu tinha pensado que nós dois poderíamos ter um casamento falso, mas eu senti que você não concordaria, então eu estava hesitante. Eu sei que não deveria ter mencionado isso, desculpe, não devia ter pensado ne
— O quê? — Exclamou Jaqueline, surpresa. — O que aconteceu? George baixou o olhar, seus olhos estavam inundados de desolação, e contou a Jaqueline um evento da sua infância. Após ouvir a história de George, Jaqueline mergulhou em silêncio, seu olhar estava intensamente sério enquanto se fixava nele. "Por que o pai dele insiste em ser tão cruel?" — Então, você entendeu? — Perguntou George, revelando um leve cansaço nos olhos. — Não quero resistir mais, tenho medo que ele te machuque. Ele é capaz de qualquer coisa. Por isso, mudei de ideia e decidi me casar. Já disse tudo, estou indo. George se virou para sair. Jaqueline rapidamente se levantou e agarrou a manga de sua camisa: — George, você está aceitando os planos do seu pai por minha causa? George se virou, oferecendo a ela um sorriso gentil: — Jaqueline, não fique com peso na consciência, este é o meu destino, apenas estou me entregando a ele. Eu sei que você vai partir, então você precisa ir para longe. Talvez seja
"Isso é do que Reginaldo se orgulha, um casamento de conveniência? Um casal só pode durar se for por interesse, mas que significado tem essa duração? Até seus próprios filhos são tratados dessa maneira. Se a humanidade continuar a se reproduzir dessa forma, quem sabe o que se tornará da natureza humana."— Jaqueline, o que houve? Por que você está em silêncio? — Isabelly notou que Jaqueline estava distraída.Se recuperando, Jaqueline disse:— Eu simplesmente não sei o que dizer. Estou muito preocupada com seu irmão, ele mencionou que aceitou se casar.— Sim, a mulher com quem ele vai se casar é praticamente uma estranha para ele, alguém que ele viu uma ou duas vezes quando era criança.— Você sabe algo sobre essa garota? — Perguntou Jaqueline.— Ouvi alguns boatos.— Que boatos? — Insistiu Jaqueline.— Assim. — Disse Isabelly. — Eu sei onde ela estará esta noite, que tal eu te levar para vê-la com seus próprios olhos? Afinal, só vendo para crê.— Nós duas vamos vê-la? — Hesitou Jaqueli