A voz de Ângela era incrivelmente suave, mas cada frase parecia carregar uma lâmina, atacando diretamente o coração. Ela se posicionava como uma vitoriosa, mantendo Jaqueline presa sob seu pé, sem qualquer espaço para escapar. Sim, Jaqueline quase havia esquecido, embora o passado de Ângela não se comparasse ao da família Santana, ela ainda era uma dama da nobreza.Jaqueline lutava para manter o controle, mordendo os dentes enquanto falava: — Srta. Ângela, acho que você está pensando demais. Conheço Roberto há dez anos, como não saberia que tipo de homem ele é? Além disso, antes de nos casarmos, ele já havia deixado claro para mim que era um casamento por conveniência. Você não sabe o que ele me vai me dar depois que nos divorciamos? Não estou tão infeliz quanto você imagina.O rosto preocupado de Ângela, ao ouvir as palavras de Jaqueline, deu lugar a um leve sorriso.— É mesmo? Você não se sente infeliz com Roberto?— Você mesma disse, ele é um homem excepcional. Este ano de casame
Jaqueline riu amargamente e disse:— O que fiz pelas costas? Machuquei sua Ângela? Você conhece todo o processo? Você só ouve o que eu digo, mas não o que ela diz!— Chega! — Roberto a interrompeu. — Eu sei o que ela disse e posso mostrar pra você todas as informações médicas de Ângela. Se você soubesse pelo que ela passou, deveria se envergonhar em questioná-la aqui!Jaqueline ficou sem palavras. Ela realmente questionou Ângela, porque a viu no restaurante parecendo muito saudável. Mas Roberto acreditava piamente na versão de Ângela. No entanto, quando Ângela ia ao hospital, Roberto estava sempre com ela. Seria difícil para Ângela fingir, mas talvez não totalmente impossível, até mesmo ela poderia enganar Roberto, sem que ele soubesse que ela estava grávida.Deixando de lado os problemas de saúde de Ângela, em outros aspectos, ela claramente estava atuando, especialmente escolhendo momentos em que Roberto estava presente para dizer certas coisas, provocando Jaqueline a responder, fa
— Roberto, isso é claramente um duplo padrão! Você mesmo afirmou que, enquanto não nos divorciarmos, ainda somos um casal, mas você constantemente me acusa de maneira estranha, fica irritado porque eu desejo o divórcio, sempre parece que sou eu quem está te traindo, como se eu quisesse o divórcio, quando na verdade foi você quem o propôs. E logo após pedir o divórcio, você já estava ansioso para ficar com Ângela. Que direito você tem de me acusar?Ela continuou:— Ontem, você me pediu para voltar, mas você mesmo não estava lá. Hoje ao meio-dia, você me fez vir de tão longe, e só quando cheguei, descobri que era para eu esclarecer tudo para Ângela. Isso é ridículo! Uma coisa que poderia ser resolvida por telefone, você me fez vir aqui pessoalmente, apenas para trazer almoço para vocês dois. Roberto, sabe por que coloquei pimenta na marmita? Porque eu pensei que iríamos almoçar juntos!Ela falava incessantemente:— Eu aprecio comida picante, mas como você não gosta, eu também parei de co
Fábio virou a cabeça e indagou:— O que aconteceu? Protegendo uma mulher com o corpo e ainda segurando outra pela mão, você realmente consegue, hein?Roberto ficou sem palavras.Por um instante, Roberto não sabia o que responder, mas também não desejava soltar a mão.Ângela mordeu o lábio, uma relutância passou pelo fundo de seus olhos, e ela adotou uma expressão que pedia compaixão:— Tio, foi tudo culpa minha, tudo. Me desculpe, eu...— Se você sabe que a culpa é toda sua, então morra. — Fábio a interrompeu, implacável.Jaqueline, ao lado, ficou chocada.Na verdade, ela raramente via seu sogro, até tinha medo dele. Ele não era dado a brincadeiras, e a avó também não falava muito sobre ele.Ela apenas sabia que o relacionamento do sogro com a esposa não era bom, viviam separados, quase em estado de divórcio, e ela não sabia mais do que isso. Também não perguntara mais, pensava que seu sogro era uma pessoa que desvalorizava o casamento.Ângela parecia ter sido atingida por um raio, seu
Roberto deu leves tapinhas nas costas frágeis de Ângela:— Não se preocupe, eu cuidarei de tudo.— Será que nós dois nunca poderemos ficar juntos de verdade? É verdade o que seu pai disse, que eu nunca entrarei na Mansão dos Santana?Ao pensar nas palavras de Fábio, Ângela se irritou muito. "O que Jaqueline tem de tão especial? Uma pessoa tão comum e sem vantagens, por que a família Santana a protege tanto?"Roberto franziu a testa e disse, com uma expressão grave:— Não pense nessas coisas agora, cuide da sua saúde.— Estou com medo de não conseguir me recuperar. — Ângela enxugou uma lágrima. — Roberto, eu nem sei quanto tempo ainda tenho de vida, mas poder estar com você, mesmo que por um curto período, já me faz muito feliz, independentemente do status.— Está bem, não chore mais. — Roberto interrompeu, sem mais palavras, apenas se agachou para arrumar a mesa, cobrindo especialmente um pote com pimenta com muito cuidado.— Roberto, você não vai almoçar? — Perguntou Ângela.— Vamos s
Roberto franziu a testa, um lampejo de raiva brilhava em seus olhos.Jaqueline olhava fixamente para a pulseira no chão, como se vislumbrasse seu relacionamento com Roberto, agora irremediavelmente desfeito.Silenciosamente, se abaixou, recolheu a pulseira e a lançou em uma lixeira próxima antes de se virar para partir.Roberto, impulsionado por uma raiva inexplicável, avançou rapidamente e segurou o pulso de Jaqueline.— O que você quer dizer com isso?Para Roberto, parecia que Jaqueline tinha intencionalmente quebrado a pulseira ao meio. Sentindo a dor da forte pressão em seu pulso, Jaqueline franziu a testa e se esforçou para se libertar.— Não entendo o que você está insinuando.Ela compreendia que ele questionava sobre a pulseira, mas por que ele se irritaria tanto? Afinal, a pulseira era apenas um presente casual, comprado por sugestão de Ângela.Roberto estava prestes a dizer algo com o rosto fechado, mas Fábio interveio: — Quer fazer com que todos zombem de nós? Preciso cham
Jaqueline não tinha compromissos particulares naquele dia, então decidiu ir cedo à Mansão dos Santana para fazer companhia à sua avó e conversar com ela.Chegando bastante cedo, encontrou a casa ainda vazia..No saguão, ela conversava e ria com a avó, embora por dentro se sentisse angustiada, conseguia manter um sorriso constante no rosto da avó.— Você sempre tenta me animar, sabe realmente como agradar as pessoas. Está se tornando cada vez mais astuta. — Comentou Catarina, acariciando a mão de Jaqueline com indulgência.De modo brincalhão, Jaqueline respondeu:— Imagina, vovó, como pode dizer que sou astuta? Vou ficar chateada com você.— Mas você é astuta, haha. — Riu Catarina, que subitamente se recordou de algo. — Aliás, você já se formou, não é? Vou arranjar um emprego para você na empresa. Me diga, o que gostaria de fazer?— Não precisa se preocupar, vovó. Prefiro buscar por mim mesma. Não quero depender da família, mas sim dos meus próprios esforços.— Jaque, admiro sua indepen
Demorou quase trinta segundos para a ligação ser atendida. Do outro lado do telefone:— Alô. Como a avó estava por perto, Jaqueline não podia falar de maneira fria com Roberto, então usou um tom caloroso:— Amor, sou eu.Ouvindo o tom de voz no telefone, Roberto franziu a testa, confuso:— O que foi?— Quando você vem visitar a avó?Roberto olhou para o relógio e respondeu:— Mais tarde eu passo aí.— Você não pode vir mais cedo?— Por que a pressa? Ainda é cedo.— Vem mais cedo, assim você faz companhia para a avó.— Isso foi ideia da avó?Jaqueline respondeu com um som.— Então diga a ela que eu vou passar mais tarde.— Mas...— Mas o quê? Você esqueceu o que disse antes? Você me aguenta há muito tempo, eu indo mais tarde vai te deixar mais confortável, assim você pode comer sem se incomodar.Roberto então desligou o telefone abruptamente, parecendo estar agindo por birra, jogando na cara dela as palavras que ela disse antes. As palavras que Jaqueline disse foram em um momento de d