Era difícil para Jaqueline conciliar o George que estava irado momentos antes com o homem de agora agora: triste, frágil e impotente diante dela. No entanto, eles eram a mesma pessoa. Mesmo um homem como George tinha momentos em que não conseguia controlar suas emoções, se tornando extremamente irritado. Havia também momentos de profunda tristeza e solidão.— Jaqueline, você pode me ajudar a pensar em algo? — George levantou a cabeça, olhando ela seriamente.Jaqueline assentiu, dizendo com urgência: — Claro, vou ajudar você. Só me dê um momento para pensar.Ela estava falando sério.George havia ajudado tanto Jaqueline que, agora que ela tinha uma chance de retribuir, certamente não hesitaria. Se pudesse ajudá-lo a encontrar um amor, se sentiria mais aliviada, não lhe devendo tanto.— Que tal começarmos como amigos? Faça amizade com ela primeiro, sem pensar em conquistá-la. Trate ela com seriedade, cuide dela, conviva de uma maneira confortável. Acredito que, aos poucos, ela começ
— O que foi? — Perguntou George.Jaqueline pensou em responder, mas hesitou, parecia imprudente falar naquele momento, então ela apenas balançou a cabeça:— Nada, vou te ajudar a arrumar isso. Esses documentos são muito importantes, não os deixe jogados por aí.Jaqueline se agachou para recolher os documentos caídos, um a um.— Não se preocupe, Jaqueline, eu posso fazer isso. — Disse George, se apressando em ajudá-la.Quando suas mãos se encontraram sobre o mesmo documento, houve um toque acidental.Jaqueline recuou rapidamente, como se tivesse recebido um choque elétrico, e um sorriso constrangido surgiu em seus lábios enquanto entregava os documentos a George.— George, preciso ir agora, tenho algumas coisas para resolver.George insistiu:— Você não vai esperar a Isabelly? Posso ligar para ela voltar.— Não precisa, tenho compromissos e não posso almoçar com ela hoje. Fica para a próxima vez.— Para onde você vai? Posso te levar.— Não é necessário, pegarei um táxi.— Como assim? Vo
— Temos que ir para longe por um tempo. Para onde você gostaria de ir?Ela precisava encontrar um lugar onde ninguém a reconhecesse, para dar à luz, antes que sua gravidez se tornasse visível.Enquanto ela refletia, o som do celular tocou.Jaqueline não reconhecia o número que chamava, ela pegou o celular e deslizou suavemente na tela para atender.— Alô? — Do outro lado da linha, o silêncio persistia. — Alô, olá. Quem fala?Mas a pessoa do outro lado não respondia.De repente, a chamada foi encerrada.Jaqueline ficou confusa."Será que foi um número errado?"Ela estava prestes a colocar o celular de lado quando ele tocou novamente.Era o mesmo número anterior.Jaqueline atendeu mais uma vez:— Alô, olá. — Ainda no telefone, reinava o silêncio. — Se você não falar, vou desligar e bloquear este número.A pessoa do outro lado continuava em silêncio.Jaqueline sentiu um arrepio, porque ela ouviu uma respiração, claramente humana.Ela podia ouvir a voz da pessoa, o que significava que não
Ângela estava à beira de gritar quando o homem retirou uma faca do bolso e a deslizou entre os dedos.— Cortar sua garganta leva apenas um segundo, não acha? Tente gritar para ver o que acontece.A voz de Ângela ficou presa na garganta. Com os olhos arregalados de pânico, ela perguntou:— Quem é você, afinal? Já aviso, não sou uma pessoa qualquer. Se você ousar me tocar, garanto que pagará um preço terrível. Roberto certamente não deixará isso passar!— Onde está o Roberto? — Perguntou o homem, olhando ao redor, confuso. — Como é que só você está aqui nesta cama de hospital, querendo arrastar outros para o inferno? Mas você tem consciência de si mesma, sabe que tipo de vilã é, que irá para o inferno.— Você... — Ângela estava tão irritada que seu coração quase parou de bater. — Qual é seu objetivo, afinal?O homem guardou a faca:— Srta. Ângela, não precisa se assustar, eu só vim aqui para fazer um acordo com você. Como disse, vamos ser amigos, não inimigos.Ângela não se lembrava de c
O homem falou com desprezo:— Neste país, existem dez milhões de pacientes na fila por um transplante de coração, mas anualmente, menos de 500 transplantes são concluídos com sucesso. A probabilidade é menor que 0,00005%. Aqueles que não obtêm um coração a tempo, ficam dependendo de um volume enorme de medicamentos e tratamentos para estender suas vidas, ou morrem esperando. Srta. Ângela, o que você acredita que acontecerá com você?Ângela permaneceu calada.— Mas de uma coisa pode ter certeza, qualquer que seja o desfecho, será desfavorável para você. Acha mesmo que consegue arrastar Jaqueline com você para o inferno?As palavras severas do homem expuseram a realidade amarga diante dela.Ângela teve que aceitar isso.Ela falou com a voz rouca:— Roberto vai me ajudar, ele com certeza vai...— E daí se ele ajudar? — Interrompeu o homem. — Neste mundo, até as pessoas mais ricas e poderosas enfrentam um dilema: nascimento, envelhecimento, doença e morte. Quando a cura se torna impossível
A palavra "amigo" possuía condições, e Ângela estava ciente disso. Neste mundo, amizades desinteressadas são raras. Esse interesse oculto certamente era movido por algum benefício substancial. — Ha ha. — Ângela subitamente riu. — Roberto é essencial para mim, claro. Você parece ridículo. O que te faz pensar que pode obter um coração para mim? Nem mesmo Roberto conseguiu, suas palavras são exageradamente audaciosas. O homem retirou um celular do bolso e digitou algo rapidamente. Subitamente, o alarme do hospital ecoou, estridente e urgente. Ângela ficou tensa, com o rosto empalidecendo. — O que você fez? — Nada demais, apenas uma brincadeira com o alarme. Ouça como estão todos nervosos lá fora. — O homem se levantou, ajustando seu casaco. — Parece que a Srta. Ângela realmente ama o Roberto, não há dúvidas sobre o amor entre vocês. Nesse caso, então não podemos ser amigos. No entanto, admiro você, Srta. Ângela, por amor, você até arriscaria sua própria vida, isso é louvável.
— A menos que? — Roberto indagou. — Roberto, antes de mais nada, me diga a verdade: você realmente deseja me salvar? — Claro que sim, Ângela. Neste momento, meu único desejo é ver você saudável, eu farei tudo que estiver ao meu alcance para ajudá-la. — Ele estava sinceramente determinado a salvá-la. — Então, por que você ainda não conseguiu? — Ângela refletiu sobre as palavras do homem misterioso. As chances eram mínimas e ela estava aterrorizada com a ideia de morrer. Ela desejava viver bem e mandar Jaqueline para o inferno, enquanto desfrutava de uma vida feliz com Roberto aqui na Terra, deixando que aquelas indignas morressem de ressentimento. — O coração é um recurso extremamente escasso e difícil de ser compatível nos bancos de doadores de transplantes. Por que devemos esperar passivamente? — Ângela perguntou com urgência. — Você não pode buscar em outros lugares? Roberto franziu o cenho e disse: — O que você está sugerindo? — Roberto, não existem alguns negócios o
— Algumas pessoas estão dispostas a se sacrificar para conseguir dinheiro por suas famílias. Deve haver alguém assim. — Insistiu Ângela, sem desistir. Roberto balançou a cabeça, resignado, sem mais nada a dizer. Percebendo a reação fria de Roberto, Ângela se apressou, ansiosa. — Então, você não está disposto a me ajudar a procurar? — Questionou ela, se colocando numa posição emocionalmente elevada. — Você não se importa mais comigo? Sua atitude parece me acusar, como se eu fosse uma criminosa. Mas, mesmo que eu não compre, outros comprarão, e essas indústrias obscuras continuarão a existir! Roberto nunca tinha ouvido Ângela falar coisas tão absurdas. Ele estava furioso. "Essas palavras eram como as de alguém que justifica a compra de uma mulher, dizendo que, mesmo que ele não compre, outros o farão, e os traficantes de pessoas ainda existirão. Não é verdade que, sem compradores, não haveria vítimas? A natureza humana pode ser tão vil." Roberto, de repente, não quis mais fa