Ela deslizou os dedos suavemente sobre aquela cicatriz superficial, e uma pontada atravessou seu coração. A cena caótica invadiu sua mente de forma involuntária: ele tinha avançado sem hesitar. Ela não conseguia esquecer o mal que Roberto lhe fez, mas também não conseguia esquecer o bem. Essa mistura de bondade e crueldade era, sem dúvida, um tormento doloroso e conflituoso. Ela preferia ser desprovida de consciência, se lembrar apenas das coisas boas e esquecer as ruins. Ou, então, se lembrar apenas das coisas ruins, esquecer as boas e se transformar em alguém extremamente furiosa. Mas, ironicamente, ela não conseguia ser tão simples, nem tão extrema. Ela permanecia no meio-termo, se lembrando tanto das coisas boas quanto das ruins. Por isso, oscilava entre um lado e outro, sem um posicionamento firme. No fim, quem mais acabava machucada era ela mesma. Roberto segurou a mão dela. Ao notar a tristeza nos olhos daquela mulher, sentiu uma pontada no peito, como se uma sen
Ela simplesmente não entendeu por que Roberto, de repente, fez aquela pergunta. Mesmo que ela tivesse tido esse tipo de pensamento, o que isso importava para ele? Ele, afinal, também não havia tido pensamentos equivocados sobre ela, acreditando que fosse uma mulher cheia de maldade? Roberto, de repente, sorriu, mas o sorriso dele era extremamente sarcástico. — É verdade. Eu queria mesmo te jogar lá de cima, te deixar em pedaços. Já que ela pensava assim, ele não tinha mais nada a explicar. A distância entre eles era muito maior do que qualquer explicação poderia reduzir. Quando o divórcio finalmente acontecesse, tudo estaria terminado. Essas situações confusas e emaranhadas nunca mais ocorreriam. Ela não podia enfrentá-lo, mas ao menos poderia se afastar dele, não era? Jaqueline se virou de lado na cama, mordendo o dedo enquanto grossas lágrimas escorriam de seus olhos, caindo uma a uma. ... No dia seguinte. Era o dia do divórcio. Os dois levantaram cedo e tomaram c
O que deve terminar sempre termina. Não importa quantas reviravoltas ou surpresas aconteçam antes, nada disso pode mudar o desfecho.Finalmente, ela não era mais a Sra. Santana, não era mais a esposa de Roberto. Roberto se tornaria o marido de Ângela. Jaqueline permaneceu em silêncio por um longo tempo, incapaz de expressar seus sentimentos naquele momento. Era difícil descrever o que sentia, como se algo dentro dela tivesse sido arrancado. Chamar isso de dor parecia exagerado, mas dizer que não doía seria uma mentira. Ela sentia como se sua alma tivesse desaparecido. Talvez isso também fosse uma forma de dor. Uma dor tão profunda que parecia extinguir sua alma, a ponto de a própria sensação de dor desaparecer. Roberto estendeu a mão. — Você pode me dar a sua certidão de casamento? Jaqueline despertou de seu estado de letargia. — O quê? — A certidão de casamento já está invalidada. De qualquer forma, será descartada. Me entregue, vou mostrá-la para Ângela. Jaqueline
Não importava quantas disputas tivessem ocorrido entre eles, no fim das contas, ele não queria prejudicar aquela mulher. O que deveria ser dado a ela, ele não deixaria faltar. Ele também esperava que ela pudesse viver bem. Mesmo que, às vezes, ele ficasse com raiva dela e tivesse muitos sentimentos conflitantes em seu coração, ele ainda não queria que ela passasse por dificuldades. Roberto transferiu a casa dele para o nome dela. Jaqueline já estava bastante chocada. Ela nunca imaginou que ele ainda lhe daria 5% das ações do Grupo Século. Era uma fortuna imensa. Mesmo que ela vendesse esses 5% das ações, não precisaria fazer mais nada pelo resto da vida. Ela poderia viver confortavelmente por dez vidas sem gastar tudo. Além disso, o Grupo Século era uma empresa extremamente próspera e estável, cujas ações continuavam a valorizar ano após ano. Ela jamais poderia imaginar que Roberto seria tão generoso, entregando a ela 5% de uma só vez. Jaqueline ficou tão surpresa que, por um
O rosto de Roberto se tornava cada vez mais sombrio, como se uma nuvem pesada tivesse encoberto o céu antes ensolarado, deixando o ambiente opressivo e carregado. Jaqueline percebeu, ainda que vagamente, a fúria que emanava do homem. Continuar aquela conversa provavelmente os levaria a uma nova briga. Já estavam divorciados, e ela não conseguia entender o motivo de Roberto insistir em dizer aquelas coisas. — Tenho algo para resolver. — Disse Jaqueline, com um tom firme. — Vou cuidar disso agora. Pode ir embora sozinho. Ela se levantou, decidida a sair. De repente, Roberto segurou seu pulso. — O que você tem para resolver? Jaqueline franziu as sobrancelhas e se virou para encará-lo. — Me solte. — Ao perceber que o aperto do homem ficava cada vez mais forte, ela mordeu os lábios, visivelmente irritada. — Já estamos divorciados! Não me puxe, nem tente me segurar. Eu não sou mais sua esposa. É melhor parar com esse comportamento absurdo! Ao ouvir a palavra "absurdo", o cenh
Ele, na verdade, já tinha chegado há muito tempo e estava observando de longe. Estava também com o coração na mão, preocupado que eles não conseguissem se divorciar mais uma vez naquele dia. No entanto, ao ver os dois entrarem no tribunal e depois saírem com alguns documentos nas mãos, ele teve certeza de que o divórcio finalmente havia sido concluído com sucesso. Naquele momento, ele finalmente respirou aliviado. Neste mundo, cada pessoa tem suas próprias intenções egoístas, e ninguém é exceção. Vendo os dois conversarem, George preferiu não interromper. Mas, ao perceber algo estranho, ele imediatamente ligou o carro e foi até lá. O rosto de Roberto, que já estava tenso, ficou ainda mais sombrio ao ver George, como se um raio tivesse cortado as nuvens carregadas. Jaqueline, ansiosa para se livrar de Roberto, rapidamente contornou o carro e abriu a porta do banco do passageiro para entrar. — Saia daqui, para o mais longe possível. Agora, ela só queria se afastar de Ro
Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem. Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse: — Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enq
Ela abaixou a cabeça e deu um sorriso amargo.O que mais ela poderia desejar? Poder se casar com ele já havia esgotado toda a sorte que ela teria na próxima vida.Seus pais eram funcionários comuns do grupo SK. Em um incêndio, ficaram presos na sala de controle, mas antes de morrer conseguiram desligar um sistema importante, evitando a liberação de substâncias tóxicas e prevenindo mais mortes.Na época, a mídia noticiou o ocorrido por muitos dias e a última conversa dos seus pais com o mundo exterior ficou registrada.Com apenas 10 anos, ela teve que ir morar com sua tia.No entanto, a tia era fumante, alcoólatra e viciada em jogos de azar. Um ano depois, perdeu todo o dinheiro da indenização do grupo SK em apostas.Quando ela tinha 11 anos, sua tia a abandonou diretamente na porta da sede do grupo SK.Jaqueline ficou esperando na porta da empresa por dois dias, abraçada a sua mochila. Estava faminta e exausta, até que o presidente do grupo SK passou por ali e a levou para casa.Desde