— Somos amigos. — Disse Jaqueline. — Ele veio comigo para ver o apartamento. Fico com este mesmo. Jaqueline não queria ver mais nada. Achava que o apartamento estava bom e decidiu alugá-lo. No final das contas, todos os imóveis eram basicamente iguais. Desde que a vizinhança fosse tranquila, o lugar fosse limpo e seguro, não precisava ser muito grande, já que ela moraria sozinha. — Jaque, você tem certeza? Não quer ver mais alguns? — Perguntou George. — Não, fico com este mesmo. — Respondeu Jaqueline. — Certo. — Disse George, sem insistir. O apartamento parecia bastante seguro. Depois, George ajudaria Jaqueline a trocar a fechadura e instalar um sistema de segurança. Afinal, não importa quão seguro seja o lugar, uma mulher morando sozinha sempre é mais vulnerável. O corretor ficou surpreso ao encontrar uma cliente tão decidida. Olhou o primeiro imóvel e já fechou negócio, sem sequer negociar o preço. No mesmo dia, Jaqueline assinou o contrato e pagou o depósito e o aluguel.
Jaqueline falou novamente: — Pode ser? Depois de um longo silêncio, Roberto respondeu: — Entendido. Eu vou cuidar disso. Se você quer ir, vá. — Roberto parecia não querer mais se preocupar com ela. Assim que terminou de falar, desligou o telefone. Jaqueline suspirou levemente e se virou para falar com o mordomo: — Já conversei com o Roberto. Quando ele se mudar para a nova casa, organizará tudo para vocês. Quando chegar a hora, terão uma nova senhora. Quanto a esta casa, antes de partirem, limpem tudo e fechem a porta. Talvez um dia ela voltasse, ou talvez nunca mais. Por mais luxuosa que fosse a casa, se ninguém a habitasse, ela perderia seu significado. Enquanto descia as escadas, o mordomo se aproximou e pegou a mala de suas mãos: — Sra. Santana, me deixe ajudá-la. Jaqueline, pensando no filho que carregava no ventre, resolveu tomar cuidado e assentiu: — Está bem, obrigada. O mordomo carregava a mala enquanto descia as escadas ao lado de Jaqueline, dizendo en
Roberto guardou silenciosamente o caderno que estava na cama e o colocou novamente no bolso. — Agora você pode ficar tranquila, certo? Descanse bem. Aguarde por um coração compatível. Você com certeza ficará bem. — Roberto, você sabia? — Ângela tinha um olhar doce, mas carregado de uma leve tristeza. — Eu já tinha perdido todas as esperanças. Já estava preparada para o pior. Mas agora... Agora que finalmente você se divorciou, o meu coração voltou a ter esperança. Eu sei que você vai se casar comigo. Você é um homem de palavra. De qualquer forma, eu vou resistir. Farei de tudo para viver e me tornar sua esposa. Comparado à emoção estampada no rosto de Ângela, Roberto parecia extraordinariamente calmo. Seu semblante estava quase inexpressivo. Ele apenas assentiu levemente. — Não fique tão animada. Mantenha a calma. Caso contrário, isso não será bom para o seu coração. Ângela percebeu a serenidade no rosto de Roberto e sentiu um leve descontentamento em seu coração. Ele havia s
Jaqueline já havia se instalado na nova casa. Ela ficaria ali temporariamente, avaliando as circunstâncias e planejando os próximos passos. Afinal, o mais urgente era encontrar um lugar definitivo para morar. Com sua permissão, George instalou uma fechadura com senha e outros recursos de segurança na casa. O sistema incluía uma função contra invasões: caso a porta não fosse desbloqueada com a impressão da palma da mão dentro do tempo determinado, um alarme soaria imediatamente, acionando a delegacia local, que ficava a apenas cinco minutos dali. — George, muito obrigada! Eu realmente não sei como te agradecer. George a havia ajudado muito, cuidando de tudo para ela. — Não tem problema, não precisa ser tão formal comigo. Embora já tivessem definido que eram bons amigos, George ainda sentia que Jaqueline não se comportava com ele de maneira tão natural quanto com Hebe. Isso, no entanto, era compreensível. Ela e Hebe eram amigas de longa data, enquanto ele e Jaqueline se c
Jaqueline puxou levemente o canto da boca. — Não tem nada de interessante, vovó. Você sabe, eu não estou trabalhando no momento, então... — Ah, falando em trabalho, que tal considerar trabalhar no banco da sua sogra? Afinal, você fez faculdade de Finanças, seria uma ótima oportunidade na sua área. Se Jaqueline pudesse trabalhar lá, Catarina ficaria mais tranquila. Pelo menos haveria alguém para cuidar dela e evitar que fosse maltratada. Embora Nádia tivesse um temperamento frio, ela não era uma pessoa má. — Eu... — Na verdade, Jaqueline não queria se envolver com nenhuma empresa associada à família Santana. Ela estava disposta a visitar a avó com frequência, passar tempo com ela e cuidar dela, mas, em outros aspectos de sua vida, preferia manter distância da família Santana. Ao perceber a hesitação de Jaqueline, o sorriso de Catarina diminuiu um pouco. — O que foi? Você não quer? — Vovó, sobre trabalho, eu mesma vou encontrar uma solução. Você não precisa se preocupar.
Jaqueline tapava os ouvidos, tremendo de medo. Ela sabia que, se abrisse a porta, sua tia provavelmente bateria nela. Embora, quando estava sóbria, sua tia fosse apenas verbalmente agressiva e raramente a agredisse fisicamente, tudo mudava completamente quando ela estava bêbada e perdia toda a razão. Depois de apanhar duas vezes, Jaqueline aprendeu a lição. Sempre que a tia bebia, ela se trancava no quarto. Quando a tia cansava de gritar, voltava para o próprio quarto e caía no sono. Só então Jaqueline se sentia segura. Aqueles tempos foram realmente sombrios. Jaqueline se lembrava de como sua tia frequentemente levava diferentes homens para casa. A única coisa que ela podia fazer nessas ocasiões era se refugiar no quarto e tapar os ouvidos. Mais tarde, a tia a abandonou na porta do Grupo Século. Antes de ir embora, ela ainda disse: — Jaqueline, espera aqui. Daqui a pouco eu volto para te buscar. E o "daqui a pouco" virou dois dias. Durante esses dois dias, Jaqueline permanec
— Então você sabe que não vem aqui com frequência, né! — Catarina bufou friamente. — Só aparece quando tem algum assunto. Se não, nem visita a sua avó. Se não fosse pela Jaque, eu, uma velha, estaria fadada a terminar meus dias na solidão.Roberto se aproximou, se sentando ao lado de Catarina. — Vovó, como isso seria possível? Eu prometo que, daqui pra frente, virei te visitar com mais frequência. Catarina soltou uma risada sarcástica: — Quantas vezes você já disse isso? Nem acredito mais em você. — Vovó, o Roberto tem algo para te dizer, não é? Que tal ouvir o que ele tem pra falar? — A voz suave de Jaqueline ecoou. Quando Roberto ouviu o nome dele saindo da boca dela, sentiu como se algo macio e quente o tivesse atingido no peito. Ele pensava que ela nunca mais chamaria seu nome. Catarina bufou levemente: — Tudo bem. — Ela virou o rosto para Roberto. — Diga, o que é que você quer falar? O olhar de Roberto passou por Catarina e pousou novamente em Jaqueline. Ele estava
O cérebro de Jaqueline quase entrou em colapso. Ela estava a ponto de dar um tapa em Roberto com toda a força. Aquele homem estava se tornando cada vez mais insuportável. Um som de tosse, como um lembrete, ecoou de repente. Jaqueline e Roberto ficaram paralisados no mesmo instante e, então, se viraram lentamente. O mordomo Enrico estava segurando Catarina, que se apoiava nele, a poucos metros de distância. Eles não sabiam desde quando ela estava ali, nem por quanto tempo havia escutado da conversa deles. Foi apenas quando o mordomo tossiu intencionalmente que os dois pararam. Em seus rostos, havia expressões de surpresa em diferentes graus. Catarina permanecia ali, em silêncio, encarando os dois com olhos furiosos. Ao olhar para Roberto ou para Jaqueline, seus olhos transpareciam uma raiva profunda. Com indignação, ela apertou o cabo de sua bengala e bateu no chão com força. Soltou um "humph" frio e se virou para o mordomo, dizendo: — Me leve de volta ao meu quarto. Dep