Depois de abrir o cadeado com as mãos trêmulas, Jaqueline levantou a tampa da caixa, que continha muitos documentos de diversas cores. Ela revirou o conteúdo, mas não encontrou sua carteira de identidade. Havia apenas outros tipos de documentos, incluindo até a certidão de casamento de seus avós, que parecia muito antiga e desbotada. Naquela época, as fotos nos certificados de casamento ainda eram em preto e branco. Seus avós, jovens na foto, eram visivelmente apaixonados: o avô, muito bonito, e a avó, extremamente bela, ambos sorriam felizes. A genética da família Santana era realmente notável. Infelizmente, os anos passam rapidamente, e o tempo envelhece as pessoas. Agora, apenas sua avó restava, guardando todas as memórias felizes naquela caixa, o que justificava o cadeado. Quanto a ela e Roberto, nem sequer teriam memórias felizes para guardar. Um ano de casamento foi muito pouco, tão breve que ao lembrar, tudo lhe parecia amargo. Jaqueline se deu conta de que pre
Depois que Jaqueline desligou o telefone, Roberto, com o rosto frio, colocou o celular de lado e se sentou no sofá do quarto do hospital. Ele havia tomado o medicamento prescrito pelo médico para reduzir seu calor interno, o que o fez se sentir muito melhor.— Roberto, o que houve? Você parece pálido. — Ângela percebeu que aquela ligação, provavelmente feita por Jaqueline, tinha algo de errado.— Não é nada, descanse.— Roberto, e a questão da carteira de identidade? Você ainda não me contou. Conseguiu pegá-la?Ela estava cheia de expectativas, esperando ansiosamente, e assim que Roberto entrou no quarto, ela perguntou apressadamente, mas Roberto ainda não lhe havia respondido.Roberto respondeu:— Não consegui.Ao dizer isso, ele parecia não ter muita emoção, sem raiva, sem irritação e sem arrependimento.— O quê? — Ângela, ao ouvir isso, sentiu imediatamente falta de ar. Roberto tinha acabado de entrar e ela já suspeitava que algo não estava certo, mas ainda assim mantinha a última
Jaqueline acordou bem cedo, com os olhos inchados. Durante o café da manhã, Catarina perguntou com preocupação: — Jaque, o que aconteceu? Seus olhos estão tão inchados. — Eu... — Porque ela havia chorado muito na noite anterior, mas não podia contar a verdade para a avó, então disse. — Talvez... Talvez eu não tenha dormido bem ontem à noite. Catarina, então, mostrou um sorriso sutil: — Casais jovens, não dormir bem à noite é normal, isso pode ajudar a engravidar mais cedo. — Vovó, não fale sobre isso. — Jaqueline corou. Ela havia mentido para a avó naquele dia. Disse que Roberto havia saído cedo por causa de um compromisso e não pôde tomar café da manhã com ela, mas a avó não insistiu mais no assunto. — Está bem, vovó não vai falar mais nisso. Coma mais, isso ajuda a fortalecer o corpo. Jaqueline comeu o café da manhã a contragosto, pensando no problema do RG. Sentia que, dependendo apenas de seu esforço, não conseguiria encontrá-lo. Só se a avó dissesse onde estava
Após o café da manhã, Jaqueline ainda permaneceu um tempo conversando com Catarina antes de se despedir. O motorista a conduziu de volta à casa que dividia com Roberto. Chegando ao quarto, ela se deixou cair exausta na cama. Não dormiu bem na noite anterior e sentia um cansaço avassalador. Segurando a carteira de identidade e ao ver o nome de Roberto estampado nela, lágrimas brotaram involuntariamente em seus olhos.Tendo a identidade em mãos, ela precisava telefonar para Roberto a fim de informá-lo que eles poderiam se divorciar ainda naquele dia, conforme o planejado. No entanto, ao discar o número, uma gravação automática respondeu:— Desculpe, o número discado está em outra chamada. Por favor, tente mais tarde.Jaqueline tentou mais uma vez, mas a linha permanecia ocupada. Imaginando que ele estivesse ocupado, esperou meia hora antes de tentar novamente, apenas para descobrir que o telefone estava desligado. Confusa, ela pensou."Ele está evitando minhas ligações propositalme
Se passaram mais dois dias.Jaqueline ainda não havia conseguido contatar Roberto, mas, por sorte, quando apresentou sua identidade na sexta-feira, conseguiu protelar a situação por mais um dia.Durante o sábado e o domingo, ela utilizou a desculpa de que não era possível providenciar um novo passaporte durante o fim de semana, já que os funcionários estavam de folga.Nesses dois dias, ela tentou incessantemente entrar em contato com Roberto, sem sucesso. Ligou inúmeras vezes, mas o telefone estava sempre desligado. Ela não conseguia imaginar o que ele e Ângela estavam fazendo para estarem tão inacessíveis.Sem outras alternativas, Jaqueline só podia esperar, angustiada e com o coração apertado.Chegou a segunda-feira.Logo cedo, Catarina ligou, falando diretamente:— Jaque, você precisa ir providenciar o passaporte hoje, e à tarde deve devolver a identidade para a vovó. Sem mais delongas.A voz de Catarina soava muito séria, ela parecia preocupada com o que poderia acontecer se a iden
Duas horas depois...Dentro do café, Jaqueline estava sentada à mesa, aguardando com ansiedade.Então, um homem entrou no café vestindo roupas casuais brancas, um visual muito mais simples e amigável do que sua habitual aparência impecável em ternos.Ele se aproximou de Jaqueline, que olhava pela janela como se procurasse algo, e disse em voz baixa: — Jaqueline.Ao ouvir sua voz, Jaqueline se virou e, ao ver George, perguntou rapidamente: — Sr. George, como estão as coisas?George se sentou à frente dela e respondeu: — Já falei para me chamar apenas de George, "Sr. George" soa muito formal. Afinal, ele já a chamava de Jaqueline.Jaqueline esboçou um sorriso forçado, não querendo insistir na formalidade, e perguntou novamente: — George, como estão as coisas?— Conversei com alguns amigos que investigaram e conseguiram um endereço. Roberto ainda está na Cidade do Mar Estelar, mas em um resort isolado. Ele reservou o resort inteiro só para ele.— Um resort?— Sim. — George retir
Originalmente, Jaqueline não pretendia incomodar George, ela planejava entrar no resort sozinha. No entanto, George lhe informou que conhecia bem o local e sabia como andar por lá. Caso contrário, se Jaqueline entrasse sozinha e despreocupada, poderia enfrentar dificuldades para encontrar Roberto, dada a vastidão do lugar.Por isso, Jaqueline concordou que George a acompanhasse.Ela estava verdadeiramente grata por George se esforçar tanto para ajudá-la e prometeu a si mesma que o levaria para um jantar especial após resolverem essa questão.Os dois, disfarçados de garçons, um homem e uma mulher, caminhavam pelo resort.— Logo à frente, à esquerda, deve ser o quarto dele.Jaqueline assentiu: — Entendi, George, muito obrigada mesmo.Encontrar Roberto não era uma tarefa fácil. Ela não sabia quantos favores George havia pedido secretamente, ele certamente teria de retribuir esses favores mais tarde.— Não precisa ser formal comigo, ajudar você também me deixa feliz. — Disse George com u
Roberto ainda dormia profundamente, imerso em um sono tão pesado que o ruído ao redor não o despertava. Lágrimas de raiva escorriam incontrolavelmente pelo rosto de Jaqueline, quando George chegou. Ao ouvir o tumulto e preocupado, se apressou até o local, se deparando com a cena.Ele franziu a testa e rapidamente se posicionou à frente de Jaqueline.— Nossa, quem é essa? — Ângela se encostou em Roberto e riu. — Ainda tem a cara de pau de vir pegar no flagra. Você não trouxe um homem também?George se virou, segurando os ombros de Jaqueline, e sugeriu:— Que tal voltarmos?— Não, espera. Jaqueline enxugou as lágrimas, passou por George e caminhou até a cama, agarrando o braço de Roberto. — Roberto, acorda! Levanta!— O que você está fazendo? — Ângela tentou impedi-la, mas Jaqueline a empurrou com força.— Ah! — Ângela soltou um gritinho, fingindo fraqueza e caiu na cama, começando a chorar. — Roberto, acorda logo, eles estão me maltratando, olha só.O homem na cama, ainda profundamen