Donatella Romanova — Senhora Volkova está aqui — uma das empregadas anunciou. Me levantei surpresa. Victoria não costumava aparecer sem avisar. Quando entrei na sala de visitas, ela estava lá, impecável como sempre. — Donatella... — Sua voz soou casual — Espero não estar te incomodando com a minha visita. — Você sabe que não. — Dei um sorriso amistoso, apesar de tudo o que Victoria havia feito — Está tudo bem? — Eu estava por perto e decidi passar para ver como você está. — Ela se aproximou, seus olhos me avaliando com uma leve preocupação. — Parece que as coisas têm sido difíceis. Sergei me contou. — Ah claro... Roman tem estado um pouco ausente nas reuniões do conselho. — Ah querida, eu sinto muito — Victoria me abraçou apertado, afagando os meus cabelos com delicadeza. — Eu soube que não tem passado muito bem, seria um Ostrov a caminho? Sorrio com o pensamento, sinceramente gostaria de ter um bebê em minha barriga. — Ainda não... mas estamos praticando — confess
Roman Ostrov A noite estava fria, mas meu sangue fervia enquanto segurava Donatella em meus braços. Ela estava inconsciente, o rosto pálido como a lua que iluminava o caminho até o carro. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto eu dirigia às pressas para o hospital, a cabeça cheia de pensamentos caóticos e perguntas sem respostas. — Aguente firme, Donatella. — Murmurei, mesmo sabendo que ela não podia me ouvir. Assim que chegamos ao hospital, uma equipe de médicos e enfermeiros a levou para a emergência. Caminhei atrás deles, incapaz de ficar parado, mas sabendo que não podia fazer mais nada além de esperar. O corredor branco e estéril parecia sufocante, e minha mente trabalhava incessantemente, tentando encontrar uma explicação para o que estava acontecendo. Depois de um tempo que pareceu infinito, o médico que cuidava de Donatella se aproximou. Ele parecia preocupado, a gravidade em sua expressão apenas reforçando o aperto no meu peito. — Senhor Ostrov, preciso falar com
Donatella Romanova Acordei sentindo o mundo girar, como se estivesse presa em um carrossel descontrolado. Meus olhos piscavam contra a luz forte do quarto do hospital, e um zumbido irritante preenchia meus ouvidos. Meu corpo parecia pesado, cada movimento um esforço monumental. — Que tontura... — murmurei, tentando me sentar. Uma mão firme pousou no meu ombro, me impedindo. O médico estava ao meu lado, uma expressão neutra no rosto, mas seus olhos revelavam preocupação. — Calma, Sra. Ostrova. Você precisa descansar. — Sua voz era tranquila, mas havia algo de grave no tom. — O que aconteceu? — Perguntei, minha voz saindo fraca. Ele pegou meu pulso, verificando os sinais vitais enquanto respondia. — Seu quadro piorou. Descobrimos que o conhaque que você vinha consumindo continha um veneno muito específico. É isso que está comprometendo seu coração. A tontura foi imediatamente substituída por uma onda de náusea. Meu estômago revirou enquanto o impacto daquelas palavras se
Roman Ostrov O salão principal da mansão estava mais iluminado do que nunca, cada lustre de cristal refletindo o brilho das taças que tilintavam e as gargalhadas que ecoavam pelo ambiente. Era irônico, talvez até cruel, estarmos celebrando em meio a tanto caos. Mas Donatella queria essa festa. Ela insistiu que não haveria luto pelo que estava por vir, apenas celebração pelo presente que recebemos: nosso filho. Permaneci ao lado dela a maior parte da noite, minha mão pousada em sua cintura enquanto cumprimentávamos os membros do conselho da Bratva, cada um mais entusiasmado do que o outro. Dmitry estava ao fundo, sempre atento, sua postura impecável. Donatella usava um vestido azul que caía perfeitamente em suas curvas. Ela sorria com uma graça que fazia todos ao nosso redor se encantarem. Donatella era sem dúvida a personificação da perfeição, bela e graciosa. — Você está bem? — Perguntei em voz baixa, me inclinando para ela enquanto fingia um sorriso para os convidados. —
Roman Ostrov Donatella parecia perplexa com a revelação, mas ainda havia muito mais a ser dito. — Mas Anastacia... — Continuei, minha voz endurecendo. — Anastacia foi diferente. Anastacia fez um acordo com o meu pai, você continuaria viva desde que se casasse comigo. — Ela me entregou pra você... — Ela murmurou, quase sem acreditar. — Sim. Eu vi a crueldade por trás do ato de Anastacia. Qual é a mãe que entrega a própria filha na mão de um monstro como eu? — Você não é um monstro, Roman. — Donatella me olhava com admiração. — Você fez o que precisava ser feito. — Quando Anastacia fugiu e deixou você para trás, eu fui atrás dela. Afinal, não foi apenas pela crueldade dela com você. — Fiz uma pausa, minha voz ficando ainda mais baixa — Pesquisei mais sobre ela, e descobri os negócios sujos dela em Nova York, tráfico de mulheres. — Tráfico de mulheres? Minha mãe? — Ela balançou a cabeça, como se tentasse afastar a ideia. — Isso não faz sentido, Roman. — Faz. — Respondi
Donatella Romanova Roman estava em guerra. Não apenas contra Ivan Ostrov, mas contra tudo e todos que ousassem ficar no caminho dele. A ferocidade com que ele buscava seu pai era algo quase sobre-humano. Não importava o lugar, não importava o preço. Roman vasculhava cada canto, cada aliança, cada possibilidade, determinado a encontrar Ivan e dar fim ao legado de terror que ele havia deixado. No início do nosso casamento a ideia era clara: Roman mataria Ivan, e quando chegasse a hora, eu mataria Roman. Restaria apenas o nosso filho, o legítimo herdeiro da Bratva, para começar uma nova era. Era uma fantasia cruel, mas me parecia justa naquele tempo. Eu era uma mulher cheia de ódio, e o ódio era o que me sustentava. Mas agora... agora tudo mudou. Não conseguia mais imaginar minha vida sem ele. Roman havia se tornado minha âncora, meu refúgio em meio ao caos que sempre foi minha existência. Seu toque, suas palavras, sua presença – tudo nele era um lembrete de que eu não estava soz
Roman Ostrov A reunião com o conselho da Bratva havia sido longa e exaustiva. Cada decisão parecia um fardo maior do que o último. Dmitry estava sentado ao meu lado no carro, revisando alguns papéis em silêncio. Na frente, Bóris liderava a escolta de moto, como de costume. O som constante do motor era tranquilizador, até que vi Bóris desacelerar. Ele virou a moto, aproximando-se do nosso carro até ficar paralelo à janela. Bóris fez um gesto rápido, tínhamos um código vermelho. A mansão foi atacada. — Retorne! — Dmitry ordenou, mas eu não tinha tempo para cautela. — Não, eu preciso resgatar Donatella! Acelere — Ordenei ao motorista, ignorando o protesto de Dmitry. — Nossos homens irão até lá. — Acelere, porra! — gritei para o motorista. O carro arrancou, e meu coração começou a bater mais rápido a cada metro que nos aproximávamos da mansão. A tensão no ar era quase palpável. Eu só conseguia pensar em Donatella. Ela tem que estar bem. Ela precisa estar bem. Quando o ca
Donatella Romanova Minha mente estava turva, os sentidos anestesiados por algo que não conseguia identificar. Eu tentava me concentrar, mas as últimas horas eram um borrão. A fuga. O sangue. Os gritos. E então… o cheiro acre de clorofórmio.Abri os olhos com dificuldade, piscando contra a luz fraca que iluminava o ambiente. Estava em um quarto pequeno e vazio, as paredes de concreto cru e uma única janela com grades altas demais para alcançar. O cheiro de mofo impregnava o ar, e o som distante de água pingando ecoava ao longe.Tentei mover meus braços, mas eles estavam presos às costas da cadeira onde eu estava amarrada. As cordas eram apertadas, cortando minha pele. Respirei fundo, forçando minha mente a se focar.Foi quando ouvi o som de passos. Eles eram ritmados, calculados, como se a pessoa que se aproximava estivesse deliberadamente querendo que eu os ouvisse. A porta de metal rangeu ao abrir, revelando um homem que parou sob o arco da entrada.Ele era imponente, a figura desta