Donatella Romanova Minha mente estava turva, os sentidos anestesiados por algo que não conseguia identificar. Eu tentava me concentrar, mas as últimas horas eram um borrão. A fuga. O sangue. Os gritos. E então… o cheiro acre de clorofórmio.Abri os olhos com dificuldade, piscando contra a luz fraca que iluminava o ambiente. Estava em um quarto pequeno e vazio, as paredes de concreto cru e uma única janela com grades altas demais para alcançar. O cheiro de mofo impregnava o ar, e o som distante de água pingando ecoava ao longe.Tentei mover meus braços, mas eles estavam presos às costas da cadeira onde eu estava amarrada. As cordas eram apertadas, cortando minha pele. Respirei fundo, forçando minha mente a se focar.Foi quando ouvi o som de passos. Eles eram ritmados, calculados, como se a pessoa que se aproximava estivesse deliberadamente querendo que eu os ouvisse. A porta de metal rangeu ao abrir, revelando um homem que parou sob o arco da entrada.Ele era imponente, a figura desta
Roman Ostrov Minha mente estava em chamas enquanto o carro cortava as ruas, liderando a caravana que me acompanhava até o local onde Donatella estava sendo mantida. Dmitry estava ao meu lado, murmurando atualizações enquanto analisava as informações que havíamos coletado. Cada detalhe, cada pequena pista, havia nos levado até aqui. A ansiedade de encontrá-la estava me corroendo por dentro, mas eu não podia permitir que isso transparecesse. — Estamos chegando, chefe. — Dmitry disse, olhando para mim com aquela mistura de respeito e preocupação. Eu assenti, os dedos apertando a arma em minha mão. O lugar era uma construção abandonada, afastada de qualquer rota movimentada. Era óbvio que escolheram o local pela sua discrição, mas isso não importava. Estávamos prontos. — Entrem em posição. — Ordenei pelo rádio. Meus homens se espalharam ao redor do prédio, cada um assumindo sua posição estratégica. Boris, sempre meticuloso, liderava a entrada. Quando finalmente avançamos, a resistê
Donatella Romanova Acordei com um peso no peito, um aperto que não podia ser ignorado. Minha mente estava uma bagunça, misturando sonhos e memórias recentes. O quarto estava mergulhado em silêncio, e isso só aumentava minha inquietação. — Roman? — Chamei, minha voz saindo rouca enquanto me levantava da cama. Olhei ao redor, como se ele pudesse surgir a qualquer momento. Mas ele não estava ali. Empurrei as cobertas e me levantei, o frio do chão de mármore me despertando completamente. Saí do quarto apressada, encontrando Bóris no corredor. Ele estava sentado em uma cadeira, os braços cruzados, sua expressão sempre séria. — Onde está Roman? — Perguntei, minha voz carregada de ansiedade. Bóris levantou-se imediatamente, como se tivesse esperado essa pergunta. — Ele e Dmitry saíram na noite passada para resolver um assunto. — Ele respondeu, seu tom era neutro, mas o desconforto era perceptível. — Eles logo estarão de volta, senhora. Eu assenti, tentando me acalmar. Mas algo dentro
Donatella Romanova Desci as escadas rapidamente, encontrando o soldado que Bóris havia deixado para me proteger. Ele estava de pé perto da entrada, seu olhar endurecido pela tensão. — Quero que me leve à casa da minha família. Agora. — Ordenei, minha voz carregada de determinação. — Senhora Ostrova, tenho ordens de permanecer aqui e garantir sua segurança. — Ele respondeu, sua postura rígida. — Você está recusando uma ordem da esposa da Bratva? — Minha voz ganhou um tom de desafio, meus olhos fixos nos dele. — Roman Ostrov pode estar morto, mas eu sou a senhora dessa casa. E você me deve obediência. O soldado hesitou, mas o peso das minhas palavras o fez ceder. Ele assentiu, ajustando o coldre de sua arma antes de abrir a porta para mim. — Como quiser, senhora. — Disse ele, sua voz baixa. Entrei no carro com a moeda ainda apertada na minha mão, meu coração batendo forte enquanto o veículo arrancava. A casa que eu deixara para trás estava esperando por mim, e com ela, todas as
Donatella Romanova A sede da Bratva estava cercada por seguranças armados, mas eu conhecia suas rotas. Roman havia me ensinado a observar, a encontrar brechas. Movi-me pelas sombras, meus passos leves como os de um gato, evitando cada câmera e guarda. Não era difícil, considerando o caos que reinava desde a morte de Roman. A entrada lateral era pouco vigiada. Aproveitei um momento em que os seguranças estavam distraídos para entrar. Os corredores da sede estavam banhados por uma luz fraca, ecoando com o som distante de vozes em uma sala mais adiante. Eu segui o som, cada passo carregado de tensão. Quando me aproximei, ouvi a voz de Mickail. Ele parecia calmo, mas havia algo de frio em seu tom. — Antes de discutirmos os próximos passos para consolidar o futuro da Bratva, preciso esclarecer algo essencial. — A voz de Mickail era calma, controlada, mas carregada de um peso que capturou a atenção de todos na sala. Ele colocou um envelope sobre a mesa, seus dedos longos e firmes desli
Donatella RomanovaMeu corpo parecia pesar toneladas enquanto Bóris me guiava para fora da sede da Bratva. Minhas mãos ainda tremiam, os ecos dos tiros disparados contra Mickail vibrando na minha mente. Eu sentia o olhar pesado dos conselheiros, mas ninguém disse nada. Eles sabiam que não havia mais argumentos ou ameaças. O monstro tinha caído, e eu tinha feito justiça com minhas próprias mãos.— A reunião foi cancelada. — Bóris disse, sua voz baixa e firme. Ele me segurou pelo braço, ajudando-me a andar. — Vamos para casa.Assenti sem discutir. Estava fraca, e cada passo parecia um desafio. O carro nos esperava do lado de fora, os olhos vigilantes dos guardas me acompanhando.No caminho para casa, meu corpo cedeu ao cansaço. Encostei a cabeça no vidro frio da janela, tentando organizar os pensamentos. Roman estava morto. Essa era a única certeza que eu tinha. E, no entanto, algo dentro de mim não queria aceitar. Não podia aceitar.Quando chegamos à mansão, Bóris me ajudou a entrar.—
Roman Ostrov Donatella estava recostada na cabeceira da cama, sua expressão serena, mas eu podia sentir a tensão que ainda pairava entre nós. Sua mão estava sobre a minha, e mesmo depois de tudo, aquele pequeno gesto me dava uma sensação de paz que eu não sentia há dias. Mas havia perguntas não respondidas entre nós. Havia sombras que precisavam ser dissipadas. Respirei fundo, segurando sua mão com mais firmeza. — Donatella, precisamos conversar sobre o dia em que você fugiu. — Minha voz era baixa, mas séria. Os olhos dela buscaram os meus, e por um momento, vi o brilho da hesitação. Mas, como sempre, Donatella era mais forte do que qualquer coisa que pudesse tentar quebrá-la. — Roman, eu... — Ela começou, mas sua voz vacilou. Engoliu em seco e recomeçou. — Victoria apareceu naquele dia. Ela me mostrou algo... um vídeo. Meus músculos se tensionaram. Victoria. Claro que ela estava por trás disso. Minha mandíbula apertou, mas mantive meu olhar fixo em Donatella, esperando q
Roman Ostrov — Quero uma conversa privada! — Rodolfo me analisa, e eu faço o mesmo com ele. Depois de um breve momento de tensão, concordei e segui para o meu escritório, um dos meus homens fez menção de me acompanhar mas com o gesto meu voltou atrás. — Você sequestrou a minha mulher. — Minha voz saiu firme, mas controlada. — Me diga, senhor Takeda, por que eu deveria ser cordial com você? Ele não recuou. Em vez disso, manteve o olhar fixo no meu, sua expressão séria e cheia de intenções. — Posso provar que jamais faria mal a ela, Roman. — Ele começou, sua voz baixa, mas carregada de significado. — Mas precisava chamar a sua atenção. Era a única forma. Me sentei na cadeira atrás da mesa, analisando cada movimento seu. Algo me dizia que ele não tinha vindo para uma simples negociação. Eu gesticulei para que continuasse. — Prossiga. — Ordenei. Rodolfo colocou a mão no bolso interno do casaco, e meu corpo ficou imediatamente alerta. Minhas mãos estavam prontas para alcançar a a