Roman Ostrov Donatella parecia perplexa com a revelação, mas ainda havia muito mais a ser dito. — Mas Anastacia... — Continuei, minha voz endurecendo. — Anastacia foi diferente. Anastacia fez um acordo com o meu pai, você continuaria viva desde que se casasse comigo. — Ela me entregou pra você... — Ela murmurou, quase sem acreditar. — Sim. Eu vi a crueldade por trás do ato de Anastacia. Qual é a mãe que entrega a própria filha na mão de um monstro como eu? — Você não é um monstro, Roman. — Donatella me olhava com admiração. — Você fez o que precisava ser feito. — Quando Anastacia fugiu e deixou você para trás, eu fui atrás dela. Afinal, não foi apenas pela crueldade dela com você. — Fiz uma pausa, minha voz ficando ainda mais baixa — Pesquisei mais sobre ela, e descobri os negócios sujos dela em Nova York, tráfico de mulheres. — Tráfico de mulheres? Minha mãe? — Ela balançou a cabeça, como se tentasse afastar a ideia. — Isso não faz sentido, Roman. — Faz. — Respondi
Donatella Romanova Roman estava em guerra. Não apenas contra Ivan Ostrov, mas contra tudo e todos que ousassem ficar no caminho dele. A ferocidade com que ele buscava seu pai era algo quase sobre-humano. Não importava o lugar, não importava o preço. Roman vasculhava cada canto, cada aliança, cada possibilidade, determinado a encontrar Ivan e dar fim ao legado de terror que ele havia deixado. No início do nosso casamento a ideia era clara: Roman mataria Ivan, e quando chegasse a hora, eu mataria Roman. Restaria apenas o nosso filho, o legítimo herdeiro da Bratva, para começar uma nova era. Era uma fantasia cruel, mas me parecia justa naquele tempo. Eu era uma mulher cheia de ódio, e o ódio era o que me sustentava. Mas agora... agora tudo mudou. Não conseguia mais imaginar minha vida sem ele. Roman havia se tornado minha âncora, meu refúgio em meio ao caos que sempre foi minha existência. Seu toque, suas palavras, sua presença – tudo nele era um lembrete de que eu não estava soz
Roman Ostrov A reunião com o conselho da Bratva havia sido longa e exaustiva. Cada decisão parecia um fardo maior do que o último. Dmitry estava sentado ao meu lado no carro, revisando alguns papéis em silêncio. Na frente, Bóris liderava a escolta de moto, como de costume. O som constante do motor era tranquilizador, até que vi Bóris desacelerar. Ele virou a moto, aproximando-se do nosso carro até ficar paralelo à janela. Bóris fez um gesto rápido, tínhamos um código vermelho. A mansão foi atacada. — Retorne! — Dmitry ordenou, mas eu não tinha tempo para cautela. — Não, eu preciso resgatar Donatella! Acelere — Ordenei ao motorista, ignorando o protesto de Dmitry. — Nossos homens irão até lá. — Acelere, porra! — gritei para o motorista. O carro arrancou, e meu coração começou a bater mais rápido a cada metro que nos aproximávamos da mansão. A tensão no ar era quase palpável. Eu só conseguia pensar em Donatella. Ela tem que estar bem. Ela precisa estar bem. Quando o ca
Donatella Romanova Minha mente estava turva, os sentidos anestesiados por algo que não conseguia identificar. Eu tentava me concentrar, mas as últimas horas eram um borrão. A fuga. O sangue. Os gritos. E então… o cheiro acre de clorofórmio.Abri os olhos com dificuldade, piscando contra a luz fraca que iluminava o ambiente. Estava em um quarto pequeno e vazio, as paredes de concreto cru e uma única janela com grades altas demais para alcançar. O cheiro de mofo impregnava o ar, e o som distante de água pingando ecoava ao longe.Tentei mover meus braços, mas eles estavam presos às costas da cadeira onde eu estava amarrada. As cordas eram apertadas, cortando minha pele. Respirei fundo, forçando minha mente a se focar.Foi quando ouvi o som de passos. Eles eram ritmados, calculados, como se a pessoa que se aproximava estivesse deliberadamente querendo que eu os ouvisse. A porta de metal rangeu ao abrir, revelando um homem que parou sob o arco da entrada.Ele era imponente, a figura desta
Roman Ostrov Minha mente estava em chamas enquanto o carro cortava as ruas, liderando a caravana que me acompanhava até o local onde Donatella estava sendo mantida. Dmitry estava ao meu lado, murmurando atualizações enquanto analisava as informações que havíamos coletado. Cada detalhe, cada pequena pista, havia nos levado até aqui. A ansiedade de encontrá-la estava me corroendo por dentro, mas eu não podia permitir que isso transparecesse. — Estamos chegando, chefe. — Dmitry disse, olhando para mim com aquela mistura de respeito e preocupação. Eu assenti, os dedos apertando a arma em minha mão. O lugar era uma construção abandonada, afastada de qualquer rota movimentada. Era óbvio que escolheram o local pela sua discrição, mas isso não importava. Estávamos prontos. — Entrem em posição. — Ordenei pelo rádio. Meus homens se espalharam ao redor do prédio, cada um assumindo sua posição estratégica. Boris, sempre meticuloso, liderava a entrada. Quando finalmente avançamos, a resistê
Donatella Romanova Acordei com um peso no peito, um aperto que não podia ser ignorado. Minha mente estava uma bagunça, misturando sonhos e memórias recentes. O quarto estava mergulhado em silêncio, e isso só aumentava minha inquietação. — Roman? — Chamei, minha voz saindo rouca enquanto me levantava da cama. Olhei ao redor, como se ele pudesse surgir a qualquer momento. Mas ele não estava ali. Empurrei as cobertas e me levantei, o frio do chão de mármore me despertando completamente. Saí do quarto apressada, encontrando Bóris no corredor. Ele estava sentado em uma cadeira, os braços cruzados, sua expressão sempre séria. — Onde está Roman? — Perguntei, minha voz carregada de ansiedade. Bóris levantou-se imediatamente, como se tivesse esperado essa pergunta. — Ele e Dmitry saíram na noite passada para resolver um assunto. — Ele respondeu, seu tom era neutro, mas o desconforto era perceptível. — Eles logo estarão de volta, senhora. Eu assenti, tentando me acalmar. Mas algo dentro
Donatella Romanova Desci as escadas rapidamente, encontrando o soldado que Bóris havia deixado para me proteger. Ele estava de pé perto da entrada, seu olhar endurecido pela tensão. — Quero que me leve à casa da minha família. Agora. — Ordenei, minha voz carregada de determinação. — Senhora Ostrova, tenho ordens de permanecer aqui e garantir sua segurança. — Ele respondeu, sua postura rígida. — Você está recusando uma ordem da esposa da Bratva? — Minha voz ganhou um tom de desafio, meus olhos fixos nos dele. — Roman Ostrov pode estar morto, mas eu sou a senhora dessa casa. E você me deve obediência. O soldado hesitou, mas o peso das minhas palavras o fez ceder. Ele assentiu, ajustando o coldre de sua arma antes de abrir a porta para mim. — Como quiser, senhora. — Disse ele, sua voz baixa. Entrei no carro com a moeda ainda apertada na minha mão, meu coração batendo forte enquanto o veículo arrancava. A casa que eu deixara para trás estava esperando por mim, e com ela, todas as
Donatella Romanova A sede da Bratva estava cercada por seguranças armados, mas eu conhecia suas rotas. Roman havia me ensinado a observar, a encontrar brechas. Movi-me pelas sombras, meus passos leves como os de um gato, evitando cada câmera e guarda. Não era difícil, considerando o caos que reinava desde a morte de Roman. A entrada lateral era pouco vigiada. Aproveitei um momento em que os seguranças estavam distraídos para entrar. Os corredores da sede estavam banhados por uma luz fraca, ecoando com o som distante de vozes em uma sala mais adiante. Eu segui o som, cada passo carregado de tensão. Quando me aproximei, ouvi a voz de Mickail. Ele parecia calmo, mas havia algo de frio em seu tom. — Antes de discutirmos os próximos passos para consolidar o futuro da Bratva, preciso esclarecer algo essencial. — A voz de Mickail era calma, controlada, mas carregada de um peso que capturou a atenção de todos na sala. Ele colocou um envelope sobre a mesa, seus dedos longos e firmes desli