O que fazer quando seu corpo permanece exausto mas sua mente sente-se cansada de dormir?
O que fazer quando sua mente luta para manter a consciência enquanto seu corpo implora pelo sono.
É o conflito que Katharyna lida.
Vagas lembranças povoam sua mente. A dor em seu corpo estava tão grande como se nunca tivesse deixado a mata e corrente. Mas um conforto incomum é sentido.
Quando abriu os olhos teve uma grande surpresa. Estava em um grande quarto de luxo. Um quarto onde, mesmo aquecida com uma lareira e cobertores finos de pele legítima não está confortável. Sozinha nesse lugar grande, sente-se indefesa.
Sente um incômodo em sua cabeça que parece mais pesada que o normal e sabe que está fraca demais para levantar. Seus olhos pesam para manter-se aberto e sua única opção é fechá-los enquanto finge dormir. Katharyna não tem coragem para abri-los. Ela sente que pode ser pega a qualquer momento se abri-los e, apesar do medo que percorreu seu corpo, sente-se levemente orgulhosa quando escuta a porta repentinamente ser aberta e passos povoarem o local.
Um incomum e estranho arrepio percorreu entre suas pernas quando concentra-se no som. São pesados, firmes e calmos.
Ouve vozes um tanto agitadas. Incluindo mulheres um tanto amedrontada.
— Amo, juro pelo que é mais sagrado que ela havia acordado! — Uma mulher fala desesperada. E, de fato, tem motivo para estar.
Ajoelha-se com lágrimas nos olhos e continua a afirmar várias e várias vezes que a mulher estava acordada. Viu seus olhos moveram-se lutando pela consciência e, agora, ao retornar ao quarto ela permanecia dormindo.
Teme pela sua vida. Um preço por tomar o tempo de seu amo.
O desespero dos escravos deixa a própria Katharyna nervosa. De modo que não abre os olhos por medo. Fica tensa quando todo o barulho para.
Todos paralisam quando seu amo levanta a mão. E rapidamente saem do quarto deixando-os sozinho. Katharyna ouve-os sair e, mesmo assim, não atreve-se a abrir os olhos para conferir.
Seu nervosismo é tão grande que quase revela estar acordada. O silêncio é angustiante, quase torturante. Seu medo é tanto que discretamente tenta segurar a manta na cama em busca das forças.
— Sei que estás acordada. — É grave e rouca. Mesmo sendo um sussurro, a voz máscula bate no seu ouvido arrepiando-a de modo que se contorce o pescoço.
Assustada, a mulher tenta afastar-se seguindo o sábio instinto de sobrevivência. Mas seu corpo está fraco. O brusco movimento causa dor. Sua cabeça parece mais pesada. Uma tontura assola sua visão e demora longos segundos até voltar a estabilidade.
Mas quando abre os olhos, ela o vê…
O quarto está escuro. É de noite. Apenas o fogo da laleira afugenta o escuro onde ele se esconde. É grande. Na verdade, enorme!
Seus ombros são largos e seu bíceps são musculoso. Usa ouro como bracelete e veste apenas uma calça nobre de cor preta. Sua postura é arrogante e superior. Poderoso e perfeito.
Ele a intimida de modo que homem algum conseguiu.
Seu coração está acelerado. E tudo que ela consegue fazer é encarar aqueles olhos vermelhos.
É majestoso. Mortal…
É tão intenso que Katharyna sente medo da íris desmanchar-se em sangue por toda esclerótica branca. Para ela, que mal sabe estar encantada pelos olhos que trouxe medo, pavor e morte a muitos de sua espécie, é simplesmente magnífico ver aquela pupila tão negra dilatar.
Não há pergunta. Não há questionamento. Nada desvia o olhar de Katharyna do vermelho-sangue daquela íris e nada desvia o olhar daqueles castanhos dos olhos de mulher. Um castanho que lembra, não apenas a terra do outono, mas também os troncos das mais fortes árvores. Olhos que lembram a areia molhada da praia de Hyfhyttus que sumiram no azul do mar no inverno tenebroso.
A mutação foi surpreendente. É inevitável não ficar encantada ao ver o azul surgir, primeiro, contornando a pupila negra para depois desmanchar-se e tingir todo o vermelho sem deixar um único rastro. Um azul tão claro que quase chega ao branco. Mas tão frio quanto a mais gelada pedra de gelo.
Então ela desperta de seu transe.
Talvez ela esteja lerda. Talvez ela pareça uma idiota como muitos homens — incluindo seu pretendente — a chamam. Mas agora, realmente parece uma boba sem reação.
Está com medo. Na verdade, apavorada. É bom que sinta isso. Mas também está encantada.
E como uma fera, ele permanece no silêncio do escuro. Encarando, observando.
Katharyna não ousa dizer uma palavra. Sente que pode ter sua cabeça arrancada no mínimo som que o desagrade. E mesmo que fosse corajosa a esse ponto, sua garganta queima de cede.
Julga-se incapaz de pronunciar meia palavra.
Mas o silêncio perturbador prossegue. Ela estremece sem saber o que fazer. Está nervosa como uma presa encurralada.
E como um assassino, repara em cada ação de seu corpo. Ele ouve o ritmo acelerado de seu coração. Sua mão permanece suando e a tremedeira é notável.
Ele está seus músculos. Seus punhos fecham-se ao lado da calça negra e o ouro no pulso não o deixa menos intimidante. Ele não deixa de encará-la. Katharyna tenta afastar-se.
É inútil.
— Q-Quem… — Sua voz não sai mais do que um mero sussurro que perde-se no grito quando sente a pressão de suas mãos pegando em suas pernas e a puxando para debaixo dele.
Ela sequer ousa mover-se com a proximidade dele em cima de seu corpo. Por Deus, é enorme! O homem pode quebrá-la se assim desejar. Seu corpo tampa o dela na mesma medida que a imobiliza.
Mas não é delicado. Seu instinto de sobrevivência faz seu corpo se comportar ao ser pega pelo mais feroz dos predadores. Ela não se move. Seu peito sobe e deve no ritmo frenético de sua respiração.
Ela fecha os olhos em uma tentativa falha de não olhá-lo quando ele toca seu corpo.
As mãos vão firmes na cintura. Ele levemente aperta e a reação da humana é gemer incomodada.
Fraca…
Seus músculos ainda estão doloridos como alguém que dormiu em má posição. Mas ele não se importa. Sua mão puxa a roupa até poder adentrá-la e tocar sua barriga. Katharyna fica ainda mais nervosa com o toque de sua pele.
Ele é quente. Na verdade, febril. Sua mão é grande e precisa e aquece toda a região da barriga mesmo quando ele faz uma pressão no lugar. Ele examina seu útero e busca por uma reação. E tem. Ela geme alto com a dor.
Katharyna mostra-se cada vez mais incomodada e apreensiva conforme ele sobe sua mão. Do útero ao estômago e do estômago a costela.
Não há novidade quando sente seus ossos sobre seus dedos. Muito menos é novidade a reação de pavor que assola a mulher quando sente pontas afiadas de garras deslizando sobre sua carne, contornando cada curva de sua carne.
Céus!
Pior fica quando quando o homem debruça sobre ela, prendendo-a sem seus músculos. Ela vira a cabeça querendo sair daquela situação. Mas nota ser uma péssima ideia quando sente o sopro pesado de ar em seu pescoço.
Ela sente o cheiro dele. Lembra terra seca em contato com a água, sêmen e algo mais ácido. Sangue! E mesmo assim, é bom. O primeiro homem cujo cheiro é bom. E mesmo na situação em que está, a tranquiliza.
Pelo menos até a ponta da língua daquele homem tocar sua pele e levemente percorrer a trilha de uma artéria. Ele termina roçando seus lábios inferior próximo da orelha.
O gosto da carne é salgado. Como esperado, também é suja. O cheiro o enoja.
Mas seu próximo ato faz seu coração quase estourar.
Ele não importa-se com a condição dela quando a agarra e a vira de bruços. Muito menos importa-se com sua religião, costume ou vergonha quando agarra o tecido de sua costa e rasga o tecido.
Ela grita de pavor e tenta sair. Mas ele agarra sua garganta com uma mão e a prende no lugar. Katharyna perde o fôlego. Palavra nenhuma é necessária para ela saber que está pisando em ovos. Mal tem ideia do que se passa na mente dele.
Ele não a solta.
Com as costas nuas, ele passa a mão.
Nota as primeiras imperfeições de seu corpo. O lugar que deveria ser limpo e belo tem quatro fileiras próximas estrias vermelhas na base da caixa torácica do fim da costela. E o lombo do início da espinha é cheia de pontos vermelhos e pequenos machucados de alguém que tenta remover espinhas das costas com frequência.
Ele ignora e passa a mão pela elevação da estria. Ele aperta. Katharyna geme com a dor da mesma forma como geme quando ele aperta a costela próximo de seu seio prensando no colchão.
Mas o pior veio quando ele puxou seu pescoço permitindo todo seu frágil corpo sentir-lo. Foi quando sua garra penetrou a carne de seu ombro.
A dor a fez gritar e se retorcer. E não parou de arder mesmo quando ele a soltou apenas para imobilizá-la mais.
Presa a ele, nota com maior facilidade que seu rosto não é tão perfeito. Pequenas sardas extremamente claras cercam sua bochecha. Seu nariz é repleto de cravos e espinhas brotam de ou outro lugar. Seu cabelo fede e está completamente sujo desde areia até caspa.
E o pior e o cheiro vindo de suas axilas.
— Não me aborreça. Não irá gostar de me ver bravo. — Todo corpo de Katharyna reagiu ao alerta. Ela ficou ainda mais tensa. — Fui claro, humana?
Katharyna acende. Contudo, não é como deseja. Ele aperta mais seu pescoço em busca de uma resposta verbal.
— S-Sim mi-milo-milord…
— Não sou seu lorde. — A sensação de perigo não melhorou quando sentiu a leveza em suas costas quando ele deixou-a na cama. Nada via-se de sua nudez, contudo, suas roupas estavam rasgadas. Ela fechou os olhos. — Sou seu rei.
Nem companheira, nem mulher. Nem mesmo seu supremo. Ele referiu-se a ela como rei e assim será.
Tão calmo como entrou, ele saiu. E assim, Katharyna virou-se para encarar a porta ser fechada e escutá-la ser trancada. Aquilo significou mais do que uma atitude. É um fato.
Está trancafiada por um rei.
E sem saber, está trancafiada por uma besta cruel e assassina. Está presa ao Supremo Alpha!
Sozinha. É algo que bem se enquadra no que ela está sentindo-se.Não está em condições de sair da cama. E assim permaneceu sob cuidados de curandeiras.Mas quando terminaram seu trabalho e se retiraram, sentiu-se sozinha. Um passado não muito distante povoa sua mente com saudades de pessoas que já se foram.Algo incomum a faz lembrar-se de sua irmã mais velha. Tão determinada, tão valente. Tão decidida. Estava sempre com ela apoiando-a em qualquer momento, bom ou ruim.Mas ela se foi.Por causa de pessoas que sempre assola ao seu redor, como pragas ansiando para dar derrubar, ela perdeu todos que mais amou. E agora, nesse lugar grande e vasto, sente-se sozinha.
"De onde vieram?"É uma pergunta que persiste a mente dos humanos. Mal sabem. Como poderiam saber? Humanos são incapazes de sobreviver por conta própria na vasta região que essas feras vieram.E não encontram dificuldade alguma em viajar por um oceano demoníaco para chegar a Terras Podres. Terras onde a prosperação humana é permitida são escuras. A terra é infértil e desprovida de beleza genuína. E o pouco valor é arrancado e gasto com tudo de podre que podem fazer.Sequer os pântanos mais tenebrosos do mundo se parecem com terras habitada por humanos. Terras Podres. Pisar nelas é a ter a sensação de nojo.Mas para aqueles que vivem nela, não há nada de especial. Sequer imagina o que há no mundo. Apenas alguns poucos
O dia amanheceu com o presságio de chuva. A umidade estava alta e as nuvens impediram o sol de esquentar a região. Foi quando Katharyna despertou.A cama estava confortável. As cobertas eram pesada em peles finas e escondida todo seu corpo. Encarou a janela entreaberta onde a corrente fria entrava e beijava seu rosto pálido.E então a porta foi aberta atraindo a atenção de seus olhos para três mulheres. Trigêmeas idênticas portadoras de uma beleza deslumbrante. Katharyna sentiu seu sangue congelar e sua barriga contrair-se em uma angústia que conhecia muito bem. Medo.Ela sentiu medo. Não poderia dizer como. As mulheres aparentavam delicadeza e fragilidade pela aparência calma e bela. Como um anjo sem asas. Mas o olhar cinza — como um negro chegado ao branco — é
"Supremo". A palavra não deixava sua mente conturbada por histórias que recebia de sua avó.Supremo Alpha…Lhycans…Sempre adorava ouvir as histórias de grandes feras que tinham forma humana. Muitos os chamavam de bestas e pragas enviadas pelo demônio, contudo é apenas uma forma de recusar a reconhecer sua soberania. Cinco raças, todas lideradas por um governo de uma hierarquia rígida e perigosa.O mais forte sobrevive. É a regra natural de sua forma de viver. Uma sociedade tão perigosa que até mesmo os próprios membros vivem sobre a pressão das consequências de sair da linha. Um povo corajoso e audacioso que aprendem desde cedo o preço de ser parte de uma das mortais sociedade existente.
Três semanas…Três semanas é o tempo que passou-se desde que Katharyna está recuperando-se. Sempre tomando o remédio para melhor mas nunca permitindo que a examinasse. Ela estava ficando rebelde e cada vez mais determinada.A paranóia de seu destino passou a consumi-la dia após dia de modo que sua convivência passou-se a ficar conturbada. Com o tempo, ela não mais desejou tomar nada sem resposta e contentava-se com a comida e água.Estava fechando-se cada vez mais e não tardou a perceber que ninguém daria-lhe resposta de nada. Parecia uma disputa de orgulho onde ela não iria ganhar recusando tudo que pretendem fazer com ela.Perce
Katharyna sente-o observa-la. Ouve os passos pesados ecoarem pelo chão. Tão calmos. Não há mais dúvidas…É ele…Supremo Alpha…Katharyna sente-se ainda mais vulnerável com sua aproximação. E sobre o manto da escuridão, ela vê sua sombra. É a primeira vez que está de pé em frente a ele mas não seu primeiro encontro. Mesmo assim, não consegue deixar de intimidar-se com seu tamanho. Ele é maior que ela. Autoritário e grande.E ela, tão pequena. Sua altura deve estar no meio de seu peito mesmo ela sendo de estatura normal. E mais do que isso. Está perante a uma criatura poderosa que a observa. Sente seu olhar ocultado pela sombra. 
Deus…Deus é um ente infinito e eterno. É um ser sobrenatural e existente por si só. Alguém que os povos recorrem em busca de ajuda. Muitas vezes, apreciado e cultuado como seu criador.Katharyna tem o seu Deus. É o mesmo salvador cultuado pelos humanos. Ela para a capela em busca dele. Somente ele poderia tornar mais suportável a sua existência em um mundo machista dominado por homens.Mas poderia ser considerada uma traidora da igreja. Ela seria uma herege. Alguém que sustenta suas próprias ideias, muitas vezes, contrárias às ideias de um grupo. Na religião, herege é quem professa uma heresia, ou seja, quem professa doutrina ao que foi estabelecido pela igreja e Katharyna tinha outras opiniões sobre o Deus que segue.&nb
Durante o dia, tudo é tão calmo. O sol mesmo triste atrás das nuvens de frio, é radiante. O silêncio natural permite-a escutar o som dos pássaros, bater de folhas das árvores e, até mesmo, ver além da escuridão caótica que é seu mundo tão sem cor.Mas a noite…Os escravos são acordados a base de chibata e gritos. Então começam a trabalhar sob pressão abusiva. Homem ou mulher, começam a reforçar o reforçar as cidades, colher pedras e afiar as asas. Não mais existe a tranquilidade do dia.E Katharyna não mais pode relaxar e dormir. Barulhos tiram seu sono. Uivos tiram seu sossego. E as paranóias tiram sua paz. Ela está com medo.É uma humana tentando dormir em meio a tantos lobisomens ferozes. Não consegue.