CAPÍTULO 05

     O que fazer quando seu corpo permanece exausto mas sua mente sente-se cansada de dormir?

     O que fazer quando sua mente luta para manter a consciência enquanto seu corpo implora pelo sono.

     É o conflito que Katharyna lida.

     Vagas lembranças povoam sua mente. A dor em seu corpo estava tão grande como se nunca tivesse deixado a mata e corrente. Mas um conforto incomum é sentido.

     Quando abriu os olhos teve uma grande surpresa. Estava em um grande quarto de luxo. Um quarto onde, mesmo aquecida com uma lareira e cobertores finos de pele legítima não está confortável. Sozinha nesse lugar grande, sente-se indefesa.

     Sente um incômodo em sua cabeça que parece mais pesada que o normal e sabe que está fraca demais para levantar. Seus olhos pesam para manter-se aberto e sua única opção é fechá-los enquanto finge dormir. Katharyna não tem coragem para abri-los. Ela sente que pode ser pega a qualquer momento se abri-los e, apesar do medo que percorreu seu corpo, sente-se levemente orgulhosa quando escuta a porta repentinamente ser aberta e passos povoarem o local.

     Um incomum e estranho arrepio percorreu entre suas pernas quando concentra-se no som. São pesados, firmes e calmos.

     Ouve vozes um tanto agitadas. Incluindo mulheres um tanto amedrontada.

— Amo, juro pelo que é mais sagrado que ela havia acordado! — Uma mulher fala desesperada. E, de fato, tem motivo para estar.

     Ajoelha-se com lágrimas nos olhos e continua a afirmar várias e várias vezes que a mulher estava acordada. Viu seus olhos moveram-se lutando pela consciência e, agora, ao retornar ao quarto ela permanecia dormindo.

     Teme pela sua vida. Um preço por tomar o tempo de seu amo.

     O desespero dos escravos deixa a própria Katharyna nervosa. De modo que não abre os olhos por medo. Fica tensa quando todo o barulho para.

     Todos paralisam quando seu amo levanta a mão. E rapidamente saem do quarto deixando-os sozinho. Katharyna ouve-os sair e, mesmo assim, não atreve-se a abrir os olhos para conferir.

      Seu nervosismo é tão grande que quase revela estar acordada. O silêncio é angustiante, quase torturante. Seu medo é tanto que discretamente tenta segurar a manta na cama em busca das forças.

— Sei que estás acordada. — É grave e rouca. Mesmo sendo um sussurro, a voz máscula bate no seu ouvido arrepiando-a de modo que se contorce o pescoço.

     Assustada, a mulher tenta afastar-se seguindo o sábio instinto de sobrevivência. Mas seu corpo está fraco. O brusco movimento causa dor. Sua cabeça parece mais pesada. Uma tontura assola sua visão e demora longos segundos até voltar a estabilidade.

     Mas quando abre os olhos, ela o vê…

     O quarto está escuro. É de noite. Apenas o fogo da laleira afugenta o escuro onde ele se esconde. É grande. Na verdade, enorme!

     Seus ombros são largos e seu bíceps são musculoso. Usa ouro como bracelete e veste apenas uma calça nobre de cor preta. Sua postura é arrogante e superior. Poderoso e perfeito.

     Ele a intimida de modo que homem algum conseguiu.

     Seu coração está acelerado. E tudo que ela consegue fazer é encarar aqueles olhos vermelhos.

     É majestoso. Mortal…

     É tão intenso que Katharyna sente medo da íris desmanchar-se em sangue por toda esclerótica branca. Para ela, que mal sabe estar encantada pelos olhos que trouxe medo, pavor e morte a muitos de sua espécie, é simplesmente magnífico ver aquela pupila tão negra dilatar.

     Não há pergunta. Não há questionamento. Nada desvia o olhar de Katharyna do vermelho-sangue daquela íris e nada desvia o olhar daqueles castanhos dos olhos de mulher. Um castanho que lembra, não apenas a terra do outono, mas também os troncos das mais fortes árvores. Olhos que lembram a areia molhada da praia de Hyfhyttus que sumiram no azul do mar no inverno tenebroso.

     A mutação foi surpreendente. É inevitável não ficar encantada ao ver o azul surgir, primeiro, contornando a pupila negra para depois desmanchar-se e tingir todo o vermelho sem deixar um único rastro. Um azul tão claro que quase chega ao branco. Mas tão frio quanto a mais gelada pedra de gelo.

     Então ela desperta de seu transe. 

     Talvez ela esteja lerda. Talvez ela pareça uma idiota como muitos homens — incluindo seu pretendente — a chamam. Mas agora, realmente parece uma boba sem reação.

     Está com medo. Na verdade, apavorada. É bom que sinta isso. Mas também está encantada.

     E como uma fera, ele permanece no silêncio do escuro. Encarando, observando.

     Katharyna não ousa dizer uma palavra. Sente que pode ter sua cabeça arrancada no mínimo som que o desagrade. E mesmo que fosse corajosa a esse ponto, sua garganta queima de cede.

     Julga-se incapaz de pronunciar meia palavra.

     Mas o silêncio perturbador prossegue. Ela estremece sem saber o que fazer. Está nervosa como uma presa encurralada.

     E como um assassino, repara em cada ação de seu corpo. Ele ouve o ritmo acelerado de seu coração. Sua mão permanece suando e a tremedeira é notável.

     Ele está seus músculos. Seus punhos fecham-se ao lado da calça negra e o ouro no pulso não o deixa menos intimidante. Ele não deixa de encará-la. Katharyna tenta afastar-se.

     É inútil.

— Q-Quem… — Sua voz não sai mais do que um mero sussurro que perde-se no grito quando sente a pressão de suas mãos pegando em suas pernas e a puxando para debaixo dele.

     Ela sequer ousa mover-se com a proximidade dele em cima de seu corpo. Por Deus, é enorme! O homem pode quebrá-la se assim desejar. Seu corpo tampa o dela na mesma medida que a imobiliza.

     Mas não é delicado. Seu instinto de sobrevivência faz seu corpo se comportar ao ser pega pelo mais feroz dos predadores. Ela não se move. Seu peito sobe e deve no ritmo frenético de sua respiração.

     Ela fecha os olhos em uma tentativa falha de não olhá-lo quando ele toca seu corpo.

     As mãos vão firmes na cintura. Ele levemente aperta e a reação da humana é gemer incomodada.

     Fraca

     Seus músculos ainda estão doloridos como alguém que dormiu em má posição. Mas ele não se importa. Sua mão puxa a roupa até poder adentrá-la e tocar sua barriga. Katharyna fica ainda mais nervosa com o toque de sua pele.

     Ele é quente. Na verdade, febril. Sua mão é grande e precisa e aquece toda a região da barriga mesmo quando ele faz uma pressão no lugar. Ele examina seu útero e busca por uma reação. E tem. Ela geme alto com a dor.

     Katharyna mostra-se cada vez mais incomodada e apreensiva conforme ele sobe sua mão. Do útero ao estômago e do estômago a costela.

     Não há novidade quando sente seus ossos sobre seus dedos. Muito menos é novidade a reação de pavor que assola a mulher quando sente pontas afiadas de garras deslizando sobre sua carne, contornando cada curva de sua carne.

     Céus!

     Pior fica quando quando o homem debruça sobre ela, prendendo-a sem seus músculos. Ela vira a cabeça querendo sair daquela situação. Mas nota ser uma péssima ideia quando sente o sopro pesado de ar em seu pescoço.

     Ela sente o cheiro dele. Lembra terra seca em contato com a água, sêmen e algo mais ácido. Sangue! E mesmo assim, é bom. O primeiro homem cujo cheiro é bom. E mesmo na situação em que está, a tranquiliza.

     Pelo menos até a ponta da língua daquele homem tocar sua pele e levemente percorrer a trilha de uma artéria. Ele termina roçando seus lábios inferior próximo da orelha.

     O gosto da carne é salgado. Como esperado, também é suja. O cheiro o enoja.

      Mas seu próximo ato faz seu coração quase estourar.

     Ele não importa-se com a condição dela quando a agarra e a vira de bruços. Muito menos importa-se com sua religião, costume ou vergonha quando agarra o tecido de sua costa e rasga o tecido.

     Ela grita de pavor e tenta sair. Mas ele agarra sua garganta com uma mão e a prende no lugar. Katharyna perde o fôlego. Palavra nenhuma é necessária para ela saber que está pisando em ovos. Mal tem ideia do que se passa na mente dele.

     Ele não a solta.

     Com as costas nuas, ele passa a mão.

     Nota as primeiras imperfeições de seu corpo. O lugar que deveria ser limpo e belo tem quatro fileiras próximas estrias vermelhas na base da caixa torácica do fim da costela. E o lombo do início da espinha é cheia de pontos vermelhos e pequenos machucados de alguém que tenta remover espinhas das costas com frequência.

     Ele ignora e passa a mão pela elevação da estria. Ele aperta. Katharyna geme com a dor da mesma forma como geme quando ele aperta a costela próximo de seu seio prensando no colchão.

     Mas o pior veio quando ele puxou seu pescoço permitindo todo seu frágil corpo sentir-lo. Foi quando sua garra penetrou a carne de seu ombro.

     A dor a fez gritar e se retorcer. E não parou de arder mesmo quando ele a soltou apenas para imobilizá-la mais.

     Presa a ele, nota com maior facilidade que seu rosto não é tão perfeito. Pequenas sardas extremamente claras cercam sua bochecha. Seu nariz é repleto de cravos e espinhas brotam de ou outro lugar. Seu cabelo fede e está completamente sujo desde areia até caspa.

     E o pior e o cheiro vindo de suas axilas.

— Não me aborreça. Não irá gostar de me ver bravo. — Todo corpo de Katharyna reagiu ao alerta. Ela ficou ainda mais tensa. — Fui claro, humana?

     Katharyna acende. Contudo, não é como deseja. Ele aperta mais seu pescoço em busca de uma resposta verbal.

— S-Sim mi-milo-milord…

— Não sou seu lorde. — A sensação de perigo não melhorou quando sentiu a leveza em suas costas quando ele deixou-a na cama. Nada via-se de sua nudez, contudo, suas roupas estavam rasgadas. Ela fechou os olhos. — Sou seu rei.

     Nem companheira, nem mulher. Nem mesmo seu supremo. Ele referiu-se a ela como rei e assim será.

     Tão calmo como entrou, ele saiu. E assim, Katharyna virou-se para encarar a porta ser fechada e escutá-la ser trancada. Aquilo significou mais do que uma atitude. É um fato.

     Está trancafiada por um rei.

     E sem saber, está trancafiada por uma besta cruel e assassina. Está presa ao Supremo Alpha!

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