— Só pode ser um sonho, só pode ser um sonho. Ao amanhecer, vou acordar e encontrar meu pai dormindo no sofá ao lado de várias garrafas. Vou me arrumar e ir para o meu emprego — Sasha repete essas palavras como um mantra, sua voz quebrada e sem vida. Ela chorou tanto que as lágrimas em seus olhos secaram, restando apenas um vazio esmagador. Ela está há tanto tempo no escuro que seu senso de realidade e sonhos se distorceu. Ela sonhou que estava tendo um dia normal, indo para o trabalho e voltando para casa com um saco de pão. Mas, na confusão de sua mente, ela pensa que essa é a realidade e que o fato de estar acorrentada em um porão escuro abaixo de uma luxuosa mansão é o sonho. O som da madeira da porta abrindo ecoa alto pelo porão, mas Sasha não se move. Ela continua deitada sobre o cobertor, abraçando seu corpo como uma bola. A luz bruxuleante de uma vela lança sombras sobre seu corpo, mas ela permanece imóvel. Seus olhos estão abertos, mas é como se não enxergassem nada. "Q
Nos tempos atuais, para os humanos: lobisomens, vampiros, bruxas e deuses não passam de contos de fadas. Histórias escritas por outros humanos para os divertirem. Uma forma de passar o tempo, achando que a fantasia e lendas vinham apenas da imaginação. Mas, muitos e muitos anos atrás, a realidade era outra. Humanos não eram o predador e sim a caça, serviam de comida para uma raça, comida e procriação para outra, material para rituais, entre outras serventias. Mas isso está no passado. Um passado muito distante, tão longe que quando ouvem as histórias, pensam que foram inventadas para colocar medos nas crianças antes de dormir. Quando criança, uma vez Helena –mãe de Sasha– contou uma história para ela, sobre uma deusa chamada Selene e seu irmão gêmeo chamado Máni. Eles competiam para receber o título de: Soberano da Lua. Sasha não se lembra de todos os detalhes, lembra que no final a irmã matou o irmão e recebeu de seu pai, Zeus, os poderes da lua, e então ela criou o primeiro licant
Um calafrio percorre a espinha de Sasha, é a última gota. A frustração de anos abaixando a cabeça e sempre fazendo o que mandavam por precisar do dinheiro estava em seu limite. Ela já não suportava mais.Desde a morte de sua mãe, Sasha teve que aprender a se submeter para poder sobreviver, sempre abaixar a cabeça e pedir desculpas. Trabalhou em empregos onde era constantemente pisoteada, humilhada e desprezada por não ter dinheiro e nem usar roupas de marcas. Teve também que abandonar a escola, para poder trabalhar mais e conseguir pagar as dívidas do pai.Tudo isso para conseguir garantir que tivessem um teto sobre a cabeça, comida na mesa e que o seu pai não fosse assassinado pelos bandidos. Cada cliente que a tratava mal no café era um lembrete de sua posição no mundo, sempre em baixo. Sempre acreditando que, se aguentasse por tempo suficiente, algo melhor viria.Até que seu pai disse que conseguiu um emprego para ela. “Com certeza ele foi enganado pela senhora Luciana” — conclusã
Sasha não se mexe, segurando a única peça de roupa que Miguel aceitou do punhado que Luciana trouxe no segundo dia que Sasha permaneceu no sono de cura em sua cama. Uma camisola branca, quase infantil. — Vou te mostrar o que acontece quando uma escrava desobedece ao seu mestre. Sasha estremece de medo, juntando os joelhos e se pressionando contra a cabeceira da cama.— Sasha — ela diz entre dentes, com a voz baixa. — Não é escrava, Sasha! — Sasha — Miguel a chama pelo nome, por mais ridículo que pareça, os ouvidos dela se agradaram como seu nome soava na boca desse homem, no barítono da sua voz e Miguel também aprecia, mais do que jamais ousaria admitir. — Você é minha. Minha para punir, transar, quebrar, minha para tudo. Os olhos dela continuam arregalados, descendo para o membro ereto de Miguel. Ela engole em seco, fixando o olhar na carne rígida que aponta em sua direção. — Não sou sua, nunca escolherei ser sua — ela rebate. — Você é uma escrava — ele para rente as perna
— Você está blefando! — ela diz, tentando soar confiante, mas sua voz trai o pavor que sente.Sasha não consegue sustentar o olhar de Miguel por muito tempo; o contraste da escuridão da noite e a frieza em seus olhos negros deixando-o ainda mais assustador. Ela engole em seco, caçando dentro de si qualquer resquício de coragem para manter a cabeça erguida, para não se mostrar como uma covarde, mesmo que todo o seu corpo esteja tremendo de medo.Antes que ela possa encontrar a motivação, a palma da mão de Miguel pressiona com força o queixo de Sasha, forçando sua cabeça para trás, num ângulo que o permitiu encontrar seu olhar novamente, dessa vez mais perto, mais ameaçador.— Acha que tenho tempo pra blefar, escrava? — Miguel sussurra, sua voz gélida e cheia de desprezo, enquanto seu hálito quente sobra no rosto da humana.O pescoço de Sasha dói pela posição desconfortável, o maxilar sendo pressionado cada vez mais forte. Ela tenta responder, mas as palavras ficam presas na garganta, e
Miguel mantém o semblante inexpressivo enquanto desliza o dedo pela tela. Ele encontra o vídeo e, sem hesitar, dá play.A voz na mídia é fraca, rouca e cheia de dor.— Filha, me perdoe...Não leva nem um segundo para Sasha reconhecer a voz de seu pai. Seu coração salta em seu peito, e, rapidamente, ela levanta o rosto, virando-se na direção do som da voz de Pedro. Seus olhos se arregalam, e novas lágrimas começam a se formar, enchendo-os até transbordar.— Pai — ela murmura, sua voz vacilante enquanto observa o rosto do pai, pálido e machucado, cheio de hematomas. Pedro olha diretamente para a câmera, seus olhos desesperados, como se realmente conseguisse ver sua filha do outro lado da tela.— Eu não queria te perder, achei que iria ganhar a aposta e iria voltar para casa com dinheiro, pensei que iria me redimir... me perdoa filha, eu não queria isso... Ah! — Pedro tenta se explicar, mas suas palavras são abruptamente cortadas por um soco no queixo.A câmera se afasta, revelando um ho
— Você me dá de bom grado, e se eu gostar dos seus talentos, te compenso não matando o seu pai e dou remédios para as feridas, um remédio para cada vez que me servi. Ou — ele levanta um segundo dedo, seu tom ficando ainda mais sombrio. — O jeito dois, eu tomo o que quero de você e antes de matar o seu, o faço passar pelas maiores torturas.Ela engole em seco, a mente lutando para se livrar da névoa de excitação manipulada que Miguel havia induzido nela, cada segundo que passa, a realidade da situação se torna mais opressiva.Sasha sente um nó se formar em sua garganta, suas mãos tremendo levemente ao ouvir as palavras de Miguel. A proposta é insidiosa e cruel. Ela sabe que qualquer escolha será terrível, ele a tomará de qualquer forma, só resta a ela decidir se por bem ou por mal.Por mal!A mente dela grita,
As patas negras do Genuíno Alfa afundam na neve branca, cada passada deixa marcas profundas no solo gelado. O ar frio da madrugada preenche seus pulmões, e a luz nascente do sol começa a tingir o horizonte com tons suaves de laranja e rosa. A clareza do amanhecer adiciona um brilho dourados ao pelo negro de Miguel, destacando sua figura imponente contra a paisagem branca.Com um uivo, Miguel ordena para que os lobos atrás de si aumentem ainda mais a velocidade. Movendo-se com a graça e a força de um predador ágil. Os outros lycans seguem seu ritmo, as patas batendo sincronizadas na neve. Cada membro da matilha está em alerta, os sentidos ampliados pela adrenalina e pela presença do seu líder.A floresta ao redor começa a se iluminar com os primeiros raios do sol, as sombras longas e as árvores cobertas. Mas Miguel está focado, sua mente afiada e determinada. Ele sente o poder e a energia pulsando através de seu corpo lupino, impulsionando-o para frente.O grupo passa rapidamente por á