— Você está blefando! — ela diz, tentando soar confiante, mas sua voz trai o pavor que sente.Sasha não consegue sustentar o olhar de Miguel por muito tempo; o contraste da escuridão da noite e a frieza em seus olhos negros deixando-o ainda mais assustador. Ela engole em seco, caçando dentro de si qualquer resquício de coragem para manter a cabeça erguida, para não se mostrar como uma covarde, mesmo que todo o seu corpo esteja tremendo de medo.Antes que ela possa encontrar a motivação, a palma da mão de Miguel pressiona com força o queixo de Sasha, forçando sua cabeça para trás, num ângulo que o permitiu encontrar seu olhar novamente, dessa vez mais perto, mais ameaçador.— Acha que tenho tempo pra blefar, escrava? — Miguel sussurra, sua voz gélida e cheia de desprezo, enquanto seu hálito quente sobra no rosto da humana.O pescoço de Sasha dói pela posição desconfortável, o maxilar sendo pressionado cada vez mais forte. Ela tenta responder, mas as palavras ficam presas na garganta, e
Miguel mantém o semblante inexpressivo enquanto desliza o dedo pela tela. Ele encontra o vídeo e, sem hesitar, dá play.A voz na mídia é fraca, rouca e cheia de dor.— Filha, me perdoe...Não leva nem um segundo para Sasha reconhecer a voz de seu pai. Seu coração salta em seu peito, e, rapidamente, ela levanta o rosto, virando-se na direção do som da voz de Pedro. Seus olhos se arregalam, e novas lágrimas começam a se formar, enchendo-os até transbordar.— Pai — ela murmura, sua voz vacilante enquanto observa o rosto do pai, pálido e machucado, cheio de hematomas. Pedro olha diretamente para a câmera, seus olhos desesperados, como se realmente conseguisse ver sua filha do outro lado da tela.— Eu não queria te perder, achei que iria ganhar a aposta e iria voltar para casa com dinheiro, pensei que iria me redimir... me perdoa filha, eu não queria isso... Ah! — Pedro tenta se explicar, mas suas palavras são abruptamente cortadas por um soco no queixo.A câmera se afasta, revelando um ho
— Você me dá de bom grado, e se eu gostar dos seus talentos, te compenso não matando o seu pai e dou remédios para as feridas, um remédio para cada vez que me servi. Ou — ele levanta um segundo dedo, seu tom ficando ainda mais sombrio. — O jeito dois, eu tomo o que quero de você e antes de matar o seu, o faço passar pelas maiores torturas.Ela engole em seco, a mente lutando para se livrar da névoa de excitação manipulada que Miguel havia induzido nela, cada segundo que passa, a realidade da situação se torna mais opressiva.Sasha sente um nó se formar em sua garganta, suas mãos tremendo levemente ao ouvir as palavras de Miguel. A proposta é insidiosa e cruel. Ela sabe que qualquer escolha será terrível, ele a tomará de qualquer forma, só resta a ela decidir se por bem ou por mal.Por mal!A mente dela grita,
As patas negras do Genuíno Alfa afundam na neve branca, cada passada deixa marcas profundas no solo gelado. O ar frio da madrugada preenche seus pulmões, e a luz nascente do sol começa a tingir o horizonte com tons suaves de laranja e rosa. A clareza do amanhecer adiciona um brilho dourados ao pelo negro de Miguel, destacando sua figura imponente contra a paisagem branca.Com um uivo, Miguel ordena para que os lobos atrás de si aumentem ainda mais a velocidade. Movendo-se com a graça e a força de um predador ágil. Os outros lycans seguem seu ritmo, as patas batendo sincronizadas na neve. Cada membro da matilha está em alerta, os sentidos ampliados pela adrenalina e pela presença do seu líder.A floresta ao redor começa a se iluminar com os primeiros raios do sol, as sombras longas e as árvores cobertas. Mas Miguel está focado, sua mente afiada e determinada. Ele sente o poder e a energia pulsando através de seu corpo lupino, impulsionando-o para frente.O grupo passa rapidamente por á
— Espero que já estava com a minha resposta, escrava — sua voz fria preenche o ambiente, fazendo Sasha erguer a cabeça com um movimento lento.Ela havia encontrado suas roupas amontoadas no chão, ao lado do criado-mudo, e, aceitando a situação miserável em que se encontrava, vestiu uma calça jeans e uma blusa de manga longa. Sem ter mais o que fazer, usou um dos lençóis para se enrolar enquanto adormecia sentada no chão duro. Agora, a presença de Miguel a traz de volta para a realidade opressiva.Os olhos de Sasha caem para a bandeja que Miguel segura em suas mãos. O aroma de comida provoca uma reação imediata em seu corpo; seu estômago revira, e ela começa a engolir grandes goles de saliva, tentando desesperadamente conter a fome.Miguel, sem pressa, fecha a porta atrás de si e caminha lentamente até a cama. Cada passo seu é deliberado. Quando ele se senta na beira da cama, seu joelho fica próximo à cabeça de Sasha.A proximidade dele é como uma sombra pesada, uma pressão constante q
Ridículo.Miguel pensa, observando a maneira como seu lobo interior se agita, desejando mais. A fera dentro dele, que sempre ansiou por controle e dominação igual a ele, agora quer sair, quer mais do toque de Sasha.Ele se lembra do que aconteceu enquanto ela estava dormindo em sua cama, com ele em sua forma lupina cuidando dos ferimentos dela, quando ela inconscientemente acariciou sua fera, seus dedos finos e macios contra seus pelos. O lobo grunhiu feliz com o carinho da escrava, como se isso fosse umaMiguel reprime um rosnado de frustração. A ideia de que sua fera, que é uma extensão de seu poder e domínio, está buscando carinho e afeto de uma humana é insuportável. Eles são o mais forte da espécie, destinados a liderar e dominar, não a buscar consolo ou afeto. Tudo o que precisam é a submissão das fêmeas, nada mais.Seus olhos voltam a focar nos movimentos mandibulares de Sasha, observando a maneira como ela mastiga com um prazer quase palpável. Seus lábios melados com os sucos
Tranquei a porcaria da porta? — Miguel se questiona por um breve momento enquanto suas patas batem com força sobre o chão, mas logo descarta a dúvida com desdém. Isso realmente importa? Para onde ela iria?Sasha está cercada por sua matilha, e mesmo que ela consiga fugir, seria capturada e arrastada de volta para sua toca, ou jogada no quarto escuro do porão.Foda-se.Que ela apodreça lá.Humana maldita!Seus pensamentos são uma mistura de raiva e frustração, uma ebulição que o impulsiona a correr mais rápido, a saltar mais alto, como se pudesse escapar do próprio ressentimento que o assombrava.Miguel sente a neve fria sob suas patas enquanto seu lobo se força a correr cada vez mais rápido. A paisagem passava em um borrão de branco e verde.Não é o bastante.Ainda é lento. Miguel aterrissa perfeitamente sobre suas patas dianteiras após saltar por um enorme tronco de árvore. Seu lobo rosna várias vezes com fúria pelas intenções das emoções exaladas pelas palavras da fêmea humana. O i
Sasha corre o mais rápido que suas pernas aguentam, impulsionada por um terror primitivo. Cada fibra do seu corpo grita por descanso, mas ela não se permite parar. Seus pulmões ardem, cada respiração é uma tortura, o ar gélido entrando por suas narinas parece congelar seus órgãos por dentro.Ela agora sente o frio da neve sob seus pés descalços, sentindo seu sangue escorre de pequenos cortes, deixando um rastro vermelho sobre a neve alva. Mas, nada disso importa, tudo o que importa é continuar se movendo, fugir daquele monstro que sabe irá atrás dela se não conseguir encontrar ajuda.O vento gélido corta sua pele, penetra suas roupas, mas nada é mais doloroso do que o medo que se instala em seu peito. É uma lâmina afiada, torcendo-se em seu coração a cada batida frenética.Por um momento de pura desesperança, Sasha olha para trás, esperando não ver nada além de árvores e neve, mas o que encontra são os olhos perfurantes do monstro. Ele está lá, correndo atrás dela, seus movimentos flu