— Você me dá de bom grado, e se eu gostar dos seus talentos, te compenso não matando o seu pai e dou remédios para as feridas, um remédio para cada vez que me servi. Ou — ele levanta um segundo dedo, seu tom ficando ainda mais sombrio. — O jeito dois, eu tomo o que quero de você e antes de matar o seu, o faço passar pelas maiores torturas.
Ela engole em seco, a mente lutando para se livrar da névoa de excitação manipulada que Miguel havia induzido nela, cada segundo que passa, a realidade da situação se torna mais opressiva.
Sasha sente um nó se formar em sua garganta, suas mãos tremendo levemente ao ouvir as palavras de Miguel. A proposta é insidiosa e cruel. Ela sabe que qualquer escolha será terrível, ele a tomará de qualquer forma, só resta a ela decidir se por bem ou por mal.
Por mal!
A mente dela grita,
As patas negras do Genuíno Alfa afundam na neve branca, cada passada deixa marcas profundas no solo gelado. O ar frio da madrugada preenche seus pulmões, e a luz nascente do sol começa a tingir o horizonte com tons suaves de laranja e rosa. A clareza do amanhecer adiciona um brilho dourados ao pelo negro de Miguel, destacando sua figura imponente contra a paisagem branca.Com um uivo, Miguel ordena para que os lobos atrás de si aumentem ainda mais a velocidade. Movendo-se com a graça e a força de um predador ágil. Os outros lycans seguem seu ritmo, as patas batendo sincronizadas na neve. Cada membro da matilha está em alerta, os sentidos ampliados pela adrenalina e pela presença do seu líder.A floresta ao redor começa a se iluminar com os primeiros raios do sol, as sombras longas e as árvores cobertas. Mas Miguel está focado, sua mente afiada e determinada. Ele sente o poder e a energia pulsando através de seu corpo lupino, impulsionando-o para frente.O grupo passa rapidamente por á
— Espero que já estava com a minha resposta, escrava — sua voz fria preenche o ambiente, fazendo Sasha erguer a cabeça com um movimento lento.Ela havia encontrado suas roupas amontoadas no chão, ao lado do criado-mudo, e, aceitando a situação miserável em que se encontrava, vestiu uma calça jeans e uma blusa de manga longa. Sem ter mais o que fazer, usou um dos lençóis para se enrolar enquanto adormecia sentada no chão duro. Agora, a presença de Miguel a traz de volta para a realidade opressiva.Os olhos de Sasha caem para a bandeja que Miguel segura em suas mãos. O aroma de comida provoca uma reação imediata em seu corpo; seu estômago revira, e ela começa a engolir grandes goles de saliva, tentando desesperadamente conter a fome.Miguel, sem pressa, fecha a porta atrás de si e caminha lentamente até a cama. Cada passo seu é deliberado. Quando ele se senta na beira da cama, seu joelho fica próximo à cabeça de Sasha.A proximidade dele é como uma sombra pesada, uma pressão constante q
Ridículo.Miguel pensa, observando a maneira como seu lobo interior se agita, desejando mais. A fera dentro dele, que sempre ansiou por controle e dominação igual a ele, agora quer sair, quer mais do toque de Sasha.Ele se lembra do que aconteceu enquanto ela estava dormindo em sua cama, com ele em sua forma lupina cuidando dos ferimentos dela, quando ela inconscientemente acariciou sua fera, seus dedos finos e macios contra seus pelos. O lobo grunhiu feliz com o carinho da escrava, como se isso fosse umaMiguel reprime um rosnado de frustração. A ideia de que sua fera, que é uma extensão de seu poder e domínio, está buscando carinho e afeto de uma humana é insuportável. Eles são o mais forte da espécie, destinados a liderar e dominar, não a buscar consolo ou afeto. Tudo o que precisam é a submissão das fêmeas, nada mais.Seus olhos voltam a focar nos movimentos mandibulares de Sasha, observando a maneira como ela mastiga com um prazer quase palpável. Seus lábios melados com os sucos
Tranquei a porcaria da porta? — Miguel se questiona por um breve momento enquanto suas patas batem com força sobre o chão, mas logo descarta a dúvida com desdém. Isso realmente importa? Para onde ela iria?Sasha está cercada por sua matilha, e mesmo que ela consiga fugir, seria capturada e arrastada de volta para sua toca, ou jogada no quarto escuro do porão.Foda-se.Que ela apodreça lá.Humana maldita!Seus pensamentos são uma mistura de raiva e frustração, uma ebulição que o impulsiona a correr mais rápido, a saltar mais alto, como se pudesse escapar do próprio ressentimento que o assombrava.Miguel sente a neve fria sob suas patas enquanto seu lobo se força a correr cada vez mais rápido. A paisagem passava em um borrão de branco e verde.Não é o bastante.Ainda é lento. Miguel aterrissa perfeitamente sobre suas patas dianteiras após saltar por um enorme tronco de árvore. Seu lobo rosna várias vezes com fúria pelas intenções das emoções exaladas pelas palavras da fêmea humana. O i
Sasha corre o mais rápido que suas pernas aguentam, impulsionada por um terror primitivo. Cada fibra do seu corpo grita por descanso, mas ela não se permite parar. Seus pulmões ardem, cada respiração é uma tortura, o ar gélido entrando por suas narinas parece congelar seus órgãos por dentro.Ela agora sente o frio da neve sob seus pés descalços, sentindo seu sangue escorre de pequenos cortes, deixando um rastro vermelho sobre a neve alva. Mas, nada disso importa, tudo o que importa é continuar se movendo, fugir daquele monstro que sabe irá atrás dela se não conseguir encontrar ajuda.O vento gélido corta sua pele, penetra suas roupas, mas nada é mais doloroso do que o medo que se instala em seu peito. É uma lâmina afiada, torcendo-se em seu coração a cada batida frenética.Por um momento de pura desesperança, Sasha olha para trás, esperando não ver nada além de árvores e neve, mas o que encontra são os olhos perfurantes do monstro. Ele está lá, correndo atrás dela, seus movimentos flu
Miguel entra na mansão com passos firmes e rápidos, ignorando os olhares curiosos dos membros de sua matilha. Ele não se importa em estar completamente nu diante de todos, nudez é algo comum para os lycans e Miguel se orgulha da sua. Sasha está aninhada em seu pescoço, a respiração quente dela acariciando sua pele enquanto seu corpo treme levemente em seus braços.A presença de Miguel é avassaladora, e todos que cruzam seu caminho instintivamente recuam. Assim que ele cruza o hall de entrada, o som das botas de Lovetta ecoa descendo a escada.Os olhos frios de Miguel encontram-se com os da fêmea, que agora está parada no meio da escada, o olhar fixo nele. A expressão alegre dela muda rapidamente para algo mais sombrio ao ver a humana nos braços do macho que ela decidiu que seria seu.Uma onda de ciúme e violência percorre Lovetta, seus olhos se estreitam, e suas mãos se fecham em punhos cerrados. A ideia de ver Sasha, uma simples humana, tão perto de Miguel, provoca uma ira crescente
A resposta de Miguel a deixa momentaneamente sem palavras, seu tom grave a faz estremecer por dentro. Sasha sente o calor subir em seu rosto se lembrando da ocasião onde ele a estava prendendo embaixo de seu corpo forte. A raiva cresce dentro dela, mas antes que possa conter, as palavras saem de sua boca com veemência:— Eu nunca... — as palavras saem entre dentes cerrados, , a fúria evidente em cada sílaba. — Nunca vou implorar a você, seu monstro!Miguel finalmente levanta o olhar, seus olhos sombrios como uma noite sem luar, mas há algo mais ali, algo que ela não consegue identificar plenamente, mas seja lá o que for a faz se arrepiar e formigar.Aceito o desafio.Seu lobo interno uiva de satisfação com o desafio que ela impôs –ainda que implicitamente–, a excitação de dobrar a vontade dela o estimula, de a conquistar, de se provar para essa fêmea, vencendo-a nesse desafio. Lentamente, com uma calma perturbadora, ele se levanta, caminhando até a cabeceira da cama, os olhos fixos n
É dia ou noite?Já se passou um ou cinco dias?Pedro perde a noção do tempo na escuridão fria da cela. A distinção entre dia e noite se desfaz completamente em sua mente. Para ele, parece que já se passaram semanas desde que foi trancado ali, mas talvez tenha sido apenas algumas horas. O ar é abafado, carregado do cheiro de umidade e desespero, não se preocuparam em limpar a cela, deixando-o sobre sua própria urina e fezes, fazendo-o se sente afundando cada vez mais na miséria enquanto inventam histórias de como a filha dele estava sendo torturada, espancada e coisas muito piores.— Prisioneiro, o Gen....— Não me anuncie — a resposta curta e fria corta o ar, sem despertar nenhuma reação imediata em Pedro.A mente de Pedro embota pelo cansaço e desespero, ele se lembra que depois que sua filha foi levada por Luciana, por uma semana inteiro ele tentou retornar ao cassino, implorar para que Miguel devolvesse a sua filha e o levasse em seu lugar. Mas nunca conseguiu sequer entrar. Miguel