Um calafrio percorre a espinha de Sasha, é a última gota. A frustração de anos abaixando a cabeça e sempre fazendo o que mandavam por precisar do dinheiro estava em seu limite. Ela já não suportava mais.Desde a morte de sua mãe, Sasha teve que aprender a se submeter para poder sobreviver, sempre abaixar a cabeça e pedir desculpas. Trabalhou em empregos onde era constantemente pisoteada, humilhada e desprezada por não ter dinheiro e nem usar roupas de marcas. Teve também que abandonar a escola, para poder trabalhar mais e conseguir pagar as dívidas do pai.Tudo isso para conseguir garantir que tivessem um teto sobre a cabeça, comida na mesa e que o seu pai não fosse assassinado pelos bandidos. Cada cliente que a tratava mal no café era um lembrete de sua posição no mundo, sempre em baixo. Sempre acreditando que, se aguentasse por tempo suficiente, algo melhor viria.Até que seu pai disse que conseguiu um emprego para ela. “Com certeza ele foi enganado pela senhora Luciana” — conclusã
Sasha não se mexe, segurando a única peça de roupa que Miguel aceitou do punhado que Luciana trouxe no segundo dia que Sasha permaneceu no sono de cura em sua cama. Uma camisola branca, quase infantil. — Vou te mostrar o que acontece quando uma escrava desobedece ao seu mestre. Sasha estremece de medo, juntando os joelhos e se pressionando contra a cabeceira da cama.— Sasha — ela diz entre dentes, com a voz baixa. — Não é escrava, Sasha! — Sasha — Miguel a chama pelo nome, por mais ridículo que pareça, os ouvidos dela se agradaram como seu nome soava na boca desse homem, no barítono da sua voz e Miguel também aprecia, mais do que jamais ousaria admitir. — Você é minha. Minha para punir, transar, quebrar, minha para tudo. Os olhos dela continuam arregalados, descendo para o membro ereto de Miguel. Ela engole em seco, fixando o olhar na carne rígida que aponta em sua direção. — Não sou sua, nunca escolherei ser sua — ela rebate. — Você é uma escrava — ele para rente as perna
— Você está blefando! — ela diz, tentando soar confiante, mas sua voz trai o pavor que sente.Sasha não consegue sustentar o olhar de Miguel por muito tempo; o contraste da escuridão da noite e a frieza em seus olhos negros deixando-o ainda mais assustador. Ela engole em seco, caçando dentro de si qualquer resquício de coragem para manter a cabeça erguida, para não se mostrar como uma covarde, mesmo que todo o seu corpo esteja tremendo de medo.Antes que ela possa encontrar a motivação, a palma da mão de Miguel pressiona com força o queixo de Sasha, forçando sua cabeça para trás, num ângulo que o permitiu encontrar seu olhar novamente, dessa vez mais perto, mais ameaçador.— Acha que tenho tempo pra blefar, escrava? — Miguel sussurra, sua voz gélida e cheia de desprezo, enquanto seu hálito quente sobra no rosto da humana.O pescoço de Sasha dói pela posição desconfortável, o maxilar sendo pressionado cada vez mais forte. Ela tenta responder, mas as palavras ficam presas na garganta, e
Miguel mantém o semblante inexpressivo enquanto desliza o dedo pela tela. Ele encontra o vídeo e, sem hesitar, dá play.A voz na mídia é fraca, rouca e cheia de dor.— Filha, me perdoe...Não leva nem um segundo para Sasha reconhecer a voz de seu pai. Seu coração salta em seu peito, e, rapidamente, ela levanta o rosto, virando-se na direção do som da voz de Pedro. Seus olhos se arregalam, e novas lágrimas começam a se formar, enchendo-os até transbordar.— Pai — ela murmura, sua voz vacilante enquanto observa o rosto do pai, pálido e machucado, cheio de hematomas. Pedro olha diretamente para a câmera, seus olhos desesperados, como se realmente conseguisse ver sua filha do outro lado da tela.— Eu não queria te perder, achei que iria ganhar a aposta e iria voltar para casa com dinheiro, pensei que iria me redimir... me perdoa filha, eu não queria isso... Ah! — Pedro tenta se explicar, mas suas palavras são abruptamente cortadas por um soco no queixo.A câmera se afasta, revelando um ho
— Você me dá de bom grado, e se eu gostar dos seus talentos, te compenso não matando o seu pai e dou remédios para as feridas, um remédio para cada vez que me servi. Ou — ele levanta um segundo dedo, seu tom ficando ainda mais sombrio. — O jeito dois, eu tomo o que quero de você e antes de matar o seu, o faço passar pelas maiores torturas.Ela engole em seco, a mente lutando para se livrar da névoa de excitação manipulada que Miguel havia induzido nela, cada segundo que passa, a realidade da situação se torna mais opressiva.Sasha sente um nó se formar em sua garganta, suas mãos tremendo levemente ao ouvir as palavras de Miguel. A proposta é insidiosa e cruel. Ela sabe que qualquer escolha será terrível, ele a tomará de qualquer forma, só resta a ela decidir se por bem ou por mal.Por mal!A mente dela grita,
As patas negras do Genuíno Alfa afundam na neve branca, cada passada deixa marcas profundas no solo gelado. O ar frio da madrugada preenche seus pulmões, e a luz nascente do sol começa a tingir o horizonte com tons suaves de laranja e rosa. A clareza do amanhecer adiciona um brilho dourados ao pelo negro de Miguel, destacando sua figura imponente contra a paisagem branca.Com um uivo, Miguel ordena para que os lobos atrás de si aumentem ainda mais a velocidade. Movendo-se com a graça e a força de um predador ágil. Os outros lycans seguem seu ritmo, as patas batendo sincronizadas na neve. Cada membro da matilha está em alerta, os sentidos ampliados pela adrenalina e pela presença do seu líder.A floresta ao redor começa a se iluminar com os primeiros raios do sol, as sombras longas e as árvores cobertas. Mas Miguel está focado, sua mente afiada e determinada. Ele sente o poder e a energia pulsando através de seu corpo lupino, impulsionando-o para frente.O grupo passa rapidamente por á
— Espero que já estava com a minha resposta, escrava — sua voz fria preenche o ambiente, fazendo Sasha erguer a cabeça com um movimento lento.Ela havia encontrado suas roupas amontoadas no chão, ao lado do criado-mudo, e, aceitando a situação miserável em que se encontrava, vestiu uma calça jeans e uma blusa de manga longa. Sem ter mais o que fazer, usou um dos lençóis para se enrolar enquanto adormecia sentada no chão duro. Agora, a presença de Miguel a traz de volta para a realidade opressiva.Os olhos de Sasha caem para a bandeja que Miguel segura em suas mãos. O aroma de comida provoca uma reação imediata em seu corpo; seu estômago revira, e ela começa a engolir grandes goles de saliva, tentando desesperadamente conter a fome.Miguel, sem pressa, fecha a porta atrás de si e caminha lentamente até a cama. Cada passo seu é deliberado. Quando ele se senta na beira da cama, seu joelho fica próximo à cabeça de Sasha.A proximidade dele é como uma sombra pesada, uma pressão constante q
Ridículo.Miguel pensa, observando a maneira como seu lobo interior se agita, desejando mais. A fera dentro dele, que sempre ansiou por controle e dominação igual a ele, agora quer sair, quer mais do toque de Sasha.Ele se lembra do que aconteceu enquanto ela estava dormindo em sua cama, com ele em sua forma lupina cuidando dos ferimentos dela, quando ela inconscientemente acariciou sua fera, seus dedos finos e macios contra seus pelos. O lobo grunhiu feliz com o carinho da escrava, como se isso fosse umaMiguel reprime um rosnado de frustração. A ideia de que sua fera, que é uma extensão de seu poder e domínio, está buscando carinho e afeto de uma humana é insuportável. Eles são o mais forte da espécie, destinados a liderar e dominar, não a buscar consolo ou afeto. Tudo o que precisam é a submissão das fêmeas, nada mais.Seus olhos voltam a focar nos movimentos mandibulares de Sasha, observando a maneira como ela mastiga com um prazer quase palpável. Seus lábios melados com os sucos