Sasha se senta lentamente, sentindo o corpo ainda dolorido e pesado, enquanto seus olhos permanecem fixos em Miguel. Ela o observa com uma mistura de preocupação e confusão.O peito dele sobe e desce rapidamente, como se estivesse lutando para controlar algo muito maior do que a simples exaustão física. O ar ao redor deles parece tenso, quase sufocante, e a sensação de que algo terrivelmente errado aconteceu cresce dentro dela.— Miguel... — ela o chama, sua voz sai baixa e hesitante.— Mestre Miguel, caralho! — Miguel rosna, a interrompendo com uma resposta que a acerta como se fosse um chicote, cortante e cruel. — Ou você já esqueceu o seu lugar, humana?O tom severo dele a faz encolher, a dureza na voz de Miguel, logo após um momento tão intenso e íntimo, a atingem como um soco, roubando seu ar. Sasha engole em seco, os olhos rapidamente se enchendo de lágrimas, uma mistura de dor, humilhação e tristeza inundando seu coraçãoUma escrava.Um brinquedo.Uma boceta humana.As palavras
— Aqui — Mara caminha até o carro estacionado em frente à entrada do local onde foi o inferno de Melody nos últimos dez anos, a lycan abre a porta com um estalo seco, e retira uma mochila de dentro.Uma brisa quente assobia, fazendo o corpo nu estremecer. Ela ergue as vistas para o céu, finalmente podendo ver as estrelas brilhando, as lembranças de quando fazia isso com a sua irmã caçula, Mariana, vem a sua mente, ela sente tanta saudade desses tempos, das conversas, risadas, brincadeiras... Tudo foi roubado dela.Presa e acusada falsamente de assassinato. Não importava quantas vezes ela gritasse que não fez nada, que não sabia de nada, eles apenas riam e a chamavam de ridícula. Todo o seu corpo está coberto por cicatrizes, tão profundas que mancharam a sua alma.Então ela entendeu, não importa se fez ou não algo, eles apenas queriam machuca-la. Ela tem essa certeza, eles sentem o cheiro de mentiras, então sabiam que estava falando a verdade, e mesmo assim a mantiveram ali.Vão pagar!
Miguel e Sasha chegam à mansão algumas horas depois do amanhecer, por causa de ele ter adotado um ritmo muito mais lento no caminho de volta, e Sasha pode ver a placa que indicou que estavam voltando de outra cidade. Luciana e Kesha estão sentadas sobre os degraus da mansão, aproveitando os raros raios de sol, elas param de conversar, criando teorias onde Sasha e Miguel poderiam estar, ao vê-los se aproximando. Kesha cutuca Luciana com o cotovelo ao ver Sasha montada nas costas de lobo de Miguel, um sorriso se formando em seus lábios. Mas assim que Sasha desce de Miguel, o sorriso de Kesha desaparece, ela observa o rosto de Sasha manchado por lágrimas secas, e seus olhos, geralmente tão vivos e brilhantes, estão apagados, sem brilho, sua feição abatida e triste. Luciana e Kesha se entreolham, a preocupação evidente, e se aproximam do casal. — Genuíno... — Luciana começa, hesitante, observando a expressão furiosa no rosto de Miguel, a senhora engole em seco, seu olhar preocupado rec
À medida que avança e atravessas as ruas, os olhares não são apenas de medo, são hostis e frios.Ela havia tentando se aproximar de uma maga de idade momentos atrás, mas o que recebeu foi uma portada na cara e um grito de: não se aproxime.Não estão me reconhecendo.Pensa, voltando a andar, seus músculos protestando com o esforço, os raios de sol beijando sua tele pela primeira vez depois de tantos anos, ele queria poder aproveitar, mas a situação é séria demais.Talvez seja porque eu fiquei longe tempo demais — ela tenta se acalmar, arrumando uma justificativa para a hostilidade ao seu redor.Redobrando seus esforços, Melody segue em direção ao palácio, o lugar onde cresceu e viveu seus melhores momentos. Mas, enquanto ela se aproxima mais e mais, a inquietação dentro dela apenas cresce.Ela tenta ignorar os olhares que se fixaram em sua mente, o medo e raiva palpáveis nos olhos dos cidadãos é como um veneno, infiltrando-se em sua mente.Ao finalmente chegar pertos dos grandes portõe
Luciana entra na toca de Sasha, equilibrando uma bandeja de comida. O aroma da refeição quente é imediatamente percebido no ambiente, mas é ofuscado pelo cheiro da tristeza e a impotência que pairam no ar.Os olhos de Luciana caem para as costas de Sasha, que está sentada com a cabeça apoiada entre os antebraços cruzados sobre o peitoril da janela. Os olhos da humana estão vagos olhando para além do vidro, completamente alheios a sua intrusão na toca.— Sasha, querida — Luciana a chama, sua voz suave. Sasha se vira lentamente, o rosto cansado e os olhos abatidos. — Já passou do meio-dia, e seu corpo humano precisa comer pelo menos três vezes ao dia. Você ainda não comeu nada e nem saiu dessa janela desde cedo.A preocupação é evidente no rosto e na voz de Luciana, que se aproxima com a bandeja.— Não estou com fome — Sasha murmura, sua voz vazia, sem emoção. Ela volta a olhar para fora, os olhos fixos em algum ponto distante, como se estivesse presa em seus próprios pensamentos.— Se
Luciana para abruptamente, girando para o lado para encara Lukan com uma expressão severa, sua paciência esgotada. — Ele não a expulsou só por uma escrava sem valor — Luciana rebate, os olhos faiscando de irritação, seu tom afiado. — Mara desafiou diretamente as ordens de Miguel. Achou que podia brincar com as palavras e manipulá-lo. Além disso, deixar a humana nua ao encolher suas roupas foi uma afronta direta ao Genuíno Alfa. Ele deu ordens claras, e Mara as violou descaradamente, foi por isso que ela foi expulsa. Lukan a observa por um longo momento, o sorriso que brinca em seus lábios sem traço de sinceridade. Ele balança a cabeça devagar, como se estivesse refletindo sobre as palavras de Luciana. — Hum... — Lukan murmura, fingindo refletir. — Você tem razão, Luciana. Foi um comentário infeliz da minha parte. Vou deixá-la voltar aos seus afazeres. Ele recua lentamente, o sorriso frio ainda nos lábios, antes de desaparecer das vistas de Luciana. Luciana o observa por um momento
Miguel sente a dor fina e aguda das balas sendo expelidas de seu ombro e pescoço, o som metálico das balas tilintando ao tocarem o chão ecoa pelo cassino. Miguel apenas sente uma pequena dor incômoda, mas nada comparado à sensação de seus músculos e tecidos se regenerando rapidamente. Sua pele já começa a fechar, as cicatrizes desaparecendo em questão de segundos, como se ele nunca tivesse sido atingido.Ele ajeita o terno perfurado pelas balas, mantendo a sua postura ereta e imponente. Com um olhar afiado, ele se volta para um de seus betas— Mande-os para o alfa Dante — Miguel ordena, referindo-se aos mafiosos humanos inconscientes no chão. — Diga que é uma cortesia minha.Nenhum dos humanos está morto, mas Miguel não pode negar que exagerou um pouquinho na força enquanto os acertava. Ele preferiu apagá-los com seus punhos, ao invés das armas de choque criadas pelos humanos para apagarem outros humanos, mas isso não significa que tenha sido suave.— Sim, Genuíno — o beta responde, fa
Miguel entra na cela com passos firmes, sua presença dominando o ambiente. Ao ver Pedro sentado no catre presa na parede, com um livro em mãos, fingindo que o mundo fora de sua cela não o afeta, a raiva de Miguel só aumenta. Seus olhos brilham com uma fúria controlada, enquanto avalia o macho humano à sua frente, aparentemente imerso na leitura. Miguel inclina-se contra a parede fria, cruzando os braços. — Hum... Pelo jeito, está bem à vontade na sua nova cela — Miguel comenta com um sorriso de escárnio. — Sua filha realmente se esforçou muito para me agradar e me convencer a melhorar sua situação e não matar você — provoca, irritado pelo semblante calmo do homem que chorou mais do que criança em seu cassino. Pedro trinca o maxilar, Miguel consegue sentir o cheiro da raiva, se sentindo melhor agora. Contudo, Pedro não desvia o olhar do maldito livro, e folheia outra página, como se Miguel não tivesse falado com ele. — Aproveitando a leitura, humano? — Miguel pergunta, o sarcasmo em