— Aqui — Mara caminha até o carro estacionado em frente à entrada do local onde foi o inferno de Melody nos últimos dez anos, a lycan abre a porta com um estalo seco, e retira uma mochila de dentro.Uma brisa quente assobia, fazendo o corpo nu estremecer. Ela ergue as vistas para o céu, finalmente podendo ver as estrelas brilhando, as lembranças de quando fazia isso com a sua irmã caçula, Mariana, vem a sua mente, ela sente tanta saudade desses tempos, das conversas, risadas, brincadeiras... Tudo foi roubado dela.Presa e acusada falsamente de assassinato. Não importava quantas vezes ela gritasse que não fez nada, que não sabia de nada, eles apenas riam e a chamavam de ridícula. Todo o seu corpo está coberto por cicatrizes, tão profundas que mancharam a sua alma.Então ela entendeu, não importa se fez ou não algo, eles apenas queriam machuca-la. Ela tem essa certeza, eles sentem o cheiro de mentiras, então sabiam que estava falando a verdade, e mesmo assim a mantiveram ali.Vão pagar!
Miguel e Sasha chegam à mansão algumas horas depois do amanhecer, por causa de ele ter adotado um ritmo muito mais lento no caminho de volta, e Sasha pode ver a placa que indicou que estavam voltando de outra cidade. Luciana e Kesha estão sentadas sobre os degraus da mansão, aproveitando os raros raios de sol, elas param de conversar, criando teorias onde Sasha e Miguel poderiam estar, ao vê-los se aproximando. Kesha cutuca Luciana com o cotovelo ao ver Sasha montada nas costas de lobo de Miguel, um sorriso se formando em seus lábios. Mas assim que Sasha desce de Miguel, o sorriso de Kesha desaparece, ela observa o rosto de Sasha manchado por lágrimas secas, e seus olhos, geralmente tão vivos e brilhantes, estão apagados, sem brilho, sua feição abatida e triste. Luciana e Kesha se entreolham, a preocupação evidente, e se aproximam do casal. — Genuíno... — Luciana começa, hesitante, observando a expressão furiosa no rosto de Miguel, a senhora engole em seco, seu olhar preocupado rec
À medida que avança e atravessas as ruas, os olhares não são apenas de medo, são hostis e frios.Ela havia tentando se aproximar de uma maga de idade momentos atrás, mas o que recebeu foi uma portada na cara e um grito de: não se aproxime.Não estão me reconhecendo.Pensa, voltando a andar, seus músculos protestando com o esforço, os raios de sol beijando sua tele pela primeira vez depois de tantos anos, ele queria poder aproveitar, mas a situação é séria demais.Talvez seja porque eu fiquei longe tempo demais — ela tenta se acalmar, arrumando uma justificativa para a hostilidade ao seu redor.Redobrando seus esforços, Melody segue em direção ao palácio, o lugar onde cresceu e viveu seus melhores momentos. Mas, enquanto ela se aproxima mais e mais, a inquietação dentro dela apenas cresce.Ela tenta ignorar os olhares que se fixaram em sua mente, o medo e raiva palpáveis nos olhos dos cidadãos é como um veneno, infiltrando-se em sua mente.Ao finalmente chegar pertos dos grandes portõe
Luciana entra na toca de Sasha, equilibrando uma bandeja de comida. O aroma da refeição quente é imediatamente percebido no ambiente, mas é ofuscado pelo cheiro da tristeza e a impotência que pairam no ar.Os olhos de Luciana caem para as costas de Sasha, que está sentada com a cabeça apoiada entre os antebraços cruzados sobre o peitoril da janela. Os olhos da humana estão vagos olhando para além do vidro, completamente alheios a sua intrusão na toca.— Sasha, querida — Luciana a chama, sua voz suave. Sasha se vira lentamente, o rosto cansado e os olhos abatidos. — Já passou do meio-dia, e seu corpo humano precisa comer pelo menos três vezes ao dia. Você ainda não comeu nada e nem saiu dessa janela desde cedo.A preocupação é evidente no rosto e na voz de Luciana, que se aproxima com a bandeja.— Não estou com fome — Sasha murmura, sua voz vazia, sem emoção. Ela volta a olhar para fora, os olhos fixos em algum ponto distante, como se estivesse presa em seus próprios pensamentos.— Se
Luciana para abruptamente, girando para o lado para encara Lukan com uma expressão severa, sua paciência esgotada. — Ele não a expulsou só por uma escrava sem valor — Luciana rebate, os olhos faiscando de irritação, seu tom afiado. — Mara desafiou diretamente as ordens de Miguel. Achou que podia brincar com as palavras e manipulá-lo. Além disso, deixar a humana nua ao encolher suas roupas foi uma afronta direta ao Genuíno Alfa. Ele deu ordens claras, e Mara as violou descaradamente, foi por isso que ela foi expulsa. Lukan a observa por um longo momento, o sorriso que brinca em seus lábios sem traço de sinceridade. Ele balança a cabeça devagar, como se estivesse refletindo sobre as palavras de Luciana. — Hum... — Lukan murmura, fingindo refletir. — Você tem razão, Luciana. Foi um comentário infeliz da minha parte. Vou deixá-la voltar aos seus afazeres. Ele recua lentamente, o sorriso frio ainda nos lábios, antes de desaparecer das vistas de Luciana. Luciana o observa por um momento
Miguel sente a dor fina e aguda das balas sendo expelidas de seu ombro e pescoço, o som metálico das balas tilintando ao tocarem o chão ecoa pelo cassino. Miguel apenas sente uma pequena dor incômoda, mas nada comparado à sensação de seus músculos e tecidos se regenerando rapidamente. Sua pele já começa a fechar, as cicatrizes desaparecendo em questão de segundos, como se ele nunca tivesse sido atingido.Ele ajeita o terno perfurado pelas balas, mantendo a sua postura ereta e imponente. Com um olhar afiado, ele se volta para um de seus betas— Mande-os para o alfa Dante — Miguel ordena, referindo-se aos mafiosos humanos inconscientes no chão. — Diga que é uma cortesia minha.Nenhum dos humanos está morto, mas Miguel não pode negar que exagerou um pouquinho na força enquanto os acertava. Ele preferiu apagá-los com seus punhos, ao invés das armas de choque criadas pelos humanos para apagarem outros humanos, mas isso não significa que tenha sido suave.— Sim, Genuíno — o beta responde, fa
Miguel entra na cela com passos firmes, sua presença dominando o ambiente. Ao ver Pedro sentado no catre presa na parede, com um livro em mãos, fingindo que o mundo fora de sua cela não o afeta, a raiva de Miguel só aumenta. Seus olhos brilham com uma fúria controlada, enquanto avalia o macho humano à sua frente, aparentemente imerso na leitura. Miguel inclina-se contra a parede fria, cruzando os braços. — Hum... Pelo jeito, está bem à vontade na sua nova cela — Miguel comenta com um sorriso de escárnio. — Sua filha realmente se esforçou muito para me agradar e me convencer a melhorar sua situação e não matar você — provoca, irritado pelo semblante calmo do homem que chorou mais do que criança em seu cassino. Pedro trinca o maxilar, Miguel consegue sentir o cheiro da raiva, se sentindo melhor agora. Contudo, Pedro não desvia o olhar do maldito livro, e folheia outra página, como se Miguel não tivesse falado com ele. — Aproveitando a leitura, humano? — Miguel pergunta, o sarcasmo em
— Não estou brincando de nada com você! — Pedro rebate, igualmente enfurecido.— Como você sabe sobre nós?— Já disse que não é da sua conta — Pedro murmura.— Não tem medo mesmo do que eu posso fazer com você, não é? Acha que me importo de ter sangue de um merda como você nas mãos?— Em toda a história foram vocês que caçam os humanos, nos escravizavam, nos torturavam, as malditas bruxas nos usavam em seus rituais nojentos, os vampiros usavam as humanas como barriga para gerar seus filhos, as estuprando, quer que eu continue a lista? Como você ousa me chamar de merda quando a sua espécie teve que ser contida pelos deuses por ser manchas no mundo que deveria ser apenas dos humanos?Pedro agarra as mãos de Miguel, seus olhos tão afiados quando ele nunca pensou que um humano poderia olhar.— Me dê o que quero, quem é a bruxa, o que o feitiço faz, como eu o quebro — Miguel fala entre dentes tentando manter sua voz controlada.— Já disse que não sei! — Pedro diz, mantendo sua voz controla