Apoiando uma mão sobre a cama, Miguel se levanta, sua audição captando a respiração fraca de Sasha. Diferente dele, cuja ferida em seu pescoço já cicatrizou, ela continua sangrando. O sangue escorre lentamente, formando uma poça sob sua cabeça. — Pelo menos sobreviveu — ele murmura, até contente, ouvindo o coração dela bater. Agora sim, agora ele poderá colocar em prática tudo o que tem preparado para ela, sua pequena e frágil humana. Vivo e livre, mesmo que seu lobo esteja grunhindo dentro de si pelo vazio de não ter mais o vínculo com sua companheira, Miguel se sente ótimo. Saber que não sucumbiu à maldição dos companheiros lhe dá forças para se levantar completamente. Ele inspira profundamente, sentindo a renovação de sua determinação em destruir a humana quando ela melhorar. Ele lança um último olhar para Sasha. Mesmo inconsciente e machucada, ela ainda possui uma presença que ele não consegue ignorar. Seu cheiro desperta um desejo sombrio de controlá-la, de moldá-la para se ad
— Obrigada por me salvar — começa Sasha, seu coração batendo acelerado. Um sorriso hesitante surge em seus lábios, enquanto tenta esconder a mistura de alívio e nervosismo. Imagens começam a se projetar em sua mente: a lembrança do momento em que o viu pela primeira vez, de seu corpo nu e forte. Ela sente seu rosto esquentar, mas logo sua mente a lembra de onde esse corpo estava entrando. Desta vez, Sasha não sente nada. Aquela sensação de traição não está mais lá, mas a sensação de que algo está errado, de que algo está faltando, algo que foi tirado de si, novamente aparece. Ela respira fundo, encontrando sua voz novamente. — Se não fosse pelo senhor, sua mulher teria me matado. Miguel a observa por um momento, seus olhos frios como gelo, intensificando a ansiedade de Sasha, que não consegue decifrar o que se passa na mente do homem mais lindo que ela já viu. — Eu não fiz nenhum favor para você — ele responde, a voz gélida e dura. Sasha arqueia as sobrancelhas, não esperava por u
— Pare, pare, pare — ela implora, sentindo os dedos de Miguel descendo por sua barriga. Seu corpo fica tenso e começa a tremer ainda mais de medo e humilhação. As lágrimas caem livremente por seu rosto, a sensação de desespero se intensificando à medida que os dedos de Miguel se aproximam do cós de sua calcinha. — Por favor — pede novamente, a voz embargada pelas lágrimas, o terror de se sentir tão vulnerável e miserável diante desse homem, que ela pensou ser o seu salvador, mas que está se revelando como o vilão, estampado em sua cara.Miguel para, afastando a cabeça apenas o suficiente para que seus olhos encontrassem os dela. A intensidade de seu olhar a fazia sentir como se ele pudesse ver a sua alma, deixando-a mais vulnerável e impotente.“Isso, choro, implore, se quebre” — ele pensa, admirando o rosto dela banhado pelas lágrimas de medo. “Sua raça não teve pena da minha, enquanto os mantinham em cativeiro, sendo torturados, violados. Usados em seus laboratórios imundos, posto c
— Só pode ser um sonho, só pode ser um sonho. Ao amanhecer, vou acordar e encontrar meu pai dormindo no sofá ao lado de várias garrafas. Vou me arrumar e ir para o meu emprego — Sasha repete essas palavras como um mantra, sua voz quebrada e sem vida. Ela chorou tanto que as lágrimas em seus olhos secaram, restando apenas um vazio esmagador. Ela está há tanto tempo no escuro que seu senso de realidade e sonhos se distorceu. Ela sonhou que estava tendo um dia normal, indo para o trabalho e voltando para casa com um saco de pão. Mas, na confusão de sua mente, ela pensa que essa é a realidade e que o fato de estar acorrentada em um porão escuro abaixo de uma luxuosa mansão é o sonho. O som da madeira da porta abrindo ecoa alto pelo porão, mas Sasha não se move. Ela continua deitada sobre o cobertor, abraçando seu corpo como uma bola. A luz bruxuleante de uma vela lança sombras sobre seu corpo, mas ela permanece imóvel. Seus olhos estão abertos, mas é como se não enxergassem nada. "Q
Nos tempos atuais, para os humanos: lobisomens, vampiros, bruxas e deuses não passam de contos de fadas. Histórias escritas por outros humanos para os divertirem. Uma forma de passar o tempo, achando que a fantasia e lendas vinham apenas da imaginação. Mas, muitos e muitos anos atrás, a realidade era outra. Humanos não eram o predador e sim a caça, serviam de comida para uma raça, comida e procriação para outra, material para rituais, entre outras serventias. Mas isso está no passado. Um passado muito distante, tão longe que quando ouvem as histórias, pensam que foram inventadas para colocar medos nas crianças antes de dormir. Quando criança, uma vez Helena –mãe de Sasha– contou uma história para ela, sobre uma deusa chamada Selene e seu irmão gêmeo chamado Máni. Eles competiam para receber o título de: Soberano da Lua. Sasha não se lembra de todos os detalhes, lembra que no final a irmã matou o irmão e recebeu de seu pai, Zeus, os poderes da lua, e então ela criou o primeiro licant
Um calafrio percorre a espinha de Sasha, é a última gota. A frustração de anos abaixando a cabeça e sempre fazendo o que mandavam por precisar do dinheiro estava em seu limite. Ela já não suportava mais.Desde a morte de sua mãe, Sasha teve que aprender a se submeter para poder sobreviver, sempre abaixar a cabeça e pedir desculpas. Trabalhou em empregos onde era constantemente pisoteada, humilhada e desprezada por não ter dinheiro e nem usar roupas de marcas. Teve também que abandonar a escola, para poder trabalhar mais e conseguir pagar as dívidas do pai.Tudo isso para conseguir garantir que tivessem um teto sobre a cabeça, comida na mesa e que o seu pai não fosse assassinado pelos bandidos. Cada cliente que a tratava mal no café era um lembrete de sua posição no mundo, sempre em baixo. Sempre acreditando que, se aguentasse por tempo suficiente, algo melhor viria.Até que seu pai disse que conseguiu um emprego para ela. “Com certeza ele foi enganado pela senhora Luciana” — conclusã
Sasha não se mexe, segurando a única peça de roupa que Miguel aceitou do punhado que Luciana trouxe no segundo dia que Sasha permaneceu no sono de cura em sua cama. Uma camisola branca, quase infantil. — Vou te mostrar o que acontece quando uma escrava desobedece ao seu mestre. Sasha estremece de medo, juntando os joelhos e se pressionando contra a cabeceira da cama.— Sasha — ela diz entre dentes, com a voz baixa. — Não é escrava, Sasha! — Sasha — Miguel a chama pelo nome, por mais ridículo que pareça, os ouvidos dela se agradaram como seu nome soava na boca desse homem, no barítono da sua voz e Miguel também aprecia, mais do que jamais ousaria admitir. — Você é minha. Minha para punir, transar, quebrar, minha para tudo. Os olhos dela continuam arregalados, descendo para o membro ereto de Miguel. Ela engole em seco, fixando o olhar na carne rígida que aponta em sua direção. — Não sou sua, nunca escolherei ser sua — ela rebate. — Você é uma escrava — ele para rente as perna
— Você está blefando! — ela diz, tentando soar confiante, mas sua voz trai o pavor que sente.Sasha não consegue sustentar o olhar de Miguel por muito tempo; o contraste da escuridão da noite e a frieza em seus olhos negros deixando-o ainda mais assustador. Ela engole em seco, caçando dentro de si qualquer resquício de coragem para manter a cabeça erguida, para não se mostrar como uma covarde, mesmo que todo o seu corpo esteja tremendo de medo.Antes que ela possa encontrar a motivação, a palma da mão de Miguel pressiona com força o queixo de Sasha, forçando sua cabeça para trás, num ângulo que o permitiu encontrar seu olhar novamente, dessa vez mais perto, mais ameaçador.— Acha que tenho tempo pra blefar, escrava? — Miguel sussurra, sua voz gélida e cheia de desprezo, enquanto seu hálito quente sobra no rosto da humana.O pescoço de Sasha dói pela posição desconfortável, o maxilar sendo pressionado cada vez mais forte. Ela tenta responder, mas as palavras ficam presas na garganta, e