CLARA- Ui, quero - A Martinha falou me roubando um brigadeiro. O Rael tinha comprado pra mim, pois eu estava desejando muito e ele não queria que nosso filho nascesse com rosto de brigadeiro - Como foi o exame lá? - Perguntou com a boca cheia, sentando ao meu lado no sofá.- Horrível! Mas tive que fazer, né - Peguei um brigadeiro dando uma mordida - Só tive pena do Rael, ficou todo arranhado o meu amor - Falei fazendo bico e a Martinha negou com a cabeça rindo, mostrando seus dentes sujos de brigadeiro.- E quando que saí o exame? - Perguntou passando a língua nos dentes para limpar, depois de eu ter indicado que estavam sujos.- Próxima semana - Suspirei pensando no quanto iria demorar, já que cada dia que passava era como se fosse uma semana só.- Ai cara, vai demorar em! Público é o gongo - Levantou uma almofada para pegar o controle remoto que estava em baixo, ligando a tv.- O que vai demorar? - Minha mãe perguntou descendo as escadas.Socorro. - Ai tia, os capítulos de coraçõe
LISBurra, burra!Maldito sorriso! Como que eu fui cair no papinho daquele abusado? Argh, que ódio!Com certeza eles já desconfiam de algo. Não viriam aqui atoa, ainda mais com uma desculpinha esfarrapada.Depois que eles foram embora, rodei a casa toda para procurar alguma coisa revirada. Mas não havia nada bagunçado, estava tudo no mesmo lugar que eu costumava deixar.- Minhas malas! - Pensei comigo mesma, passando as mãos pelos meus cachos um pouco desesperada.Andei até o meu quarto e rodei cama, encontrando elas no mesmo lugar que eu havia deixado hoje cedo. As abri e as roupas estavam intactas, o Rael não tinha mexido em nada. Mas também não havia nada que fosse suspeito alí, apenas as minhas roupas.E talvez fosse paranóia minha, ou sei lá. Eu não seria tão suspeita assim para ser a primeira a desconfiarem de algo, disso sim eu tinha a completa certeza.Já era noite eu estava terminando de arrumar a minha última mala. Na semana que o Gledson saisse, eu iria para o morro com ele
LUCAS- Da o papo, minha preta - Brinquei assim que atendi a ligação do Neguinho.Tava saindo pra ir na boca resolver as minhas pendências antes de meter o pé pro Cantagalo. Faltava duas semanas se pá, mas eu gostava mesmo de ter tudo adiantado já pra não ter problemas.- Adianta, a gente já tem a visão de tudo! A casa vai cair, então trata de se mandar logo daí! - Falou puto e eu pensei logo nas minhas meninas, e na minha tia também.- Qual foi, porra? A Sofia e a Emanuelly estão bem? - Perguntei atordoado com tanta informação.Fui entrando na boca esbarrando em geral e entrei rápido na minha salinha, e o 99 me encarou sem entender o meu desespero.- Fica suave, falô? As meninas tão com a minha mãe, em casa e com segurança - Falou e eu me vi mais aliviado alí - Só quero que tu arrume tuas coisas pra meter o pé daí, pra ontem até - Falou - Quando tu chegar, vai passar todo o esquema pra gente - Disse por fim, eu já liguei tudo.Eles com certeza esperaram a Lis dar um vacilo e nisso aí
RAELEram 4hrs da madrugada, e eu nem tinha pregado o olho essa noite.Estávamos todos na boca principal só no aguardo do outro lá.- Eai - O tal Ll cumprimentou o Talibã com um toque de mão e o moleque que tava com ele só fez acenar com a cabeça.Passou pelos outros crias me cumprimentou e cumprimentou geral, parando no Neguinho dando um abraço no mesmo.Eles trocaram algumas palavras e o Talibã logo adiantou o papo.- Te mandei vir antes porque quero a visão do certo. E tu vai me mandar o papo certinho, se ligo? Desde do dia que a puta começou a ser amante do arrombado lá, até o agora - O Talibã falou puxando a cadeira pra sentar, enquanto deixava o rádio sobre a mesa.Ele contou como toda a merda começou e como a Lis se envolveu com o Gd. Contou também que não sabia que a Lis conhecia a Clarissa e que não foi intencional. Mas a Lis toda envolvidona contou mais do que devia, e o que era apenas pra ser um visita íntima, acabou virando um plano de vingança de ambos. Do Gdpor ter sido
1 semana depois.CLARASabe quando você espera tanto por uma coisa e as horas demoram a passar, o dia se torna semana e a semana se torna mês? Foi exatamente o que aconteceu. Parecia que o dia do resultado nunca iria chegar, mas graças a Deus eu o receberia hoje.- Tá nervosa? - O Rael perguntou me olhando enquanto apoiava os braços no balcão da recepção a espera da enfermeira.Eu estava ao seu lado acabando com as minhas unhas e ele tinha seu fuzil atravessado nas costas. Ele tinha dado uma escapadinha do plantão só pra vir buscar o exame comigo.E antes que vocês perguntem da Rita... Com tudo isso que está acontecendo, ela não estava indo pra escola. Sempre ficava comigo, e as vezes com a Ana. Hoje ela está lá em casa com a minha mãe, é um grude só. Chama até de vovó rs.- Não! - Continuei a roer minhas unhas e ele riu negando com a cabeça.- Relaxa pô! - Me puxou para o seus braços e segurou as minhas mãos - E para de roer as unhas, cara! Bagulho feião - Fez careta olhando minhas u
RAELSabe quando tu tá feliz pra caralho e do nada as coisas desandam? A vida manda um tsunami e derruba tua felicidade de uma maneira surreal, parcero.Os fogos estourando e eu só conseguia pensar na possibilidade de perder tudo de novo. A minha mulher. o meu filho. Coração ficou pequeno na hora, pô.- Entra! Agora! - Mandei deixando um beijo em sua testa e ela fechou o portão.Saí de lá com os caras, sem olhar para trás. Sabia que se olhasse, eu não conseguiria sair dalí e se eu quisesse proteger ela, teria que ir no olho do furacão. E não esperar que vinhessem até nós.Estávamos de aviso. Qualquer barulho, ou ameaça o papo era fechar tudo e só sairem até segunda ordem. E a essa altura, os comércios e os moradores já estavam de portas fechadas. Só tinha os crias de porte na rua.De longe já dava pra ouvir o barulho dos tiros.Vi o Rico passar voado no carro em direção a casa da Clara e pude me ver mais aliviado. Ele cuidaria dela e da minha filha por mim, e iria ser só gratidão quan
LUCASEu não iria vacilar, por isso saí de lá sem nem olhar pra trás. Deixei o 99 porque confiava, e eu tava certo na minha escolha. Iria juntar todos os meus crias contra o Gd. Os dias de reinado dele nem se quer tinham começado, e o papo já era morte ao rei.Complexão seria meu e da minha tropa, e a nós ia fazer o melhor para aquela comunidade.Desci o morro cortando por algumas das vielas, as principais que eu aprendi no curto tempo que eu estive aqui e logo pude ver alguns dos baba-ovo do Gd. Me encostei no muro de um puxadinho e esperei eles passarem, até ver o mano 2F e o Americano atrás dos outros.Assobiei uma vez, nada. Na segunda o 2F começou a procurar ao redor. Logo me viu no beco, e me encarou confuso.Chamei ele com a cabeça e ele cutucou o Americano, chamando a atenção do mesmo que logo me viu também. Sua expressão era confusa, assim com a do 2F.Ouvi eles falarem alguma coisa para os outros e foram deixados para trás, enquanto os outros continuaram a subir o morro.-
ANAA Martinha me acalmava e respirava junto comigo.A dor do parto era uma completa desconhecida para mim. Uma mãe de primeira viagem, o que era de se esperar, não é mesmo? Como a Clarissa disse, as "contrações" vinham doloridas. Algo que depois do meu desespero consegui perceber que eram dores suportáveis, mas a cada minuto ficavam mais intensas e havia um pressão forte bem no pé da minha barriga.- Tá aumentando, Clarissa! - Falei entre dentes, inspirando pelo nariz e logo soltando pela boca.- Calma, tá?! Continua com a respiração - Disse e eu pude ver ela higienizar a tesoura e jogar álcool no vidrinho do fio dental.- Eu só queria o meu amor aqui - Murmurei baixinho e voltei a fazer a respiração. - Calma, vai ficar tudo bem! Só respira, tá bom? - A Martinha afagou os meus cabelos e assenti tomando o ar.Com o passar dos minutos as contrações foram ficando muito mais doloridas, e foi aí que ficou difícil. Doía muito e a pressão só aumentava.Clarissa levantou o meu vestido e ti