1 semana depois.CLARASabe quando você espera tanto por uma coisa e as horas demoram a passar, o dia se torna semana e a semana se torna mês? Foi exatamente o que aconteceu. Parecia que o dia do resultado nunca iria chegar, mas graças a Deus eu o receberia hoje.- Tá nervosa? - O Rael perguntou me olhando enquanto apoiava os braços no balcão da recepção a espera da enfermeira.Eu estava ao seu lado acabando com as minhas unhas e ele tinha seu fuzil atravessado nas costas. Ele tinha dado uma escapadinha do plantão só pra vir buscar o exame comigo.E antes que vocês perguntem da Rita... Com tudo isso que está acontecendo, ela não estava indo pra escola. Sempre ficava comigo, e as vezes com a Ana. Hoje ela está lá em casa com a minha mãe, é um grude só. Chama até de vovó rs.- Não! - Continuei a roer minhas unhas e ele riu negando com a cabeça.- Relaxa pô! - Me puxou para o seus braços e segurou as minhas mãos - E para de roer as unhas, cara! Bagulho feião - Fez careta olhando minhas u
RAELSabe quando tu tá feliz pra caralho e do nada as coisas desandam? A vida manda um tsunami e derruba tua felicidade de uma maneira surreal, parcero.Os fogos estourando e eu só conseguia pensar na possibilidade de perder tudo de novo. A minha mulher. o meu filho. Coração ficou pequeno na hora, pô.- Entra! Agora! - Mandei deixando um beijo em sua testa e ela fechou o portão.Saí de lá com os caras, sem olhar para trás. Sabia que se olhasse, eu não conseguiria sair dalí e se eu quisesse proteger ela, teria que ir no olho do furacão. E não esperar que vinhessem até nós.Estávamos de aviso. Qualquer barulho, ou ameaça o papo era fechar tudo e só sairem até segunda ordem. E a essa altura, os comércios e os moradores já estavam de portas fechadas. Só tinha os crias de porte na rua.De longe já dava pra ouvir o barulho dos tiros.Vi o Rico passar voado no carro em direção a casa da Clara e pude me ver mais aliviado. Ele cuidaria dela e da minha filha por mim, e iria ser só gratidão quan
LUCASEu não iria vacilar, por isso saí de lá sem nem olhar pra trás. Deixei o 99 porque confiava, e eu tava certo na minha escolha. Iria juntar todos os meus crias contra o Gd. Os dias de reinado dele nem se quer tinham começado, e o papo já era morte ao rei.Complexão seria meu e da minha tropa, e a nós ia fazer o melhor para aquela comunidade.Desci o morro cortando por algumas das vielas, as principais que eu aprendi no curto tempo que eu estive aqui e logo pude ver alguns dos baba-ovo do Gd. Me encostei no muro de um puxadinho e esperei eles passarem, até ver o mano 2F e o Americano atrás dos outros.Assobiei uma vez, nada. Na segunda o 2F começou a procurar ao redor. Logo me viu no beco, e me encarou confuso.Chamei ele com a cabeça e ele cutucou o Americano, chamando a atenção do mesmo que logo me viu também. Sua expressão era confusa, assim com a do 2F.Ouvi eles falarem alguma coisa para os outros e foram deixados para trás, enquanto os outros continuaram a subir o morro.-
ANAA Martinha me acalmava e respirava junto comigo.A dor do parto era uma completa desconhecida para mim. Uma mãe de primeira viagem, o que era de se esperar, não é mesmo? Como a Clarissa disse, as "contrações" vinham doloridas. Algo que depois do meu desespero consegui perceber que eram dores suportáveis, mas a cada minuto ficavam mais intensas e havia um pressão forte bem no pé da minha barriga.- Tá aumentando, Clarissa! - Falei entre dentes, inspirando pelo nariz e logo soltando pela boca.- Calma, tá?! Continua com a respiração - Disse e eu pude ver ela higienizar a tesoura e jogar álcool no vidrinho do fio dental.- Eu só queria o meu amor aqui - Murmurei baixinho e voltei a fazer a respiração. - Calma, vai ficar tudo bem! Só respira, tá bom? - A Martinha afagou os meus cabelos e assenti tomando o ar.Com o passar dos minutos as contrações foram ficando muito mais doloridas, e foi aí que ficou difícil. Doía muito e a pressão só aumentava.Clarissa levantou o meu vestido e ti
TALIBÃIsso ainda não tinha acabado. Pelo menos não pra mim.Várias fitas em mente, e a primeira delas era fazer o cuzão do Gd pagar pela vida sofrida que fez a minha mulher e minha filha terem nesses últimos anos.Depois que o Rico meteu o pé, mandei os meus dispersarem e apenas os soldados do Ll ficaram. Para o fdp do Gd pensar que tinha ganho alguma coisa, e assim como o Jean falou, não demorou muito para o ele subir junto com a putinha dele.Cumprimentou geral e começou a observar o morro, e assim que ele me avistou ficou mais branco do quê já era.- Viu fantasma foi? - Debochei e ele tão emocionado em me ver, ficou até sem palavras - Qual foi, o gato comeu a língua? - Perguntei chegando mais perto.Assim que ele virou de costas pra mim, todos os soldados do Ll apontavam suas armas para ele e a mulherzinha, da qual eu nem fazia questão de lembrar o nome.- E tu, piranha? Queria sentar pra mim, fala aí - Olhei ela, que tremia igual vara verde - Tá tremendo por que mesmo? Não era tu
CLARAEu tinha a Lis como uma irmã pra mim. Ela tinha sido uma das melhores coisas que me aconteceram antes do Rael. Com ela eu tive os melhores momentos e dividi todos os meus segredos. Foi mais que uma simples amiga pra mim, e eu sempre deixava claro o amor que eu tinha por ela.Não consigo entender todo esse ódio, toda essa raiva dela capaz de me entregar de bandeja para a morte.Não me arrependerei do tapa que depositei em seu rosto. Eu estava triste, magoada e com muita raiva, e foi bem mais que merecido.Mas eu não conseguia entender.- Não consigo entender, Sorriso! Eu nunca fiz nada de ruim para ela. Muito pelo contrário, sempre fiquei ao lado dela! Ajudei a cuidar da Rita quando ela falava que não podia... Eu fazia de tudo para ver ela bem - Eu disse soluçando e encostei a cabeça no ombro do Sorriso, que dirigia calmo em direção a minha casa.- Pô, Clarinha. Chora não, cara! - Me olhou de canto de olho e logo voltou a atenção para a rua novamente - Tu não tem culpa de nada! T
*CONTÉM GATILHOS.LISPor trás de toda uma ação, sempre tem um motivo. E o meu era doloroso demais.Minha mãe foi abandonada pelo meu pai bem antes que eu viesse ao mundo. Com isso, ela também foi expulsa de casa e passou a trabalhar em casa de família para conseguir se sustentar e me sustentar.Em uma de suas faxinas, eu nasci. Em primeiro momento, ela havia pensado em me deixar no hospital pois não tinha condições para criar uma criança. Mas não o conseguindo, continuou comigo. Mal sabendo ela, que teria feito um grande favor se tivesse me deixado alí para a adoção.Com o passar dos anos e conforme eu ia crescendo, minha mãe nunca me dava a atenção necessária. Era sempre o trabalho em primeiro lugar, e eu? Em segundo ou até em último. Mas, pelo menos não me faltava nada em bens materiais.Mas em um momento o Rael chegou. Adotado pela minha mãe, levando consigo toda a atenção que me restava, me deixando apenas os bens materiais.Eu tinha sido rejeitada pelo meu pai, e agora pela minh
2 meses depois.RAELO Gd havia sido morto naquele mesmo dia em que a Lis se suicidou.Eu poderia dizer que estava feliz por tudo isso ter acabado, mas não seria maneiro festejar a morte de uma pessoa. Mesmo tendo todos os motivos do mundo pra isso, e querendo ou não... todos nós tínhamos uma parcela de culpa pela Lis ter feito o que fez. Principalmente eu, que convivi com ela.Tudo aconteceu bem debaixo do meu nariz e eu não percebi nada, parcero. Nada. E pensar que eu poderia ter evitado tudo isso, me dói. Mas agora, era muito tarde para dor ou arrependimento. Ela tinha se ido, e papo reto? Foi melhor assim. Ela teve a paz que tanto queria e merecia ter.- Vamos, amor! Só falta a gente - A Clara chamou, me fazendo despertar dos meus pensamentos.Hoje era o aniversário do paizão. Churrascada com piscina, era a boa de hoje. O lazer que eu amava, papo reto.- É papai, vamos! Quero ver o vovô Talibã e dar um abraço bem apertadu nele! - A Rita entrou no quarto puxando a Clara pela mão e