LUCAS- Da o papo, minha preta - Brinquei assim que atendi a ligação do Neguinho.Tava saindo pra ir na boca resolver as minhas pendências antes de meter o pé pro Cantagalo. Faltava duas semanas se pá, mas eu gostava mesmo de ter tudo adiantado já pra não ter problemas.- Adianta, a gente já tem a visão de tudo! A casa vai cair, então trata de se mandar logo daí! - Falou puto e eu pensei logo nas minhas meninas, e na minha tia também.- Qual foi, porra? A Sofia e a Emanuelly estão bem? - Perguntei atordoado com tanta informação.Fui entrando na boca esbarrando em geral e entrei rápido na minha salinha, e o 99 me encarou sem entender o meu desespero.- Fica suave, falô? As meninas tão com a minha mãe, em casa e com segurança - Falou e eu me vi mais aliviado alí - Só quero que tu arrume tuas coisas pra meter o pé daí, pra ontem até - Falou - Quando tu chegar, vai passar todo o esquema pra gente - Disse por fim, eu já liguei tudo.Eles com certeza esperaram a Lis dar um vacilo e nisso aí
RAELEram 4hrs da madrugada, e eu nem tinha pregado o olho essa noite.Estávamos todos na boca principal só no aguardo do outro lá.- Eai - O tal Ll cumprimentou o Talibã com um toque de mão e o moleque que tava com ele só fez acenar com a cabeça.Passou pelos outros crias me cumprimentou e cumprimentou geral, parando no Neguinho dando um abraço no mesmo.Eles trocaram algumas palavras e o Talibã logo adiantou o papo.- Te mandei vir antes porque quero a visão do certo. E tu vai me mandar o papo certinho, se ligo? Desde do dia que a puta começou a ser amante do arrombado lá, até o agora - O Talibã falou puxando a cadeira pra sentar, enquanto deixava o rádio sobre a mesa.Ele contou como toda a merda começou e como a Lis se envolveu com o Gd. Contou também que não sabia que a Lis conhecia a Clarissa e que não foi intencional. Mas a Lis toda envolvidona contou mais do que devia, e o que era apenas pra ser um visita íntima, acabou virando um plano de vingança de ambos. Do Gdpor ter sido
1 semana depois.CLARASabe quando você espera tanto por uma coisa e as horas demoram a passar, o dia se torna semana e a semana se torna mês? Foi exatamente o que aconteceu. Parecia que o dia do resultado nunca iria chegar, mas graças a Deus eu o receberia hoje.- Tá nervosa? - O Rael perguntou me olhando enquanto apoiava os braços no balcão da recepção a espera da enfermeira.Eu estava ao seu lado acabando com as minhas unhas e ele tinha seu fuzil atravessado nas costas. Ele tinha dado uma escapadinha do plantão só pra vir buscar o exame comigo.E antes que vocês perguntem da Rita... Com tudo isso que está acontecendo, ela não estava indo pra escola. Sempre ficava comigo, e as vezes com a Ana. Hoje ela está lá em casa com a minha mãe, é um grude só. Chama até de vovó rs.- Não! - Continuei a roer minhas unhas e ele riu negando com a cabeça.- Relaxa pô! - Me puxou para o seus braços e segurou as minhas mãos - E para de roer as unhas, cara! Bagulho feião - Fez careta olhando minhas u
RAELSabe quando tu tá feliz pra caralho e do nada as coisas desandam? A vida manda um tsunami e derruba tua felicidade de uma maneira surreal, parcero.Os fogos estourando e eu só conseguia pensar na possibilidade de perder tudo de novo. A minha mulher. o meu filho. Coração ficou pequeno na hora, pô.- Entra! Agora! - Mandei deixando um beijo em sua testa e ela fechou o portão.Saí de lá com os caras, sem olhar para trás. Sabia que se olhasse, eu não conseguiria sair dalí e se eu quisesse proteger ela, teria que ir no olho do furacão. E não esperar que vinhessem até nós.Estávamos de aviso. Qualquer barulho, ou ameaça o papo era fechar tudo e só sairem até segunda ordem. E a essa altura, os comércios e os moradores já estavam de portas fechadas. Só tinha os crias de porte na rua.De longe já dava pra ouvir o barulho dos tiros.Vi o Rico passar voado no carro em direção a casa da Clara e pude me ver mais aliviado. Ele cuidaria dela e da minha filha por mim, e iria ser só gratidão quan
LUCASEu não iria vacilar, por isso saí de lá sem nem olhar pra trás. Deixei o 99 porque confiava, e eu tava certo na minha escolha. Iria juntar todos os meus crias contra o Gd. Os dias de reinado dele nem se quer tinham começado, e o papo já era morte ao rei.Complexão seria meu e da minha tropa, e a nós ia fazer o melhor para aquela comunidade.Desci o morro cortando por algumas das vielas, as principais que eu aprendi no curto tempo que eu estive aqui e logo pude ver alguns dos baba-ovo do Gd. Me encostei no muro de um puxadinho e esperei eles passarem, até ver o mano 2F e o Americano atrás dos outros.Assobiei uma vez, nada. Na segunda o 2F começou a procurar ao redor. Logo me viu no beco, e me encarou confuso.Chamei ele com a cabeça e ele cutucou o Americano, chamando a atenção do mesmo que logo me viu também. Sua expressão era confusa, assim com a do 2F.Ouvi eles falarem alguma coisa para os outros e foram deixados para trás, enquanto os outros continuaram a subir o morro.-
ANAA Martinha me acalmava e respirava junto comigo.A dor do parto era uma completa desconhecida para mim. Uma mãe de primeira viagem, o que era de se esperar, não é mesmo? Como a Clarissa disse, as "contrações" vinham doloridas. Algo que depois do meu desespero consegui perceber que eram dores suportáveis, mas a cada minuto ficavam mais intensas e havia um pressão forte bem no pé da minha barriga.- Tá aumentando, Clarissa! - Falei entre dentes, inspirando pelo nariz e logo soltando pela boca.- Calma, tá?! Continua com a respiração - Disse e eu pude ver ela higienizar a tesoura e jogar álcool no vidrinho do fio dental.- Eu só queria o meu amor aqui - Murmurei baixinho e voltei a fazer a respiração. - Calma, vai ficar tudo bem! Só respira, tá bom? - A Martinha afagou os meus cabelos e assenti tomando o ar.Com o passar dos minutos as contrações foram ficando muito mais doloridas, e foi aí que ficou difícil. Doía muito e a pressão só aumentava.Clarissa levantou o meu vestido e ti
TALIBÃIsso ainda não tinha acabado. Pelo menos não pra mim.Várias fitas em mente, e a primeira delas era fazer o cuzão do Gd pagar pela vida sofrida que fez a minha mulher e minha filha terem nesses últimos anos.Depois que o Rico meteu o pé, mandei os meus dispersarem e apenas os soldados do Ll ficaram. Para o fdp do Gd pensar que tinha ganho alguma coisa, e assim como o Jean falou, não demorou muito para o ele subir junto com a putinha dele.Cumprimentou geral e começou a observar o morro, e assim que ele me avistou ficou mais branco do quê já era.- Viu fantasma foi? - Debochei e ele tão emocionado em me ver, ficou até sem palavras - Qual foi, o gato comeu a língua? - Perguntei chegando mais perto.Assim que ele virou de costas pra mim, todos os soldados do Ll apontavam suas armas para ele e a mulherzinha, da qual eu nem fazia questão de lembrar o nome.- E tu, piranha? Queria sentar pra mim, fala aí - Olhei ela, que tremia igual vara verde - Tá tremendo por que mesmo? Não era tu
CLARAEu tinha a Lis como uma irmã pra mim. Ela tinha sido uma das melhores coisas que me aconteceram antes do Rael. Com ela eu tive os melhores momentos e dividi todos os meus segredos. Foi mais que uma simples amiga pra mim, e eu sempre deixava claro o amor que eu tinha por ela.Não consigo entender todo esse ódio, toda essa raiva dela capaz de me entregar de bandeja para a morte.Não me arrependerei do tapa que depositei em seu rosto. Eu estava triste, magoada e com muita raiva, e foi bem mais que merecido.Mas eu não conseguia entender.- Não consigo entender, Sorriso! Eu nunca fiz nada de ruim para ela. Muito pelo contrário, sempre fiquei ao lado dela! Ajudei a cuidar da Rita quando ela falava que não podia... Eu fazia de tudo para ver ela bem - Eu disse soluçando e encostei a cabeça no ombro do Sorriso, que dirigia calmo em direção a minha casa.- Pô, Clarinha. Chora não, cara! - Me olhou de canto de olho e logo voltou a atenção para a rua novamente - Tu não tem culpa de nada! T