MIAO espaço entre nós parecia eletrificado, como se cada respiração minha alimentasse a tensão que pairava no ar. Vittorio me olhava como se estivesse prestes a atravessar uma linha invisível, algo que ele evitava a todo custo, mas que, agora, parecia impossível de ignorar.Meu coração batia tão alto que abafava o som da chuva que martelava o telhado. A luz suave da lâmpada iluminava os traços dele — a sombra da mandíbula trincada, a intensidade dos olhos que não desviavam dos meus.Eu sabia o que estava por vir.E, pela primeira vez, não quis evitar.Quando ele se inclinou, cada centímetro de distância entre nós desaparecendo, senti o calor que emanava de sua pele. Sua mão deslizou do meu braço para minha cintura, como se precisasse se assegurar de que eu estava ali, presente e real.Então seus lábios tocaram os meus, suaves no início, como uma pergunta. Mas quando eu correspondi, tudo se intensificou. O beijo era uma tempestade à parte — feroz, confuso, repleto de emoções que nenhu
MIAA tensão no ar era palpável, como se o universo inteiro prendesse a respiração enquanto Vittorio e eu nos rendíamos à atração avassaladora que nos consumia. Seus lábios estavam quentes e famintos contra os meus, uma mistura de desejo e urgência que fazia meu corpo inteiro estremecer.Ele segurou meu rosto com ambas as mãos, os dedos firmes, mas incrivelmente ternos, traçando a linha do meu maxilar até alcançar meu pescoço. Cada toque incendiava minha pele, enquanto meu coração disparava em um ritmo frenético, como se quisesse escapar do peito.Quando suas mãos desceram para minha cintura, me puxando ainda mais para ele, senti o calor de seu corpo contra o meu — a força bruta e a vulnerabilid
MIAA luz da manhã infiltrava-se pelas frestas da cortina, mas o calor do sol parecia incapaz de aquecer o gelo que eu sentia por dentro. Meu corpo ainda carregava o fantasma do toque de Vittorio, enquanto minha mente permanecia aprisionada no eco de suas palavras:"Eu vou descobrir quem você é de verdade."Virei-me na cama, apertando os olhos numa tentativa vã de afastar a dor que latejava em meu peito. O quarto ao meu redor parecia mais vazio do que nunca, mesmo cheio de detalhes que sussurravam memórias difíceis de ignorar.De repente, o som distante de passos firmes na cozinha chegou aos meus ouvidos. Vittorio. Ele estava lá embaixo, como se a noite anterior não tivesse nos despedaçado. Respirei fundo, lutando contra a tempestade de emoções enquanto tentava
MIADepois de tanto tempo vivendo na defensiva, eu havia esquecido como era simplesmente existir. O dia parecia uma lembrança distante de uma vida que nunca fora minha. O cheiro doce das panquecas preenchia o ar, misturando-se ao som reconfortante do crepitar da lareira. Meus dedos mexiam a massa na tigela, enquanto minha mente vagava, perdida em um raro momento de tranquilidade.Passei a manhã mergulhando no lago, deixando a água fria lavar meus pensamentos e aliviar a tensão constante nos meus ombros. Depois, me enterrei debaixo de uma pilha de cobertores, assistindo a todos os filmes clichês de comédia romântica que encontrei na coleção antiga de Vittorio. Era quase cômico imaginar aquele homem sério e intimidador guardando algo tão trivial.Mas, mesmo em meio à calmaria, pensamentos intrusivos voltavam para ele. Vittorio. Para o beij
MIAO ar parecia mais espesso agora, mais difícil de respirar. Meus olhos estavam fixos na sombra que se movia no corredor, uma forma indistinta, mas que eu sabia ser real. Cada batimento do meu coração parecia mais ensurdecedor que o anterior, enquanto minha mente tentava processar o que estava acontecendo.Eu não conseguia entender como alguém tinha entrado no chalé. As portas estavam trancadas, as janelas também. Mas ali estava ele, ou o que quer que fosse, se movendo silenciosamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.Eu apertei o atiçador, sentindo o peso da incerteza me esmagar. A lâmina de metal não parecia ser o suficiente. O som da respiração, baixa e profunda, ainda pairava no ar, misturando-se com os sons de minha própria respira&cced
VITTORIOAs tábuas do chão rangeram sob meus passos firmes, mas o som parecia distante, abafado pelo rugido que preenchia minha mente. A fúria que crescia dentro de mim eclipsava tudo. O frio metálico da pistola pressionava minha palma, enquanto um calor abrasador consumia meu peito.Eu deveria ter previsto. Deveria ter impedido.Mia.A única palavra que fazia sentido no caos da minha mente.O grito abafado que veio de dentro do chalé fez meu coração parar e recomeçar com uma dor estranha, quase insuportável. Era um som que eu não sabia que poderia me atingir assim. Mas naquele instante, nada mais importava além de acabar com quem ousasse machucá-la.Engatilhei a arma antes mesmo de cruzar o corredor. Cada passo me arrastava mais fundo no inferno, e quando meus olhos finalmente captaram a cena, esse inferno se instalou dentro de mim.Ele estava sobre ela. O corpo dele esmagava o dela contra o chão. A violência nos olhos do homem era um reflexo cruel do terror nos dela. Mia lutava, mas
VITTORIOEstendi minha mão para Mia, sentindo algo tão estranho quanto inevitável.— Vamos sair daqui.Ela hesitou, seus olhos fixos na minha mão como se aquilo fosse uma escolha com o poder de mudar tudo. E talvez fosse. Quando finalmente seus dedos encontraram os meus, um arrepio percorreu minha espinha. Sua mão tremia contra a minha, mas ela não soltou.Assim que se levantou, passei meu braço pelos seus ombros. O gesto pretendia ser apenas protetor, mas acabou se tornando algo mais. Uma necessidade, um impulso que eu não podia controlar. Caminhamos pelo corredor em um silêncio pesado, quebrado apenas pelo som de nossas respirações entrecortadas.O ca
MIAO toque dos lábios de Vittorio nos meus foi o responsável por me trazer de volta do torpor de ter sido quase sufocada pela intensidade do momento. O beijo, carregado de ternura e cuidado, foi o culpado por me fazer querer que ele nunca se afastasse, que o seu toque durasse para sempre, que o calor dele fosse eterno. Seu gosto era algo inexplicável, uma mistura de doçura e fogo que me consumia por dentro, e foi a razão de eu permitir que seus dedos, com uma delicadeza inesperada, soltassem os meus cabelos. Algo dentro de mim se partiu, algo que eu não sabia como reunir de volta, mas que de algum modo parecia certo.Quando Vittorio se afastou para me observar, seu gosto ainda queimava em meus lábios, uma lembrança tão vívida que meu coração parecia à beira de explodir. Cada batida parecia ecoar o sabor daquele beijo, uma memória tão presente que me fazia querer sentir mais, sentir tudo o que ele tinha para me dar. Eu queria me convencer de que aquilo não deveria ter acontecido, que c