LeonardoValentina tentava me convencer que poderia ir sozinha na descida. O instrutor me disse que eu não precisava me preocupar, que tudo estava sob controle e que ele era treinado para qualquer situação. Fiquei mais tranquilo com Valentina me garantindo que obedeceria o que o rapaz dizia. Com tudo pronto, tirei meu celular do bolso para gravar a descida dela. Valentina sorriu para o avô e a mãe. Assim que terminei de gravar a descida, fui até Jéssica entregar meu aparelho, já que eu iria após Valentina. Participaria dessa experiência juntamente com minha filha, pois todos os momentos importantes ao lado dela, eu estaria presente.— O que aconteceu?Jéssica perguntou, se levantando, caminhando até mim.— Não aconteceu nada, é só para você segurar meu celular e claro se quiser, gravar a minha descida. Eu não esquio faz alguns anos, entretanto eu acredito que não estou tão fora de forma assim.Recebo um beijo em meus lábios, vindo dela que me pegou de surpresa com esse gesto.— O que
JessicaQuando Áurea me perguntou o que estava acontecendo, disse apenas para que ela voltasse ao hotel com um dos seguranças. Afirmei que Leonardo havia sofrido um acidente leve, mas precisava ser levado ao hospital. Valentina fez birra, dizendo que queria ir comigo e o avô, mas fui firme ao explicar que não era permitida a entrada de crianças. Agora, estou a caminho do hospital com meu sogro e Diego, que pediu total discrição à equipe médica, alertando a diretoria do hospital sobre a chegada de Leonardo. Qualquer divulgação sobre o acidente foi proibida. Sentada no banco de trás, meu sogro tenta me consolar, segurando minha mão com carinho. Eu não tinha noção da gravidade da queda, nem sabia que havia sangramento na parte de trás de sua cabeça. Ricardo mantém uma calma que me deixa ainda mais nervosa. Ele está acostumado a lidar com essas situações, enquanto eu não entendo nada de hospitais ou doenças.— Filha, mantenha a calma. Não foi nada sério. Quando chegarmos ao hospital, ele
MarceloMeus dias estavam péssimos, com a morte do maldito que eu usava como escudo para continuar enganando a justiça e assim não retornar ao presídio. Larissa seguia me infernizando para que eu desse um jeito de separar Leonardo e a prostituta. Como pode uma mulher como Larissa ser humilhada dessa forma por um filho da puta como Leonardo? Quando a mulher poderia ter o homem que quisesse aos seus pés, entretanto o desejo dela louco era se tornar primeira-dama. Como se Soraia fosse aceitar uma mulherzinha como Larissa, que a diferença com a prostituta era apenas um diploma superior. Estava sentado na varanda que existia em meu quarto, de saco cheio de ficar preso nessa prisão de luxo. Nem as garotas que eram pagas para me entreter, andavam fazendo o serviço direito. Fumava um charuto, vendo a noite estrelada, quando ouço a porta do meu quarto abrir. Viro o rosto, para trás, e Dantas é quem aparece.— Que venha trazendo boas notícias, porque estou no meu limite da paciência que ultimam
JéssicaConsegui lanchar, para tentar me manter de pé. Minha conversa com Pedro terminou, acabou me deixando tranquila e eu confiaria na ajuda que ele daria em um momento tão complicado. Quando retornei, encontrei Ricardo conversando com o médico e meu sogro sorriu para mim assim que me aproximei.— Filha, esperava a sua volta. Juarez me disse aqui que a visita será liberada agora. Achei melhor que só você entre no quarto e veja com seus próprios olhos como meu filho está.Meu sogro me falou, todavia, não achava certo que eu entrasse sozinha enquanto o pai ficava do lado de fora.— O senhor também tem que entrar. Não é possível dividir os minutos para nós dois?Questionei, porém, meu sogro disse que era melhor assim. Ele tinha certeza de que Leonardo ficaria bem e por isso preferiu que eu entrasse sozinha.O médico me tranquilizou, apontando para o corredor que levava até a UTI. Ricardo disse que iria até a lanchonete tomar um café e que logo estaria de volta.Então fui com o médico,
JessicaAguardava notícias há vinte minutos e ninguém aparecia para me explicar algo. Ricardo foi chamado logo após eu sair do quarto, o que me deixou ainda mais desesperada. Eu estava perdida, sem saber o que pensar, e se Leonardo de fato estava bem ou se todos ali estavam apenas tentando me enganar de alguma forma. Os minutos passavam, o desespero aumentava até que ouvi passos vindo do corredor que dava até a UTI. Meu sogro apareceu com um sorriso no rosto, mas eu não conseguia identificar se era algo bom ou não. Ele era médico, então sabia muito bem esconder seus sentimentos.— Diga que ele está bem mesmo. Por que o médico não veio com o senhor? — Perguntei nervosa, recebendo um afago no rosto do meu sogro, que me pedia para ficar calma.— Vamos sentar aqui, filha. Fica calma, você está nervosa à toa — ele disse, apontando para a poltrona e se acomodando em outra ao meu lado.— Me fala a verdade, o Leonardo piorou, é isso? — Perguntei, mexendo as mãos que suavam de nervosismo.— Nã
JessicaNão preguei o olho durante a noite. Valentina dormiu abraçada a mim, e por sorte minha filha não acordou de madrugada. Quando eu finalmente consegui pegar no sono, já era praticamente de manhã. Eu olhava para o celular a cada momento, com pavor de receber uma notícia ruim. Sentia tanto medo de que algo estivesse acontecendo enquanto Leonardo estava internado. Levantei-me da cama um pouco depois das seis e meia da manhã. Com cuidado para não acordar Valentina, saí da cama e fui em direção ao banheiro. Fechei a porta com cuidado, trancando-me lá dentro. Ao me olhar no espelho, vi meu rosto com olheiras e os olhos vermelhos de sono e cansaço. Eu precisava ser forte, não podia desabar, porque tinha fé de que Leonardo logo acordaria e que ele não teria sequelas graves. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro, ligando a água quente. Molhei o cabelo para tentar afastar o sono e relaxar os músculos tensos do meu corpo. Quinze minutos depois, saí do banheiro, vestindo um roupão e se
JéssicaRicardo pediu a Áurea que descesse com Valentina para tomar o café da manhã. Ele disse que eu precisava resolver algo, para que minha filha não ficasse perguntando sobre o pai. Meu sogro estava sendo meu apoio e um verdadeiro pai para mim. No Brasil, os assessores e o vice-governador tentavam de todas as formas parar com as fofocas que se espalharam pelas mídias sociais. Eu me sentia envergonhada, por tudo isso estar acontecendo em um momento em que Leonardo se encontrava vulnerável e na cama de um hospital. Meu medo era que ele acordasse e desistisse de ficar comigo. Quando parti meses atrás, deveria ter fugido para outro país, assim ele nunca teria me encontrado, e nós dois não estaríamos passando por toda essa confusão.— Jéssica, não quero que se sinta culpada ou pense que, por conta de todo esse escândalo, o carinho que sinto por você vá acabar. Seu passado nunca foi um problema para mim. Eu sei que você é uma boa mulher e que ama meu filho de verdade. Isso é o que import
LeonardoMe senti um pouco confuso com tudo o que ouvi assim que acordei do coma. O sonho que tive, na verdade, não era um sonho, era Jéssica conversando comigo no quarto. Ao abrir os olhos, assustei-me ao perceber onde estava. O cheiro do álcool, minha última lembrança foi o sorriso dela, e a primeira pergunta que fiz foi sobre minha esposa e minha filha. Aguardava agora o resultado do último exame que fiz, para poder receber visitas no quarto. O doutor chamado Juarez me explicou que, na queda, bati minha cabeça em uma pedra, fiquei desacordado e tive um inchaço no cérebro, o que foi o motivo de ter sido colocado em coma induzido. A enfermeira disse que tive muita sorte que nada mais sério havia acontecido. Me sentia nervoso, queria logo encontrar Jessica, minha filha e meus pais. A enfermeira que cuidava de mim sorriu ao perceber minha impaciência.— Senhor, acalme-se! Mais alguns minutos e o doutor Juarez vem com o resultado.Decidi aguardar, pensando na sorte que tive. Fiquei apen