MarceloMeus dias estavam péssimos, com a morte do maldito que eu usava como escudo para continuar enganando a justiça e assim não retornar ao presídio. Larissa seguia me infernizando para que eu desse um jeito de separar Leonardo e a prostituta. Como pode uma mulher como Larissa ser humilhada dessa forma por um filho da puta como Leonardo? Quando a mulher poderia ter o homem que quisesse aos seus pés, entretanto o desejo dela louco era se tornar primeira-dama. Como se Soraia fosse aceitar uma mulherzinha como Larissa, que a diferença com a prostituta era apenas um diploma superior. Estava sentado na varanda que existia em meu quarto, de saco cheio de ficar preso nessa prisão de luxo. Nem as garotas que eram pagas para me entreter, andavam fazendo o serviço direito. Fumava um charuto, vendo a noite estrelada, quando ouço a porta do meu quarto abrir. Viro o rosto, para trás, e Dantas é quem aparece.— Que venha trazendo boas notícias, porque estou no meu limite da paciência que ultimam
JéssicaConsegui lanchar, para tentar me manter de pé. Minha conversa com Pedro terminou, acabou me deixando tranquila e eu confiaria na ajuda que ele daria em um momento tão complicado. Quando retornei, encontrei Ricardo conversando com o médico e meu sogro sorriu para mim assim que me aproximei.— Filha, esperava a sua volta. Juarez me disse aqui que a visita será liberada agora. Achei melhor que só você entre no quarto e veja com seus próprios olhos como meu filho está.Meu sogro me falou, todavia, não achava certo que eu entrasse sozinha enquanto o pai ficava do lado de fora.— O senhor também tem que entrar. Não é possível dividir os minutos para nós dois?Questionei, porém, meu sogro disse que era melhor assim. Ele tinha certeza de que Leonardo ficaria bem e por isso preferiu que eu entrasse sozinha.O médico me tranquilizou, apontando para o corredor que levava até a UTI. Ricardo disse que iria até a lanchonete tomar um café e que logo estaria de volta.Então fui com o médico,
JessicaAguardava notícias há vinte minutos e ninguém aparecia para me explicar algo. Ricardo foi chamado logo após eu sair do quarto, o que me deixou ainda mais desesperada. Eu estava perdida, sem saber o que pensar, e se Leonardo de fato estava bem ou se todos ali estavam apenas tentando me enganar de alguma forma. Os minutos passavam, o desespero aumentava até que ouvi passos vindo do corredor que dava até a UTI. Meu sogro apareceu com um sorriso no rosto, mas eu não conseguia identificar se era algo bom ou não. Ele era médico, então sabia muito bem esconder seus sentimentos.— Diga que ele está bem mesmo. Por que o médico não veio com o senhor? — Perguntei nervosa, recebendo um afago no rosto do meu sogro, que me pedia para ficar calma.— Vamos sentar aqui, filha. Fica calma, você está nervosa à toa — ele disse, apontando para a poltrona e se acomodando em outra ao meu lado.— Me fala a verdade, o Leonardo piorou, é isso? — Perguntei, mexendo as mãos que suavam de nervosismo.— Nã
JessicaNão preguei o olho durante a noite. Valentina dormiu abraçada a mim, e por sorte minha filha não acordou de madrugada. Quando eu finalmente consegui pegar no sono, já era praticamente de manhã. Eu olhava para o celular a cada momento, com pavor de receber uma notícia ruim. Sentia tanto medo de que algo estivesse acontecendo enquanto Leonardo estava internado. Levantei-me da cama um pouco depois das seis e meia da manhã. Com cuidado para não acordar Valentina, saí da cama e fui em direção ao banheiro. Fechei a porta com cuidado, trancando-me lá dentro. Ao me olhar no espelho, vi meu rosto com olheiras e os olhos vermelhos de sono e cansaço. Eu precisava ser forte, não podia desabar, porque tinha fé de que Leonardo logo acordaria e que ele não teria sequelas graves. Tirei a roupa e entrei debaixo do chuveiro, ligando a água quente. Molhei o cabelo para tentar afastar o sono e relaxar os músculos tensos do meu corpo. Quinze minutos depois, saí do banheiro, vestindo um roupão e se
JéssicaRicardo pediu a Áurea que descesse com Valentina para tomar o café da manhã. Ele disse que eu precisava resolver algo, para que minha filha não ficasse perguntando sobre o pai. Meu sogro estava sendo meu apoio e um verdadeiro pai para mim. No Brasil, os assessores e o vice-governador tentavam de todas as formas parar com as fofocas que se espalharam pelas mídias sociais. Eu me sentia envergonhada, por tudo isso estar acontecendo em um momento em que Leonardo se encontrava vulnerável e na cama de um hospital. Meu medo era que ele acordasse e desistisse de ficar comigo. Quando parti meses atrás, deveria ter fugido para outro país, assim ele nunca teria me encontrado, e nós dois não estaríamos passando por toda essa confusão.— Jéssica, não quero que se sinta culpada ou pense que, por conta de todo esse escândalo, o carinho que sinto por você vá acabar. Seu passado nunca foi um problema para mim. Eu sei que você é uma boa mulher e que ama meu filho de verdade. Isso é o que import
LeonardoMe senti um pouco confuso com tudo o que ouvi assim que acordei do coma. O sonho que tive, na verdade, não era um sonho, era Jéssica conversando comigo no quarto. Ao abrir os olhos, assustei-me ao perceber onde estava. O cheiro do álcool, minha última lembrança foi o sorriso dela, e a primeira pergunta que fiz foi sobre minha esposa e minha filha. Aguardava agora o resultado do último exame que fiz, para poder receber visitas no quarto. O doutor chamado Juarez me explicou que, na queda, bati minha cabeça em uma pedra, fiquei desacordado e tive um inchaço no cérebro, o que foi o motivo de ter sido colocado em coma induzido. A enfermeira disse que tive muita sorte que nada mais sério havia acontecido. Me sentia nervoso, queria logo encontrar Jessica, minha filha e meus pais. A enfermeira que cuidava de mim sorriu ao perceber minha impaciência.— Senhor, acalme-se! Mais alguns minutos e o doutor Juarez vem com o resultado.Decidi aguardar, pensando na sorte que tive. Fiquei apen
JéssicaLeonardo acabou adormecendo após conversarmos sobre as horas em que ele esteve inconsciente. O medicamento era bastante forte, o que o deixaria sonolento por pelo menos algumas horas. Quando Ricardo e Soraia retornaram, encontraram o filho descansando. Claro que a bruxa teve que dar o seu show de arrogância, insinuando que eu estava evitando a conversa que ela teimava em ter com o filho. A equipe foi informada de que o governador havia acordado, e Jorge disse que estava cuidando de tudo no Brasil. Antes de receber autorização para entrar no quarto, Ricardo decidiu que era melhor não contar sobre a situação neste momento para o filho. Que assim que Leonardo estivesse de volta ao hotel, sim, poderia ficar sabendo de todo o escândalo. Meu sogro estava certo em esperar até que Leonardo estivesse completamente curado para lidar com toda a confusão em que nosso nome estava envolvido. Áurea já sabia que o chefe havia acordado, entretanto, eu pedi que Valentina ainda não soubesse. Far
LeonardoOs dois dias que permaneci no hospital passaram rapidamente, e agora eu me preparava para voltar ao hotel e depois seguir viagem com a minha família para o Brasil. Não imaginei que nossas férias em família terminariam com fortes emoções. Recuperei-me rapidamente, impressionando até mesmo a equipe médica. Meus pais e minha mulher ficaram comigo o tempo todo, e conversei com minha filha por chamada de vídeo várias vezes ao dia. O único incômodo que senti foi o fato de não poder ter acesso à internet e muito menos à televisão. O doutor Juarez disse que era necessário, para que eu não tivesse fortes emoções. Algo que achei totalmente sem sentido, visto que eu era médico, meu pai cirurgião, e eu compreendia muito bem as coisas. Entretanto, achei melhor não rebater e fiz o que me foi pedido. Jéssica dormiu as duas noites comigo na cama, agarrada a mim, repetindo o tempo todo que me amava, que nada no mundo nos separaria agora. Que ela não seria ingênua de me abandonar outra vez. Es