Eu estava na minha sala, tentando controlar meus pensamentos que já estavam à beira do caos. A manhã tinha sido longa, cheia de compromissos que eu mal conseguia manter, mas tudo se desfez quando meu telefone tocou. A recepcionista avisou que havia uma mulher esperando para falar comigo. Autorizei a entrada sem muita expectativa, mas quando ouvi a batida na porta e ela se abriu, eu quase tive um infarto.Fernanda. A audácia em pessoa, com aquele sorriso que só me dava nojo.— Olá, senhorita Leclerc! — ela falou, como se fossemos velhas amigas. A ironia do cumprimento me embrulhou o estômago.Eu nem consegui responder. Algo em mim gritava que essa visita era uma bomba prestes a explodir. E, sinceramente, eu preferia que fosse uma explosão literal.— Bom, decidi vir pessoalmente te dar a notícia sobre a paternidade do meu bebê — ela disse, com aquele ar triunfante que me fazia querer jogá-la para fora da janela. Se não fosse a possibilidade de ter que responder por um crime pass
Ainda atordoada pela revelação, a sala começou a girar ao meu redor. As paredes, antes acolhedoras, pareciam se fechar, e a luz do dia que entrava pela janela tornou-se ofuscante. O envelope, com a evidência, estava agora uma extensão de mim mesma, como se cada fibra do meu ser estivesse sendo desfiada.Sai da sala, os pés pesados e a mente um turbilhão.A expectativa de encarar Isaías me apavorava, mas eu não tinha escolha. Ele precisava saber. Meu coração disparava a cada passo, um eco de incertezas e medos. O que eu diria? Como eu contaria que o filho de sua ex estava em seu futuro, entrelaçando nossas vidas de forma irrevogável?Meu core, me ajude!Ao entrar na sala dele, a tensão era palpável. Ele estava sentado à mesa, os olhos fixos em um monte de papéis, mas sua expressão dizia que ele já sabia que algo estava errado. Eu respirei fundo, tentava organizar as ideias, mas as palavras estavam travadas na minha garganta.— Isaías… precisamos conversar — comecei, com a voz m
A sala estava envolta em um silêncio inquieto quando decidi que o melhor seria me afastar. A tensão entre Isaías e eu se tornara insuportável, uma espécie de bolha prestes a estourar. As palavras que não consegui dizer ecoavam na minha mente, e a única coisa que eu sabia com certeza era que estava à beira de um precipício emocional.Enquanto caminhava pela recepção, tentando recompor meus pensamentos, uma sensação estranha me acompanhava. O peso do envelope que eu ainda segurava em minha bolsa parecia maior a cada passo. Um lembrete constante da realidade cruel que tínhamos que enfrentar. A dor estava ali, como uma sombra que se recusava a ir embora.Voltei para o trabalho, na tentativa desesperada de ocupar a mente com outras coisas que não fosse minha história com Isaías. Independente a porta do escritório se abriu abruptamente, meu coração disparou. Era Isaías, mas sua presença estava carregada de algo diferente, uma urgência que me deixou alerta.Ele fechou a porta atrás de
A luz do dia filtrava-se através da janela do meu escritório, mas, mesmo assim, eu me sentia em um túnel escuro, cercado por paredes opressoras. A conversa com Fernanda estava prestes a acontecer, e a expectativa era como uma tempestade se acumulando, pronta para explodir a qualquer momento. O pensamento de Alby me mantinha alerta, mas também atormentado.Como eu conseguiria lidar com isso e ainda proteger o que tínhamos?Quando Fernanda finalmente chegou, seu olhar estava cheio de um brilho calculado. Assim que ela entrou, a atmosfera mudou imediatamente. — Isaías, querido! — Ela me cumprimentou com um sorriso que era tudo menos sincero. Eu forcei um sorriso em resposta, mas meu estômago se revirava. — Precisamos conversar sobre o bebê — eu disse, tentando manter a voz firme, mas sentindo que a vulnerabilidade estava à espreita.A forma como ela arqueou uma sobrancelha me fez perceber que eu estava prestes a entrar em um jogo que eu não sabia se conseguiria vencer. — Claro, va
Fui parar na casa da Alby em um estado de agitação insuportável. A mente fervilhava com o que acabara de acontecer, cada palavra da Fernanda ecoando como um eco constante. Alby estava na sala, seu rosto se iluminou ao me ver, mas eu sabia que não poderia enfrentar o que estava prestes a dizer. Era como se eu estivesse prestes a desmoronar. — Isaías! — ela exclamou, com os olhos cheios de esperança. — Como foi a conversa? Eu não consegui olhar para ela nos olhos. O que eu poderia dizer? — Não… não foi bem — comecei, a voz embargada. O que eu queria dizer se despedaçava nas pontas da minha língua. Alby se levantou, preocupada. — O que aconteceu? Tentei reunir coragem, mas a realidade do que estava prestes a dizer era avassaladora. — Fernanda não vai aceitar que eu continue com você. Ela… ela me ameaçou, Alby. A expressão dela mudou, uma mistura de confusão e dor se instalando. — Ameaçou? Como assim? — Ela disse que, se eu não terminar com você, vai me impedir d
Minha vida estava se desmoronando. Precisava agir por mim e por Isaías. Ele não iria fazer nada que me magoasse. Mas eu não iria tomar decisão nenhuma sem antes analisar cada situação.Não iria deixar Fernanda ganhar essa guerra. Alice estava empolgada enquanto escolhia o presente perfeito para sua amiga. Eu a observava com um sorriso forçado, tentando não deixar que a carga emocional que me oprimia estragasse seu momento. Acompanhar a pequena em suas aventuras no shopping parecia uma boa maneira de escapar das minhas próprias incertezas, mas, como sempre, o destino tinha suas próprias intenções e amava zombar de mim.Depois de algumas horas explorando lojas, rindo e até fazendo algumas compras para mim mesma, a ideia de que poderia ter um dia leve e despreocupado começou a se concretizar. Quando finalmente decidimos sair, a luz do dia começava a se dissipar, e a movimentação frenética do shopping parecia ter alcançado seu ápice. Assim que saímos, Alice pulou de alegria ao avi
Fernanda cruzou os braços, um sorriso presunçoso nos lábios, e a sensação de estar cercada pela sua arrogância apenas intensificou minha determinação.— Não é isso que parece — disse Isaías, sua expressão se endurecendo.— O que parece é que você tomou uma decisão — eu retorqui, cada palavra carregada de dor. — E que essa decisão inclui ela. O silêncio se instalou novamente, e eu podia sentir o olhar de Fernanda em mim, como uma lâmina afiada.— Fernanda e eu… — ele começou, mas eu não deixei que terminasse.— Não! — interrompi, com uma intensidade que me surpreendeu. — Não me venha com explicações. Eu não quero saber. O que está em jogo aqui é o que nós éramos, o que poderia ser. — Eu não quero que você pense que eu… — ele hesitou, e a fragilidade em sua voz me atingiu como um soco no estômago.— Então me diga, Isaías! O que é que você quer? — exigi, a voz tremendo de emoção. — É isso que você quer para a sua vida? Você realmente acredita que a felicidade está ao lado dela? A e
Eu não poderia simplesmente continuar vivendo na mesma cidade que Isaías e Fernanda. Estaríamos sempre nos esbarrando, e a verdade é que eu já carregava feridas demais para suportar essa proximidade. Eu merecia mais que isso.Aproveitando que as aulas tinham acabado, conversei com Alice sobre a ideia de passarmos um tempo em outro lugar.— Mas Alby, vai ter praia lá! — exclamou Alice, cheia de entusiasmo.— Vai sim, princesa. E se decidirmos morar por lá, poderemos sempre ir.— Nossa, eu adoro praia! — ela disse, com os olhos brilhando de alegria.Sorri diante da inocência de Alice. Era fácil ser criança; para ela, tudo parecia simples, fácil e tranquilo. Mas a vida adulta era uma história diferente: complicada, cansativa e muitas vezes desalentadora.Fui para casa e comecei a preparar nossas malas. Cobri os móveis, organizei nossas coisas e avisei ao Dr. Moon que estaríamos saindo em viagem. Deixei as informações sobre nosso destino sob proteção de sigilo. Não queria que Isaía