Foi uma grande conquista eu voltar para empresa com o contrato com o senhor Reed fechado.Mesmo com o encontro desastroso com Isaías, ainda assim fechei o dia com resultado positivo.Parafraseando aquela fadada frase: sucesso nos negócios e azar no amor. Mesmo que essa não seja a frase certa, é assim que me vejo e estou bem com isso. Eu não sabia ao certo se era o entusiasmo de sair com adultos depois de tanto tempo ou a liberdade de finalmente deixar as preocupações para trás, mas minha energia estava lá em cima. Escolhi um modelito ousado e ao mesmo tempo que valorizasse meu corpo.Não sou exatamente um mulherão, mas com meu um metro e sessenta, sei muito bem como me destacar. Decidi que hoje eu me arrumaria para me sentir radiante, cheia de vida. Escolhi um vestido tomara que caia de um ombro só, elegante e ao mesmo tempo ousado. Nos pés, um salto agulha deslumbrante, daqueles que parecem feitos para uma noite especial — e nunca usados antes.Caprichei na maquiagem, afastando
A combinação do álcool e da música preenchia cada parte de mim, e a presença de Isaías parecia intensificar ainda mais a sensação de liberdade e euforia. Ele era um risco que eu sabia que não deveria correr, mas ao vê-lo ali, tão perto, não consegui evitar.Seus olhos estavam fixos em mim, penetrantes, escuros como uma tempestade prestes a se desatar.Ele se aproximou lentamente, cada passo uma declaração de poder e controle. Eu sentia a tensão entre nós crescer, quase palpável, como uma corda sendo esticada ao máximo. O mundo ao redor desapareceu, os amigos, as luzes, a música — tudo virou um borrão distante enquanto Isaías e eu nos tornávamos o único foco. Minha respiração ficou mais pesada, o coração batia descompassado, e de repente, parecia impossível continuar ignorando o que acontecia entre nós.Ele começou a se mover ao ritmo da música, e eu acompanhei, quase hipnotizada. Meu corpo respondia ao dele, de maneira quase automática, como se tivéssemos feito isso mil vezes. N
Isaías me fitava com uma intensidade quase desconcertante, os olhos fixos em cada traço meu, como se tentasse decifrar o que se passava dentro de mim. Ele parecia menos o homem explosivo e impetuoso que eu conhecia, e mais alguém preocupado.Esse contraste desarmava qualquer resistência que eu tentasse manter.— Calma, Alby. Você não está bem, precisa de cuidados — ele murmurou com uma suavidade inesperada, quase como se quisesse me acalmar. A voz dele era gentil, um tom que eu jamais imaginaria vindo de Isaías Castellar.— Eu não preciso de nada, muito menos da sua ajuda! — protestei, mesmo sabendo que meu tom era fraco e hesitante. Queria fugir, mas meus passos cambaleantes e a embriaguez que latejava em minha mente me impediam.Isaías ignorou meu protesto, os dedos firmes tocando meu rosto com um calor que contrastava com minha pele fria. Seu olhar, de repente, parecia menos hostil e mais… protetor. Algo reluzia em seus olhos, uma preocupação quase camuflada, um brilho que só
Acordei com o sol entrando pelas frestas das cortinas, uma luz suave e quase calorosa, que contrastava com o desconforto que me tomou ao me dar conta de onde eu estava. O quarto ao meu redor era grande e bem decorado, tudo meticulosamente arrumado, e logo me lembrei: a casa do doutor Isaías Castellar. O gosto amargo da noite anterior voltou à minha boca como uma onda — o encontro na pista de dança, o beijo imprudente, a bebedeira que me soltou com ele, e a forma como me trouxe até aqui, teimoso e inflexível, insistindo em cuidar de mim como se tivesse esse direito.Impondo sua vontade acima da minha e priorizando sua própria necessidade em ter controle sobre tudo. Eu queria sair. Levantei-me devagar, tentando ser silenciosa. Estava ainda com a camiseta dele, e aquele toque de sua presença me irritava, como se estivesse me invadindo mais uma vez. Que droga! Arranquei aquele incômodo de mim e coloquei a roupa da noite passada. Precisava da minha dignidade de volta, porque termin
Aqueles olhos estavam fixos em mim agora, e algo dentro de mim quis recuar. Mas, ao mesmo tempo, eu me senti puxada para ele.Era como se um fio invisível nos unisse, algo que passou a acontecer em alguns momentos nossos. Isaías baixou o olhar e suspirou, como se revelasse mais do que pretendia.— Eu não sou perfeito, Alby, e nunca vou ser. Mas não vou pedir desculpas por querer te proteger ontem. Senti um misto de alívio e raiva. Ele realmente achava que eu precisava de sua proteção?Ou era uma desculpa para tentar exercer controle sobre mim? Ele de verdade não me conhece.— Você acha que preciso de um protetor, Isaías? Como se eu fosse alguma boneca frágil que não sabe se cuidar? Eu sou muito mais do que você pensa, muito mais do que qualquer um pensa — minha voz vacilou, mas eu me mantive firme. — Talvez seja você quem precise de alguém para te fazer enxergar que o controle que quer ter sobre tudo e todos... só está te destruindo por dentro.Ele permaneceu em silêncio, mas pu
Isaías segurou meu rosto por um segundo a mais do que deveria, sua mão firme mas delicada, enquanto uma tensão pesada pairava entre nós. Meu coração estava em um ritmo enlouquecedor, como se reconhecesse a profundidade do momento, algo além daquelas palavras murmuradas.— Alby… — ele começou, com a voz baixa, como se também estivesse a sussurrar para si mesmo. — Talvez não seja o momento ideal, mas… — Ele pausou, parecendo buscar coragem. — Preciso que saiba que me importo com você mais do que gostaria de admitir. Não vim atrás de você por obrigação ou responsabilidade. Estou aqui porque eu escolhi estar aqui.Essas palavras caíram sobre mim como uma revelação, abalando as certezas que eu insistia em guardar. Por tanto tempo, imaginei Isaías como o homem arrogante e inatingível, aquele que jamais permitiria qualquer vulnerabilidade. E agora ele estava ali, escancarando mais uma vez seu coração para mim, algo que eu não esperava viver de novo. Abracei meu próprio corpo, tentando
Ele se ajoelhou ao meu lado, o olhar dele suavizando ao me observar, como se o tempo tivesse parado apenas para ele absorver cada detalhe, cada expressão minha. Seus olhos percorriam meu rosto lentamente, como se ele estivesse gravando minha imagem em sua memória, guardando-a como algo precioso. Os dedos dele tocaram minha pele com uma delicadeza que eu nunca esperaria de alguém como Isaías, afastando uma mecha de cabelo que caía sobre meus olhos. Aquele gesto era tão simples e, ao mesmo tempo, carregava uma ternura inexplicável, que me aquecia por dentro, fazendo com que todas as minhas barreiras começassem a se dissolver.Sua respiração era leve, porém intensa, e estava tão próxima que senti o calor exalar dele, misturando-se ao meu.Era como se o mundo inteiro tivesse desaparecido, e tudo o que restava era ele e eu, naquela quietude em que apenas nossos corações podiam falar. Ele murmurou meu nome, tão suave, como se pronunciar cada sílaba fosse uma confissão.— Alby — ele suss
Acordei cedo, ainda perdida na noite que passamos juntos. Ao meu lado, Isaías ainda dormia, e, por um instante, só observei a serenidade no seu rosto, um contraste cruel com a maneira com que ele me tratou dias atrás. Mas aquele não era o momento de romantizar o que havia entre nós. Não dava para deixar situações mal resolvidas apenas passar, eu não sou assim e não será agora que começarei a ser. Era hora de sermos francos.Quando ele finalmente abriu os olhos e nossos olhares se encontraram, soube que ele sentia o mesmo peso. Nos vestimos em silêncio, e não demorou até que ele, hesitante, dissesse:– Precisamos conversar, Alby.Olhei para ele certa que precisávamos colocar na mesa tudo o que havia acontecido.– Precisamos – concordei, sentindo meu peito se apertar.Sentamos na beira da cama, e por um momento o silêncio foi nosso maior diálogo. Mas eu não podia esperar que ele tomasse a iniciativa. Passei os dedos pelo cabelo e tomei fôlego.– Isaías, eu… eu não sei o que você