Capítulo 2

Sem hesitar, Leoni avançou contra Anne com uma força desmedida, lançando um tapa violento em seu rosto. O contato do golpe foi tão forte que um som seco reverberou pelo corredor, e um fio de sangue brotou imediatamente dos lábios machucados de Anne.

A dor percorreu seu corpo como uma onda de choque, o impacto físico sendo apenas uma fração do sofrimento emocional que ela estava enfrentando. O gosto metálico do sangue e a mistura de medo e revolta se misturavam em sua mente confusa.

Enquanto isso, Elise, ainda deitada na cama, ouvia horrorizadas os ruídos da luta e os gritos abafados de sua mãe. A pequena Elise tremia de medo, apertando os cobertores com tanta força que suas mãos ficaram pálidas.

A turbulência continuou, com Anne tentando se esquivar das investidas brutais de Leoni, consciente de que precisava se manter firme para proteger sua filha.

A imagem de Anne se tornando cada vez mais frágil perante Leoni era angustiante. Seu corpo dolorido, seu rosto marcado pela ferida aberta e suas mãos trêmulas eram testemunhas silenciosas de toda dor física e emocional que ela estava suportando.

No meio desse cenário caótico, a voz de Anne se sobressaiu, implorando para que Leoni parasse. O medo e a dor eram palpáveis em cada palavra, sua voz trêmula e entrecortada pelas lágrimas. Mas o pedido de paz parecia cair em ouvidos surdos, pois Leoni estava tão absorto em sua fúria que não parecia mais enxergar mais nada.

Enquanto as agressões continuavam, Anne tentou reunir toda a sua força para manter-se de pé,enquanto resistia aos ataques brutais de Leoni.

Aquela cena devastadora marcaria para sempre a mente de Elise, transformando-a em uma testemunha muda de uma explosão de crueldade. Ela abraçou ainda mais os cobertores, desejando desesperadamente que toda essa dor e violência acabassem.

Leoni, após agredir brutalmente Anne, foi até a bolsa dela, buscando o dinheiro que sabia que ela carregava. Vasculhando o interior da bolsa, ele encontrou algumas notas espalhadas. Anne, gravemente ferida e sem mais forças para tentar impedir o “roubo”, apenas observava a cena com um olhar dolorido.

Leoni, sem qualquer remorso ou hesitação, pegou todo o dinheiro e saiu, deixando Anne gravemente ferida. A indiferença com que ele tratou a situação era tão chocante quanto a agressão em si, deixando Anne em uma situação de desespero e vulnerabilidade.

Leoni conseguiu levar todo o dinheiro que Anne tinha juntado com tanto esforço, dinheiro que iria usar para alimentar seus vícios, e partiu sem olhar para trás. Poucos minutos após sua partida, Elise, percebendo a ausência de Leoni, correu apressadamente em direção à sua mãe, preocupada com o que poderia ter acontecido.

Elise parou na entrada, seus olhos se arregalaram ao ver Anne.

A mãe de Elise, sempre tão vibrante e cheia de vida, estava irreconhecível. Seu rosto, normalmente corado e alegre, estava coberto de hematomas roxos, uma tapeçaria cruel de dor e sofrimento. Seus braços, que tantas vezes a haviam abraçado, estavam marcados com contusões semelhantes.

Os olhos de Elise se encheram de lágrimas, uma inundação de medo e preocupação que ameaçava transbordar. Ela correu até Anne, seus passos ecoando na sala silenciosa. Ela a abraçou, um abraço que queria ser um escudo, uma proteção contra a dor que Anne estava sentindo. Mas, ao contrário, Anne gemeu, o som rasgando o coração de Elise. Ela se afastou, percebendo que o corpo de Anne estava tão frágil e machucado que até mesmo o menor toque era doloroso.

Foi um momento que marcou Elise, uma lembrança dolorosa que ela guardaria para sempre.

Elise estava ali, parada, sentindo uma mistura de emoções que a deixava sem saber o que fazer. Ela era apenas uma menina, sua infância tinha sido abruptamente interrompida por essa dura realidade. Ela se sentia impotente, mas ao mesmo tempo,ela sabia que tinha que fazer algo.

Foi então que a vizinha, Dona Helena, uma senhora gentil de cabelos brancos que sempre tinha um sorriso acolhedor, apareceu. Ela ouviu os gritos e a discussão que se desenrolou na casa e, preocupada, decidiu verificar. Ao ver a cena, seus olhos se encheram de lágrimas e ela prontamente pegou o telefone para ligar para a emergência.

Os paramédicos chegaram rapidamente, eles cuidaram de Anne, tratando seus ferimentos com a maior delicadeza possível. O médico, um homem de meia-idade com olhos gentis, recomendou repouso total. Ele explicou que Anne tinha duas costelas fraturadas, o resultado da violência que ela sofreu.

Elise ouviu tudo isso, suas mãos apertadas em punhos ao seu lado. Ela sentiu uma raiva ardente em seu peito, uma indignação que a fez querer gritar. Mas ela engoliu, sabendo que agora não era a hora. Ela tinha que ser forte, por Anne, e por si mesma também.

Assim, a casa que antes era cheia de risos e alegria, agora estava silenciosa, o único som era o suave sussurro da respiração de Anne. Elise se sentou ao lado da cama de sua mãe, segurando sua mão e prometendo a si mesma que faria tudo ao seu alcance para ver sua mãe bem novamente.

Com a chegada da noite, a temperatura caiu drasticamente, tornando a atmosfera ainda mais sombria. Leoni, já embriagado e sob o efeito de drogas, cambaleava pelas ruas escuras e vazias, o frio cortante parecia não afetá-lo devido ao seu estado alterado. Sua mente estava focada em uma coisa: conseguir mais dinheiro de Anne.

Continua...

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