Encontros Marcados
Encontros Marcados
Por: Lalay Santana
Capítulo 1

Elise Monet sempre teve uma infância repleta de alegria e felicidade. Seus pais, Anne e Philippe, eram a personificação do amor e viviam radiantes com a presença um do outro. A vida parecia perfeita para a jovem garota, cercada pelo amor e carinho daqueles que mais amava.

Em um dia ensolarado de verão, a família Monet decidiu fazer uma viagem de carro para aproveitar um final de semana prolongado. Após horas de alegria e risos dentro do carro, um instante fugaz transformou tudo.

Em um momento de distração, um carro desgovernado veio em direção ao veículo da família. Philippe, o pai de Elise, agiu rapidamente em uma tentativa desesperada de evitar a colisão, mas, infelizmente, suas habilidades não foram suficientes para desviar do iminente acidente. Ambos os carros colidiram violentamente, causando uma explosão de metal retorcido e vidro estilhaçado.

O impacto foi devastador, fazendo com que o veículo da família capotasse repetidamente antes de finalmente parar. O tempo parecia ter se congelado enquanto Elise e sua mãe lutavam para absorver a terrível realidade da situação. Quando a poeira abaixou, o silêncio se estabeleceu e o pânico tomou conta do coração da jovem garota.

Sem saber o que fazer, Elise clamou por seu pai, procurando desesperadamente por qualquer sinal de vida. Mas o destino cruel havia roubado a felicidade que outrora permeava sua vida, levando Philippe a óbito. Os olhos de Elise se encheram de lágrimas enquanto abraçava o corpo inerte de seu pai, incapaz de aceitar a dolorosa realidade.

Enquanto a ficha continuava a cair, Elise olhou para sua mãe, que milagrosamente sobreviveu ao acidente. O rosto marcado pelas lágrimas e pelo choque, Anne estendeu seus braços trêmulos para a filha, em um gesto de consolo e apoio mútuo.

Esse trágico acidente mudou para sempre a vida de Elise Monet.

Elise sempre fora uma menina observadora, atenta aos detalhes ao seu redor. Mas a vida lhe ensinara cedo que nem sempre conseguimos fazer alguma coisa para mudar certas situações.

Após a morte prematura de seu pai, as coisas ficaram difíceis para ela e sua mãe. A tristeza consumia suas vidas e, infelizmente, a falta de recursos financeiros só agravava ainda mais a situação. Foi quando sua mãe conheceu Leoni, um homem aparentemente bondoso e gentil, que parecia trazer alguma esperança para a vida das duas.

No início, Leoni se mostrava um padrasto amoroso, ajudando nas despesas da casa e oferecendo conforto emocional à mãe de Elise. Mas, com o passar dos anos, sua personalidade começou a se transformar. Os ciúmes e a agressividade contida apareciam cada vez mais frequentemente e, assim, a felicidade que parecia renascer na vida delas se tornou um terrível pesadelo.

Os detalhes da violência doméstica que a mãe de Elise sofria eram perturbadores. Leoni não medindo palavras, lançava insultos humilhantes e palavras de desrespeito, corroendo a autoestima dela. A violência física também se fazia presente, com empurrões, t***s e até mesmo socos, que deixaram marcas dolorosas e visíveis.

Elise assistia a tudo de forma impotente. Seu coração se partiu ao ver a mulher que sempre a protegia e cuidava dela ser submetida a tamanho sofrimento. Era um misto de tristeza e raiva que a consumia, mas ela sabia que não podia confrontar o padrasto. A mãe implorava para que ela não se intrometesse, com medo das consequências para ambas.

A casa tornou-se um lugar assustador, onde o medo pairava no ar. Elise passava noites em claro, ouvindo os gritos e barulhos de objetos sendo quebrados. Seu coração acelerava e seu corpo inteiro tremia, enquanto a sua única companhia era o silêncio da solidão e do desamparo.

A impotência corroía a alma de Elise, mas ela nunca deixou de amar sua mãe. Cada vez que seus olhos encontravam os dela, via o medo e a culpa estampados em seu rosto.

Elise vivia em um ambiente marcado por angústia e dor. Sua mãe, uma mulher batalhadora, sofria muito ao lado de seu padrasto, que constantemente pegava todo o dinheiro que ela conseguia trabalhando para se divertir com seus amigos. A situação era insustentável, e nada parecia mudar. Todos os dias, o mesmo sofrimento se repetia, deixando Elise incrivelmente preocupada com o bem-estar de sua mãe.

No entanto, enquanto tudo ao seu redor parecia sombrio, Elise crescia e amadurecia, tornando-se uma jovem determinada a ajudar sua mãe da maneira que fosse possível. Sabendo que sua mãe nunca permitiria que ela trabalhasse formalmente tão cedo, Elise encontrou uma solução discreta para o seu desejo de ajudar: aproveitava seu tempo livre após a escola para realizar alguns serviços em uma loja próxima.

A loja pertencia a um senhor idoso, seu Alberto. Era um estabelecimento modesto, mas aconchegante, que vendia produtos artesanais. Elise se sentia à vontade entre as prateleiras repletas de encantadoras peças de cerâmica e tecidos coloridos. Seu Alberto, um homem de sorriso caloroso, ficou sensibilizado pela determinação dela e decidiu lhe oferecer um trabalho informal.

Elise começava a trabalhar assim que chegava à loja, ajudando na organização dos produtos, embalando peças e até mesmo criando pequenas esculturas em cerâmica. Ela era discreta sobre suas atividades e levava seu salário para casa em segredo, pois sabia que seu padrasto não poderia saber do seu trabalho. Aquela pequena renda extra significava muito para ela e para sua mãe. Era uma forma de conquistar um pouco de independência e estabilidade financeira em meio a um lar tumultuado.

A presença de Elise na loja de seu Alberto era reconfortante, não apenas para ela mesma, mas para o idoso também. Ele admirava a coragem dela e a maneira como lidava com suas responsabilidades.

***

Por volta das 20:00 horas Leoni estava visivelmente alterado quando Anne abriu a porta. Seus olhos injetados de raiva e suas mãos tremendo denotavam uma mistura perigosa de raiva e desespero. Um cheiro de álcool impregnava o ar, revelando que ele havia buscado conforto na bebida antes de aparecer ali.

O rosto de Anne imediatamente se contorceu em medo ao ver a condição em que seu marido se encontrava. Tentando manter a calma, ela o recebeu com um cumprimento incerto. No entanto, toda a serenidade que ela tentava expressar logo evaporou quando Leoni exigiu dinheiro com uma voz carregada de ameaças.

Anne, tentando resguardar-se e proteger sua filha, disse que não possuía nenhum valor significativo no momento. Mas suas palavras não agradaram Leoni, que começou a se exaltar ainda mais. Seus olhos pareciam faíscas prestes a explodir em chamas, e suas mãos se fecharam em punhos tensos.

Continua...

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