Encontro Inesperado - A Médica e o Mafioso
Encontro Inesperado - A Médica e o Mafioso
Por: Gabi Nunes
1. Um Dia Tranquilo.

O hospital estava mergulhado em sua calmaria habitual, apenas o som distante dos monitores cardíacos e o murmúrio dos funcionários preenchiam os corredores. Lorena Fischer aproveitava esse breve momento de paz em sua sala, organizando alguns relatórios, quando uma voz grave e furiosa cortou o silêncio.

— Cadê o médico? Não tem médico nessa porra não?! — A voz ecoou pela recepção, carregada de impaciência e fúria.

Camila, a enfermeira, ergueu o olhar, mantendo a postura profissional.

— Senhor, por favor, acalme-se. Em que posso ajudá-lo?

O homem à sua frente não parecia disposto a ouvir. Sua mandíbula estava travada, os olhos intensos como lâminas afiadas, e a presença dele exalava autoridade.

— Eu quero a porra de um médico AGORA!

Lorena franziu a testa ao ouvir a discussão. Saiu da sala com passos firmes, sentindo a tensão no ar aumentar a cada segundo. Assim que chegou à recepção, seus olhos captaram a cena. Um homem de terno preto, ombros largos e expressão feroz dominava o espaço. Atrás dele, sentado em uma cadeira, estava um segundo homem — este, no entanto, parecia à beira do colapso. Seu rosto estava pálido, o peito subindo e descendo com esforço. O sangue encharcava sua camisa e escorria pelo chão branco, deixando um rastro rubro.

Sem hesitar, Lorena correu até ele. Mas antes que pudesse se aproximar, sentiu um aperto firme no braço.

— Quem você pensa que é? — A voz do homem soou baixa e ameaçadora, seu hálito quente roçando sua pele.

Ela ergueu o olhar, enfrentando a fúria intensa que queimava nos olhos dele.

— Sou médica e ele precisa de ajuda. Agora, se me der licença, poderia soltar meu braço? — Sua voz permaneceu firme, sem um traço de medo.

Ele apertou um pouco mais antes de soltar, como se testasse sua determinação.

— Você não vai encostar nele. Não é qualificada para isso. É uma garotinha.

Lorena estreitou os olhos, sentindo o sangue ferver nas veias.

— Sou a única médica disponível. Ou o senhor me deixa cuidar dele, ou com certeza ele vai morrer. A escolha é sua.

Os olhos do homem analisaram-na por alguns segundos, um silêncio tenso pairando entre eles. Então, sem dizer uma palavra, ele fez um leve aceno de cabeça para os seguranças ao lado do ferido.

Assim que Lorena se ajoelhou ao lado do paciente, sentiu uma mão forte segurar seu pulso. Ela se virou e encarou novamente o homem intimidador. Seu olhar penetrante segurava o dela como uma corrente invisível.

— Se acontecer alguma coisa com ele… você morre. — A ameaça veio fria, letal, mas Lorena apenas sustentou seu olhar sem desviar.

O cheiro de sangue era forte, misturado ao leve aroma de álcool que exalava da pele do ferido. O hospital, normalmente um ambiente seguro, agora parecia ter se transformado em um campo de batalha silencioso.

Ela engoliu em seco. O que quer que estivesse acontecendo ali, não era só um caso médico comum.

***

A sala de cirurgia estava mergulhada no som dos monitores cardíacos e no ruído constante dos aparelhos respiratórios. O cheiro metálico de sangue misturava-se ao aroma forte do antisséptico, impregnando o ar. Lorena Fischer manteve-se focada, as mãos firmes enquanto costurava a última incisão. A cirurgia havia sido complicada, mas, contra todas as probabilidades, o paciente estava vivo.

Após limpar-se rapidamente e remover as luvas, saiu para encontrar o homem que esperava impaciente do lado de fora. Assim que o viu, ele já avançava em sua direção, seus olhos queimando de raiva contida.

— Senhor, a cirurgia foi complicada — começou Lorena, sua voz profissional e controlada. — As balas perfuraram o rim dele, ele perdeu muito sangue, teve uma parada cardíaca e...

Ela não teve tempo de terminar. O homem a empurrou contra a parede com força, sua mão grande envolvendo seu pescoço com agressividade. O impacto a fez arfar, e o frio das azulejos contra suas costas contrastava com o calor da mão dele apertando sua pele.

— Eu disse que se acontecesse alguma coisa com ele, você ia morrer — a voz dele saiu baixa e ameaçadora, cada palavra carregada de fúria contida.

Lorena lutou para respirar, seu coração batendo forte contra as costelas. Com dificuldade, murmurou:

— O senhor deveria ter mais paciência... Seu amigo está vivo... está estável...

A intensidade do olhar dele não diminuiu, mas, após um momento de hesitação, ele a soltou. Ela ofegou, levando a mão ao pescoço dolorido, recuperando o ar que lhe fora tirado.

— Onde ele está? Me leve até ele — ordenou, sua voz ainda carregada de raiva.

Lorena ergueu o queixo, recusando-se a recuar.

— Ele está no quarto, mas o senhor não pode vê-lo agora.

— Como não? — a irritação cresceu visivelmente em seu rosto.

— Senhor, ele passou por uma cirurgia, precisa descansar. Precisa de paz e sossego nesse momento e... — Ela cruzou os braços, desafiando-o com o olhar — eu duvido que o senhor seja capaz de dar isso a ele agora.

Um músculo na mandíbula dele saltou. Ele não gostava de ser desafiado. As mãos se fecharam em punhos ao lado do corpo.

— Não me importo. Exijo que me leve até ele agora.

Lorena arqueou uma sobrancelha.

— O senhor pode não se importar, mas eu sim. Sou a médica dele, e estou dizendo que o senhor não vai entrar agora.

O silêncio entre eles era cortante, carregado de tensão.

— Mas... — Rick tentou retrucar, sua voz um tom mais baixo, como se lutasse contra o impulso de gritar.

— Sem mais, senhor. Agora, se me der licença, preciso cuidar dos meus pacientes. — Ela se virou para sair.

Rick observou-a, seus olhos escuros avaliando cada detalhe daquela mulher que ousava desafiá-lo. Que garota atrevida.

Antes que ele pudesse responder, Lorena parou e voltou-se para ele, seu olhar frio e calculado.

— Ah! Senhor, eu tenho algo que acredito que o senhor queira.

Ele franziu a testa, impaciente.

— O que eu poderia querer de você?

Com calma, Lorena enfiou a mão no bolso do jaleco e estendeu a mão para ele. Quando abriu os dedos, duas balas descansavam ali, brilhando sob a luz fria do hospital.

Os olhos de Rick se estreitaram ao vê-las. Sem dizer mais nada, ela colocou as balas na palma da mão dele e saiu, sem olhar para trás.

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